Haverá decerto leitores já fartos de tanto texto sobre o Aqueduto dos Pegões. É natural. A época não é de aprofundamento. É mais FFFF. Festas, futebol, férias e fastfood (comida rápida). E depois admiram-se, quando as coisas não acontecem como previsto.
Após tanta conversa, pensarão alguns, restaurar os Pegões para quê? Não basta a água distribuída pelos SMAS? Pois não basta, não senhor. De forma nenhuma. Com o multicentenário aqueduto filipino seco e cada vez mais arruinado, há muita coisa que mudou para pior.
Estas fontes deixaram de funcionar:
Fonte-lavatório filipino, à entrada do refeitório conventual, no Claustro de D. João III.
Fonte-lavatório no Corredor do Cruzeiro, frente à porta dos aposentos do D. Prior.
O magnífico repuxo do Claustro Principal só funciona com água da rede. Quando funciona:
Esta fonte, no jardim do castelo, secou:
Neste calheiro em pleno laranjal, já não corre água há muito:
Este tanque junto ao subterrâneo da Torre de Dª Catarina está vazio há décadas:
Fora das muralhas do castelo, na antiga Cerca conventual, o que se vê é desolador. O Tanque dos Frades está com água salobra, excelente viveiro de melgas e mosquitos:
A outrora pujante nascente da Gruta da Racha, com a sua forma vaginal, está seca:
Da nascente com queda de água junto ao Tanque grande, também já só resta a recordação:
Mesmo a Charolinha, noutros tempos rodeada de água, para melhor refrigério dos frades, está agora a seco:
A respectiva nascente também deixou de correr:
Resumindo, a ruína do Aqueduto filipino provocou a desaparecimento de todo um eco-sistema, que propiciava a existência de um micro-clima na Mata dos sete montes. Por isso a parte norte da antiga Cerca conventual está agora mais amarela que verde. E o leito do Ribeiro dos sete Montes, outrora sempre com água, está agora neste estado lamentável:
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Em conversa recente com Tomar a dianteira, a senhora presidente da câmara asseverou que é seu objectivo restabelecer todo o eco-sistema dos Pegões. Ter de novo a água do aqueduto a chegar ao Convento, ao Castelo e à Cerca conventual. Como sempre aconteceu desde o século XVII. Acrescentou que isso está orçado em quatro milhões de euros, montante demasiado elevado para os cofres municipais. Por essa razão, pretende que o governo conceda à Câmara de Tomar a gestão partilhada do Convento de Cristo, cujas entradas rendem anualmente mais de um milhão de euros.
Pode contar naturalmente com o modesto apoio deste blogue, excepto num ponto: Tomar não é nenhuma colónia de Lisboa, pelo que não há qualquer justificação para a gestão partilhada do Convento e dos restantes monumentos locais. Devem ser dirigidos exclusivamente por pessoas escolhidas pelos eleitos tomarenses. Não pelo Ministério da cultura - DGPC, que já mostrou sobejamente a sua incapacidade para tal tarefa.
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