sexta-feira, 18 de agosto de 2017

À conversa com o candidato laranja

Foi uma excelente iniciativa, que aqui agradeço publicamente, para ver se outros candidatos seguem este bom exemplo. José Delgado, agora cabeça de lista PSD, após a forçada renúncia, por razões de saúde, de Luís Boavida, (a quem mais uma vez envio um abraço fraterno, desejando um rápido e total restabelecimento) contactou-me por mail (anfrarebelo@gmail.com), propondo um encontro para trocar impressões. Aceitei prontamente e, face à dúvida de Delgado sobre o melhor local, apontei a sede social-democrata.
Foi pontual. Chegou num daqueles vistosos Mercedes que já foram jovens, mas nunca se tornam velhos. Apenas distintos. Revelou alguma tensão a abrir a porta da sede. É natural. Para muitos políticos locais o administrador de Tomar a dianteira é um pequeno monstro imprevisível, insaciável, insociável e incontrolável, por isso mesmo capaz, segundo eles, de arruinar a reputação de qualquer um. Exageros próprios dos microcosmos provincianos.
Começou por dizer que vinha de uma freguesia rural, a segunda que visitara nesse dia, no quadro da sua pré-campanha. Pousou dois cadernos de notas, perguntando se podia eventualmente tirar apontamentos do que eu fosse dizendo. Mostrou-se sempre cauteloso, atencioso, polido, procurando não destoar do candidato consensual que entende ser. Insistiu que é um homem  de trabalho, aberto ao diálogo e querendo aprender.


Contrariando informações anteriormente colhidas, segundo as quais interessa a alguns membros do partido que o PSD perca as próximas autárquicas, o que explicaria a inclusão de alguns nomes na lista, garantiu que o partido está unido no apoio à sua candidatura. Quando lhe falei da evidente ruptura na altura da escolha do cabeça de lista, reconheceu o facto mas asseverou que está disposto a colaborar com todos. 
Mais especificamente sobre o movimento Todos por Tomar e o seu líder António Lourenço dos Santos, disse que já o tinha convidado para integrar a lista, deparando-se com a  recusa dele, que disse só aceitar o primeiro lugar. A insistência minha, lá foi dizendo que vai falar de novo com o companheiro preterido, no sentido de procurar integrá-lo de alguma maneira da sua equipa.
Disse ser tomarense, filho daqueles que foram para Lisboa e singraram na construção civil. Mencionou duas filhas e uma vida de trabalho em Lisboa. Aulas no ensino superior, livros técnicos publicados, especialista reconhecido na área da segurança no trabalho e em estruturas. Experiência autárquica na Câmara de Lisboa, na equipa de Macário Correia e depois como funcionário precário até se demitir, quando ia passar a efectivo. Concorre para ganhar e confia no triunfo. Contudo, acaso seja vencido, tenciona assumir o lugar e as funções que lhe couberem, passando a viver no concelho de Tomar, onde  tem casa, no Poço Redondo.
-Aquilo que lhe enviaram e que já leu, não é o programa da minha candidatura, mas apenas uma listagem de intenções, disse a dado passo, acrescentando que a seu tempo sairá o citado programa.
Em conclusão, fica a ideia de um conterrâneo dialogante, franco, humilde, maleável, trabalhador, com ideias próprias e vontade de cumprir, mas sem um projecto mobilizador. Por enquanto?

Actualização

O semanário Cidade de Tomar de hoje, 18 de Agosto, inclui na página 5 uma entrevista com José Delgado. Tomar a dianteira 3 identificou dois pontos fortes. 1 - O candidato PSD proclama que vai vencer, o que já era previsível, mas adianta que ganhará com maioria absoluta. Em que se baseia, saberá ele e os seus. 2 - Proclama também que vai "fazer muito melhor do que já foi feito, pois [vai] trabalhar para o futuro, em conjunto com os melhores", que vai trazer para junto de si. Excelente ideia que, caso venha a concretizar-se, será a primeira vez desde o 25 de Abril.

1 comentário:

  1. Ou a “conversa com o candidato laranja”foi ruidosa e não te permitiu por isso realizar uma apreciação rigorosa da mesma, ou o que houve não foi conversa, mas sim, pelo menos em parte, um delírio.

    Porque sou citado nessa conversa e porque parte do que é relatado não reflete a verdade, entendo ser meu dever repô-la.

    Mas desde logo estranho e não aceito que, no que me toca, conversas de natureza confidencial possam assim ser tornadas publicas, tal como estranho que o candidato José Delgado não tenha falado comigo antes de anunciar publicamente que iria falar comigo. Enfim, são táticas e maneiras de estar e de operar que não são compatíveis com a minha forma de estar na coisa publica.

    Mas voltando ao assunto da “conversa”, digo que não é verdade o candidato José Delgado me ter “convidado para integrar a lista”. A “lista”, supõe-se qual, a de candidatos em Outubro, seja para a Câmara Municipal, seja para a Assembleia Municipal. O único convite que recordo do José Delgado aconteceu há cerca de 8 anos, para integrar a CPC do PSD. Há uns meses, quando fui informado, em segunda mão, dos resultados originais de uma sondagem original (e por aqui me fico…) ordenada pelo PSD-CPN para avaliar a popularidade de potenciais candidatos do PSD em Tomar, foram abordadas algumas possibilidades, efetivamente.

    Mas o que acontece é que não me revejo em estratégias eleitorais partidárias que não têm critérios estáveis de escolha de candidatos, e que, a 2 semanas do inicio da campanha eleitoral, ainda não conseguiram mostrar ideias, nem programas, nem ações, nem nada. E não creio que a feitura de um programa possa depender apenas de uma pessoa, nem que os programas possam ser de uma pessoa. Nesta medida, flatulenta, não consigo imaginar adesão.

    Naturalmente que, sendo detentor de um projeto amplo, coletivo e concreto para inverter esta situação desgraçada em que deixámos cair a nossa cidade e o nosso Concelho, do qual foram oportunamente esboçados os contornos em vários debates públicos, casos aliás por que nem o PSD local nem o José Delgado se interessaram, apesar dos convites endereçados, estranho seria agora conseguir imaginar que esse projeto, ambicioso e exigente, pudesse ser comandado por alguém que o desconhece e que por ele nunca se interessou.

    Finalmente, ainda quanto a ocupação ou aceitação de lugares, o José Delgado estará por certo recordado do que sucedeu há 4 anos atrás, na preparação das listas do PSD nas eleições autárquicas antecedentes, e da confiança que (não me) inspiram nem merecem os convites, os acordos e os acertos que faz. E por aqui me fico.

    ALS

    ResponderEliminar