quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Incidente com o Presidente Cristóvão

Impõe-se pedir desculpa. 
Aos portistas, aos portuenses e aos tomarenses.
Hugo Cristóvão arrasado e ameaçado por causa de publicação contra o Porto | Tomar na Rede

António Pina
diz:
28 de Novembro de 2023 às 21:52


1. "O comentário é infeliz
2. Os ofendidos do FCP sabem bem que o seu comportamento público prima pela arruaça e falta de respeito por pessoas e bens.
3. As ameaças ao presidente da câmara de que a noticia fala são a confirmação do que foi dito
4. Vai mal quem valoriza o comentário infeliz para fazer oposição"


(Copiado de Tomar na rede, como os nossos agradecimentos ao autor e ao administrador do site.)


O comentário supra refere-se a um outro, publicado nas redes sociais pelo senhor presidente da Câmara, no qual menciona, em tom jocoso, a categoria desportiva e o sotaque dos jogadores de hóquei em patins do Futebol Club do Porto, que vieram jogar a Tomar. Não tendo o autarca acrescentado qualquer esclarecimento sobre a qualidade em que escrevia (adepto, cidadão ou membro de uma claque), deduz-se portanto que agiu como presidente da Câmara de Tomar, procurando incentivar uma equipa da cidade.
Sendo assim, dado que o conjunto portuense  já veio várias vezes a Tomar, mas só agora foi assediado pelo senhor presidente Cristóvão, a pergunta impõe-se: Porquê só agora? A resposta é límpida e imediata: Porque antes não havia condições. Faltava a euforia do poder, do mando, para achincalhar e ofender gratuitamente visitantes da cidade. Ainda não era presidente. Havia alguém, com mais sentido das conveniências, acima dele.
Atitude precipitada? É provável, mas nesse caso impõe-se eliminar o que foi escrito, e depois pedir desculpa aos visados todos e aos cidadãos tomarenses, que têm direito ao seu bom nome e ao da cidade onde nasceram, bem como  a autarcas que não sejam demasiado rústicos e inconvenientes, para não dizer mais.
Tentar justificar o comportamento inaceitável de um autarca, invocando os antecedentes dos ofendidos, não passa de um reles recurso do tipo marxista esclerosado, que foi usado ainda há pouco tempo em relação ao hediondo acto criminoso do Hamas em Israel, assassinando de forma bárbara e raptando centenas de homens, mulheres e crianças, todos civis desarmados. Então como agora, impõe-se a pergunta prévia: Quem começou? Neste caso do autarca prevaricador, quem começou a assediar? Quem abriu as hostilidades? Ele, que ofendeu os portistas e os portuenses, ou estes que alegadamente não respeitam pessoas e bens?
"Vai mal quem valoriza o comentário infeliz para fazer oposição"? É uma opinião respeitável, como qualquer outra, de quem quer defender o autarca em causa. Talvez para agradecer que o presidente Cristóvão. logo a seguir ao comentário inaceitável de incitamento aos jogadores sportinguistas, tenha concedido mais um subsídio extraordinário de vinte mil euros ao clube, para pagamento de viagens internacionais,  naturalmente sem qualquer intuito eleitoralista.
Usando um fraseado típico da direita espanhola, a mim dói-me Tomar. Por isso não tenciono calar-me, ou sequer moderar-me. Se estou a ver mal, demonstrem-me, por favor.
Por muito moderna e limpa que possa ser e estar uma suinicultura, nunca deixará de ser uma porcaria. A fortiori, uma autarquia poderá ser uma instituição respeitável, uma bandalheira ou uma javardice. Depende dos seus eleitores e dos seus autarcas. Venha o pedido de desculpa!





quarta-feira, 29 de novembro de 2023

 



Tribuna do Partido CHEGA - Vera Ribeiro



Irregularidades 

no Plano Diretor Municipal de Tomar


Neste artigo refiro-me a um tema delicado que passa despercebido na sociedade. Vou falar-vos das irregularidades no Plano Diretor Municipal, vulgo PDM.
O Plano Diretor Municipal é um instrumento de planeamento urbano que tem como objetivo orientar o desenvolvimento territorial, o ordenamento do território, o urbanismo de um município, o qual tem por base a classificação e qualificação do solo e as respetivas regras de ocupação do território municipal.
Em alguns casos, a implementação do PDM pode resultar em irregularidades que prejudicam os proprietários e a preservação de áreas ecológicas.
Passados 20 anos sobre o início do processo, a 08 de dezembro de 2022, foi aprovado na Assembleia Municipal de Tomar o novo Plano Diretor Municipal, o qual abrange todo o território concelhio, e posteriormente publicado em Diário da República de 24 de janeiro de 2023.
O referido Plano que, conforme publicado em Diário da República, “define a estratégia de desenvolvimento territorial municipal, em articulação com o modelo de ordenamento territorial, com vista à prossecução do desígnio de qualificação do território municipal”, contempla diversos objetivos específicos enquadrados nas linhas de orientação de “Dinamização económica”, “Estruturação da mobilidade”, “Estruturação do espaço urbano e do espaço rústico”, e “Valorização ambiental e da paisagem”.
Após reunir com alguns proprietários visados, e de me explicarem as consequências negativas para os mesmos, posso afirmar que existiram irregularidades na elaboração do PDM do nosso concelho.
A administração da Câmara Municipal de Tomar, com a alteração do PDM, prejudicou proprietários de terrenos, de habitações e outras construções.
A autarquia impôs restrições de uso e colocou 67% do concelho em Reserva Ecológica, sendo o prejuízo para os proprietários de milhares de euros. Há perdas de valor de imóveis, dificuldades na venda ou utilização dos mesmos. A restrições afetam a liberdade de uso da propriedade.
Só tenho memória de uma situação deste género, com o Processo Revolucionário em Curso (PREC) em 1975, com os operários a expulsarem os patrões e gestores de empresas. Nos campos, terrenos e herdades eram ocupados pelos camponeses.
Nesse Verão Quente de 1975, a ocupação era realizada de forma violenta. Na atualidade é feita “pela calada”, ou seja, alteram o regulamento e quase nenhum munícipe sabe da situação.
A Câmara atribuiu a responsabilidade a outros Órgãos do Estado, mas a culpa é da Administração da Câmara Municipal.
O então Vice-Presidente, Hugo Cristóvão, afirmou na Assembleia Municipal em que foi aprovado o PDM, que o Município não definiu a Reserva Ecológica Nacional.
Disse ainda que a Reserva Ecológica foi definida pelos órgãos do Estado e sobreposta sobre todo o território, como se o território não tivesse lá nada.
O atual Presidente do Executivo, Hugo Cristóvão, mentiu. Mentiu à Assembleia Municipal e enganou os cidadãos de Tomar.
A revisão do Plano Diretor Municipal, decorreu em total ilegalidade. A responsabilidade pela imposição de Reserva Ecológica é da Câmara Municipal. Portanto a Administração da Câmara mentiu e prejudicou gravemente os Proprietários.
A Câmara retirou o Direito a construir, a realizar um muro, a colocar um portão, uma piscina, a acrescentar uma habitação.
Muita atenção: tudo o que for construído tem que ser demolido. Mesmo que seja uma estufa, a casa de um cão, cimentar ou colocar calçada, poda ou corte de árvores, limpeza de vegetação, etc. Basicamente, qualquer destas ações podem resultar em multas ou incorrer em crime.
Para concluir, é fundamental que o executivo da Câmara Municipal assuma as responsabilidades por estas irregularidades e tome medidas para corrigir os danos causados aos proprietários. Além disso, é necessário garantir transparência com o intuito de evitar futuras ocorrências de irregularidades e proteger os interesses dos cidadãos.




Urbanismo saloio

O Flecheiro de salgalhada em salgalhada

O MIRANTE | Atraso na empreitada do Flecheiro em Tomar não é preocupante

TOMAR – Câmara fez última proposta para chegar a acordo para ficar com terreno junto ao Flecheiro… Expropriação continua em cima da mesa | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Começa-se com dois esclarecimentos, tornados indispensáveis pelo leitorado ao qual se destinam. Primeiro, o termo SALGALHADA não é "gralha" nem erro de digitação. Está correcto. É costume as pessoas de mais fraca cultura usarem SALGANHADA, mas trata-se de uma corruptela do vocábulo original.
Em segundo lugar, esta crónica, desagradável para alguns, tal como as anteriores, porque a quase totalidade dos políticos locais, e muitos eleitores, convivem mal com a verdade nua  e crua, não nasceu do nada. Tem como origem a notícia que pode ser lida/ouvida nos links supra.
Podia-se começar pelo fundo do poço da história local. Os anos setenta do século passado, quando acamparam junto à praça de toiros, do lado oposto da Rua de Coimbra, alguns ciganos nómadas, com carroças e animais. Mas para quê? Para esclarecer que, sendo nómadas, deviam ter sido expulsos passados oito dias, em conformidade com as normas da época?
Tal não foi feito e, pelo contrário, mais tarde, quando um honrado cidadãos local comprou a então quinta de Santo André e pediu ao seu amigo presidente da Câmara, o socialista Luís Bonet, que lhe arranjasse uma solução para "aquela gente", o autarca nem hesitou. Disse que podiam instalar-se nos terrenos do Flecheiro, a título precário.
Só passados mais de trinta anos, outra Câmara socialista teve coragem para resolver o problema dos ciganos do Flecheiro. É a coroa de glória da maioria presidida por Anabela Freitas, apesar de lamentavelmente não haver para tanto. Por falta de adequado debate prévio, as sucessivas soluções encontradas em termos de realojamento, têm sido outras tantas salgalhadas sociais. Avolumam-se os problemas e as reclamações, havendo mesmo um caso -o bairro calé- que é ilegal perante as directivas comunitárias, o que implica que se encontre outra saída quanto antes.
Indo na onda dos técnicos superiores da autarquia, que poderão ser dos melhores do país, mas pertencem a um modelo ultrapassado, repetiu-se o erro da falta de debate, quando se tratou de reaproveitar os terrenos antes ocupados pelo  acampamento calé. A população não foi ouvida, nem foram tidas em conta as diversas achegas provenientes da oposição e da informação local.
Tal como na Várzea grande,  a senhora presidente decidiu e ficou decidido. Um terreno ajardinado para passear os cãezinhos, mais um equipamento amovível para crianças, que poucos vão  utilizar, porque de dia não há sombras e de noite é um bocado ermo. E lá se vão mais três milhões.
Acrescentaram umas boas dezenas de toneladas de terra, para relevo artificial, à moda da Disneylândia em Paris, esquecendo-se para o efeito que tudo aquilo é leito de cheia, pelo que, em caso de enxurrada, lá se vão umas centenas de carradas de terra. Com o pessoal admirado por haver quem mande instalar relevo onde é plano, e terraplanar onde há relevo. Será só para tentar justificar o preço da empreitada?
É  algo estranha, essa situação do leito de cheia, que não permite construção, uma vez que, no caso do logradouro do Convento de Santa Iria, também em leito de cheia, foi possível projectar, aprovar e edificar uma piscina, mais uma dezenas de quartos e outras dependências na margem do Nabão. Outro valores falaram mais alto que o leito de cheia, certamente.
Com tanta pressa para fazer as obras do Flecheiro, vem agora a saber-se que afinal há pendências que podem condicionar fortemente a conclusão das mesmas. As herdeiras da serração e da fábrica de mosaicos, ambas na extremidade sul, não perecem nada interessadas em negociar com a Câmara a cedência dos terrenos pretendidos, indispensáveis para a conclusão do "arranjo paisagístico" do Flecheiro, para usar a linguagem da casa.
Tudo isto era em grande parte escusado, se logo no início todas as pessoas sentadas à volta de uma mesa tivessem tido conhecimento de que o Flecheiro foi, até meados do século XIX, parte integrante da Várzea grande ou Rossio da vila, onde acamparam as tropas de D. João I e de Nun'Álvares Pereira, antes de partirem rumo a Aljubarrota, há 638 anos.
Quem diz Rossio da vila, diz campo da feira, como acontece ainda hoje Alentejo fora. E terá de voltar a acontecer um dia em Tomar, uma vez ultrapassada a era dos técnicos superiores e dos autarcas surdos, pouco sabedores ou respeitadores das tradições locais. Até porque a Quinta de Marmelais, que também é municipal, fica logo na outra margem. Mas ainda ninguém da autarquia reparou nesse detalhe, que pode mudar tudo com uma pequena ponte. Oxalá!




 

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Política e políticos 

Narrativa inquietante

Presidente da câmara goza com hoquistas do Porto | Tomar na Rede

Vão longe os idos de Maio de 68, quando surgiram nas ruas do quartier latin jovens universitários parisienses revoltados, usando uma linguagem original, da qual nos ficaram expressões como "É proibido proibir", "sob a calçada a areia da praia" "não aos mandarins" ou "governo e patrões mesmo combate". Isto e muito mais, gritado com alguma elegância no tom de voz, por jovens burgueses em grande parte dissidentes do Partido comunista francês, citando à mistura o "Petit livre rouge", do camarada Mao Tsé Tung, ou o "O homem unidimensional", do americano Herbert Marcuse. Sete anos antes do "verão quente" português. E eu estava lá.
Onde isso já vai! Agora, no centro do cantinho mais ocidental da Europa, um jovem autarca simpático mas pouco tolerante resolveu assediar, de forma claramente discriminatória, os atletas de uma equipa visitante, e um órgão local de informação cumpriu a sua obrigação, denunciando a inaceitável e deselegante atitude de um representante eleito da urbe. Simples questão de bom senso, de boas maneiras, de protocolo.  
Inesperadamente, mas nem tanto, surgiram logo no citado jornal electrónico dois comentadores, pelo estilo elementos da guarda pretoriana do partido em causa, defendendo o autarca com nítida falta de polimento, e atacando implicitamente o jornalista autor da notícia, publicada como "opinião", porque o seu autor conhece bem o peculiar microcosmo em que vive e escreve.
O primeiro dos tais guardiões do templo foi assaz sibilino. Limitou-se a escrever que ainda faltam dois anos para as próximas autárquicas, mas já começaram os fait-divers, assim mesmo, no idioma de Voltaire, porém com o significado implícito, dado o contexto, de fait-divers = boatos = calúnias = má-língua. Esperteza saloia. Dar a entender que o jornalista é que não presta, sendo o autarca excelente.
O outro comentador, que pelo estilo parece ser uma velha e bem conhecida raposa política local, foi bem mais longe. Escreveu que não houve qualquer ofensa ou inconveniência por parte do presidente, porque os visados pelo assédio não eram visitantes, mas simples jogadores de hóquei em patins a cumprir calendário. Curiosa visão das coisas. Acrescentou depois que, numa terra virada para o turismo, há forçosamente uma mentalidade servil, onde o velho conceito do respeitinho é muito bonito ainda não desapareceu de certas cabeças. Como se fosse algo nefasto e portanto pouco recomendável, denunciar as patacoadas dos eleitos.
Em resumo, para os dois comentadores citados, o autarca menos educado esteve bem. O jornalista é que prevaricou, ao publicar o que não devia. Situação similar à que ocorre agora em Lisboa com o governo socialista. Tudo boa gente, acima de qualquer suspeita, apesar dos euros escondidos em livros e etc. A PGR e o PR é que estiveram mal e deviam apresentar a demissão. Assim, sem mais. "É tudo uma questão da narrativa", diria o Sócrates, na sequência da sua breve passagem por Sciences-Po Paris, onde sempre aprendeu qualquer coisinha.
Tudo isto é inquietante. Duzentos e dois anos após a extinção do Tribunal do Santa Ofício da Inquisição em Portugal, que mandou torturar e queimar nas fogueiras tantos desgraçados que nem perceberam porque pecaram, e 49 anos após Abril, estamos a voltar à estaca zero. Quem não respeita a linguagem alinhada com as normas do poder, não passa de um reles e indigno prevaricador. Que só não arde na fogueira purificadora porque isso já não se usa, dado que destoaria na Europa a que pertencemos e que nos mantém. Há contudo outras formas de condenação mais subtis, mas quase tão eficazes.
Ainda ontem tive ocasião de ler, no Facebook, um longo e muito bem redigido libelo acusatório, estilo santa inquisição, contra Carlos Moedas, o autarca de Lisboa, subscrito por um capitão de Abril, o qual me deixou arrepiado. Entre outros factores, porque ambos os intervenientes, acusador e acusado, são filhos de militares. Um deles até frequentou o CNA, quando o paí estava colocado no QG de Tomar. Dada a diferença de idade entre ambos, como é possível tanto ódio? Decerto simples tarefa partidária.
Isto é que vai uma crise! Agora até há galinhas doidas, que passam o dia a dar cabeçadas nas vedações do galinheiro, para à noite dormirem com muitos galos.

ADENDA

Entretanto o autarca nabantino suprimiu o seu comentário litigioso, decerto por reconhecer que exagerara. Nem tudo está perdido.


segunda-feira, 27 de novembro de 2023


Aspecto da praia dos Crush, um sector da Praia de Iracema, em Fortaleza, vendo-se o espigão que cobre o emissário de efluentes pluviais, um dos vários existentes na beira-mar.

Ambiente e poluição

Praia de Iracema e Nabão de ir esperando

Poluição mancha cartão postal de Fortaleza (uol.com.br)

As obras de alargamento do calçadão, e remodelação da rede de saneamento no bairro Praia de Iracema, em Fortaleza, (2,5 milhões de habitantes), onde mora o escriba destas linhas, implicaram o fecho do emissário de esgotos pluviais durante algumas horas, o que em princípio não constituía qualquer perigo, dado que a chuva em Fortaleza é rara e em fraca quantidade. Foi por isso uma enorme e desagradável surpresa quando, após a reabertura do emissário,  surgiu uma grande mancha acastanhada, e com mau cheiro persistente, na chamada "praia dos Crush" popular troço balnear da Praia de Iracema. (ver link supra).
Alertadas as autoridades, com elas veio também o pessoal da CAGECE, empresa municipal de saneamento de Fortaleza. Foram recolhidas amostras para análise, e poucas horas depois já se sabia, pela comunicação social, que se tratava de poluição por dejectos humanos, com abundância de coliformes fecais. Imediatamente, a empresa de saneamento mandou proceder  a um rastreio do emissário por meio de um robot telecomandado com imagem, o qual identificou cerca de trezentas ligações clandestinas de ramais domésticos ao emissário pluvial.
Agora, os quase trezentos proprietários prevaricadores, boa parte dos quais ignoravam a irregularidade, estão a ser notificados, para procederem com urgência a regularização da situação, o que não vai ser fácil, pois implica abrir valas nas ruas, para ligar ao emissário doméstico os ramais até agora ligados ao das águas pluviais, alguns dos quais correspondendo a dezenas e dezenas de apartamentos.
Dada a complexidade do problema, sempre são quase 300 alterações, em contextos muito variados, a porta-voz da prefeitura (equivalente da nossa câmara municipal), disse não poder indicar ainda uma data para a reabertura a banhos da zona afectada da Praia de Iracema, acrescentando que tal ocorrerá logo que possível.
Mais sorte têm os tomarenses, decerto por estarem na Europa e não no terceiro mundo, como o Brasil. Questionado pela Rádio Hertz sobre a poluição do Nabão, o presidente Cristóvão não anunciou qualquer rastreio por robot telecomandado com imagem, que até podia revelar algum imóvel hoteleiro municipal a poluir o Nabão. Mas garantiu que a  poluição do rio é um problema com décadas e quem disser que pode ser resolvido de um momento para o outro, está a mentir, apesar de se tratar de poluição orgânica. Tal como na Praia de Iracema.
Concluindo, os dois casos de poluição são afinal semelhantes, apesar de separados por sete mil quilómetros. Em Fortaleza temos a praia de Iracema e em Tomar o Nabão de ir esperando. Deve ser por causa do aquecimento global. O cheiro torna-se mais intenso com o calor. Donde a rapidez do dignóstico em Fortaleza, e a habitual lentidão no vale nabantino. Com o frio, o pivete aguenta-se bem.



sábado, 25 de novembro de 2023




Legislativas de Março 2024

Se não os consegues vencer, contrata-os

Segundo o Observador de ontem, nas vésperas do congresso laranja em Almada, o líder do PSD declarou que, perante a nega da IL para formar uma coligação pré-eleitoral,  os social-democratas vão enveredar pela inclusão de independentes nas suas listas, nas próximas legislativas de Março de 2024. Exactamente a solução aqui apontada em crónicas anteriores, tanto para o PSD como para o Chega, uma vez que o PS local não precisa. Controla a estrutura socialista distrital, e já tem um deputado tomarense na AR, podendo eventualmente acrescentar outro.
Os dois quadros seguintes permitem visualizar a evolução dos resultados eleitorais do PSD e do PS, a nível distrital e local:

RESULTADOS  EM %  NO CÍRCULO ELEITORAL DE SANTARÉM

Anos--------------------PSD------------------------PS

2009------------26,97% - 30,54%--------33,70% - 31,99%

2011------------37,85% - 40,88%--------25,85% - 26,66%

2015-----------35,82% - 38,71%--------32,91% - 32,49%

2019----------25,20% - 27,04%---------37,13% - 38,23%

2022---------26,87% - 27,70%----------41,12% - 42,01%

Dados oficiais das eleições legislativas nas datas indicadas. Para cada partido, à esquerda as percentagens distritais de Santarém, à direita as percentagens no concelho de Tomar.

A primeira observação  é que tendencialmente ambos os partidos têm melhor percentagem a nível local que distrital, excepto PS em 2009, sendo os resultados mais nítidos no PSD. Segue-se que, após uma quebra em 2009, os social-democratas recuperaram e suplantaram os socialistas no distrito em 2011 e 2015, (com o tomarense Relvas no governo), mas a partir de então tem sido só derrotas. E em política, oito anos são uma eternidade. O PS que o diga.

RESULTADOS EM % NAS SUCESSIVAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

TOMAR------------2009----------2013--------2017----------2021

PSD----------------34,96%-------26,14%-----34,39%-------34,60%

PS------------------26,19%-------27,59%-----40,22%-------39,70%

O PSD ainda conseguiu vencer em 2009, graças aos IpT, mas ferido de asa pela candidatura PS com um dissidente PSD à cabeça (Becerra Vitorino), veio a perder em 2013 por uma unha negra, em contraciclo, e a partir de então sem apelo nem agravo. Donde resulta inexoravelmente que, ou mudam de modus operandi, ou estão condenados a uma apagada e vil tristeza, como diria Camões. Conforme se pode ler no quadro supra, nos últimos 12 anos (2009/2021), o PS Tomar progrediu de 26,19% para 39,70%, um incremento de 13,51%, enquanto PSD se manteve nos 34%, o que mostra que algo não está a funcionar bem na casa laranja.
Que fazer e como fazer então? Encontrar e incluir nas listas, em lugares elegíveis, conforme propõe Montenegro, candidatos independentes. No caso de Tomar, esses candidatos devem ser, além disso, de preferência e se possível, ex-PS o mais conhecidos possível . Por razões evidentes. Seguir a conhecida frase popular, se não os consegues vencer, junta-te a eles.
Uma vez que não é isso que se pretende, mas antes enfraquecer o PS, para mais tarde os poder derrotar, adopte-se então a frase do título: Se não os consegues vencer, contrata-os. Como se faz no futebol e no desporto em geral. É arriscado? Não. Apenas pode prejudicar os militantes tradicionais em termos de expectativa de carreira. Dará resultado? Dá sim senhor. O PS tentou em 2009, com o ex-militante PSD José Becerra Vitorino como cabeça de lista. Perderam, devido à natureza fracturante dos IPT - Independentes por Tomar, que averbaram metade dos votos socialistas e conseguiram igual número de vereadores, dois cada. Mas venceram em 2013, em pleno ciclo PPC-Relvas,  e têm conseguido desde então manter o PSD arredado do poder tomarense, apesar da evidente falta de nível da actual maioria autárquica. Os outros ainda são piores, dizem eles, e a população vai votando como lhes convém..
Nestas condições, tanto o PSD como o CHEGA têm agora pela frente dois caminhos possíveis:
A - Incluir nas listas para as legislativas, e depois para as europeias, pelo menos um candidato de Tomar em lugar elegível, de preferência socialista ex-militante conhecido, como forma de robustecer as candidaturas de 2024, e a  autárquica em 2025;
B - Manter a posição usual de exclusão de independentes locais, e sujeitar-se às consequências. Conforme resulta dos dados antes publicados, só boa vontade e boas intenções não bastam para conseguir mais votos, e assim ter alguma influência na vida política local, regional e nacional. Tal como no futebol, na política os resultados é que contam.
Depois não venham dizer que ninguém vos avisou atempadamente. Está aqui a prova, para memória futura.














   

Gestão turística do património cultural

O Convento de Cristo tão perto e tão longe

Pessoal do Convento de Cristo transferido da DGPC para uma empresa pública | Tomar na Rede

Segundo o Tomar na rede, os 30 funcionários do Convento de Cristo acabam de ser transferidos da DGPC-Direcção-Geral do Património Cultural, para a empresa pública Museus e monumentos de Portugal, EPE. De um sector do Estado, para outro sector do Estado. Porquê e para quê? 
Segundo a justificação oficial, para implementar "práticas de gestão inovadoras que agilizem o cumprimento da missão destes museus, monumentos e palácios, conferindo-lhes maior autonomia funcional, possibilitando a renovação das equipas, a eficiente gestão dos recursos e do património, bem como a valorização do seu elevado potencial cultural, educativo, científico e turístico."
Aquela expressão "agilizem o cumprimento da missão", leva a pensar em militares operacionais, que talvez seja a origem do autor do troço frásico. Mais prosaicamente, usando vocabulário menos bélico, quando há 40 anos o autor destas linhas foi abordado para dirigir o Convento de Cristo, pelo então governador civil eng. José Frazão, a mando do governo socialista, alegou que o monumento nabantino tinha necessidade naquela altura  de dois responsáveis em simultâneo. Um arquitecto, para o património edificado, e um profissional de turismo para a adequada exploração do conjunto monumental.
Não sendo possível naquela circunstância alterar a situação vigente, optou-se pela nomeação de um arquitecto, que veio a favorecer bastante o Convento de Cristo, hoje em dia sem grandes problemas de conservação e restauro, excepto no que concerne ao "Convento velho -Paços do Infante" e ao Aqueduto dos Pegões. 
Quatro décadas passaram entretanto, e estamos por assim dizer na mesma. Evoca-se a necessidade de "práticas de gestão inovadoras", mas opta-se pela simples mudança de tutela do pessoal existente. Fase transitória indispensável? É o que falta saber. Vem no entanto à memória a agora corriqueira frase de Lampedusa "é preciso ir mudando qualquer coisinha, para que tudo possa continuar na mesma".
Neste caso do Convento de Cristo, pode até vir a ser bem mais grave, se tivermos em conta o princípio de Lavoisier, segundo o qual "as mesmas causas, nas mesmas circunstâncias exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos". Por conseguinte, o mesmo pessoal, no mesmo monumento, com a mesma formação profissional, o mesmo horário semanal e os mesmos vencimentos, só podem continuar a fazer o mesmo que faziam até agora. Adeus práticas de gestão inovadoras? Logo se verá. E não será muito grave. Turista em geral não reclama, porque está de férias e não quer chatices. Além da barreira da língua, quando é o caso A Câmara de Tomar nada diz nestas matérias, porque está cá em baixo e o Convento está a um nível bastante superior, em termos geográficos.
A antiga Casa da Ordem, podendo parecer que não, é o mais complexo monumento português. Edificado sem plano de conjunto ao longo de cinco séculos, engloba construções de cinco épocas diferentes, em quatro pisos distintos, com deficiente articulação. Daqui resultam  problemas de acesso, problemas de entrada, problemas de segurança, problemas de controle, problemas sanitários, problemas de continuidade das visitas, problemas de horário e dias de funcionamento problemas de formação e problemas de direitos dos funcionários. Para não mencionar problemas de estacionamento e de segurança no exterior, da responsabilidade da autarquia.
Num outro país, em Espanha ou França, por exemplo, as duas maiores potências europeias na área turística, perante um tal rol de carências e outras dificuldades, é costume optar-se pelo recurso a pessoas ou entidades credenciadas, no sentido de produzirem relatórios circunstanciados tipo observação > diagnóstico > proposta terapêutica. Em Portugal, infelizmente, (em Tomar nem vale a pena falar), não há essa cultura de recorrer a consultores externos. "A gente cá se desenrasca", "Somos tão bons como os melhores", é quase sempre a ladainha da casa. Não admitem que há problemas internos. Com os resultados que estão à vista, de quem os queira e saiba ver.
Resta portanto aguardar, enquanto se vai observando a implementação da reforma agora iniciada pelo governo na área do património, para depois comparar com os resultados obtidos pela Parques de Sintra Monte da lua, EPE, que há anos vem gerindo os monumentos de Sintra e o Palácio de Queluz, com avaliação três estrelas num conjunto de cinco, pelos órgãos da especialidade e ultimamente alguns conflitos laborais.



sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Hermínio Martinho e Ramalho Eanes, na origem do PRD, em 1985. Imagem Diário de Notícias


Partidos políticos

Um meteoro chamado PRD

Com o CHEGA bem lançado para obter um resultado histórico na legislativas de Março 2024, graças à ajuda involuntária do PSD, do PS e da extrema esquerda, ao demonizarem o partido de André Ventura, parece oportuno demonstrar que a vida partidária pode ser muito traiçoeira, cheia de altos e baixos,  por vezes até muito curta. Um pequeno erro pode ser a morte do artista.  
Em 1985, tinha André Ventura 2 anos de idade, apareceu em Portugal mais um partido político. Patrocinado pelo então presidente da República, general Ramalho Eanes, e tendo como líder no terreno o ribatejano eng. Hermínio Martinho. o PRD - Partido Renovador Democrático, de centro esquerda, conseguiu um êxito estrondoso, logo nas primeiras eleições a que concorreu. Obteve a nível nacional 18,35% dos votos expressos e 45 deputados, o que o colocou  como 3ºmaior partido, mas com muito mais votos que o Chega conseguiu em 2022: 7,18% e apenas 12 deputados, embora seja também a 3ª força partidária na AR. Prudência, portanto.
No concelho de Tomar, tido como conservador, os resultados do PRD em 1985 deixaram muita gente com a cabeça à roda:

Legislativas 1985 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PSD - Partido Social Democrata----------------33,12%.-------------9.172 votos

PRD - Partido Renovador Democrático------24,30%--------------6.730 votos

PS - Partido Socialista---------------------------18,04%--------------4.994 votos

APU - Aliança Povo Unido----------------------7,25%---------------1.341 votos

Naturalmente satisfeitos e entusiasmados com tais resultados, dois anos mais tarde, em 1987, os dirigentes do PRD apresentaram na Assembleia da República uma moção de censura ao governo PSD-CDS, a qual foi aprovada com os votos favoráveis do PRD, do PS e da CDU. Azar dos azares, Mário Soares, que entretanto sucedera a Ramalho Eanes como Presidente da República, recusou dar posse a um governo de coligação PRD-PS-CDU, porque não queria os comunistas no governo. Dissolveu a AR e convocou eleições legislativas antecipadas.
Os resultados foram catastróficos para o PRD, que caiu para apenas 4,91% dos votos e 7 deputados. No concelho de Tomar os resultados foram semelhantes:

Legislativas 1987 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PSD - Partido Social Democrata-------------58,11%-------------15.811 votos

PS - Partido Socialista-------------------------20,51%--------------5.581 votos

PRD - Partido Renovador Democrático-----5,30%-------------1.443 votos

CDU - Coligação Democrática Unitária----4,93%--------------1.341 votos

Fica assim demonstrado que na política portuguesa, mesmo com listas partidárias fechadas, convém ir fazendo tudo da melhor maneira possível, sob pena de trabolhão a curto prazo. Foi o que aconteceu ao PRD nos idos de 80 do século passado, ao ter maior olho que barriga. Deviam ter conversado com o PR, antes de apresentarem a moção de censura, como fez muito mais tarde Costa, antes da geringonça. E tal percalço poderá muito bem vir a acontecer a qualquer outra formação partidária. Basta escorregar. Conforme referiu o republicano francês Gambetta, "A política é a arte do possível, toda feita de execução." De tal forma que, quando é mal interpretada, há desastre. Sic transit gloria mundi. A glória é sempre transitória. 
Cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém. Um deputado tomarense na AR  e outro em Estrasburgo, seriam poderosas alavancas para as eleições respectivas, bem como para a candidatura CH à Câmara de Tomar, em 2025, sem as quais, a ver vamos.

Legislativas 2022 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PS - Partido Socialista-------------------42,61% ----------8.240 votos

PSD - Partido Social Democrata-------27,70%----------5.357 votos

CH - Partido Chega------------------------9,86%----------1.907 votos

BE - Bloco de Esquerda-----------------5,12%------------990 votos

CDU - PCP-PEV---------------------------3,68%-------------697 votos



quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Promoção turística no estrangeiro

Contas à moda de Tomar 

ou contas de sumir

A expressão "contas à moda do Porto" é bem conhecida, embora haja duas versões: "à moda do Porto" e "à moda do porto". De qualquer forma em ambas, porto cidade ou porto de atracação, significa o mesmo. Cada um paga aquilo que consumiu. Com os sucessivos adiamentos das contas dos tabuleiros, e agora com um relatório camarário que mão amiga fez chegar a TAD3, parece haver também "contas à moda de Tomar". São contas de sumir, como já se verá mais adiante, e pagam os mesmos de sempre -os contribuintes.
O PSD, que no mandato em curso se tem mostrado mais à altura do seu estatuto de formação líder da oposição, requereu na AM o relatório da ida de uma delegação de Tomar à FITUR -Feira Internacional de Turismo de Madrid, em 2021, 2022 e 2023. Receberam agora os documentos solicitados e ficaram a saber que em 2021 e 2022, não foi ninguém do Município de Tomar à referida feira internacional. Só em 2023, para promover a Festa dos tabuleiros e Tomar cidade templária.
De acordo com o relatório, deslocaram-se à capital espanhola a vereadora do turismo e cultura, a chefe de divisão e maias duas funcionárias, que asseguraram o atendimento no stand de Tomar, embora nenhuma fale castelhano. Além dessa lacuna, impõe-se perguntar o que terão ido fazer, uma vez que também lá estavam o Turismo de Portugal, que tem a seu cargo a promoção do turismo português no estrangeiro, e a Entidade de Turismo do Centro, que promove o turismo da região que engloba Tomar. Mas pronto. A ordem é rica e os frades são cada vez menos, de maneira que vale mais haver três entidades para a mesma tarefa do que não haver nenhuma.
Ainda de acordo com o referido documento, o pequeno stand de 3 X 3 pronto a usar, foi alugado por 7.122 euros e 94 cêntimos, tendo sido distribuído material promocional no valor estimado de .1800 euros. A quem? 11 empresas de turismo e 500 pessoas, entre as quais alunos de turismo da Escola superior de Peniche e alunos e professores do Politécnico de Tomar.
Uma pessoa lê e tem alguma dificuldade em aceitar, porque  "isto é gozar com quem trabalha", como diria o RAP da TV. Usando a ideia de uma frase publicitária à entrada do mercado nabantino, "Para quê ir tão longe se Tomar é mesmo aqui?" 
E chegamos finalmente às tais contas à moda de Tomar, ou contas de sumir. Deslocaram-se a Madrid (Espanha) para a FITUR, uma eleita e três funcionárias, que naturalmente foram abonadas de ajudas de custo, além dos  transportes, alojamento e alimentação, tudo pago pela autarquia, como é usual. Ou seja:
> 4 viagens  Tomar-Madrid-Tomar, via terrestre ou de avião;
> 3 pernoitas x 2 ou x 4 quartos,  num hotel de pelo menos 4 estrelas;
> transportes urbanos, ou taxi, para 4 pessoas ida e volta, em Madrid;
> 3 refeições diárias (PA+A+J) x 4 x3 = 36
Quanto custou tudo isto, mesmo sendo as tarifas espanholas mais abordáveis que em Potugal? Não sabemos. O referido relatório é omisso nessa matéria, para usar linguagem oficial. São as contas à moda de Tomar, ou contas de sumir. 
A oposição vai-se calar? Trata-se de um caso evidente de falta de respeito pelo parlamento municipal, ao fornecer dados intencionalmente incompletos, para assim ocultar despesas sem justificação plausível. Foram a Madrid para aí conversarem sobre o turismo em Tomar com alunos e professores dos Politécnicos de Peniche e de Tomar. Teria sido bem mais prático e barato convidá-los para visitas guiadas à cidade, ao concelho e ao Convento, naturalmente acompanhadas por quem saiba mesmo o que anda  a fazer.
Mandar para Espanha duas funcionárias, hospedeiras na circunstância, que não falam espanhol, não lembrava ao diabo, mas foi o que aconteceu, segundo o relatório em questão. Donde a impressão geral final: facilitismo, falta de rigor, tendência para a bandalheira.



 

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Propaganda política do CHEGA, censurada pela Comissão da Festa dos Tabuleiros. Todos cidadãos muito liberais, progressistas e anti-fascistas. Vai-se a ver na área comportamental...

O que aí vem

E agora? - 3

"Para baixo, todos os santos ajudam", diz o povo. No caso do Chega, pode dizer-se o oposto: Para cima, até  os socialistas ajudam, sem querer. Numa das suas recentes intervenções, José Luis Carneiro, ministro socialista e aspirante à liderança do partido, apoiado por António Alexandre entre outras figuras gradas, foi claro. Disse estar eventualmente disposto a viabilizar um futuro governo minoritário do PSD, se essa for a condição para impedir o acesso do Chega ao poder. É tal o temor do partido de Ventura que, a meses da futura consulta eleitoral, já o PS procura transformá-lo em espantalho, sem que se perceba muito bem com que base. Simples alinhamento mimético em relação aos ex-parceiros da gerigonça? De qualquer forma, boa ajuda para o Chega.
Os resultados locais de 2021 e 2022 indicam que o Chega tem condições para  progredir bastante no concelho em Março próximo. Passou de 6,15% em 2021 para 9,86% um ano mais tarde, com máximos de 12,85% em Paialvo, e 12, 02% em S. Pedro, enquanto na extrema esquerda concelhia, o BE praticamente estagnou (4,74% - 5,12%) e a CDU regrediu, de 5,59% para 3,60% . Nas  mesmas condições, o PS local conseguiu mais 2,91%, passando de 39,70% para 42,61%, enquanto o PSD perdeu 6,96%, de 34,66% em 2021 para 27,70% um ano depois. Situação desconfortável para os laranjas, ao verem para onde fugiram os votos.
Tendo em conta que, a nível distrital, o resultado percentual do Chega é menos animador, com o concelho de Tomar em 15º lugar (9,86%), num conjunto de 21, com as melhores percentagens em Benavente (15,65%), Barquinha (14,88%), Constância (14,87%) e Salvaterra (14,29%), há muito a fazer no vale do Nabão para avançar na rampa rumo a S. Bento. 
Uma das medidas mais simples e imediatas,  no entanto de grande alcance, seria a inclusão na próxima lista distrital do Chega de um candidato nabantino em lugar elegível. Por exemplo o tomarense Fernando Caldas Vieira, ex-cabeça de lista CDS em 2021, que deu excelentes indicações das suas capacidades, durante a campanha eleitoral, apesar de derrotado. A envergadura intelectual é como o azeite na água, vem sempre à tona.  Só não vêem os cegos ideológicos.
Naturalmente, quem sabe da tenda é o tendeiro, pelo que os dirigentes do Chega poderão ter outras apostas e outras lutas a travar noutros concelhos. Ainda assim, uma vez conseguido um deputado tomarense, a exemplo do que acontece por enquanto apenas com o PS, (e isso nota-se na votação), a aposta seguinte, para melhor alavancar a eventual candidatura de Vera Ribeiro, em Outubro de 2025, para a qual já existe um programa robusto e inovador, poderia ser um deputado europeu do Chega nascido em Tomar. 
Seria para os bairristas eleitores nabantinos uma coroa de glória, eles que tanto gostam de grandeza, penacho e heroísmo. Mas será certamente pedir demasiado, pois tal como acontece nas outras formações partidárias, são muitos os chamados e raros os escolhidos, sobretudo tratando-se de um concelho que já foi importante, estando agora em decadência, por enquanto na 3ª posição distrital, em termos de população. 
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Camões há cinco séculos, apesar de ser zarolho. E o que mais  o intrigava já então, não era propriamente a mudança contínua, mas o facto de ter deixado de ocorrer como era costume:
E afora este mudar-se cada dia
Outra mudança há de maior espanto
Que não se muda já como soía (soía = era habitual, era costume)
Agora imagine-se a situação cinco séculos volvidos, à luz da conhecida frase popular "só os burros é que não mudam", no contexto de uma pequena cidade em crise.



segunda-feira, 20 de novembro de 2023



O que aí vem

E agora - 2

(Texto revisto e modificado em 21/11/2023, às 17H30 de Lisboa)

Sem problemas de liderança, ou de eleições internas, o PSD é nesta altura um feixe de dúvidas para os seus adeptos e para o  eleitor comum, situação particularmente grave e perigosa, por se tratar praticamente da única alternativa realista à continuação da criticada governação socialista. Tudo devido às hesitações de Montenegro quanto a acordos antes ou depois das eleições, e com que formações políticas, provocadas pelo anátema do PS em relação ao Chega.
Controlando de facto grande parte da comunicação social, o PS tem conseguido inculcar a ideia de que uma coligação ou acordo dos social-democratas que inclua o Chega, será um desastre eleitoral, ao provocar acentuada queda. Olhando para a Europa, não se percebe em que se baseiam os apóstolos da doutrina socialista. Na União Europeia resta agora um único governo socialista, em Espanha, que perdeu as eleições e foi forçado a coligar-se com extremistas de esquerda e independentistas catalães, numa geringonça à espanhola que não promete nada de bom, nem longa permanência no poder. O compromisso da amnistia para os de Barcelona, vem provocando grandes manifestações populares de protesto em toda a Espanha, e o Senado (Câmara alta), onde o PP tem a maioria, pode vetar a Lei da amnistia. Que fará então o PSOE, sem maioria para governar, nem vontade de facilitar um governo minoritário PP-Vox, embora aqueles tenham ganho as eleições, ainda que sem maioria absoluta?
A nível local, os laranjas dispõem de alguns valores, como Tiago Carrão, Lourenço dos Santos, João Tenreiro ou Célia Bonet, mas ao contrário do PS, carecem de peso regional, embora ainda detenham Câmaras importantes, como Alcanena, Ourém, Rio Maior ou  Santarém. Os recentes resultados mostram isso mesmo. Entre 2021 e 2022, enquanto os socialistas conseguiram mais 2,81 %, apesar do normal desgaste do poder, os social democratas tomarenses, mesmo na oposição, recuaram 6,96%. 
De tal forma que, se não conseguirem pelo menos um lugar elegível de deputado para Tomar, e idealmente  um lugar de deputado europeu, em Junho, as autárquicas de 2025 poderão vir a ser muito problemáticas no vale nabantino, tendo em conta a conhecida mania das grandezas, ou de penacho. dos tomarenses em geral. Sem representação externa notável, haverá tendência para preferir o PS, como mais seguro e tradicional, apesar das asneiras, tendo em conta também a conhecida colaboração social-democrata durante os dois primeiros mandatos, que estiveram longe de ser êxitos na visão popular. "O PS não é grande coisa, mas os outros ainda são piores."
Se a tudo isto juntarmos a previsível subida do Chega, alavancada pela aversão PS e pelos resultados obtidos em 2021 e 2022, apesar da fraca campanha local, pode dizer-se que no vale nabantino o clima eleitoral parece nesta altura algo agreste para o PSD, mesmo tendo em conta a sofrível governação PS, tanto em Lisboa como em Tomar.


Hugo Cristóvão, Pedro Nuno Santos e Hugo Costa

O que aí vem

E agora? - 1

O título não é meu, mas de Miguel Sousa  Tavares, numa recente crónica do EXPRESSO, porque considero ser a pergunta que muitos milhares de portugueses fazem nesta altura. E agora? Vai ser "de rego cheio", como diziam dantes os agricultores, quando ainda regavam com água do rio, tirada a motor, ou pelas rodas. Vamos ter quatro eleições em dois anos. Directas no PS, já no mês que vem, Legislativas em Março próximo, Europeias em Junho 2024 e Autárquicas em Outubro 2025. Fartura democrática.
Em qualquer delas, o PS é, nesta altura, o partido em melhor posição para vencer, excepto talvez em Tomar, nas autárquicas 2025. Análise pessoal, tão imparcial quanto possível. Nas próximas eleições internas de Dezembro, até agora com três candidatos (José Luis Carneiro, Pedro Nuno Santos e Fernando Adrião), PNS parece o vencedor mais provável. Mesmo em Tomar, onde conta com muitos apoiantes (ver imagem).
A confirmar-se essa vitória, vamos ter um PS mais à esquerda, aberto a coligações e outros entendimentos com o BE e o PCP. Mas qualquer que venha a ser o vencedor interno, o PS - Tomar estará bem posicionado nas próximas legislativas, uma vez que controla a máquina partidária a nível distrital, encabeçada pelo actual deputado Hugo Costa. Poderá portanto conseguir pelo menos dois candidatos tomarenses em lugares elegíveis, nas próximas listas.
Quem? Além de Hugo Costa, que tem feito um bom trabalho, há no imediato três hipóteses, a saber: Anabela Freitas, que já foi deputada na AR,  caso esteja disposta a trocar o conforto pela adrenalina. António Alexandre, apoiante de José Luís Carneiro e provedor da Santa casa, para sarar feridas, se estiver para aí virado. Virgílio Saraiva, como recompensa de fim de carreira política, sempre a militar na asa esquerda do PS.
E os outros partidos? É o que se poderá ler na próxima crónica.
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domingo, 19 de novembro de 2023



Iluminação do Castelo e Convento

Um grande monumento

simples cenário teatral de noite


Volta-se a abordar o processo da empreitada da nova iluminação do Convento e do Castelo. Há tomarenses que consideram estar tudo bem, e a crónica de Tomar a dianteira 3 mais não ser afinal que uma embirração. Mais uma. Compreende-se. Basicamente, tudo depende da educação recebida ou não.
Há quem tenha frequentado a escola e a sociedade além-Pirinéus, onde se ensina designadamente que "as coisas ou se fazem bem feitas, ou não se devem fazer"; e há quem tenha educação tomarense e lusa, na qual predomina a noção "faz-se como se pode, e depois logo se vê". O tal facilitismo, a escorregar para a bandalheira, que costuma designar-se como "desenrascanço".
No caso da iluminação do Castelo e do Convento, há mais de meio século que a Câmara vem gastando dinheiro em sucessivas empreitadas, sem nunca ter conseguido um resultado acima do mediocre. Que o mesmo é dizer, uma iluminação que transforma o segundo maior monumento do país, durante a noite,  num pobre cenário de teatro. É uma questão de estética, mas tão grave que incomoda bastante.
Querem uma prova? Procurem na internet imagens nocturnas do Castelo e do Convento de Cristo. Tentei ainda há pouco e não consegui uma única. Porque será? No meu entender, porque a fraca iluminação instalada não permite o efeito de profundidade. Os planos sucessivos. A perspectiva.
Vendo com atenção a imagem supra, temos no primeiro plano o verde da Mata, no segundo plano o alambor, as muralhas do Castelo e a fachada nascente do ex-hospital militar, no terceiro plano a Charola templária e os claustros henriquinos, e no quarto plano as restantes construções. Com a iluminação habitual, que pelos vistos vai ser replicada, apenas se vê de noite, consoante o local de observação, a muralha do Castelo com a Torre de menagem, a fachada nascente do ex-Hospital militar e a fachada norte do Convento. Como se fosse um palco de teatro. Uma lástima.
Com pouco mais despesa, seria possível conseguir muito melhor resultado, permitindo ver os vários planos, mesmo de noite, para satisfação e alegria de todos. Infelizmente, tal como no caso dos tabuleiros e outros, os instalados é que sabem, e dali não arredam pé, convencidos de que qualquer crítico quer é roubar-lhes os lugares. Resta portanto ir aguardando melhores dias, enquanto ainda se vai tendo paciência para isso.
Não é  "O triunfo dos porcos", mas algo nessa linha.



Despedida de Anabela Freitas

Genuinamente hipócrita

Eu pecador me confesso: Tenho andado na busca de referências escritas ao repasto de despedida da ex-presidente Anabela Freitas. Para apurar se estiveram muitos ou poucos e se "correu tudo bem". Simples calhandrice, porque estou a mais de sete mil quilómetros, de bermuda e com 30 graus. Seis dias depois, lá apareceu finalmente uma nota n'O Templário de 16/11/2023, página 10, subscrita pela vice-presidente Filipa Fernandes. 
"O reconhecimento individual ou coletivo é, certamente, uma das acões e sentimentos que não deixa ninguém indiferente. Existir reconhecimento por parte da família, amigos, pares, colaboradores, chefias, ou outros tantos que fazem parte da nossa esfera diária de contactos formais e informais, é uma das condecorações mais genuínas que pode existir", escreve a autora logo no primeiro parágrafo.
É, como se constata, uma escrita laboriosa, alambicada e com vocabulário por vezes escorregadio, mas o título tem o mérito da franqueza: "Obrigada, vinculada e comprometida". Que menos podia escrever quem não tinha profissão nem emprego remunerado, até integrar a lista PS em 2013? Há um ou outro dislate, como "...não podia deixar de passar este momento sem agradecer...", mas que não altera o sentido geral do texto.
Há também, infelizmente, frases menos felizes, como aquela dos "muitos foram aqueles que genuinamente participaram num convívio dirigido a Anabela Freitas" (negrito nosso), mas que havemos de fazer? Cada qual escreve não como quer, mas como pode. E vem depois a allégeance partidária, agora que os tempos estão difíceis e a tempestade é agreste: ..."prosseguir com a visão e a linha de trabalho da Anabela Freitas, do anterior e atual executivo municipal que tem inequivocamente proporcionado o desenvolvimento local." (Negrito TAD3)
Tem mesmo proporcionado desenvolvimento local? Não estará a senhora a confundir mais funcionários municipais, com desenvolvimento da urbe e do concelho? É que, caso haja mesmo desenvolvimento, no sentido lato do termo, será caso único no país: Um concelho a crescer com a população e encolher. Durante os últimos dez anos foram-se mais de cinco mil eleitores. Num concelho de 40 mil almas. É alarmante. Representa 12,5% da população. Se isto é desenvolvimento...
Mas a senhora vice-presidente trata é de festas, turismo e ação social. Progresso económico real não é com ela. Só lhe interessam os fundos europeus, para financiar as borlas que depois dão votos. O que revela uma eventual equação muito curiosa: menos eleitores igual a mais votos PS. Porque os sem partido, ou de outras formações partidárias, que não dependem do RSI nem do orçamento do Estado, esses fazem a mala logo que podem.

Esclarecimento final

Como qualquer outro cidadão, Anabela Freitas e Filipa Fernandes têm direito ao bom nome,  ao recato e ao respeito pela sua vida privada. Não fora o caso da segunda ter assinado como "vice-presidente da Câmara Municipal de Tomar" e Tomar a dianteira 3 não teria escrito uma linha sequer a respeito de um repasto privado, no qual não se sabe  quem esteve ou não, porque  a informação local...



sábado, 18 de novembro de 2023



Outra grande manifestação contra a amnistia

As autoridades de Madrid (Espanha)  
não sabem contar manifestantes



Imagine-se que, apesar da imagem supra, copiada do LE MONDE de hoje, as autoridades da alcaldia (Câmara municipal) da capital espanhola indicam que estiveram só 170 mil pessoas em mais uma manifestação contra a amnistia dos independentistas catalães, convocada pelo PP e pelo Vox (equivalente do Chega). Madrid conta actualmente com 3,339 milhões de residentes pelo que as autoridades só podem estar a ver mal, decerto por ignorância.
Se eu fosse autarca em Tomar, convidava já os madrileños responsáveis pela contagem dos manifestantes, para virem a Tomar reunir e conversar com a Comissão central dos tabuleiros, que esses é que sabem contar como deve ser. Até já conseguiram contar mais de um milhão de visitantes, numa cidazita com pouco mais de 30 mil habitantes.
Quem sabe sabe!!! Só as contas é que emperraram. Azares qualquer um tem.

REALIDADE DEFORMADA




Tomar, Praça da República, dia de feira semanal com ameaça de chuva (vêem-se dois transeuntes com chapéu chuva), no final dos anos 30 do século passado. O pedestal do Gualdim Pais já está erguido, mas falta a estátua, inaugurada em 1940. Repare-se nos detalhes que separam as duas fotos. Na de cima, Câmara, carros, castelo e oliveiras, tudo atarracado. Na de baixo, tudo mais próximo da realidade, em termos de proporções. Os usuais simplórios dirão que vai tudo dar ao mesmo. É capaz, depende da mentalidade de cada um. Há quem não distinga entre entre uma chávena grande e um penico, porque ambos são de loiça e têm asa.

Iluminação do Castelo e do Convento

Falta de rigor, facilitismo e bandalheira

Nova iluminação do castelo custa quase 180 mil euros | Tomar na Rede

Conforme crónicas anteriores, Tomar a dianteira 3 tem vindo a tentar denunciar uma série de situações que denotam falta de rigor, facilitismo e tendência para a bandalheira. Postos assim em causa, os visados argumentam que é só má língua, o que não surpreende. Que haviam eles de dizer, impedidos de desmentir pelos factos avançados? Limitam-se por isso a repetir a situação descrita naquele provérbio "o mau dançarino diz sempre que o chão é torto." É tudo uma questão de narrativa, diria o agora a viver na Ericeira, em casa de um amigo, pois claro.
Com o acesso à informação municipal sistematicamente negado pela maioria PS, ao arrepio do disposto na legislação vigente, o Tomar na rede acaba de publicar uma notícia sobre a adjudicação pela Câmara de Tomar de nova iluminação para o conjunto Convento-Castelo, no valor final de 180 mil euros. (ver link supra). Recorreu para elaborar o texto aos dados contidos no Portal base, um site oficial onde todos os organismos públicos são obrigados a publicar os contratos que celebram.
Neste caso, "Aquisição, instalação, programação e colocação ao serviço de luminárias LED e de um sistema de controlo e comando da iluminação LED, bem como todo o demais necessário ao seu bom funcionamento, destinadas à Fachada do Convento, Cerca dos cavaleiros, Fachada do Teatro-Hospital e Castelo (Alambor)."
Ignora-se se o texto do contrato propriamente dito é mais explícito e detalhado, uma vez que a maioria PS se recusa a facultar a sua leitura, como habitualmente, apesar da Lei de acesso à informação estipular o contrário, e ser de cumprimento obrigatório. Ao nível do Portal base, é mais uma vergonhosa bandalheira, que pode ser divida em duas partes.
Parte um, quanto ao detalhe da execução, a empresa adjudicatária poderá ser a mais séria e competente da União Europeia, que só não fará falcatrua se não quiser. Quantas luminárias LED a instalar no total? De que potência cada uma? Com que tipo de luz (branca, amarela, outra)? Que modelo de comando? Que tipo de controlo? Fica à vontade da empresa? E a fiscalização (se houver), vai verificar o quê e como?
Parte dois, na mesma linha, mas mais grave ainda, os locais indicados para montar o material são, em grande parte, mera fantasia de quem redigiu o contrato. Fachada do Convento? Qual delas? Norte, nascente, poente ou sul? Cerca dos cavaleiros? Que é isso e onde fica? No jardim de entrada? Na alcáçova? Mata dos sete montes? Fachada Teatro-Hospital? Nunca se ouviu falar num teatro no Convento de Cristo, a não ser no Fatias de cá, de forma eventual, que tinha o seu armazém de adereços na antiga cozinha do ex-Hospital militar. Será isso? Castelo (Alambor)? E onde não houver Alambor, não leva iluminação?
Com um programa tão lacunar e mal informado, está-se mesmo a ver que a empresa arrematante se vai limitar a substituir os projectores já instalados por luminárias LED, um quadro novo, adaptado ao comando e controlo, e está feito. O exterior da Charola e toda a parte poente virada a sul, vão continuar às escuras. Não é dinheiro deitado à rua, mas quase, com uma empresa a trabalhar em regime de saque praticamente livre, se assim o entender. Com um bocado de sorte, depois ainda vão apresentar uma factura de "trabalhos a mais".
Viva o facilitismo. Viva a bandalheira. Os contribuintes e o interesse geral que se lixem. É preciso é não perder votos. Há apenas uma vantagem. Fica-se com uma ideia de como serão certos outros projectos e cadernos de encargos, se elaborados pelos mesmos técnicos superiores. Não há dúvida. Os dançarinos são excelentes. O chão é que está mesmo torto.