sábado, 4 de novembro de 2023

É a crise de fim de reinado, que não poupa nada nem ninguém. Até a pomba do tabuleiro já está de asas abertas, a levantar voo, rumo à emigração.

Festa dos tabuleiros

A oposição social democrata melhorou...

TOMAR – Festa dos Tabuleiros. PSD voltou a pedir explicações sobre as contas finais: «Câmara financiou grandemente e deve questionar sobre essa contabilidade» | Rádio Hertz (radiohertz.pt)


Com a imparcialidade possível, é verdade que a oposição social-democrata tomarense tem melhorado muito neste mandato, sendo também do conhecimento geral que, nos dois anteriores, só não andaram com os eleitos socialistas ao colo porque pareceria mal, e o PSD é  em geral muito respeitador das conveniências. Conformista.
Dito isto, que não é pouco, ainda há muito a fazer, para alcançar a credibilidade que permita constituir alternativas e vencer eleições. Neste caso da Festa dos tabuleiros, a recente intervenção do PSD, documentada no link supra, foi útil e oportuna, todavia aquém do necessário.
Focar-se na escandalosa despesa municipal, que mais que duplicou em relação à edição anterior,  e nas contas que nunca mais aparecem, é fazer aquilo que a maioria PS quer. Que não se debatam as questões de fundo, que se ignorem os problemas fulcrais e que se evite qualquer reforma.
"Cumprir a tradição e promover Tomar", são os dois chavões que os entusiastas da festa agitam, para que nada se mude ou discuta, e tudo possa continuar na mesma. O problema é que nem um nem outro são suficientes para garantir um futuro sem sobressaltos, coisa que horroriza os pacatos tomarenses tabuleireiros, que são muitos e boa gente, apesar de tudo.
A tradição é o que dela fazemos, como sabemos os que andamos nestas coisas com a cabeça a funcionar. Cortejo dos rapazes, jogos populares, ruas populares ornamentadas, banquete para os convidados, múltiplos eventos musicais, a festa continua,   são coisas recentes, sem passado ou ligação alguma com a Festa grande, modelo 1950. Não me venham com tretas.
E que dizer da balela "para promover Tomar"? Vem muita gente? E daí? Já foi feito algum estudo sério, para avaliar o impacto real dos tabuleiros na promoção de Tomar, como destino turístico? Sem esse estudo, quem pode garantir que os tabuleiros promovem ou despromovem Tomar? É bem sabido que por vezes as aparências iludem.
Dando de barato que a festa contribui realmente para a promoção turística de Tomar, mesmo sem qualquer garantia de que assim aconteça, coloca-se outra questão: Qual o custo dessa promoção? É a melhor relação qualidade/preço? Estamos num mercado competitivo, Não pode ser tudo à vontade do freguês
Finalmente, a questão básica: Numa sociedade capitalista, cujo motor é o lucro, proveniente do trabalho produtivo, faz algum sentido insistir num modelo de organização dos tabuleiros que é soit disant comunitário, não tendo portanto o valor acrescentado como objectivo, quando se trata afinal de iludir a administração fiscal?
É um bocado violento e incomoda? Sem dúvida. Mas os euros que se gastam e não se ganham com os tabuleiros, fazem depois muita falta para construir casas, melhorar ruas e largos, cuidar do rio, equipar o concelho, comprar ambulâncias, contratar médicos... 
O atraso na prestação de contas também cumpre afinal a tradição. Até já houve em tempos documentos de despesa  a  lápis, em simples guardanapos de papel, com nódoas de vinho tinto. Qualquer cozinheiro sabe que um bom prato tradicional leva sempre muito tempo a preparar.
Vamos continuar a ver navios do Alto de Santa Catarina, como nos tempos da carreira da Índia? Não aprendemos nada com os erros?

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