segunda-feira, 6 de novembro de 2023

 

Nascente da racha, na encosta norte da Mata, Alimentava o Tanque dos frades, um dos três da Cerca. Secou quando a água dos Pegões deixou de chegar ao pomar do castelo, roubada algures na zona dos Brasões, por gente que ignora os prejuízos que causa ao ambiente circundante. Observe-se a vegetação no ângulo superior direito, outrora verdejante.


Defesa do património

Os Pegões na RTP1 

e a posição equívoca do  presidente da Câmara

Reportagem da RTP denuncia estado de degradação do Aqueduto dos Pegões | Tomar na Rede

A informação nabantina deu destaque a uma notícia local sobre o estado de conservação do Aqueduto dos Pegões, no programa Portugal em directo, da RTP 1. Graças ao Tomar na rede (ver link supra), foi possível ouvir a reportagem, afinal bastante sucinta, pois dura apenas 3 minutos e 51 segundos. As imagens foram poucas e insuficientes. Faltou ir às nascentes, ao local onde um cidadão cortou um arco do aqueduto, para poder transitar com o seu tractor, e à imponente casa da água dos Brasões, com árvores na cobertura, por cima da abóbada renascença com 400 anos, para melhor entendimento do problema. Fica longe, fora de mão e sem estrada de acesso, Uma estopada para os senhores jornalistas da capital, e para os outros. Já viram na informação nacional ou local alguma imagem ou referência ao aqueduto abusivamente cortado, ou às árvores na cobertura na casa da água do Brasões? Nem sabem sequer onde isso fica, e a autarquia não subsidia esse tipo de jornalismo de denúncia...
Os tomarenses Rui Ferreira e Carlos Trincão foram eficazes na transmissão dos seus receios e da paixão comum que têm por aquele património da dinastia filipina. Já o presidente Cristóvão, embora defendendo também o restauro e conservação do monumento, acabou por assumir uma posição muito contestável e pouco favorável  afinal à recuperação integral do aqueduto. 
Rui Ferreira, do Grupo dos amigos do aqueduto, que têm vindo a assegurar a limpeza do terreno confinante, advogou a necessidade imperiosa da água voltar a correr no aqueduto, das nascentes até ao Convento e ao Castelo, passando pela Cerca e podendo mesmo pensar-se na cidade antiga. Como é imperioso que venha a acontecer de novo, mais cedo ou mais tarde, para evitar ainda maior degradação da Mata dos sete montes. 
Infelizmente para Tomar, o senhor presidente Hugo Cristóvão discordou logo a seguir, alegando o custo muito elevado dessa opção, numa de tecnocrata,  e avançou que há agora métodos muito mais baratos de captação de água. Já em intervenção anterior, mencionara a zona de protecção do aqueduto, incluída na nova versão do PDM, assim revelando desconhecer que, desde o seu início, aquela obra filipina sempre beneficiou, como qualquer outra obra pública antiga, de dois metros de servidão pública, de cada lado do edificado. A nova zona de protecção será portanto "chover no molhado", se ninguém a respeitar, como tem acontecido com a citada servidão pública.
Com a referida alegação do custo demasiado elevado da recuperação integral do aqueduto, o autarca mostrou não conhecer o problema na sua totalidade, em todas as suas implicações, que são várias e são graves. Não bastará com efeito contentar-se com o restauro dos arcos e do resto. Se a água não voltar a correr em toda a extensão do aqueduto, mais tarde ou mais cedo a degradação voltará. Sem a indispensável humidade permanente, as massas de argila e cal vão cedendo, como agora vem acontecendo. O meritório restauro de quatro arcos, financiado pela Câmara, foi um remedeio.
Por outro lado, a água do aqueduto integra um vasto ecossistema, que engloba toda a parte norte da Cerca, o vale dos Sete montes e a ribeira homónima, incluindo o chouso conventual e o pomar do castelo. Por conseguinte, usando uma conhecida frase feita, há métodos mais baratos, sem dúvida. Mas não são tão bons, nem sequer suficientes. Mesmo com os furfos artesianos que a Câmara já encomendou, mas sem a água a correr de novo no aqueduto, em toda a sua extensão, os tanques da Cerca, uma notável reserva em caso de incêndio, nunca mais voltarão a estar cheios, e a "Nascente da racha" não voltará ter água (Ver imagem). Pense bem no assunto, sr. presidente. 2025 é já ali adiante e os tomarenses não abdicam da sua cerca verdejante e sem buxos e árvores a secar por falta de água. Pelo menos os mais velhos, que ainda se lembram de como era antes da festarolas à borla...

1 comentário:

  1. Com tantos fotógrafos amadores de grande qualidade que há agora felizmente em Tomar, não haverá um capaz de ir fotografar a Casa da água dos Brasões com as árvores na cobertura e, mais adiante, um arco do aqueduto derrubado por um particular para poder passar com o trator? Isso é que era serviço.

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