quinta-feira, 2 de novembro de 2023

 

Imagem Carlos Coito, com os agradecimentos de TAD3.

Gestão autárquica

Cortar as ervas consoante as possibilidades

TOMAR – Limpeza de ervas. Vereador Hélder Henriques admite que nem sempre há pessoal disponível | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Os militares de carreira, e aqueles que cumpriram o serviço militar obrigatório, têm a clara noção de cadeia de comando e de missão a cumprir. Vêem por isso a realidade com outros olhos. São em geral mais modestos, mais realistas e mais francos. Confrontado, em plena reunião do executivo camarário, com queixas de falta de limpeza urbana, nomeadamente o corte das ervas daninhas, que invadem ruas e largos, o vereador Helder Henriques, um oficial superior na reserva, foi directo e sincero.
Esclareceu que a ervas são eliminadas "consoante as possibilidades, porque não há pessoal disponível de forma permanente, para que esse serviço possa ser realizado de forma mais frequente." Exactamente o que acontece noutros serviços públicos, com cada vez maior frequência. O cidadão -utente na circunstância- é atendido "consoante as possíbilidades, porque não há pessoal disponível de forma permanente". na saúde, na justiça, no ensino, no registo civil, e por aí adiante. Tratando-se de funções básicas da administração pública, cabe perguntar como se chegou a tal descalabro, e porquê.
"Erros meus, má fortuna, amor ardente" ? Uma herança envenenada?
As respostas variarão de organismo para organismo, sendo que chocam a cidadania no caso da Câmara tomarense. Há 617 funcionários municipais no activo, um para cada 59 habitantes, e mesmo assim "não há pessoal disponível" para remover  ervas com regularidade? Só pode tratar-se de má gestão dos recursos humanos, num ambiente de descalabro geral, de deixa andar, de autogestão de facto.
O parque municipal de campismo foi encerrado há uns anos atrás. Os seus funcionários, que não se aposentaram, que tarefas têm desempenhado desde então, além da simples presença? Os SMAS foram extintos, mas foi concedida aos seus funcionários a faculdade de optarem entre a Tejo Ambiente e a Câmara. Cerca de metade optaram pela continuidade na autarquia. Quais são as suas tarefas? O açude provisório do Mouchão passou a definitivo, por decisão arbitrária da anterior presidente. O pessoal municipal que antes montava e desmontava anualmente o açude, agora faz o quê? Houve um tempo em que a carroça de recolha do lixo passava em todas as ruas. Agora que há pontos fixos de recolha, bastante afastados nalguns casos, que é feito desse pessoal que antes recolhia o lixo porta a porta? 
Em tempos houve brigadas municipais, que desinfectavam as sarjetas semanalmente, varriam as ruas diariamente, cortavam as ervas quando necessário, e regavam as ruas principais no verão. Que é feito dessa gente? Aposentaram-se todos? E não foram substituídos porquê? Excedentários?
Certo parece ser que muitos empregados pela autarquia continuam a rezar todos os dias, para agradecer a santa Anabela a graça inesperada da redução para 35 horas semanais de presença, quando afinal já havia falta de pessoal para tarefas básicas, mesmo com o horário anterior. Uma vez que continuam a votar na maioria actual, como convém a ambas as partes, está tudo bem, no melhor dos mundos possíveis para os envolvidos. Os outros cidadãos que paguem e não bufem, porque, como diz um conhecido autarca local, "quanto mais refilam pior é!" É o modelo municipal PS new style. Muita parra e pouca uva.

ADENDA

Contrariando a doutrina Anabela, segundo a qual qualquer observação "é só má língua", eis uma solução possível para o problema das ervas daninha nos passeios calcetados. Basta levantar a calçada, colocar uma cama de areia com cimento, e voltar a calcetar, terminando com uma boa rega de aguada de cimento e areia de esboço. Como é costume fazer-se, tanto no país como em Espanha. É remédio santo durante alguns anos. 
Oxalá haja calceteiros disponíveis e vontade política..  Organizem-se!

1 comentário:

  1. Os políticos, quer os que estão no poder (PS) ou oposição (PSD) passam a mão pelo pêlo aos funcionários municipais. Porquê? Obviamente são eles que os elegem. E os políticos dizem (sem se rirem) que os funcionários municipais trabalham muito, são de uma dedicação extrema, são muito empenhados, etc... etc... Todos nós sabemos por experiência que não é verdade, há de haver um ou outro que seja mais desembaraçado mas os outros dizem assim: Ó menino(a), olha que isto não é para se fazer, é para se ir fazendo..... E o partido Chega, que é o mais disruptivo do sistema é a mesma coisa, diz ás pessoas o que elas querem ouvir não o que precisam de ouvir, que é a verdade. É o que temos e assim vai continuar, infelizmente!!!

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