Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3. Aspecto do antigo acampamento do Flecheiro, desmantelado pela actual maioria PS, que todavia ainda não logrou integrar devidamente a comunidade calé local.
Gestão autárquica
Um retrato tomarense
Os tomarenses conhecem o termo "peixeirada", para designar aquelas querelas populares entre peixeiras tradicionais, cujo exemplo mais típico é o Mercado do Bolhão, no Porto, e aquela mãe tentando ajudar a colega a vencer a discussão: "Chama-lhe puta minha filha! Chama-lhe puta antes que ela te chame a ti!" (Cabe aqui lembrar que, por razões geográficas, o português do norte está mais próximo do galego e do castelhano, cujos falantes usam palavrões do vernáculo de forma corrente, como por exemplo "hijo de su puta madre", ou "filho de um cabaz de cornos", entre outros mimos.
Embora sem o colorido dos palavrões castelhanos ou galegos, o estilo peixeirada está a ser praticado em Tomar, por representantes dos eleitores. Ainda recentemente o sr. presidente da Câmara, procurando responder a uma interpelação do vereador Luís Francisco, do PSD, sobre o acampamento do Flecheiro, exaltou-se e disparou: "O PSD não só não retirou qualquer barraca como ainda deixou fixar mais famílias e melhorou as condições."
Decerto por acanhamento, o vereador social-democrata coibiu-se, e o diálogo castiço ficou por ali. Mas poderia ter respondido, na mesma ordem de ideias, que consiste em remexer no passado apenas para retaliar. Diria então que, sem a infeliz ideia do presidente socialista Luís Bonet, autorizando em 1976 os ciganos nómadas, antes instalados na quinta de Santo André (a sul da Praça de Toiros), a montar acampamento nos terrenos municipais do Flecheiro, nunca teríamos tido uma colónia calé, inicialmente reduzida, mas que chegou a ultrapassar as 250 pessoas em barracas. Uma barracada.
Poderia até continuar por aí fora, rumo ao passado, lembrando que caso o Gualdim Pais não se tivesse lembrado de deixar Ceras e iniciar a construção do castelo de Tomar, não se estaria agora a perder tempo com futilidades nas reuniões formais dos Paços do concelho da Praça da República.
É óbvio que o tempo perdido com tais discussões de lana caprina, faz depois muita falta para debater assuntos mais pertinentes para a cidade e o concelho. Havendo competência para tanto, claro está. Pobre terra, com gente assim.
Noutra perspetiva, a acusação do Presidente de Câmara pasmo, ao PSD, é a de fazer antes exatamente a mesma coisa que o PS está a fazer agora: fixar famílias ciganas e melhorar-lhes as condições.
ResponderEliminarIsto é o que o PS está a fazer e não existe qualquer indicador de integração, para além daqueles criados artificialmente, como por exemplo a frequência escolar (é falar com professores e auxiliares). O que há de integração são os formalismos que têm de cumprir para o RSI estar disponível no final do mês.
No resto continua tudo igual ou pior. As flecheirices nos negócios obrigados a fechar ou a funcionar à porta fechada, no trânsito, no sentimento de insegurança, na absoluta falta de respeito pelas normas de conduta, ordem social ou funcionamento dos serviços públicos, são evidentes.
A diferença está nas barracas? De facto o aspecto daquele acampamento era degradante, mas que aspecto tem hoje o Bairro 1º de Maio, da Caixa ou da Senhora dos Anjos? Ter casas a virarem barracas é melhor do que ter barracas?
Não há dúvidas que os ciganos vivem hoje melhor. Isso é positivo!
E quanto aos restantes cidadãos? Vivem melhor? Não me parece que assim seja e como são cada vez menos, que tal considerar a hipótese de serem tratados como minoria étnica ou espécie a proteger?