quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Casas de habitação recuperadas no antigo Bairro Salazar, que há muito deviam ter sido substituídas por edifícios mais compatíveis com os novos tempos. Mudaram-lhe o nome, mas é pouco. Demasiado pouco.

Habitação

Opções para armar aos cágados?


Na recente reunião dos socialistas locais, em Cem Soldos, para preparar o orçamento e plano para 2024, ficou a saber-se que a principal opção da actual maioria é a "habitação para os jovens e para a classe média". (Ler TAD3, Um convívio em jeito de magusto, 05/11/2023). A pergunta veio de forma automática: Que jovens e que classe média? Ou, se quisermos mais simples ainda, habitação para quem?
Na ausência de informação mais detalhada da autarquia, fica-se sem saber se houve antes algum planeamento preparatório, ou se estamos mais uma vez perante uma opção sobretudo para armar ao pingarelho, que é como quem diz, para fazer de conta. O que obrigou a ir em busca de dados úteis para fundamentar a crítica. Eis o que se apurou:

ELEITORES INSCRITOS NOS CADERNOS ELEITORAIS

CONCELHOS----------2001-----------------2021-----------------DIFERENÇA

Abrantes----------------38.474-----------.---31.591---------- menos 6.883 eleitores

Entroncamento--------14.973--------------17.012-----------mais 2.039 eleitores

F. Zêzere----------------8.235----------------6.961------------menos 1.274 eleitores

Ourém------------------37.218--------------40.870------------mais 3.652 eleitores

TOMAR----------------39.330--------------33.892------------menos 5.438 eleitores

Torres Novas--------31.769---------------30.795------------menos 974 eleitores

Dados recolhidos em resultadoseleitoraismai.gov.pt

Perante estes números, não se pode dizer que a opção do PS tomarense seja realista. Quando muito aventureira. Porque, quando num raio de 30 quilómetros, com  centro em Tomar, há apenas dois concelhos em que a população cresceu nos últimos vinte anos, falar de habitação para jovens e para a classe média, é investir no escuro. Em que se baseiam para dizer que há falta de habitação em Tomar? Que haverá interessados solventes para novos alojamentos?
Entroncamento e Ourém, cuja população cresceu nos últimos vinte anos, não se queixam de tal carência, e Tomar, com um rombo superior a cinco mil eleitores, vai investir em habitação? Para quem? Com que intuito?
Convirá notar que, ainda recentemente, a oposição do Entroncamento rejeitou a construção de 100 apartamentos a custo moderado, financiados integralmente pelo PRR. O que coloca outra questão. Na hipótese de o PS Tomar estar a apostar em alojamentos para um suposto aumento da população, tudo indica que esses novos residentes, se vierem a existir, serão sobretudo emigrantes e/ou ciganos. Há certeza de que a restante população aceitará tal coabitação sem problemas de convivência?
Os nossos autarcas são jovens e lêem pouco. Ignoram decerto que, já nos anos 50 do século passado, quando se tratou de ocupar as cem casas do então Bairro Salazar, acabado de inaugurar, foi muito difícil arranjar moradores. De tal forma que alguns tomarenses foram para lá viver, apesar de terem rendimentos superiores ao previsto para a atribuição de alojamentos sociais. E alguns dos seus descendentes ainda hoje lá estão, agora desejando mudar-se quanto antes, devido aos novos vizinhos, impostos pela autarquia e que não são nada cómodos. Trata-se dos ex-flecheirenses, realojados, porém ainda por integrar na sociedade tomarense.

3 comentários:

  1. Bom dia Professor. Há de facto necessidade de mais habitação, e ela nunca é demais. Quanto mais oferta houver mais caem os preços. Eu, que não sou ninguém e não tenho certezas de nada, a não ser que um dia terei de morrer e tenho de pagar impostos até esse dia, já aqui o escrevi que não sei se estamos no caminho certo ou não. A minha experiência de vida faz-me duvidar, mas até podemos estar, o futuro o dirá.... Essa tendência de perda populacional que o professor invoca nas tabelas até pode vir a ser atenuada. E é esse o meu desejo, espero estar enganado no meu cepticismo. Tem havido dinâmica com as parcerias público privadas: A Softinsa e a Kyntech. E depois temos empresas tradicionais como a Critical software, Air Liquide, o Vila Galé, etc.... A softinsa garante 400 postos de trabalho, qualificados que não querem aí qualquer coisa, a Kyntech pelo menos 100, outros 100 para a Air Liquide, 50 para o Galé, mais os 615 da câmara, mais uns duzentos e tal para o politécnico, mais uns 180 para o 15, mais o presídio militar, mais os médicos e enfermeiros, mais os professores, etc..., etc....

    O Professor já viu tantos postos de trabalho!!! Já viu a potência económica que somos !!! Os bebés que vão nascer!!! Vão reabrir a maternidade do Hospital de Tomar. Eu fico satisfeito embora me custe a engolir as estórias que eu vou ouvindo na comunicação social local. Oiço muito a palavra sucesso, sucesso, sucesso!!! Sabe quanto é que o rácius diz que a softinsa tem de capital social? 58 mil euros!!! Sabe quanto é que a kyntech tem de capital social? 150 mil!!! Sabe quanto é que tem a Afrizal, empresa tomarense de material eléctrico? 250 mil. Sabe quanto tem a empresa Tomarense de rações diamantino coelho e filho? 750 mil. Esperemos que não, e até é improvável pois é uma parceria público privada, mas se a empresa Softinsa falir os trabalhadores vão ficar a chuchar no dedo. Vão reclamar os direitos ao CENIT e por consequência á câmara e ao politécnico???!!! E o mesmo para os da Kyntech. Se eles denunciam por algum motivo o contrato quem garante os direitos dos trabalhadores. Lembro aos trabalhadores que o recheio e as instalações das fábricas que faliram foi vendido para pagar as indemnizações. Os trabalhadores da Fábrica da Fiação ainda estão á espera que as instalações sejam vendidas. Há em Tomar uma padaria e pastelaria que eu agora não me lembro do nome mas que tem uma das lojas, que penso serem três, onde era o rialto que tem 2 milhões de capital social. Agora lembrei-me, é a Tropical. Os Tomarenses sabiam que a IBM Portugal é minoritária na Softinsa, com 49%. Há um sócio espanhol com 51%. A malta habituou-se a chamar áquilo IBM mas é IBM Portugal, não tem nada a ver com a IBM incorporated que está no Nasdaq. A google, por exemplo, está instalada na Irelanda por razões fiscais, e eles são mesmo a Google, aquela que está na bolsa americana, penso ser o nasdaq, mas também pode ser a nyse. Agora querem fazer de Tomar uma smart city e apontam a 2030. Vamos lá ver o que esta malta da política está a aprontar, imaginação têm eles. Pode ser que quando Tomar for uma cidade inteligente as contas da festa dos tabuleiros não demorem meses a serem paridas.
    Professor vamos ver o que é que o tempo nos trará, muita saúde para si e para os seus.

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  2. Acredito que quanto mais habitação melhor, para baixar os preços. Mas não é com habitação financiada pela UE via Estado e Câmara que isso se consegue. Pelo contrário. A habitação social ou a custos controlados costuma depois vir a ser habitada por rendeiros que afastam a população em geral. Está mal? Pois está. Mas é a situação existente.
    Melhor seria fomentar a construção privada, aliviando a tentacular burocracia camarária nabantina. Ignoro se ainda será o caso, mas houve um tempo em que era a corrupção mais cara do país, excepto LIsboa, Porto e Algarve.

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    1. O Professor já viu casas financiadas a 100% pela união europeia!!! Estive a ler um artigo do observador que diz que 2022 até 2029 portugal vai receber 50 mil milhões de euros da união europeia. Bazuca+Portugal 2030+PAC. Por ano Portugal contribui pouco mais de 2 mil milhoes. São 5 mil milhões por ano de saldo positivo. Os Alemães contribuem por ano 33 mil milhões para o orçamento. Não sei como eles não se revoltam. Ai se fosse ao contrário...

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