quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Promoção turística no estrangeiro

Contas à moda de Tomar 

ou contas de sumir

A expressão "contas à moda do Porto" é bem conhecida, embora haja duas versões: "à moda do Porto" e "à moda do porto". De qualquer forma em ambas, porto cidade ou porto de atracação, significa o mesmo. Cada um paga aquilo que consumiu. Com os sucessivos adiamentos das contas dos tabuleiros, e agora com um relatório camarário que mão amiga fez chegar a TAD3, parece haver também "contas à moda de Tomar". São contas de sumir, como já se verá mais adiante, e pagam os mesmos de sempre -os contribuintes.
O PSD, que no mandato em curso se tem mostrado mais à altura do seu estatuto de formação líder da oposição, requereu na AM o relatório da ida de uma delegação de Tomar à FITUR -Feira Internacional de Turismo de Madrid, em 2021, 2022 e 2023. Receberam agora os documentos solicitados e ficaram a saber que em 2021 e 2022, não foi ninguém do Município de Tomar à referida feira internacional. Só em 2023, para promover a Festa dos tabuleiros e Tomar cidade templária.
De acordo com o relatório, deslocaram-se à capital espanhola a vereadora do turismo e cultura, a chefe de divisão e maias duas funcionárias, que asseguraram o atendimento no stand de Tomar, embora nenhuma fale castelhano. Além dessa lacuna, impõe-se perguntar o que terão ido fazer, uma vez que também lá estavam o Turismo de Portugal, que tem a seu cargo a promoção do turismo português no estrangeiro, e a Entidade de Turismo do Centro, que promove o turismo da região que engloba Tomar. Mas pronto. A ordem é rica e os frades são cada vez menos, de maneira que vale mais haver três entidades para a mesma tarefa do que não haver nenhuma.
Ainda de acordo com o referido documento, o pequeno stand de 3 X 3 pronto a usar, foi alugado por 7.122 euros e 94 cêntimos, tendo sido distribuído material promocional no valor estimado de .1800 euros. A quem? 11 empresas de turismo e 500 pessoas, entre as quais alunos de turismo da Escola superior de Peniche e alunos e professores do Politécnico de Tomar.
Uma pessoa lê e tem alguma dificuldade em aceitar, porque  "isto é gozar com quem trabalha", como diria o RAP da TV. Usando a ideia de uma frase publicitária à entrada do mercado nabantino, "Para quê ir tão longe se Tomar é mesmo aqui?" 
E chegamos finalmente às tais contas à moda de Tomar, ou contas de sumir. Deslocaram-se a Madrid (Espanha) para a FITUR, uma eleita e três funcionárias, que naturalmente foram abonadas de ajudas de custo, além dos  transportes, alojamento e alimentação, tudo pago pela autarquia, como é usual. Ou seja:
> 4 viagens  Tomar-Madrid-Tomar, via terrestre ou de avião;
> 3 pernoitas x 2 ou x 4 quartos,  num hotel de pelo menos 4 estrelas;
> transportes urbanos, ou taxi, para 4 pessoas ida e volta, em Madrid;
> 3 refeições diárias (PA+A+J) x 4 x3 = 36
Quanto custou tudo isto, mesmo sendo as tarifas espanholas mais abordáveis que em Potugal? Não sabemos. O referido relatório é omisso nessa matéria, para usar linguagem oficial. São as contas à moda de Tomar, ou contas de sumir. 
A oposição vai-se calar? Trata-se de um caso evidente de falta de respeito pelo parlamento municipal, ao fornecer dados intencionalmente incompletos, para assim ocultar despesas sem justificação plausível. Foram a Madrid para aí conversarem sobre o turismo em Tomar com alunos e professores dos Politécnicos de Peniche e de Tomar. Teria sido bem mais prático e barato convidá-los para visitas guiadas à cidade, ao concelho e ao Convento, naturalmente acompanhadas por quem saiba mesmo o que anda  a fazer.
Mandar para Espanha duas funcionárias, hospedeiras na circunstância, que não falam espanhol, não lembrava ao diabo, mas foi o que aconteceu, segundo o relatório em questão. Donde a impressão geral final: facilitismo, falta de rigor, tendência para a bandalheira.



 

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