sexta-feira, 10 de novembro de 2023


Ciganos nómadas, algures na Roménia


Problemas de convivência

Vai tudo bem 

no melhor dos mundos possíveis


A frase do título é conhecida de quem lê. Está no Candide, de Voltaire, dita por Pangloss, a propósito da situação em Lisboa, logo após o terramoto de 1755, que destruiu grande parte da cidade: "Tout va pour le mieux, dans le meilleur des mondes possíbles". Quase três séculos volvidos, continuamos na mesma. Avolumam-se os problemas, mas a população vai vivendo pacatamente o seu dia a dia de sempre. Os tais brandos costumes, que os eleitos agradecem, com palavreado, festarolas e comezainas.
Há problemas com a comunidade cigana, e com a imigração em geral, mas ninguém parece preocupar-se, para além dos directamente prejudicados. Os outros vão dizendo, ou pelo menos pensando, que não há-de ser nada e que "por onde os outros passarem, também eu passo". A nível nacional, além dos habituais pequenos distúrbios, soube-se agora que um relatório das autoridades brasileiras indica que estão em Portugal mil membros do PCC - Primeiro Comando da Capital, a mais temível facção criminosa brasileira. Por enquanto só para enquadrar os negócios de drogas no seio da comunidade brasileira em Portugal, que já vai a caminho dos 300 mil imigrantes.
Enquanto isto, em Tomar, os ex-residentes do Flecheiro tardam em integrar-se nos bons costumes locais, e as autoridades competentes pouco ou nada fazem nesse sentido. Há queixas recorrentes no 1º de Maio, no Bairro da Caixa e na Srª dos Anjos, por exemplo, fala-se que encerrou determinado café devido à clientela indesejável, e multiplicam-se os incidentes nocturnos com automóveis em altas velocidades na área urbana. Mas continua a ir tudo bem, no melhor dos mundos possíveis. O Tomar a dianteira 3 é só má língua e os do Chega uns alarmistas.
Em França, onde não se brinca em serviço, nem se peca por excesso de optimismo, os problemas da imigração são cada vez mais graves, devido aos clandestinos e à importância numérica crescente dos originários do norte de África (Argélia, Marrocos e Tunísia, antigas colónias francesas). O que leva o governo a rever a respectiva lei, que está nesta altura no Senado, a câmara alta, após o que voltará à Assembleia nacional, para aprovação final.
Os franceses procuram limitar o afluxo de imigrantes, bem como o acesso à nacionalidade francesa, por razões evidentes. É quase impossível expulsar nacionais, mesmo quando cometam os piores crimes. Nos termos da lei em vigor, que se procura alterar, são franceses todos os nascidos em França, mesmo os filhos de pais estrangeiros. É o chamado "direito de solo", um dos grandes princípios republicanos.
Como é usual, nem todos estão de acordo nessa matéria, que pretendem alterar, impondo condições obrigatórias. De tal forma que um respeitável senador de direita foi contundente na sua argumentação de apoio ao fim do direito de solo. "Uma bezerra nascida numa coudelaria, nunca será uma égua." Foi demasiado forte, porque explicitamente racista, o que levou o presidente do Senado a intervir, convidando o senador a retirar o que dissera.
Em Portugal não há Senado, e na Assembleia da República não abundam os deputados com opiniões próprias e fortes. Há o Ventura do Chega e pouco mais. Em Tomar então, ainda menos. É o consenso geral. O silêncio cúmplice. Para a maior parte, a senhora agora ida era mesmo uma santa, apesar de tudo.
Pegando na ideia do senador repreendido e retirando-lhe o cunho racista, é óbvio que os ciganos residentes são portugueses. E os nascidos no Flecheiro são legalmente tão tomarenses como o autor destas linhas, que nasceu no hospital velho, descendente de tomarenses de há cinco gerações. Mas infelizmente, mesmo portugueses e tomarenses, continuam a ser ciganos, com tudo o que isso implica e está à vista. Só a extrema esquerda não quer ver, porque consideram  erradamente os calé e os islamitas como anticapitalistas. E tudo o que seja contra o capitalismo e os americanos...
Oxalá a futura autarquia se esforce mais no sentido de integrar melhor aquela comunidade com costumes diferentes, alguns incompatíveis com as leis portuguesas.. Palavras leva-as o vento...


 



4 comentários:

  1. Está neste momento à vista de todos que não é possível enganar toda a gente, sempre.
    E o que acontece no país, é em todo o país.
    Tomar não é em Espanha.
    Não são poucos os dias em que desde que se foram embora as altas temperaturas, a água fria do complexo de piscinas tem levado ao cancelamento de actividades ou abandono dos mais sensíveis, nomeadamente bebés e idosos.
    Já falta para projectos e obras fundamentais, para equipamentos, ambulâncias, intervenção social, mas desvia-se atenções, alegando outras prioridades.
    Começa a faltar para questões essenciais embora se possa sempre dizer que um banho de água fria enrija os ossos e faz despertar. Mas se despertam...

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    1. A frase célebre é atribuída a A. Lincoln, o presidente dos Estados Unidos: "Pode-se enganar alguns durante toda a vida; pode-se enganar toda a gente durante um certo tempo. Mas é impossível enganar todos durante muito tempo."

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    2. Os maiores ciganos são os políticos. Ainda não ouvi o Marselfie falar da urgência de aprovar a lei do enriquecimento ilícito. Quer isto dizer que se um político apresentar sinais de riqueza, quer seja governante ou autarca cabe ao ministério público provar que a riqueza vem de atos ilícitos ao invés de chamarem a pessoa e a mesma ter a obrigação de explicar de onde surgiu essa riqueza. É uma vergonha o nosso país. Só o Chega fala nisto, mais nenhum partido.... e o PSD é igual ao PS...

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  2. Sr. António Ribeiro , muitos dizem que o Povo não é burro ,mas eu não concordo, para além de achar que é , deixa-se ir atrás de balelas ,logo no palco da vida em vez de olharem para a sombra olham para a luz vinda do projetores ,que é precisamente isso que os políticos querem !

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