sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Hermínio Martinho e Ramalho Eanes, na origem do PRD, em 1985. Imagem Diário de Notícias


Partidos políticos

Um meteoro chamado PRD

Com o CHEGA bem lançado para obter um resultado histórico na legislativas de Março 2024, graças à ajuda involuntária do PSD, do PS e da extrema esquerda, ao demonizarem o partido de André Ventura, parece oportuno demonstrar que a vida partidária pode ser muito traiçoeira, cheia de altos e baixos,  por vezes até muito curta. Um pequeno erro pode ser a morte do artista.  
Em 1985, tinha André Ventura 2 anos de idade, apareceu em Portugal mais um partido político. Patrocinado pelo então presidente da República, general Ramalho Eanes, e tendo como líder no terreno o ribatejano eng. Hermínio Martinho. o PRD - Partido Renovador Democrático, de centro esquerda, conseguiu um êxito estrondoso, logo nas primeiras eleições a que concorreu. Obteve a nível nacional 18,35% dos votos expressos e 45 deputados, o que o colocou  como 3ºmaior partido, mas com muito mais votos que o Chega conseguiu em 2022: 7,18% e apenas 12 deputados, embora seja também a 3ª força partidária na AR. Prudência, portanto.
No concelho de Tomar, tido como conservador, os resultados do PRD em 1985 deixaram muita gente com a cabeça à roda:

Legislativas 1985 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PSD - Partido Social Democrata----------------33,12%.-------------9.172 votos

PRD - Partido Renovador Democrático------24,30%--------------6.730 votos

PS - Partido Socialista---------------------------18,04%--------------4.994 votos

APU - Aliança Povo Unido----------------------7,25%---------------1.341 votos

Naturalmente satisfeitos e entusiasmados com tais resultados, dois anos mais tarde, em 1987, os dirigentes do PRD apresentaram na Assembleia da República uma moção de censura ao governo PSD-CDS, a qual foi aprovada com os votos favoráveis do PRD, do PS e da CDU. Azar dos azares, Mário Soares, que entretanto sucedera a Ramalho Eanes como Presidente da República, recusou dar posse a um governo de coligação PRD-PS-CDU, porque não queria os comunistas no governo. Dissolveu a AR e convocou eleições legislativas antecipadas.
Os resultados foram catastróficos para o PRD, que caiu para apenas 4,91% dos votos e 7 deputados. No concelho de Tomar os resultados foram semelhantes:

Legislativas 1987 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PSD - Partido Social Democrata-------------58,11%-------------15.811 votos

PS - Partido Socialista-------------------------20,51%--------------5.581 votos

PRD - Partido Renovador Democrático-----5,30%-------------1.443 votos

CDU - Coligação Democrática Unitária----4,93%--------------1.341 votos

Fica assim demonstrado que na política portuguesa, mesmo com listas partidárias fechadas, convém ir fazendo tudo da melhor maneira possível, sob pena de trabolhão a curto prazo. Foi o que aconteceu ao PRD nos idos de 80 do século passado, ao ter maior olho que barriga. Deviam ter conversado com o PR, antes de apresentarem a moção de censura, como fez muito mais tarde Costa, antes da geringonça. E tal percalço poderá muito bem vir a acontecer a qualquer outra formação partidária. Basta escorregar. Conforme referiu o republicano francês Gambetta, "A política é a arte do possível, toda feita de execução." De tal forma que, quando é mal interpretada, há desastre. Sic transit gloria mundi. A glória é sempre transitória. 
Cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém. Um deputado tomarense na AR  e outro em Estrasburgo, seriam poderosas alavancas para as eleições respectivas, bem como para a candidatura CH à Câmara de Tomar, em 2025, sem as quais, a ver vamos.

Legislativas 2022 - Resultados oficiais no concelho de Tomar

PS - Partido Socialista-------------------42,61% ----------8.240 votos

PSD - Partido Social Democrata-------27,70%----------5.357 votos

CH - Partido Chega------------------------9,86%----------1.907 votos

BE - Bloco de Esquerda-----------------5,12%------------990 votos

CDU - PCP-PEV---------------------------3,68%-------------697 votos



3 comentários:

  1. Você sabe concerteza que Tomar não elege deputados, quem elege é o distrito de Santarém. Está-se a referir á eleição de um deputado natural de Tomar, mas não tenho orgulho nenhum nos nomes que já aqui mencionou, António Alexandre e Virgilío Saraiva. São cataventos, gosmas dos aparelhos partidários. Estou-me a lembrar de dois nomes de Tomarenses com prestígio mas que muito provavelmente não querem nada com a política: o encenador Carlos Carvalheiro e o comandande João Roque. Essa malta dos partidos são uns cataventos, não valem nada. Por causa deles é que Portugal está nesse estado onde não funciona nada. Nem o ministério público funciona....

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    1. Tem razão, Helder. Tomar não elege deputados. Quem elege são os partidos através dos círculos eleitorais. Neste caso círculo eleitoral de Santarém, uma vez que o distrito já não existe oficialmente.
      O que eu pretendi mostrar é algo que me parece simples. Uma lista partidária que inclua um nome de Tomar, tem muito mais hipóteses que uma outra só com gente de alhures. Isto é válido tanto para as autárquicas como para legislativas ou as europeias Se perto de metade do eleitorado não vota, será entre outras causas, porque não gostam de votar em desconhecidos.

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    2. Falando ainda em nomes, você viu a entrevista do Hugo Cristóvão á Hertz? Ele falou de como está a ser a adaptação ao cargo de presidente, diz que está a ser fácil por já estar habituado, e eu acredito, mas também falou da vereadora Rita, diz que ela ainda se está a adaptar. Ela até se pode estar a adaptar a um trabalho novo mas ela ainda não disse nada e já lá vão uns dois meses, que ideias é que ela tem para o mercado, para a biblioteca, para a juventude???!!! Ela é alguma coisa á Anabela Freitas?

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