Hermínio Martinho e Ramalho Eanes, na origem do PRD, em 1985. Imagem Diário de Notícias
Partidos políticos
Um meteoro chamado PRD
Com o CHEGA bem lançado para obter um resultado histórico na legislativas de Março 2024, graças à ajuda involuntária do PSD, do PS e da extrema esquerda, ao demonizarem o partido de André Ventura, parece oportuno demonstrar que a vida partidária pode ser muito traiçoeira, cheia de altos e baixos, por vezes até muito curta. Um pequeno erro pode ser a morte do artista.
Em 1985, tinha André Ventura 2 anos de idade, apareceu em Portugal mais um partido político. Patrocinado pelo então presidente da República, general Ramalho Eanes, e tendo como líder no terreno o ribatejano eng. Hermínio Martinho. o PRD - Partido Renovador Democrático, de centro esquerda, conseguiu um êxito estrondoso, logo nas primeiras eleições a que concorreu. Obteve a nível nacional 18,35% dos votos expressos e 45 deputados, o que o colocou como 3ºmaior partido, mas com muito mais votos que o Chega conseguiu em 2022: 7,18% e apenas 12 deputados, embora seja também a 3ª força partidária na AR. Prudência, portanto.
No concelho de Tomar, tido como conservador, os resultados do PRD em 1985 deixaram muita gente com a cabeça à roda:
Legislativas 1985 - Resultados oficiais no concelho de Tomar
PSD - Partido Social Democrata----------------33,12%.-------------9.172 votos
PRD - Partido Renovador Democrático------24,30%--------------6.730 votos
PS - Partido Socialista---------------------------18,04%--------------4.994 votos
APU - Aliança Povo Unido----------------------7,25%---------------1.341 votos
Naturalmente satisfeitos e entusiasmados com tais resultados, dois anos mais tarde, em 1987, os dirigentes do PRD apresentaram na Assembleia da República uma moção de censura ao governo PSD-CDS, a qual foi aprovada com os votos favoráveis do PRD, do PS e da CDU. Azar dos azares, Mário Soares, que entretanto sucedera a Ramalho Eanes como Presidente da República, recusou dar posse a um governo de coligação PRD-PS-CDU, porque não queria os comunistas no governo. Dissolveu a AR e convocou eleições legislativas antecipadas.
Os resultados foram catastróficos para o PRD, que caiu para apenas 4,91% dos votos e 7 deputados. No concelho de Tomar os resultados foram semelhantes:
Legislativas 1987 - Resultados oficiais no concelho de Tomar
PSD - Partido Social Democrata-------------58,11%-------------15.811 votos
PS - Partido Socialista-------------------------20,51%--------------5.581 votos
PRD - Partido Renovador Democrático-----5,30%-------------1.443 votos
CDU - Coligação Democrática Unitária----4,93%--------------1.341 votos
Fica assim demonstrado que na política portuguesa, mesmo com listas partidárias fechadas, convém ir fazendo tudo da melhor maneira possível, sob pena de trabolhão a curto prazo. Foi o que aconteceu ao PRD nos idos de 80 do século passado, ao ter maior olho que barriga. Deviam ter conversado com o PR, antes de apresentarem a moção de censura, como fez muito mais tarde Costa, antes da geringonça. E tal percalço poderá muito bem vir a acontecer a qualquer outra formação partidária. Basta escorregar. Conforme referiu o republicano francês Gambetta, "A política é a arte do possível, toda feita de execução." De tal forma que, quando é mal interpretada, há desastre. Sic transit gloria mundi. A glória é sempre transitória.
Cautela e caldos de galinha, nunca fizeram mal a ninguém. Um deputado tomarense na AR e outro em Estrasburgo, seriam poderosas alavancas para as eleições respectivas, bem como para a candidatura CH à Câmara de Tomar, em 2025, sem as quais, a ver vamos.
Legislativas 2022 - Resultados oficiais no concelho de Tomar
PS - Partido Socialista-------------------42,61% ----------8.240 votos
PSD - Partido Social Democrata-------27,70%----------5.357 votos
CH - Partido Chega------------------------9,86%----------1.907 votos
BE - Bloco de Esquerda-----------------5,12%------------990 votos
CDU - PCP-PEV---------------------------3,68%-------------697 votos
Você sabe concerteza que Tomar não elege deputados, quem elege é o distrito de Santarém. Está-se a referir á eleição de um deputado natural de Tomar, mas não tenho orgulho nenhum nos nomes que já aqui mencionou, António Alexandre e Virgilío Saraiva. São cataventos, gosmas dos aparelhos partidários. Estou-me a lembrar de dois nomes de Tomarenses com prestígio mas que muito provavelmente não querem nada com a política: o encenador Carlos Carvalheiro e o comandande João Roque. Essa malta dos partidos são uns cataventos, não valem nada. Por causa deles é que Portugal está nesse estado onde não funciona nada. Nem o ministério público funciona....
ResponderEliminarTem razão, Helder. Tomar não elege deputados. Quem elege são os partidos através dos círculos eleitorais. Neste caso círculo eleitoral de Santarém, uma vez que o distrito já não existe oficialmente.
EliminarO que eu pretendi mostrar é algo que me parece simples. Uma lista partidária que inclua um nome de Tomar, tem muito mais hipóteses que uma outra só com gente de alhures. Isto é válido tanto para as autárquicas como para legislativas ou as europeias Se perto de metade do eleitorado não vota, será entre outras causas, porque não gostam de votar em desconhecidos.
Falando ainda em nomes, você viu a entrevista do Hugo Cristóvão á Hertz? Ele falou de como está a ser a adaptação ao cargo de presidente, diz que está a ser fácil por já estar habituado, e eu acredito, mas também falou da vereadora Rita, diz que ela ainda se está a adaptar. Ela até se pode estar a adaptar a um trabalho novo mas ela ainda não disse nada e já lá vão uns dois meses, que ideias é que ela tem para o mercado, para a biblioteca, para a juventude???!!! Ela é alguma coisa á Anabela Freitas?
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