quarta-feira, 31 de maio de 2017

Sobre informação, competência e coragem

Na Conferência Internacional do Estoril, que contou com a participação de Aldo Moro, António Di Pietro, Baltazar Garzón e Carlos Alexandre, o juíz italiano que conduziu a operação Mãos limpas, foi bem claro: "Se a informação não é livre, independente e transparente, a democracia está em causa."
Magistrado culto e de boa educação. Di Pietro teve em conta que "em casa de enforcado nunca é conveniente falar de cordas". Por isso terá omitido que, além de livre, independente e transparente, a informação também deve ser capaz e corajosa. 
De que podem servir a liberdade, a independência e a transparência, quando faltam a capacidade, a competência e a coragem para publicar ocorrências menos convenientes para quem sustenta os órgãos informativos?

Quem avisa, amigo é...

Na sondagem em curso aqui no Tomar a dianteira constata-se o pouco interesse dos leitores que já votaram em relação a listas de independentes. Consequência muito provável do naufrágio dos IpT. E eventual desconhecimento da realidade envolvente. Cristina Peres escreve hoje no EXPRESSO curto isto:


A explicação da Raquel Albuquerque está no Expresso online e o estudo citado é da insuspeita Fundação Francisco Manuel dos Santos. A titulo de achega para melhor compreensão, relembra-se que nas autárquicas de 2013, no concelho de Tomar a abstenção bruta (abstenção + votos brancos + votos nulos) chegou aos 55%. O que significa que, em cada cem eleitores inscritos, apenas 45 votaram num candidato. E nessa altura ainda concorria uma lista de independentes. 
Caso a tendência se mantenha, como vai ser em Outubro próximo, muito provavelmente sem lista de independentes?

Autarcas a brincar ao turismo - 3

Os dois textos anteriores, que pode ler clicando aqui e aqui, descrevem por alto o trajecto entre a Praça da República e o Açude de Pedra, ou Açude da fábrica, através do multicentenário Caminho português de Santiago. agora com novo percurso, inventado pela Câmara. É provável que tenha sido obra de algum funcionário superior, daqueles que julgam que o mundo só existe desde que nasceram. Vai daí, fruto também de ensino de qualidade duvidosa, estão absolutamente seguros de que a Ponte de Peniche é de origem romana, o que está por demonstrar. Tal como acontece com as apressadamente baptizadas ruínas de Sellium, ali atrás do quartel dos bombeiros. E se fosse uma ponte romana, mesmo bastante pequena, mereceria o percurso pedestre agora proposto como Caminho de Santiago. Mas não é, até prova em contrário.
De qualquer forma, ponte romana ou não, o percurso é bastante pitoresco, porém difícil, perigoso e absolutamente despropositado enquanto Caminho de Santiago, porque representa uma perda de tempo, ao alongar o citado Caminho, conforme mostra o mapa, extraído do googlemaps


Sendo o tradicional Caminho de Santiago via estrada nacional 110, a amarelo e em diagonal no mapa, que vão os mal informados caminheiros fazer pelo agora inventado  percurso camarário, marcado a vermelho?
E não se trata apenas de alongar o caminho sem qualquer necessidade. Antes fosse só isso! Infelizmente não é.
Sem qualquer indicação prévia e adequada na área urbana, trata-se na verdade de um trajecto muito perigoso para turistas, porque bastante inóspito e longe de tudo. Caso haja uma doença súbita, uma entorse, uma queda, um assalto, um roubo, um estupro, quem acode e como? Os veículos não têm por onde rodar e os helicópteros não podem pousar, por causa da vegetação.
Nestas problemáticas condições, se um dia destes há um desastre, ou se um ou vários mariolas, vendo por ali passar turistas apetitosas e/ou outros com a bolsa bem guarnecida... O turismo tomarense sofrerá um rombo enorme, pois a informação correrá mundo em segundos. E depois?
Assim sendo, parece óbvio que a melhor solução será admitir o erro crasso cometido e retirar os pontos de sinalização do Caminho de Santiago, o qual nem sequer é ou foi por ali, conforme já referido. Ou então, no mínimo e para não dar o braço a torcer, completar a sinalização na área urbana, a partir da esquina da Rua do Centro Republicano, com avisos semelhantes a este rascunho, pelo menos em português, espanhol, francês e inglês:

Caminho português de Santiago, pela estrada Tomar-Coimbra

CUIDADO!!!

Desvio rural muito pitoresco de ... quilómetros. 
Percurso praticável mas inóspito, perigoso e sem vigilância. 
Socorro demorado e muito problemático em caso de acidente ou incidente, por falta de condições de acesso. 
Recomendado unicamente a grupos de caminheiros em boa forma física.

Autarcas a brincar ao turismo - 2

Nota prévia

Antes de iniciar a leitura desta peça, convém ler a anterior, para melhor compreensão.

Mesmo sem qualquer certeza de estar a percorrer o caminho adequado continuou-se. Mais cem metros andados e surgiu a ansiada sinalização:


Aleluia! Estava-se no caminho certo. Em vez de uma, duas sinalizações. A do caminho de Santiago, em fundo azul e outra, a amarelo, pintada no tronco, que se supõe ser de algum itinerário pedestre de índole local. Reconfortado, seguiu-se pelo caminho indicado. Que a partir dali é um simples carreiro de pé posto, também designado como caminho de cabras. As fotos seguintes são bem explícitas:




Entretanto, a sinalização do Caminho de Santiago deixou de existir, vêem-se apenas as setas amarelas:


Junto ao Açude de pedra, de cuja comporta é possível constatar o estado lamentável do rio Nabão, com o leito em grande parte coberto por espadanas, que são aquela vegetação aquática,


o caminho pedestre tem aspectos de picada tropical, tal é a vegetação envolvente:


E quanto a sinalização, apenas uma pouco visível flecha amarela, no tronco de um cipreste centenário:


Não sendo propriamente turista em terra gualdina, Tomar a dianteira 3 resolveu inverter a marcha, atravessando a Vala da fábrica, pois do lado oposto o caminho é plano e bem mais confortável. Mas os caminheiros referidos no escrito anterior continuaram, muito provavelmente rumo à Ponte de Peniche.
Regressando tranquilamente a casa, houve ainda ocasião para sacar duas fotos que vale a pena reproduzir:


À noite, apesar de algo cansado, devido a esta caminhada da manhã e à da tarde, o sono tardou a vir. Alguma angústia com os sucessivos dislates autárquicos, cujas consequências eventuais nem sempre são tidas em conta. Matéria para a próxima crónica: Autarcas a brincar ao turismo - 3


terça-feira, 30 de maio de 2017

Autarcas a brincar ao turismo - 1

O turismo pedestre está agora na  moda em Portugal, uma vez amplamente conhecidas lá fora as nossas excepcionais condições de paz civil e de segurança. As caminhadas estão na ordem do dia e os nossos vizinhos espanhóis fazem o melhor que sabem para aumentar a afluência de peregrinos a Santiago de Compostela, o mais célebre destino de romagem da cristandade, logo a seguir a Jerusalém.
Tomar a dianteira 3 tomou conhecimento com satisfação de que a autarquia resolvera finalmente sinalizar o troço tomarense do Caminho Português de Santiago. Agora com a obra concluída, tendo em conta os conhecidos antecedentes, pés ao caminho para ver como estão as coisas. O percurso começou ao cimo da Corredoura, a primeira sinalização para quem vem do Castelo dos Templários pela Calçada de Santiago, ou S. Tiago em português:


A localização não é a mais adequada, mas sempre é melhor que nada. Descida a Corredoura, ultrapassada outra indicação no cruzamento à entrada da Ponte Velha, continuou-se até à Rua do Centro Republicano, onde houve uma surpresa:


Gente que anda por estas ruas nabantinas há mais de sete décadas, confessou a Tomar 3 a dianteira que estava convencida de que o Caminho de Santiago era pela estrada nacional 110, rumo a Coimbra. Donde a dúvida provocada por aquela seta apontando para esquerda. Seria um engano?
Trezentos metros mais adiante surgiu a resposta:


Ao fundo da Av. Egas Moniz, para quem venha da Rua de Coimbra rumo ao ex-Parque de campismo, lá está mais uma seta, desta vez apontando para a direita, na direcção das ruínas da Fábrica de Fiação.
Ultrapassando o que resta da velha unidade industrial, lá se foi ladeando a Vala da fábrica, com uma família de mochileiros estrangeiros caminhando cem metros mais à frente:


Gente habituada a caminhadas de turismo pedestre, como mostra a posição dos braços, destinada a inverter a força da gravidade na circulação sanguínea. E logo a seguir, acabou-se o asfalto:


Nova dúvida para Tomar a dianteira 3, apesar de tomarense: Será mesmo por aqui o secular Caminho Português de Santiago?
Resposta no próximo escrito.



Uma explicação seria bem-vinda

Dizia ontem uma senhora para a outra, quando ambas transitavam na Ponte velha, que aquela piroseira nos envergonha  a todos. Referia-se ao grafito ou mural que conspurca o muro de suporte da antiga Horta Torres Pinheiro, o qual não resulta todavia de qualquer acto de vandalismo. Trata-se de uma obra contratada pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, via Câmara de Tomar. Paga portanto com dinheiro dos contribuintes, ainda que eventualmente através de fundos europeus.
A localização aberrante, assim como a composição incoerente e maldosa do referido painel, têm concentrado de tal forma a reprovação pública, que o outro mural do mesmo autor, frente ao padrão sebástico de S. Lourenço, continua praticamente ignorado. E no entanto...
Perante o grafito "Velhos do Restelo" fica-se com a ideia que o seu autor é um excelente executante, todavia menos feliz na escolha dos temas, dos protagonistas e da respectiva localização. O mural da antiga passagem de nível confirma esses quatro aspectos -execução, tema, figuras e localização- conquanto exiba um manifesto falhanço. O cálice da extremidade direita aparece deformado em certas posições, conforme mostra mais explicitamente a segunda fotografia. Na primeira, só a base do cálice surge deformada



Além dessa óbvia falha na execução, a composição com cores quentes e envolventes não parece coadunar-se nem com o local, nem com a série de motivos representados, que interpreto como uma crítica à cupidez da igreja. Outrossim, tão pouco se entende porquê nesta terra e naquele local. Perante isto, admitindo que possa estar  equivocado, o ideal seria que o grafiteiro explicasse  aquela sua obra, oralmente ou por escrito. Quererá fazê-lo? Afinal trata-se de uma obra que lhe foi encomendada e paga, como já antes referido, o que justifica o pedido de esclarecimento.
Conta-se aliás por aí uma patusca anedota, também sobre uma pintura mural e a respectiva explicação pelo seu autor. Ei-la: 
Um emigrante rico de retorno à pátria, comprou um arruinado solar do século XVII, que depois mandou restaurar. Durante as obras de restauro, levou lá vários amigos, os quais foram unânimes: aquele grande salão era magnífico, mas com janelas de um só lado não ficava bem. A imensa parede cega chocava. Ficaria melhor com tapeçarias historiadas, ou então com uma pintura mural.
Chamou um artista pintor, o Violant lá do sítio, acertaram o preço e o contratado perguntou-lhe que tema pretendia ver pintado. -Pode ser a vida, porque a minha foi bem dura em tempos, avançou o proprietário. -Pois seja, respondeu o pintor. - Mas não volte cá senão quando eu o avisar que o trabalho está pronto.  Entretanto quero metade do preço combinado. O restante paga depois de ver o trabalho. Assim foi.
Três meses mais tarde, o artista preveniu o proprietário que a obra estava pronta. Combinado o dia e a hora, encontraram-se no imponente solar restaurado. Chegados ao salão, o pintor destapou o mural, até então coberto com panos brancos, e o ex-emigrante até mudou de cor. Na longa e alva parede apareceu uma pintura em forma de S, com mais de uma dezena de vultos masculinos nus, em tamanho natural, cada um sendo sendo penetrado pelo de trás e penetrando o da frente.
Chocado, o ex-emigrante perguntou: -Para si, a vida é isto? -Pois não vê que sim?! A bem dizer, não fazemos outra coisa senão ser penetrados e penetrar os outros. Está sempre a acontecer. -Mas olhe que eu nunca participei em nenhum acto homo, nem activo nem passivo, retrucou o proprietário, nada contente. -Azar o seu, concluiu o artista. Tem sido sempre o primeiro da fila.
Azar o meu. Neste caso dos grafitos pagos pelo erário público, como contribuinte involuntário, também me estou a ver no primeiro lugar da fila. Mais um vez!

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Ofender a pobreza com porco no espeto

O  presidente da Junta da freguesia onde nasci, fui baptizado, resido e sou eleitor, Augusto Barros, apresentou a sua candidatura no recinto do Mercado Municipal. No acto estiveram presentes cerca de duas centenas de pessoas. Adiante se perceberá porquê tanta gente. Não tendo sido sequer informado, não compareci. Sempre ouvi dizer que a casamento e baptizado, não vás sem ser convidado.
Foi melhor assim. Com efeito, segundo relata Tomar na rede aqui, teria ficado bastante incomodado, com dois aspectos. Primeiro, porque Hugo Costa voltou a bater nos mesmos do costume. Como se, passados quase quatro anos, isso ainda tivesse algum interesse.

  Resultado de imagem para imagens augusto barros tomar

Em segundo lugar, porque encerrou os discursos a senhora presidente da Câmara e também candidata, que  terá sido menos feliz na sua intervenção. Pode ler-se no Tomar na rede que "Destacou o trabalho da Junta na área social, reconhecendo que há ainda muita pobreza encoberta, com a qual se mostrou preocupada." 
Tão preocupada que logo a seguir participou no "lanche onde não faltou o porco no espeto". Lamentar a pobreza antes de um lanche com porco assado no espeto, além de manifesto mau gosto, por evidente incongruência no propósito, acaba por ofender a pobreza. Mesmo a encoberta, que inclui a pobreza de espírito. Porque já dizia o outro: Ou há moralidade, ou comem todos. Porco no espeto, neste caso.
Quanto ao candidato Augusto Barros, o seu trabalho está à vista de todos, pelo que tenciono votar nele mais uma vez. Mesmo sem ter sido convidado. Porque, se alguns se vendem por um prato de lentilhas, outros há que nem por causa de discursos inadequados, ou de um lanche com porco no espeto, mudam de opinião.

domingo, 28 de maio de 2017

Conhecer a opinião dos leitores

Tomar a dianteira 3 inicia agora uma série de sondagens tendo em vista as próximas autárquicas. Nesta primeira auscultação cada leitor poderá manifestar a sua preferência entre candidatos partidários ou independentes, com ou sem projecto político, que é o mesmo que programa para o mandato.
Por favor, vá ao ângulo superior direito desta página e vote. É totalmente anónimo, mas só pode votar uma vez a partir de cada computador.
Obrigado pela sua colaboração.

Finalmente uma explicação

Finalmente uma explicação para a afirmação de Boavida, na sua primeira entrevista como candidato do PSD. Se o leitor bem se recorda, perguntado sobre o programa, o cabeça de lista laranja avançou então que seria conhecido no momento oportuno. E ficou-se sem saber quando seria esse "momento oportuno". Finalmente, semanas e semanas depois, lá apareceu uma explicação. Indirecta, mas mesmo assim uma explicação. Boavida aguardava decerto que o seu partido lhe apresentasse o compromisso para assinar. Certamente para logo a seguir passar enfim à redacção do citado programa. Que já não pecará por vir adiantado.

EXPRESSO, 27/05/2017, última página.

Entretanto os integrantes  da nóvel formação PSIPT (ou será mais IPTPS?) podem dormir descansados. Se perderem, Boavida está obrigado a "ser enérgico no governo". Se ganharem, o candidato laranja já assinou um compromisso (supõe-se que de honra), nos termos do qual está impedido de vir a ser "força de bloqueio". A não ser que, contra as melhores expectativas, o candidato que acredita em Tomar, porque se calhar não acredita nos tomarenses, (pois caso contrário o lema de campanha seria "Acreditar nos tomarenses"), acabe por conseguir apadrinhar um programa susceptível de ultrapassar aqueles dois obstáculos impostos pelos órgãos nacionais. Mas mesmo assim,  ainda lhe restarão "serviço ao cidadão, transparência, coesão social e territorial, inovação, sustentabilidade, reforço da sociedade civil e defesa das liberdades." Não é nada pouco!
Esta malta laranja, não brinca mesmo em serviço. Quando resolvem abrir a torneira verbal, sai logo um rol genérico de generosas generalidades.
Pergunto eu, tolhido pela minha ignorância congénita: Agora que já existe compromisso assinado, o programazito tomarense é para quando? Tenho ali a arma pronta, porém arrumada, à falta de alvos que justifiquem o custo dos cartuchos. Sim, porque Tomar a dianteira 3, apesar de independente, também tem de garantir a sua sustentabilidade. Com uma grande desvantagem à partida: Não pode contar com o dinheiro dos contribuintes. A não ser que se candidatasse também a uns subsídios camarários, porque o sol quando nasce deve ser para todos. Ou um blogue de informação, comentários políticos e notícias explicadas, não é uma actividade cultural?! Pelo menos daquelas "de porta aberta", que acabam de abichar 800 euros cada, conforme pode confirmar clicando aqui.
Somos todos filhos de Deus! Mas lá se me ia a independência, um vez que seria de manifesta e enorme falta de educação passar a "cuspir na sopa autárquica".

sábado, 27 de maio de 2017

Em Tomar não se consegue?



Traduzo do Le Monde, para alguns tomarenses um dos jornalecos mal afamados que costumo ler:

"Entre revolução tranquila e as primeiras frustrações, as câmaras independentes estão assim-assim"

"Dois anos após a vitória de Maio de 2015 os "presidentes da mudança" eleitos pela esquerda radical conseguiram algumas vitórias mas começam a dar-se conta dos limites do poder.
As cidades de Madrid, Barcelona, Cádis, Santiago de Compostela, Saragoça ou La Corunha, que são governadas por plataformas cidadãs, lideradas por aqueles que em Espanha são chamados "presidentes da mudança", conseguiram cumprir as promessas de redução da dívida. Não era uma prioridade. Os respectivos programas apenas previam auditorias e possíveis reestruturações da dívida, mas era neste ponto que os adversários estavam à espreita. Trata-se portanto de um primeiro sucesso."
Não querendo alongar a leitura, não posso contudo deixar de citar um excerto particularmente significativo: 
"Não roubar ajuda muito..." respondeu a presidente da câmara de Madrid, em Novembro de 2016, aos jornalistas que lhe perguntavam como conseguira reduzir tão rapidamente a dívida da capital espanhola.
Manuela Carmena, 73 anos, ex-juíza, conseguiu reduzir em apenas dois anos a dívida madrilena de 4,7 mil milhões, para 3,7 mil milhões de euros, objectivo que estava fixado só para 2019."

Sandrine Morel, correspondente do Le Monde em Madrid

Uma pergunta, para concluir:
Em Tomar, sendo a conjuntura aquilo que é, não seria possível uma plataforma cidadã -naturalmente independente e com projecto- para as eleições de Outubro?

Tomar é diferente

No século passado, a promoção do turismo espanhol era feita com o mote "España es diferente". Volvidos todos estes anos, parece-me que agora se pode dizer com propriedade Tomar é diferente. Com uma diferença de vulto. Enquanto no caso espanhol se subentendia que Espanha era diferente para melhor, no caso tomarense  deve considerar-se que é para pior.
Antes de mais porque, dos numerosos erros crassos cometido pelos sucessivos autarcas, praticamente nenhum foi corrigido. Maneira subtil de afirmar que no fim de contas não houve erros nenhuns. Aquele muro entre a rotunda e a antiga moagem continua por explicar? Habituem-se! A barraquinha do Mouchão nunca serviu nem serve para nada? Habituem-se! A Estrada do Convento ficou mais estreita depois das obras, o que impede que os autocarros de turismo possam circular nos dois sentidos? Habituem-se! O Parque de campismo fechou por manifesta aselhice? Habituem-se! Os propalados museus da Levada continuam aguardando melhores dias? Habituem-se!
Como se tudo isto, (e muito mais que fica por dizer), não bastasse, temos também o problema da sinalização. Repare-se nesta foto, tirada ontem, 26 de Maio de 2017:



O infeliz motorista que, ao cimo da Avenida Cândido Madureira, se prepare para virar à direita, para a Rua do Pé da Costa de Baixo,  é confrontado com nada menos de sete sinais de trânsito, sete! Ou seja: caso não esteja habituado às coisas à moda de Tomar, o mais prudente será parar, para ter tempo de visualizar e interpretar aquele pequeno bosque de sinais. Porque não é fácil. Menos de dois metros de largura, menos de três metros de altura, menos de 3,5 toneladas...
Não seria muito mais simples colocar uma única placa indicando "Acesso restrito. Só moradores e parque  pago para automóveis"?
Se a situação já não era nada cómoda, agora com a nova indicação transitória, complicou-se ainda mais. Basta pensar nos infelizes turistas que julgam poder chegar por ali ao parque de estacionamento, enganados pelas respectivas placas, que não foram tapadas. Pouco habituados às ruas estreitas da cidade antiga e às respectivas saídas, devem ficar depois com uma excelente impressão.
Tudo porque, mais uma vez, uma tarefa municipal não foi correctamente executada. E estou convencido de que assim se vai manter até à conclusão das obras. Porque Tomar é diferente. Quem manda julga que tem sempre razão. E nunca dá o braço a torcer. Era só o que faltava! E quem executa está-se nas tintas, porque ganha o mesmo assim ou assado.
Por isso estamos cada vez melhor. Pobre terra! 

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Porque não te vestes tu?!

Diz o despido pró nu: Porque não te vestes tu?! Assim estão as duas principais candidaturas tomarenses às eleições de Outubro. Começaram os rosas, que desde há muito vêm dizendo e escrevendo na net que os 16 anos dos laranjas na Câmara foram uma autêntica desgraça, porque não tinham qualquer projecto para Tomar. Respondem agora os social-democratas que os IpT se juntaram ao PS porque nunca tiveram nem têm qualquer projecto para Tomar. 
Bem vistas as coisas, ambas as partes têm razão e o PS não é excepção.. Nem o PSD nem os IpT nem o PS apresentaram alguma vez ao eleitorado algo que com propriedade se pudesse chamar um projecto acabado. Houve e há, é certo, aquelas obras do período paivino. Mas essas empreitadas demonstram justamente a ausência desse dito projecto, substituído à pressa por sucessivas candidaturas a fundos europeus. Umas instalações sanitárias com recepção, ali na Mata; a Estrada do Convento que ficou mais estreita depois das obras de melhoramento; um parque para nove autocarros, lá em cima, onde afinal cabem apenas 6; a casinha do Mouchão que ainda hoje ninguém sabe para que serve; as defuntas bancadas do estádio municipal; as falecidas pinheiras da Cerrada dos Cães; e tantas outras coisas. Tudo com a conivência objectiva da oposição, no seu todo.

Resultado de imagem para imagens carneiros de 4 chifres holanda

De forma que, estão uns para os outros, até prova em contrário. Desta vez, o PS conseguiu um aliado, faltando saber com que peso eleitoral efectivo. O PSD, por seu lado, vem fazendo uma insólita pré-campanha eleitoral, que pode porém vir a revelar-se bastante eficaz. Desde que vi um carneiro com 4 chifres, já acredito em tudo. Mas só em  em Outubro saberemos. Quanto aos IpT, paz à sua alma, se alguma vez a tiveram.
Entretanto aguardam-se os tão falados projectos ou programas. Que desta vez, sejam bons, apenas razoáveis, mesmo maus ou até péssimos, terão de aparecer. Sob pena de total descrédito. Porque até 2013, as formações políticas dominantes a nível local controlavam subtilmente a informação disponível. Agora com o Face e os blogues, isso acabou. Embora ainda continuem a tentar. É o chamado reflexo condicionado.

Nota de rodapé

Alguns leitores com mais azia e outras maleitas, são bem capazes de perguntar porque pensei eu nos carneiros de quatro chifres. Antecipo a resposta: Não foi o candidato Boavida que a certa altura, instado a comparar o actual mandato camarário com uma sopa, escolheu a sopa de corno? Pois aqui está um excelente exemplar para preparar muitas dessas sopas, com abóbora laranja e tudo.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Quem não respeita a verdade?

Não terá grande importante, mas tão pouco será um bom princípio. Tanto Pedro Marques como Luís Boavida sustentam nunca ter havido qualquer acordo entre os dois, no sentido do depois candidato laranja vir a liderar a lista dos IpT. Admitindo como mera hipótese de trabalho que tal possa ser verdade, faltam respostas para algumas perguntas, embaraçosas para ambas as partes: 
1 - Se nunca houve acordo, que celebração foi aquela no Lar de S. José, que meteu brindes com espumante e tudo? Certamente algum aniversário... 
2 - Que novidades esperava anunciar Pedro Marques em Dezembro de 2016, que afinal nunca chegaram a sair do saco? Que o Sporting ia vencer a Liga e o seu treinador ia a Fátima a pé? 
3 - Se em Maio de 2016 Pedro Marques ainda recusava qualquer apoio a Anabela Freitas, em que se baseia para afirmar agora que desde 2015 as coisas melhoraram muito na Câmara? 
4 - Uma vez que, segundo a mesma fonte, não há qualquer vingança, como explicar então a renúncia a candidatura própria dos IpT e o acordo com o PS? 
5 - Porque será que mesmo após uma conferência de imprensa, convocada para prestar esclarecimentos, continua a não se saber praticamente nada sobre a inclusão dos candidatos IpT nas listas PS? 
6 - Na agora oficializada filarmónica local PSIpT, que instrumento vai tocar Pedro Marques? 
7 - É assim, com meias tintas e pouco respeito pela verdade factual, que pretendem motivar os eleitores nabantinos?
São demasiadas perguntas sem resposta, num microcosmo político tão reduzido, com Boavida a afirmar agora que os independentes se venderam por um prato lentilhas. Os independentes ou Pedro Marques? Ou ambos?

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Pela boca morrem os peixes...

Pela boca morrem os peixes e os políticos também. Há precisamente um ano, Pedro Marques garantia, em plena reunião do executivo camarário: "Se depender de mim, a senhora não será presidente nas próximas eleições." Pior ainda, se possível, o ex-presidente disse sobre Anabela Freitas, numa entrevista, aquilo que Maomé nunca disse do toucinho. Afinal, um ano mais tarde, ocorreu exactamente o contrário do anunciado pelo líder IpT. Caso Anabela Freitas vença as próximas autárquicas, será sobretudo graças à ajuda de Pedro Marques e dos IpT.
Porquê esta indesmentível cambalhota política, que provoca ainda mais descrença nos já tão causticados eleitores locais? Para tentar esclarecer, Pedro Marques e parte do PS (eles próprios denotando embaraço perante a tramóia), resolveram convocar uma conferência de imprensa. Marcada primeiro para as 10 e mais tarde para as 9, acabou por ter lugar às 16. Mau começo para quem quer transmitir uma mensagem de competência e de organização.
Pouca assistência na sala. Cerca de 20 pessoas, contando com os jornalistas. Ausência notória de gente do PS, para além de Anabela Freitas e Hugo Costa. Nem Hugo Cristóvão compareceu. Que se passa afinal? Será apenas uma suspeita infundada da minha parte, ou o PS está mesmo dividido em relação a este arranjinho com os IpT?
Anabela Freitas, bem vestida como sempre e ostentando um belo saco Guess, pareceu-me algo inquieta, apesar de tentar alardear confiança. Pelo modo como me falou, fiquei com a impressão de que estará já segura da vitória em Outubro. Vamos a ver se não está a vender a pele do urso antes de matar o animal.

Foto Cidade de Tomar

Hugo Costa mostrou-se algo cansado, porém humilde  e realista. Na mesa com Pedro Marques, tentou explicar o mesmo que o seu novo parceiro: o acordo PS-IpT, que só existe porque convém a ambas as partes. Coisa que já todos os interessados nestas andanças da política à moda da casa tinham percebido muito antes.
Pedro Marques continua igual a si próprio. Antigo jogador de futebol, insiste em procurar fintar quem lhe faça qualquer pergunta, e até as realidades mais incómodas. De tal forma que acaba por se autodriblar, sem disso sequer se dar conta. Teve por exemplo a ousadia de pronunciar a frase que o bom senso mandava evitar a todo o custo: "Não se trata de lugares." Como se alguém acreditasse.
Reza um velho provérbio que se deve dar tempo ao tempo, para que ele nos faculte todas as respostas. Depois se verá então se afinal se tratava ou não de lugares. Remunerados, claro está. Tachos, como se ouve por aí.
Uma nota final de esperança. A dado passo da sua intervenção, Hugo Costa conseguiu ser sucinto e claro, dizendo o fundamental por agora: "Para o PS o programa é essencial. Conciliar o desenvolvimento económico e a coesão social." Agora só falta saber quais as propostas dos socialistas tomarenses para alcançar esse objectivo fulcral, e como passá-las à escrita. Oxalá tenham êxito, que Tomar bem precisa. E uma vez que o PSD não parece interessado em trilhar essa via, pelo menos por agora, candeia que vai à frente, alumia duas vezes...

terça-feira, 23 de maio de 2017

Orgulhosos mas cada vez mais "tesos"

O Tomar na rede publicou ontem uma interessante peça sobre pagamentos e levantamentos automáticos na sub-região do médio Tejo, durante o mês de Abril de 2017. Tendo como origem dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística - INE. Graças a esses e outros dados que José Gaio teve a amabilidade de facultar a Tomar a dianteira, e que agradecemos, foi possível elaborar o quadro seguinte:

Compras e levantamentos através de dispositivos automáticos no Médio Tejo, em Abril de 2017

Concelhos            Compras            Levantamentos        Eleitores inscritos em 2016

1-Santarém             20.626.225               12.716.175                      52.452
2-Torres Novas        11.745.871                 7.131.255                      31.959
3-Ourém                   9.100.522                 8.899.935                      42.863
4-Abrantes                8.766.863                 7.695.295                      34.063
5-Tomar                    8.406.003                 7.504.670                      36.266
6-Entroncamento       4.513.348                 3.910.805                      17.267

(Santarém não faz parte do Médio Tejo. Integra a Lezíria do Tejo, Faz parte deste quadro apenas a título comparativo.)
Aqui temos mais um prova indesmentível da decadência nabantina. Aquela que já foi a principal e única cidade da região entre 1844 e 1868, não passa agora de uma cidadezinha a definhar de dia para dia. As outrora pequenas vilas de Ourém e Torres Novas já nos ultrapassaram. Aquela em população e em movimentos monetários. Esta para já apenas em movimento económico.
Entretanto, alheios a tudo isto, que decerto ignoram e nem querem vir a saber, maus aprendizes políticos locais vão tentando entreter a população com festarolas, hinos de campanha, caminhadas solidárias, inaugurações pífias, coligações oportunistas, almoçaradas e, quando possível, subsídios para sustentar toda esta pândega. Que lhes faça bom proveito, porque o festim não pode durar para sempre. Acabará quando finalmente os eleitores tomarenses abrirem os olhos. E já não deve faltar muito.

Saber ler, escrever e contar

Numa entrevista ao jornal Le Monde, o novo ministro da Educação, que em França não engloba o ensino superior nem a cultura, fez declarações que em Portugal seriam quase escandalosas. Jean Michel Blanquer, ex- director da prestigiada escola superior ESSEC, duas vezes reitor de academia e ex-nº 2 do ministério da Educação, disse nomeadamente "Se tivesse uma única prioridade, seria que todos os alunos de França saiam do ensino primário sabendo ler, escrever, contar e respeitar o próximo."
Pela leitura da informação portuguesa, não consta que em Portugal haja alunos que completem o ensino primário sem todavia saberem ler, escrever, contar em português e respeitar o próximo. Ou haverá mesmo? Creio que o melhor é mesmo traduzir integralmente as declarações do citado governante francês. Pode ser que venham a ser úteis a alguns leitores, uma vez que o país é tão pequeno...

Para encurtar, tornando menos fastidioso, publicam-se apenas as respostas do ministro. Cada leitor fará o favor de imaginar as perguntas. Em caso de dúvida: anfrarebelo@gmail.com

"Emmanuel Macron contactou-me durante a campanha eleitoral. Fiquei imediatamente impressionado pelo facto de termos em comum uma base de princípios, a começar pela ultrapassagem da divisão entre a esquerda e a direita, uma divisão que prejudica mais do que beneficia a escola pública. Partilhamos igualmente a ideia do pragmatismo ao serviço do progresso e a vontade de encarar com realismo aquilo que funciona e aquilo que não funciona."

... ...  "Não tenciono dirigir de cima para baixo, determinando e mandando publicar. Serei um ministro favorável às soluções locais mais adaptadas. A minha mensagem aos professores é de que não se sintam num colete de forças, que sejam autónomos, que inovem, que criem...
As turmas prioritárias de 12 alunos são o começo de uma reforma que visa 100% de aprovações à saída do ensino preparatório. Na maioria dos casos penso que teremos conseguido esses desdobramentos para Setembro próximo. Se tivesse uma única prioridade, seria que todos os alunos de França saiam da escola primária sabendo ler, escrever, contar e respeitar o próximo."

"Conforme já lhe disse, não vamos cometer o erro de impôr o mesmo modus operandi em todo o país. Ou seja, não vamos anular mas primeiro avaliar e, em caso de necessidade, evoluir. Não ignoro que nalgumas cidades os desdobramentos causam problemas de salas de aula disponíveis. Mas se noutras cidades  o mesmo dispositivo funciona satisfatoriamente, devemos ser capazes de aceitar tal evidência.
Há um mau hábito francês, de interpretar tudo negativamente. Reduzir o número de alunos por turma é uma boa notícia! O "novo optimismo francês" que tem muita importância para Emmanuel Macron é exactamente o que pretendo difundir."

"Quanto aos ritmos escolares, nada de certezas. Entre a semana escolar de 4 dias e a de 4 dias e meio, não conheço nenhum estudo conclusivo sobre o impacto nos resultados finais."

"Não vos escapou que essa reforma do 3º ciclo do básico está longe da unanimidade. Alguns aspectos são interessantes, a começar pela maior autonomia concedida aos estabelecimentos. Mas chocou-me a supressão de cima para baixo de algumas coisas que funcionavam bem, como por exemplo as turmas bilingues, as secções europeias ou a opção latim. E disse-o em tempo útil à minha antecessora. Houve quem utilizasse o argumento da igualdade de oportunidades de maneira inadequada, afirmando que esses dispositivos criam segregações, quando afinal permitem tornar atractivas escolas que antes não eram.
Vamos portanto restabelecer as turmas bilingues, valorizar o latim e o grego, que são a base da nossa civilização e da nossa língua. Deixemo-nos de considerar que estas disciplinas tornam mais rígidas as diferenças sociais. São pelo contrário utensílios de promoção para todos."


"A interdisciplinaridade é muito interessante, mas deve vir do próprios actores, os professores e os alunos. É algo que não se pode impôr por decreto. É também para isso que vamos conceder mais autonomia aos docentes."

"Não vou exigir nenhum regresso ao passado nas escolas. As que quiserem manter-se no actual quadro de reforma do 3º ciclo, poderão fazê-lo. Trata-se afinal de regressar ao espírito inicial da autonomia. O mais importante é preservar a coerência para os alunos, agindo de modo a que a sua escolaridade seja contínua e eficaz.
Não temos qualquer necessidade de uma nova lei de orientação escolar."

"Evitemos as caricaturas. Considero-me desde sempre um professor, que agora se sente muito honrado como ministro. Mas a minha convicção continua a ser a mesma de sempre: a educação é um vector do progresso humano. É esse o meu fio condutor."

"Estamos talvez num momento histórico em que não é só a divisão esquerda-direita que deve ser  ultrapassada. É também indispensável conciliar a tradição e a modernidade, a exigência e a boa vontade. Conseguir essa síntese francesa que, no meu entender, é a chave de tudo. Quanto a mim, inspiro-me em pensadores extremamente diferentes de Edgar Morin a Régis Debray, entre muitos outros. Recuso-me portanto a praticar o insulto ou o sectarismo."

"O amor à pátria e o ensino da história não se devem confundir, mas estão sempre relacionados. O mais importante é a estruturação do ensino e para isso é indispensável uma vertente cronológica, pelo menos até à conclusão do ensino básico. Vamos reforçar essa dimensão cronológica.
As crianças têm necessidade de pontos de referência históricos. O facto de saber de cor os reis de França não é algo ultrapassado. Que depois aprendam que tal ou tal aspecto afinal é mais complicado do que pensavam, é já uma tarefa para o ensino de adolescentes e adultos."

"Mas não vai haver alterações nos programas de história. Vamos antes analisar e debater o que ocorre em termos práticos no ensino da história, tendo em conta os recursos pedagógicos, a formação dos professores e os indispensáveis debates científicos. Vamos também estudar a situação noutros países. Porque não têm os mesmos problemas dos franceses?"

"O nosso principal combate será contra as desigualdades sociais à partida. Vamos concentrar-nos antes de mais nos primeiros anos de escolaridade. Aí onde os alunos chegam já com grandes diferenças de vocabulário. Esses primeiros anos devem ser sobretudo um banho de língua materna."

"O experimentalismo, o recurso à ciência e as comparações internacionais serão os três pilares do meu método de trabalho. Quando se olha para lá das nossas fronteiras, constata-se que os melhores sistemas escolares nem sempre são muito diferentes do nosso. A grande diferença é que sabem inculcar confiança.
Em França não existe uma saudade da escola de antanho, mas sim uma nostalgia da confiança que havia em relação à escola. Trata-se portanto de restabelecer essa confiança. Os professores devem estar seguros de que serão sempre respeitados. Os alunos devem ter confiança em si próprios. É aí que pretendo chegar. Se o conseguir, ficarei muito feliz."

Entrevista conduzida por Mattea Battaglia, Luc Cédelle e Aurélie Collas, Le Monde, 21/22 de Maio, página 6
Tradução e adaptação de António Rebelo -Tomar a dianteira 3

Às avessas

Li e ouvi no Tomar na rede. A candidatura de Luís Boavida -Acreditar em Tomar- apresentou um hino de campanha. É capaz de ser a nova ordem natural das coisas. Musicar aquilo que ainda não existe politicamente, uma vez que se desconhece o fundamental programa político. Estamos portanto perante algo de invertebrado em termos práticos. Uma coisa em forma de assim. Para mais, com uma qualidade técnica à moda da casa. Parece-me que a ordem lógica seria apresentar a candidatura, depois o programa e por fim a música para a campanha. mas sou capaz de estar a ver mal. Seja como for, seria cómico se tivéssemos uma campanha eleitoral com dois tipos de candidatura: Tipo A - Candidatura sem programa político, mas com música própria; Tipo B - Candidatura com programa político, mas sem música própria. Seria mais uma originalidade tomarense. Que até pode muito bem vir a acontecer, pelo menos em parte, pois já há indícios apontando nessa direcção. Por enquanto, das cinco candidaturas já anunciadas, só uma marcou data para apresentar o respectivo programa eleitoral. Foi a CDU, que indicou o dia 24 de Junho para esse efeito. Os outros candidatos já estão de férias?
Mais uma vez ouso escrever o óbvio. Este episódio laranja é para mim a prova indesmentível de algo muito grave. Pelo menos por enquanto, o principal candidato à sucessão do actual mandato PS, pretende sobretudo dar musica ao pessoal, como se pode constatar, ler e ouvir. Por conseguinte, serei mais uma vez alcunhado de má língua, senão mesmo de coisas piores. Nesta desgraçada terra, a culpa é sempre dos outros. Ou morre solteira, coitada. 
Por isso continuamos de vento em popa...rumo ao abismo. Esperançados no optimismo circunstancial de Marcelo & Costa, E.P.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Grafitos e o resto

Além dos problemas apontados anteriormente e relacionados com o facto insólito de a câmara ter pago para que o grafiteiro de fora viesse grafitar paredes tomarenses, surgem agora outros. Este por exemplo, nas traseiras da próprio edifício da câmara  -os Paços do Concelho:


Além de evidenciar que o executivo camarário actual não tem qualquer base moral para exigir dos proprietários que mandem pintar as fachadas, a pergunta é inevitável: o que estaria antes de "RUA" e já foi tapado? Velhos do Restelo? PS? Câmara? Anabela? Ou pior ainda?
Outro exemplo de que não valia a pena estar a pagar a grafiteiros metecos, e de que a câmara é mesmo desmazelada em termos de património imobiliário. O palácio Alvim, ex-esquadra da PSP propriedade da autarquia está neste estado lamentável:


Estamos no centro histórico de Tomar? Ou num qualquer arrabalde de uma grande cidade?

Tomar a dianteira e as autárquicas

No final de Abril, Tomar a  dianteira enviou a TODOS os órgãos de informação local uma oferta de colaboração para a cobertura conjunta das próximas eleições. Essa mensagem indicava um prazo limite para a resposta, o qual já foi largamente ultrapassado. Nenhum dos contactados respondeu, exactamente como fora previsto, pois a referida missiva se destinava apenas a confirmar uma situação de facto: a total incompatibilidade entre Tomar a dianteira por um lado e TODOS os outros meios informativos locais, por outro lado.
Têm toda a razão os órgãos contactados. Estão no mercado, precisam de sobreviver, pelo que não podem contrariar ou sequer desagradar quem lhes paga publicidade, e dispõem todos de brilhantes equipas de jornalistas credenciados. Ao invés, Tomar a dianteira não passa de um blogue feito por um amador, ainda por cima abaixo de mediano e sem carteira profissional de jornalismo, imaginem.
Fica assim devidamente esclarecida a situação. Entre este blogue e a comunicação social difundida em Tomar não há qualquer relação. Nem boa nem má. Nenhuma mesmo. O único prejudicado será Tomar a dianteira, com uma média diária de apenas 500 visionamentos, pois os outros órgãos felizmente vão de vento em popa. Tanto em qualidade quanto em audiência.
Acontece isto num contexto local que os tomarenses bem informados pelos ditos órgãos há muito que conhecem. Tomar a dianteira não vai por isso repetir o que já tanta vez foi escrito nestas colunas que tanta azia provocam usualmente. Desta vez limita-se a reproduzir e comentar um dos pontos da ordem de trabalhos da reunião do executivo camarário desta tarde:

"Nº 08 - CEDÊNCIA DE GASÓLEO AO UNIÃO DE TOMAR (2825/ENTE/DAJA/2017) Proposta da Presidente da Câmara, referente à informação nº 2477/2017, do Departamento de Obras Municipais, submetendo à ratificação do Executivo Municipal a cedência de gasóleo para abastecimento do autocarro do União de Tomar para deslocação a S. João da Madeira, originando uma despesa de 366,00€ (trezentos e sessenta e seis euros), pelos fundamentos apresentados. Proposta de deliberação: Ratificar o despacho que, ao abrigo do nº 3 do artigo 35º do anexo à Lei nº 75/2013, de 12 de Setembro, autorizou a cedência."

Temos assim que a Câmara também fornece gasóleo grátis a uma colectividade local, que beneficia igualmente de outros subsídios camarários; que esse combustível se destina a um autocarro dado pela Câmara a essa mesma agremiação, e que finalmente, o dito autocarro consome mais ou menos, de acordo com os dados do documento acima reproduzido, mais de um euro por cada quilómetro percorrido. 
Sairia mais barato sustentar um burro a pão de ló, mas isso só era possível se ainda houvesse burros em Tomar, o que, como todos bem sabemos, não é de todo o caso.

Pode-se assim concluir que a situação tomarense é cada vez mais brilhante e promissora, uma vez que até os clubes desportivos locais já beneficiam de ajuda municipal para o combustível, e sabe-se lá que mais. Num tal contexto, não passando Tomar a dianteira de um reles blogue amador só para entreter, adopta-se o seguinte princípio para a cobertura das próximas autárquicas:

1 - Tomar a dianteira só comparecerá e/ou participará nos eventos políticos para os quais receba convite em tempo útil e por escrito;
2 - Tomar a dianteira manifesta total disponibilidade para entrevistar e publicar as entrevistas dos candidatos que o solicitem por escrito  E SÓ DESSES.
3 - Naturalmente, Tomar a dianteira continuará, como previsto, a fornecer informação comentada em regime aberto e gratuito até ao final de Outubro do ano corrente, pedindo desde já desculpa aos leitores por qualquer falha provocada pela falta de acesso às fontes, na verdade pouco interessadas numa sociedade bem informada, aberta, livre e plural, onde caibam todos.

Para qualquer contacto: anfrarebelo@gmail.com








Um queixoso compulsivo

Aquando da dupla condenação da senhora presidente da Câmara pelo Tribunal administrativo de Leiria, houve quem alegasse que o cidadão reclamante tinha sido demasiado exigente. É sobretudo para quem assim pensou ou pensa que resolvi traduzir a crónica seguinte:

"Um bastonário tem o dever de facultar um defensor oficioso a um cidadão que tem esse direito, mas que ele considera um queixoso compulsivo? Eis uma questão que acaba de se colocar no caso do cidadão Pierric Durand, um queixoso cujo nome resolvemos alterar, temendo que ele nos possa processar.
Os seus baixos rendimentos mensais permitem ao citado cidadão beneficiar de um defensor oficioso, de um advogado gratuito. E ele usa esse direito sem moderação, para se queixar judicialmente de todos os que se atravessam no seu caminho: o arquitecto que devia transformar o seu estabelecimento numa pastelaria, mas terá cometido erros, o ex-patrão que terá recusado pagar-lhe, os gendarmes que lhe terão apontado uma arma, o presidente da câmara de Dinard que terá mandado dar-lhe uma sova.
Em 2005, Pierric apresentou queixa contra o referido presidente da câmara, acusando-o de ter içado a bandeira da cidade mais alto que a bandeira nacional. Em 2006, encontrou uma ficha telefónica entre as moedas de um euro entregues por um comerciante, o que o levou a apresentar três queixas: uma contra o citado comerciante, outra contra o banco que lhe forneceu as moedas e outra ainda contra o fabricante das fichas telefónicas.
Assim vai massacrando a vida dos advogados nomeados para o assistirem judicialmente. Exige que recusem determinado magistrado porque ele o acusa de ser parcial, que afastem tal técnico forense, porque desconfia dele. Adiamentos, incidentes processuais, troca de magistrados, pedidos de anulação e de contra-prova, são o lote quotidiano. Os casos simples de que os defensores oficiosos deviam tratar, transformam-se assim em casos tentaculares. Quando não executam os actos processuais suplementares e cronofágicos reclamados pelo queixoso, este processa-os judicialmente.
Entre 2009 e 2013, a Dra. Nathalie A. passou por tudo o acima mencionado, na qualidade de defensora oficiosa de Pierric Durand, nas diversas queixas deste contra um negociante de velharias. Em 2006, o negociante de velharias resolveu usar os punhos contra Pierric Durand. Desse confronto físico resultaram para Durand uma depressão, uma hospitalização psiquiátrica e quatro anos de incapacidade para o trabalho.
Em 2013, Pierric Durand recusa a assistência da Dra. Nathalie A., acusando-a de não ter requerido a transferência geográfica do seu pedido de indemnização, quando segundo ele o presidente da Comissão de indemnização às vítimas de infracções mostrava indícios de "animosidade". Criticou-a outrossim por não ter pedido a substituição do juiz que determinou a venda forçada da sua residência, e acusou-a enfim de conflito de interesses, porque o advogado de uma outra das partes tinha sido seu orientador de estágio.
Após o que solicitou ao bastonário de Dinan-St Malo a indicação de outro defensor oficioso. O bastonário  escolheu sucessivamente três advogados, que recusaram a oferta. Perante o que o próprio bastonário se disponibilizou para defender ele mesmo o queixoso Pierric Durand, que teve então o desplante de recusar, alegando que "a junção das tarefas de advogado e de bastonário não lhe permitiriam defendê-lo capazmente."
O bastonário designou então outro advogado, o Dr. N. que Pierric acabou por não aceitar, uma vez que o advogado "exigia o envio do processo em suporte papel e não via mail", pelo que pretendia a assistência do Dr. H. Ofendido perante tantos pretextos fúteis, o Conselho da Ordem dos advogados de St. Malo decidiu, em 25 de Julho de 2014, "deixar de responder às solicitações repetitivas de Pierric Durand".
Que não seja essa a dificuldade, terá pensado Pierric, que imediatamente  solicitou a nomeação de um defensor oficioso junto do bastonário de St Brieuc. Logo que o seu pedido foi deferido, apresentou queixa contra o bastonário de Dinan-St Malo. Na audiência, o bastonário Dr. Alain Laynaud, que entretanto sucedera ao bastonário anterior, explicou que não tem a intenção de indicar um advogado a Pierric Durand, "por se tratar de um queixoso compulsivo, semelhante a um outro descrito numa crónica do Le Monde, intitulada Abuso de ajuda judiciária".
O tribunal não concordou e ordenou que fosse designado um defensor oficioso, conforme solicitado por Pierric Durand. Pode ler-se na sentença que "não há base legal para entrar no debate da falta de seriedade dos processos intentados pelo queixoso, uma vez que o respectivo serviço competente não considerou que os citados pedidos sejam indeferíveis ou sem fundamento."
O bastonário Laynaud acatou, mas recorreu da sentença. Alegou que os pedidos de Pierric Durand "se transformam em abusos", e acrescentou que "Estando a justiça com grandes dificuldades para responder atempadamente aos queixosos de boa fé, seria particularmente sem fundamento dar razão ao cidadão Pierric Durand."
O Tribunal da Relação de Rennes deliberou, no passado dia 14 de Fevereiro. Refere o acórdão que "tal como o exercício de qualquer outro direito, o benefício do defensor oficioso a favor de uma pessoa com necessidade de ajuda judiciária não pode ser reconhecido logo que se transforma em abuso. Uma vez que Pierric Durand recusou as duas mais recentes decisões do bastonário, e abusou do direito conferido pela lei, o tribunal de recurso anula a sentença anterior." 
Logo a seguir, Pierric Durand informou que evidentemente tenciona recorrer para o Supremo."

Rafaële Rivais, Le Monde, 20/05/2017,  pág. 7
Tradução e adaptação de António Rebelo

domingo, 21 de maio de 2017

Ceifar em seara alheia

O acaso tem destas coisas. Ainda ontem pedi licença ao amigo José Gaio, para invadir a sua usual área de trabalho, relembrando a 1ª regata de barcos miniatura no Nabão, em 1981, e hoje sou levado a pedir desculpa por reincidir.
Veio-me parar à mãos este livrito de 1898, escrito em francês:



O texto é relativamente curto, pois o livrito tem apenas 109 páginas. Além disso, descreve muitas fábricas então existentes entre Lisboa e Payalvo, onde na época era a estação de caminho de ferro de Tomar.  Seguem-se as descrições de Santarém e Tomar, com relevo para esta, mas ainda assim relativamente sucintas. O interesse do pequeno volume são as ilustrações, por assim dizer inéditas:

 O castelo de Almourol em 1898, com um pescador do lado direito e muitos pombos sobre a torre de menagem.
A Câmara, com um mastro monumental e a Praça de D. Manuel I, com árvores e sem o Gualdim Pais. Lá em cima, o castelo sem ameias, que só foram restauradas em 1937, pelos alemães.

Vista parcial da cidade, a partir do castelo, no sentido nordeste. No primeiro plano o casario, logo seguido pela mancha verde do actual Mouchão e da Horta Torres Pinheiro, onde está agora o que já foi um estádio.

A antiga Praça de armas do castelo, transformada em horta. Ao fundo a charola, ainda com o relógio na torre.

O interior da charola, vendo-se o altar que entretanto já desapareceu e, no primeiro plano, a balaustrada em pau santo, com colunas em mármore de Carrara, que também já desapareceram.

O claustro de D. João III, antes do restauro que lhe colocou a actual balaustrada superior.

 A Fábrica de fiação, actualmente um monte de ruínas.

 O açude de pedra ou açude da fábrica, piscina tradicional dos tomarenses até aos anos 60 do século passado.

Fábrica de Porto de Cavaleiros, em 1898. No primeiro plano, à direita, uma roda monumental, que fornecia água à fábrica.

anfrarebelo@gmail.com

Embirrações tomarenses

A notícia é do colega Tomar na rede, sempre em cima do acontecimento, sempre a fazer o acontecimento. Relata um caso corrente em qualquer cidade. Dois autocarros, que transportaram a banda sinfónica da PSP, que proporcionou à população um concerto nocturno na Praça da República, estacionaram em cima do passeio. Aconteceu na Rua da Graça, aquela do hospital velho. 
Não há dúvida de que se tratou de uma prevaricação, agravada por ser praticada por veículos ao serviço da PSP, que deve velar pelo cumprimento das regras de trânsito. Mas o caso ocorreu à noite e numa pequena cidade de província, cujo movimento pedonal citadino já não é grande durante o dia, quanto mais agora pela noite escura adentro. Usando o vocabulário típico das forças de segurança: "Não se registou qualquer alteração à ordem pública, nem transtorno para a população." Excepto para os comentadores de Tomar na rede, que decerto nem por lá passaram.
Estrangeirado assumido como sou, mas também baptizado em S. João Baptista, aluno da escola da Várzea Grande e da Jácome Ratton cá de baixo, julgo ter algumas vezes uma visão diferente das coisas. É o caso. Considero que quem falhou neste assunto do estacionamento abusivo em cima do passeio, não foram os motoristas, nem o pessoal da banda, que esses vieram só para nos dar música, no bom sentido da expressão. Foi quem não os informou atempadamente que havia estacionamento gratuito 50 metros ao lado, na Várzea Grande. Ou seja, houve mais uma vez falta de adequada organização da parte da autarquia, a quem competem estas coisas do trânsito e estacionamento. Mas deve ter sido por falta de pessoal.
E depois é sempre mais fácil bater nos visitantes, porque com os de cá a gente cruza-se todos os dias na rua. Citando o falecido Romualdo Mella, à época chefe de redacção de Cidade de Tomar: "Se eu publicasse uma coisa dessas, depois com que cara é que entrava no [café] Paraíso? O jornal não pode chocar." 
É também por isso, por causa dessa mentalidade que, cinquenta anos mais tarde e em democracia plural há mais de quatro décadas, estamos tão bem servidos de informação a nível local. Noticiam-se minhoquices, para entreter. Ignora-se o principal, para não chocar os instalados.

Não é nada complicado, mas...

 As efemérides são de facto quase um exclusivo do Tomar na rede, do meu amigo José Gaio. Peço-lhe por isso licença para, por uma vez, meter a foice em seara alheia. Numa altura em que foi noticiada a comemoração do Dia mundial da criança, com um cortejo histórico e uma regata de barcos miniatura no Nabão,  aqui vão algumas fotos da primeira regata de barcos miniatura no rio Nabão, em 5 de Junho de 1981, para comemorar o Dia mundial da criança e o Dia mundial do ambiente.

 Os barquinhos no rio, pouco depois da largada.

 Concorrentes e  barquinhos no Açude dos Frades.

 Recolhendo os barquinhos e verificando as classificações, na linha de chegada.


 Entrega do diploma de honra de Defensor do ambiente a Fernando Nini Ferreira.

 O homenageado, tendo à sua esquerda o vereador da cultura e o presidente da Câmara, Amândio Murta. À esquerda na foto, o escriba destas linhas.

Toda a documentação fotográfica supra pareceu indispensável para dissipar quaisquer dúvidas em relação ao que segue. Designadamente para retirar qualquer credibilidade a quem disser que este escriba não sabe do que fala. Na verdade sabe muito bem, graças a um saber de experiência feito. Que é o que falta a muito boa gente, que infelizmente nem se enxerga.
Nada tenho a alertar em relação ao previsto cortejo evocativo da história de Tomar e de Portugal. Parece-me que as coisas estão bem entregues, nomeadamente aos docentes e habituais membros activos da organização da Festa dos Tabuleiros e do Cortejo do Rapazes. Por aí, tudo bem portanto.
Já no que toca à prevista regata de barquinhos no Nabão, julgo útil avançar com algumas breves observações. Não é nada de complicado, mas... convirá que a respectiva organização encontre antecipadamente, respostas adequadas para as seguintes perguntas: A - Que fazer para colocar todos os barquinhos no rio? B - Como conseguir que partam todos ao mesmo tempo? C - Que fazer para aumentar a corrente do rio, para incrementar a velocidade? D - Como e onde efectuar a respectiva classificação, se essa for a intenção? E - Qual a melhor maneira de retirar os barquinhos do rio ? F - Por último, mas não menos importante, já contactaram os bombeiros, de forma a preparar um plano de segurança, que inclua alguma prevenção em matéria de quedas ao rio?
Pouca coisa, como se vê. Mas que pode dar muitas dores de cabeça caso se enverede pelo improviso, à maneira tradicional tomarense.
Desejo a todos muito boa sorte.