O regresso à muito amada terra mãe provoca-me sempre duas reacções. Por um lado, uma irritante alergia, que felizmente até agora nunca ultrapassou os espirros e alguma expectoração. Bem gostaria de saber qual a origem de semelhante maleita, mas nada. Decerto partículas em suspensão na atmosfera citadina. Mas quais?
A outra reacção é mais complexa. Uma coisa é discorrer e escrever sobre as gentes de Tomar, confortavelmente instalado num andar alto a 50 metros do mar, mas a sete horas de avião e no outro hemisfério, outra bem diferente é escrever na cidade antiga, à sombra tutelar das muralhas templárias, após conversas esparsas com vários conterrâneos.
Nessas conversas veio forçosamente à baila aquilo a que se costuma chamar a situação política local, que no caso tomarense seria mais adequado referir como conjuntura apolítica local. Adiante. Salvo entre os próprios intervenientes e apaniguados mais chegados, que ainda não tive o prazer de ouvir ou ler, parece-me que o clima é já de descrença profunda. E ainda faltam mais de 4 meses para o acto eleitoral. Faço votos para que as coisas ainda se possam compor até lá.
Além de estarmos a ir contra a corrente, conforme já aqui foi referido anteriormente, disseram-me algumas fontes que é cada vez mais evidente a incapacidade de todas as candidaturas para parirem planos, projectos, ou sequer escritos ou discursos que ultrapassem o nível das generalidades chãs. A esta primeira chaga, vem agora juntar-se o afunilamento. Em vez de surgirem novas propostas, nomeadamente pelo menos uma candidatura de projecto, pois não senhor. O que se prepara é uma ainda há poucos meses inesperada junção de pessoas.
Ao longo de três mandatos, os IpT nunca conseguiram, apesar de alguns esforços nesse sentido, mostrar a diferença. Os eleitores tomarenses nunca se sentiram satisfeitos por terem votado na formação liderada por Pedro Marques. Tal ausência de ideias resultou na constante queda ao nível dos resultados eleitorais.
Sendo a realidade obstinada, Pedro Marques intuiu, apesar da sua evidente sede de protagonismo, que tinha de conseguir um outro cabeça de lista, sob pena de lançar o seu grupo para a irrelevância total. Nesse sentido, asseveram as usuais fontes geralmente bem informadas, obteve a anuência de Luís Boavida, agradecido por ter sido Pedro Marques a contratá-lo no século passado para funcionário superior da autarquia, mas também e sobretudo porque assim se iria vingar da afronta PS, que o atirou como se sabe para a agora célebre "unidade de queimados".
Apesar de celebrado com espumante numa das instituições de que ambos são dirigentes, esse acordo Pedro Marques - Boavida não vingou. Algum tempo mais tarde, Boavida terá concluído que com o PSD a vitória era mais provável, tendo Pedro Marques ficado de novo sem cabeça de lista. A simples lógica política teria conduzido qualquer outro protagonista a pelo menos tentar convencer António Lourenço dos Santos como alternativa. Mas não. O líder dos IpT optou pela desistência e pela via da vingança fácil. Consta que será o segundo na lista PS, encabeçada novamente por Anabela Freitas.
A ser assim, vão os eleitores tomarenses ter pela primeira vez umas eleições da quíntupla vingança. Pelo PSD, Boavida não tem programa mas espera vingar-se do enxovalho do PS. Pelos socialistas, Anabela Freitas também não tem programa, mas vinga-se do seu ex-chefe de gabinete, que não podia ver Pedro Marques nem pintado. Finalmente o pivot de toda a situação, o actor principal Pedro Marques, vinga-se de Luís Ferreira, que em tempos o impediu de concorrer ao terceiro mandato pelo PS; vinga-se de Luís Boavida, que assim pode muito bem vir a ser derrotado, uma vez que Roma não paga a traidores, e vinga-se do eleitorado que nunca lhe concedeu a almejada vitória, após os seus dois mandatos como presidente, que ele considera terem sido muito bons.
A situação ainda pode evoluir para melhor, pois até às férias grandes ainda não é tarde. Oxalá assim aconteça. Porque caso contrário, cinco vinganças é capaz de ser demasiado para o estômago de muitos eleitores tomarenses, entre os quais me incluo. Como assim?
1 - Boavida procura vingança em relação a Luís Ferreira;
2 - Boavida procura vingança em relação a Anabela Freitas;
3 - Anabela procura vingança em relação a Luís Ferreira;
4 - Pedro Marques procura vingança em relação a Luís Boavida
5 - Pedro Marques procura a vingança final em relação a Luís Ferreira.
Reconheça-se que, em qualquer caso, além de sempre negativa e perniciosa, a vingança é inaceitável como programa eleitoral.
A ser assim será uma Vergonha para os TOMARENSES.
ResponderEliminarClaro dos melhores autarcas que tivempos, que o digam os contrutores de tomar, ele e a arquitéta puseram Tomar nas mãos de uma empresa que não falo aqui, mas toda a gente conhece, e aI ESTAM OS MONOS, por todo o lado inacabados, não falando de negócois de compra de terrenos dentro da cidade.
EliminarSaúdo este entendimento. O divórcio não tinha sentido. Há anos que defendo esta reconciliação. Sempre vi Pedro Marques como um excelente autarca, muito apreciado pelos tomarenses. Também sempre tive a ideia de que foi vítima de uma conspiração. Melhor: a certeza.
ResponderEliminarSaúdo este entendimento. O divórcio não tinha sentido. Há anos que defendo esta reconciliação. Sempre vi Pedro Marques como um excelente autarca, muito apreciado pelos tomarenses. Também sempre tive a ideia de que foi vítima de uma conspiração. Melhor: a certeza.
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