sexta-feira, 19 de maio de 2017

Afinal, na política tomarense, o que parece não é

Os leitores estarão recordados que a agora tão falada aproximação dos IpT (ou de parte deles) ao PS, foi noticiada nestas colunas há já algum tempo. Há precisamente dois meses, com a mesma foto que agora publica O Templário Houve então muito boa gente que não acreditou, porque tal não lhe convinha. Agora que já é do domínio público, parece que também não convém a posição aqui defendida antes sobre as cinco vinganças.
A bem dizer, sendo consensual o conhecido axioma de Salazar, segundo o qual na política o que parece é, em Tomar passa-se praticamente o contrário. O Templário titula na sua edição de hoje que Pedro Marques "apoia Anabela e faz as pazes com o PS", quando afinal, tendo em conta todas as vertentes da situação, é o PS e Anabela que deixam de se opor a Pedro Marques, sem que este tenha feito qualquer acto de contrição. Aceitam a sua colaboração, apenas porque tal convém circunstancialmente a ambas as partes. A Pedro Marques como forma de resolver o evidente impasse dos IpT e alcançar um fonte de rendimento.A vida custa a todos. A Anabela e ao PS para melhorar as hipóteses de vencer as eleições. A Pedro e Anabela para assim retaliarem contra Luís Ferreira, que foi sempre o intransponível obstáculo socialista no caminho de Pedro Marques.


Mera questão de detalhe, pensarão alguns. Que não, que não. Uma vez que Pedro Marques nunca manifestou qualquer arrependimento, nem "pediu batatinhas" ao PS, nunca se rendeu, é Anabela Freitas e com ela o PS que ficam na mó de baixo. Pedro Marques venceu e poderá proclamar onde convier que sempre teve razão e que aquilo que parecia, afinal não era assim.
Caso o PS ganhe, o que nas actuais circunstâncias é o mais provável, um mandato de quatro anos é muito longo. Quem já foi presidente durante dois mandatos, muito dificilmente se deixará liderar por outrem, sem criar graves problemas. Exactamente como nos casamentos, é após a lua de mel que começam as atribulações. Logo se verá...
Se o PS se está a meter num saco de complicações sem disso se dar conta, no PSD as coisas também não vão na boa direcção, segundo fontes credíveis. Reina a confusão, a desunião, o desânimo, a descrença e sobretudo a evidente incapacidade para controlar as tropas, o que se compreende. No laranjal tomarense há sempre muito mais candidatos que lugares disponíveis. De resto, Luís Boavida confirma, de modo sibilino, assim a modos que à contre-coeur, a complicada situação social-democrata, numa opinião publicada esta semana nos dois semanários locais:


Realmente, nada mais adequado no meio das desavenças do que enaltecer o papel da família e da sua indispensável união. Sobretudo quando se pensa que Boavida ainda não perdeu. Já não lidera folgadamente no seio da opinião pública, é verdade. Mas continua a contar com o apoio das colectividades concelhias e dos católicos da vigararia, o que não é pouca coisa.
Nesta altura, mesmo com a manobra PS/Pedro Marques, os socialistas ainda estão longe de garantir a vitória, tendo em conta nomeadamente as críticas justificadas mas muito penalizadoras da CDU.
Afinal, na política tomarense o que parece não é.

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