sexta-feira, 12 de maio de 2017

Falta de assunto e falta de entendimento

Eventualmente com falta de assunto, situação bastante comum em Tomar, cuja actualidade é o que todos os da informação bem sabemos, quer sejamos emissores ou receptores, José Gaio foi pescar no Facebook um comentário de Ricardo Lopes, conhecido militante do PSD local.
Escreve o referido conterrâneo, em tom algo agastado, que "Há dinheiro para encher os passeios do Complexo de Piscinas de Tomar de pilaretes, já para cortar a erva e manter o espaço apresentável nem tempo nem dinheiro." Assim à primeira vista, Ricardo Lopes tem razão neste seu comentário, visivelmente já de campanha eleitoral, com toda a legitimidade, de resto. Aprofundando porém um pouco, a situação é bastante diferente da apresentada, penso eu.
Ricardo Lopes é jovem, gosta de deslocações rápidas, motorizadas e com estacionamento gratuito assegurado. Compreende-se por isso a sua irritação ante a colocação dos para ele malditos pilaretes. Assim já não pode estacionar em cima dos passeios. O que força a procurar estacionamento adequado, muitas vezes pago. Uma seca!

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Segue-se que a sua comparação dinheiro para pilaretes/falta de tempo e dinheiro para cortar erva e manter o espaço apresentável, é afinal uma falsa questão. A braços com um vasto conjunto de locais municipais, o executivo luta com falta de recursos humanos nalgumas áreas e excesso de funcionários noutras. Pode até dizer-se, sem exagerar, que há excesso de funcionários nos lugares de repouso (Império dos sentados) e falta de pessoal nos lugares de trabalho (jardineiros, calceteiros, varredores, cabouqueiros, pedreiros, administrativos de primeira linha, etc. etc.)
Resulta da apontada situação que é muito fácil colocar pilaretes, porque se trata de algo definitivo, que só muito raramente carece depois de manutenção (roubo, derrube...). Pelo contrário, cortar relva, varrer, limpar, reparar, recolher, transportar desinfectar, abastecer, etc. são tarefas regulares, repetitivas, que exigem bastantes recursos humanos, de que a autarquia não dispõe, nem nunca virá a dispor, por falta de dotação orçamental. O euro tem muitas vantagens, mas não é elástico. Apesar de haver quem acredite que é. E que quando regressarmos ao escudo é que vai ser uma maravilha para todos.
Trata-se de uma situação grave e triste, que mais tarde ou mais cedo terá de ser solucionada? De acordo. E foi em grande parte engendrada nos mandatos de António Paiva, com a deliberada destruição do estádio, a destruição do sistema tradicional de rega do Mouchão, o encerramento do campismo, o complexo de piscinas, os pavilhões, os parques de estacionamento mal calculados, aquela engenhoca na margem oposta à do mercado, o complexo da Levada e os múltiplos campos de ténis, praticamente sempre às moscas. Tudo coisas que contaram senão com a concordância, pelo menos com o silêncio cúmplice da oposição, e que exigem desde então manutenção, vigilância e gestão. adequadas, Faltam só os recursos financeiros para tanto.
Em conclusão, Ricardo Lopes faz bem em reclamar mas está algo equivocado quanto à situação de facto. Não duvido contudo nem um minuto que, caso o PSD venha a vencer as próximas eleições, todas estas carências serão rapidamente ultrapassadas. Mesmo sem qualquer programa eleitoral capaz. É sempre assim. O pior vem depois...




4 comentários:

  1. Caro tomarense de Fortaleza aqui eu, Ricardo Lopes, lhe dou alguns reparos à sua prosa também bem escrita de certeza á Beira Mar enquanto se delícia com uma água de cocô, bebida muito tradicional de qualquer tomarense preocupado. Já em tempos perdi uns minutos para responder a profetas do desconhecido e com escrita muito tendenciosa. Informo, para que não esteja a escrever de cor ou algo que lhe tenha sido encomendado, que gosto muito de me deslocar de Mota por gosto e não por qualquer facilidade de estacionamento. Aliás, sei que a sua visão para lá do oceano não o permite, mas a colocação de pilaretes é uma boa solução mas, caso eu quisesse não me impediria a passagem da Mota. Quando me desloco de carro e necessito de estacionar na cidade faco-o 90% das vezes nos 2 parques quase gratuitos que a CMT tem. Com isto tudo, e sim sou do PSD, não militante apenas mas Vice Presidente (Está mal informado, é o que dá ser um tomarense preocupado de Fortaleza), a questão não são pilaretes que fazem a sua função, mas sim a falta de brio que esta CMT sempre teve com a Cidade Jardim. Mas também não espero que estejamos de acordo. Até porque eu estou cá, mal ou bem, para lutar por um concelho melhor, já vossa excelência escreve sobre tudo e todos como se de um profeta se tratasse enquanto bebe caipirinhas e dança o samba. Cumprimentos de um verdadeiro Tomarense.

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    1. Obrigado caro conterrâneo Ricardo pela sua amável resposta. Com deve calcular, exultei ao constatar que referiu a minha prosa como "também bem escrita". Dito isto, veja bem o que é o progresso! Escrevi realmente a partir de um confortável 14º andar (para poder ver as coisas de longe e de cima), mas agora estou a responder-lhe de um primeiro andar no centro histórico de Tomar.
      Passando agora a responder-lhe ponto por ponto, esclareço o seguinte: 1 - Não me considero profeta, não escrevo de cor nem faço textos por encomenda; 2 - Respeito naturalmente a sua opinião, mas não me considero mal informado. Sabia muito bem que você é dirigente local eleito, mas supunha e ainda creio que, mesmo sendo dirigente, você continua a ser também militante. Ou estou equivocado? 3 - Concordo consigo quanto à falta de brio da actual gestão camarária, embora também constate que por enquanto o PSD ainda não me consegue convencer de que é mesmo melhor. Quando houver um programa, talvez. 4 - É claro que não podemos estar de acordo. Eu limito-me a dizer o que penso, procurando sempre respeitar a realidade e os outros. Já você, caro conterrâneo Ricardo, abalança-se a fazer juizos de valor manifestamente pouco documentados. Não bebo caipirinhas nem outras bebidas alcoólicas, não danço o samba e já ando por estas calçadas tomarenses há mais de 60 anos. 5 - Quanto à sua luta por um concelho melhor, desejo-lhe boa sorte, aconselhando-o a deixar os profetas em paz, se é que os há por aí. 6 - Termino esclarecendo que não há tomarenses verdadeiros e tomarenses falsos. Há apenas os que ainda cá nasceram e outros que já nem isso. Os que realmente ambicionam um futuro melhor para esta terra, e os que apenas se manifestam por razões partidárias em período de pré-campanha eleitoral.
      Haja saúde, coragem, ambição e concórdia entre os tomarenses, para além das naturais divergências políticas.

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  2. Caro Amigo apenas para terminar esta agradável conversa, quero informa-lo que não ando nisto apenas em período pré eleitoral, caso estivesse mesmo bem informado sabia que eu nos meus jovens 38 anos, levo 20 de associativismo, 10 dos quais como presidente de uma associação pequena de freguesia rural. 8 anos de serviço público na minha freguesia, tanto na assembleia de freguesia como no executivo. 12 anos de desporto em clubes tomarenses e 15 anos de trabalho social nos concelhos de Tomar e Ourém. Assim se luta por um concelho melhor. Cumprimentos e aguardo as suas ideias em qualquer lista às eleições autárquicas como é direito de qualquer Português

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  3. Terminando então esta agradável conversa, conforme é seu desejo, agradeço-lhe a clareza e prontidão dos seus textos. Julgo ter sido um bela ocasião para nos conhecermos melhor e, sobretudo, para os tomarenses que nos lêem saberem bastante mais a seu respeito. Você ostenta realmente um longo currículo naquilo que considera ser lutar por um concelho melhor. Desejo-lhe coragem e boa sorte.
    Não cometerei o erro de tentar fazer aqui uma resenha da minha vida. Seria demasiado longo e por isso fastidioso. Avanço por isso um solitário facto, dos milhares que poderia mencionar. Nos idos de 80 do século passado, foi esta pobre cabeça que pariu todo o processo que culminou com a atribuição do estatuto de Património da Humanidade ao Convento de Cristo, na reunião da UNESCO em Friburgo - Suiça. Nunca solicitei ou recebi qualquer remuneração por esse trabalho, feito a pedido de um presidente da câmara que nem sequer era do meu partido. E olhe que depois disso algumas autarquias gastaram centenas de milhares de euros com o mesmo objectivo, sem todavia o conseguirem. Cito por exemplo Santarém e Marvão. Mesmo passados todos estes anos, não lamento nada do que fiz. Estou porém cada vez mais triste e desiludido com o que vejo.
    Não faz parte das minhas ideias vir a integrar qualquer lista para as próximas autárquicas, nem vislumbro como poderá alguma candidatura vir a servir-se das minhas ideias, pois esse tempo em que eu colaborava sem cuidar de saber o destino final do meu trabalho já passou.
    Um abraço fraterno deste seu conterrâneo.

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