Estamos em plena vaga de fake news, que uma porta-voz de Trump já qualificou como verdades alternativas. É pouco provável que esse movimento, sucessor electrónico dos tradicionais boatos, já tenha chegado a Tomar, mesmo tendo em conta a vertiginosa velocidade da Net. Há contudo variantes que podem prestar bons serviços a organizações partidárias que elas recorram. Como por exemplo as notícias serôdias. Aquelas novidades que afinal já têm anos.
É o caso de uma estranha notícia, pescada numa intervenção de Paulo Macedo (CDU) na Assembleia Municipal. e hoje difundida por dois órgãos informativos locais, um dos quais pode ler aqui. Trata-se do relatório da Inspecção geral de finanças à Câmara de Tomar, referente ao período -pasme-se!- 2009/2013. Dá ideia que andam a brincar com os cidadãos contribuintes. Se o relatório só chegou à autarquia agora, será caso para dizer que alguns departamentos governamentais são ainda mais trôpegos que a própria autarquia tomarense. Quatro anos para apresentar um relatório de inspecção, consegue ser ainda pior que três anos para resolver a ilegalidade das residências assistidas da Misericórdia.
A menos que o referido relatório já tenha chegado há muitos meses à autarquia, e se trate de um apurado sentido de oportunidade. É só seguir o usual raciocínio daquele conhecido detective inglês: A quem beneficia a manobra? A quem é que pode interessar agora um relatório apontando falhas graves, mas referentes ao mandato anterior, que terminou há quase quatro anos?
A dar-se esse caso de manifesto oportunismo político, é bem possível que o tiro venha a sair pela culatra a quem disparou, ou deu ordem para disparar. É que desta vez as autárquicas vão ter forte cobertura, tanto na informação tradicional como na blogosfera. E a blogosfera vai obrigar outros suportes a arregaçar as mangas.
Em qualquer caso, aproveita-se a ocasião para tentar alertar mais uma vez todos os eleitores. O que se vai julgar com o voto de Outubro é o actual mandato e sobretudo os programas para o próximo. Aguardam-se portanto eventuais relatórios oficiais sobre o actual mandato e intenções escritas para o próximo. O resto só serve para tentar baralhar o pessoal. Uma vez que já não tem remédio possível, o que lá vai, lá vai. O passado remoto é para historiadores e outros estudiosos. Os eleitores têm mais que fazer.
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