terça-feira, 9 de maio de 2017

Inquietação votos e abstenção

No rescaldo das Presidenciais francesas, que culminaram como se sabe com a brilhante vitória de Macron, com 66,1% dos votos expressos, é de angústia e inquietação o clima político gaulês. A informação disponível converge na preocupação com a abstenção, que passou de 22,23% na primeira volta, para 25,44% na segunda, e sobretudo perante o excepcional aumento dos votos brancos e nulos. Potenciada pela incompreensível posição de Mélenchon, que se diz anti-fascista, mas na prática... a soma dos votos brancos e nulos atingiu 11,47%. O que representa mais de 4 milhões de votos, num universo de 47 milhões de eleitores.


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Foto O Mirante

E em Portugal, mais precisamente em Tomar, como tem sido? É do conhecimento geral que em Tomar vai sempre tudo bem, no melhor dos mundos possíveis, como diria o Cândido, conhecida personagem de Voltaire. Até que se começa a examinar qualquer problema. Aí a situação muda, o que estava bem, afinal estava e está mal.
Vejamos então o que têm sido na nossa querida terra as abstenções, os votos brancos e os nulos:

Anos              % de Abstenção      % votos brancos      % votos nulos     Totais     Abstenção bruta

2005....................38,99%.....................3,66%......................2,47%...........6,13%...........44,79%
2009....................41,21%.....................2,62%......................2,02%...........4,64%...........45,85%
2013....................46,70%.....................4,73%......................4,19%...........8,92%...........55,62%
2016....................48,96%.....................1,28%......................0,99%...........2,27%...........51,23%

Temos portanto que a abstenção aumentou de forma contínua entre 2005 e 2016, passado de 39% para 49%. Já os votos brancos e nulos diminuíram em 2009 e quase duplicaram em 2013, voltando a diminuir acentuadamente em 2016 (presidenciais). Quanto à taxa de abstenção bruta (abstenção + votos brancos e nulos) aumentou mais de dez pontos percentuais  entre 2005 e 2013, passando de 44,79%  em 2005, para 55,62% em 2013. Baixou depois 4 pontos em 2016, apesar de a abstenção ter aumentado mais de dois pontos. O que tende a demonstrar que o problema é mesmo nabantino-tomarense, que é como quem diz próprio da cidade e do concelho. O comportamento dos eleitores tomarenses muda quando se trata de eleições de âmbito nacional (legislativas ou presidenciais). Porque será? Talvez porque julgamos que nos conhecemos bem.

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Foto Tomar na rede

Comparando os resultados eleitorais de um grande país (46 milhões de eleitores), com os de uma pequena cidade (36.266 eleitores), observamos que os franceses estão inquietos e até angustiados, nomeadamente por causa das elevadas taxas de abstenção, e sobretudo de votos brancos e nulos.
Enquanto isso, em Tomar continua a constar que está tudo bem, apesar de a taxa de abstenção bruta já ter atingido os 55,62% em 2013, contra apenas 33,91% em França. São mesmo maneiras diferentes de ver e de sentir.
Por lá procura-se remediar, prometendo reformas, apelando à unidade, à igualdade e à fraternidade. No vale do Nabão, a menos de 5 meses da próxima corrida, os participantes são praticamente os mesmos, salvo uma ou outra alteração. E a táctica mantém-se, como sempre. Tudo ao molho e fé em Deus.
Força, queridos conterrâneos. Somos a única cidade portuguesa com acesso rápido ao Paraíso. O da Corredoura, claro! Para quê então preocupar-se? O que for nosso, às mãos nos há-de vir ter.
Rica terra! Para uns poucos, com tendência para diminuir.

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