O que aqui chega de Tomar, em termos de opinião pública (jornais, blogosfera e novas de amigos), parece mostrar o concelho do costume. O povo é sereno, vai tudo bem, depois logo se vê, tenho mais que fazer, isto já não tem conserto, os políticos são todos os mesmos. Um concelho de gente conformista na sua esmagadora maioria, onde nada de fundamental mudou ou vai mudar. Apesar do evidente êxodo, que se acentuou durante o mandato que agora termina, como pode ler aqui.
Enquanto isto, em França, cuja influência cultural no domínio da política continua a ser importante, as eleições presidenciais mostraram a vitória esmagadora da mudança, da ruptura em relação ao que existe. Dos onze candidatos, passaram à segunda volta o projecto de mudança assumida de Macron e o projecto extremista da Frente nacional. Além disso, o candidato que ficou em 4º lugar, Mélenchon é o arauto do projecto de mudança da extrema esquerda comunista e ecologista, agora para as legislativas do próximo mês. Mudança portanto nos três casos. Os restantes 8 programas, que propunham afinal a continuidade, não conseguiram ultrapassar os 10% de votos. À excepção da proposta conservadora de Fillon, que ficou em 3º lugar, porque era mesmo assim uma alternância, um retorno ao passado, logo uma mudança às arrecuas em relação ao actual poder socialista.
Mas isso é em França, para lá dos Pirinéus, a dois mil quilómetros daqui. Em Portugal, em Tomar sobretudo, praticamente ninguém quer a mudança, dirão os habituais oráculos locais. Será assim? Não haverá mesmo sede de mudança política, tanto no país como à beira Nabão?
Não posso falar em relação ao país, onde a geringonça veio baralhar muitas consciências e ninguém consegue por enquanto prever até onde poderá ir. Julgo que nem os que a compõem. Agora no que toca a Tomar, há uma referência evidente, desde as autárquicas de 2013. Um candidato jovem e desconhecido, residente numa freguesia rural e com muito poucos meios, candidatou-se pelo MPT, uma formação sem grande implantação no concelho, como pode ler aqui. Ainda que sem um programa bem estruturado, nem grandes recursos, mas usando uma linguagem diferente e recorrendo à Internet, conseguiu quase tantos votos como a CDU, que concorre desde as primeiras autárquicas. Com 6,88%, contra 9,19% da CDU, o MTP ultrapassou largamente o BE e o CDS, formações bem conhecidas a nível local e nacional, que apesar disso conseguiram respectivamente 2,94% e 2,82%.
Agora imagine-se que, para as eleições de Outubro, aparece um grupo com ideias novas, com um programa estruturado, com meios humanos e materiais, tudo numa proposta de mudança... Pode vir a ser algo de grande e de inesperado. Porque, conforme conseguiu demonstrar o jovem Flávio em 2013, em Tomar também há sede de mudança. Tem é faltado esse produto no mercado eleitoral nabantino. É o problema dos mercados pequenos. Novidades, só as da horta.
Sem comentários:
Enviar um comentário