Macron, um jovem brilhante de 39 anos, praticamente sem experiência política, será o próximo inquilino do palácio do Eliseu, pelo menos até 2022. Conseguiu uma proeza ímpar -venceu dizendo a verdade aos franceses. Anunciando-lhes, por exemplo, que tenciona extinguir 120 mil lugares na função pública, nos próximos 5 anos, ou seja uma média de 2 mil lugares por mês, sabendo muito bem que esses funcionários que irão ser aposentados ou reconvertidos também votam.
Logo que foi anunciada a vitória de Macron, Marcelo Rebelo de Sousa enviou-lhe uma calorosa mensagem de parabéns e votos de felicidades. Inversamente, até à hora a que escrevo (meia noite e 25 minutos) não consta que o primeiro-ministro António Costa tenha tido igual elegância. Compreende-se. Macron é o exacto oposto do PS português e dos seus parceiros geringoncistas. Enquanto o francês diz a verdade aos seus compatriotas, PS, BE, e PC vão pelo contrário anunciando só aquilo que julgam que os portugueses querem ouvir. Enquanto Macron promete reduzir significativamente a função pública, em Portugal procede-se à titularização dos precários, assim aumentando os efectivos da função pública. Enquanto em França se fala em liberalizar as 35 horas e aumentar a idade da reforma, em Portugal pretende-se conceder mais reformas sem penalizações aos 60 anos e insiste-se nas 35 horas na função pública. Enquanto em França o novo presidente afirma que vai reduzir as transferências para as autarquias, e liberalizar a economia, em Portugal o silêncio é de oiro a tal respeito.
Falta apenas saber uma coisa, mas a resposta não deverá tardar muito tempo. Se Macron anuncia medidas gravosas, que já lhe lhe custaram os votos de Mélenchon e dos comunistas, é decerto porque as considera indispensáveis. Uma vez que em Portugal tanto o governo como a autarquia tomarense vão por um caminho oposto, dando-se até o caso de o vereador da CDU anunciar (se calhar cheio de razão, tendo em conta a actual má organização administrativa municipal) que a autarquia tem de contratar mais pessoal, como tencionam, em Lisboa e em Tomar, conseguir meios financeiros para sustentar de forma durável tal política? Aumentando as taxas e outros impostos? Cuidado que em Tomar a população está a emigrar cada vez mais, e não será decerto por causa do clima.
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