sexta-feira, 12 de maio de 2017

Polícia rica de um país rico é outra coisa

"Derrocada de um prédio no centro histórico de Torres Novas
O edifício estava devoluto"

"Um prédio ruiu na noite desta quarta-feira, dia 10 de Maio, na Rua da Várzea, centro histórico de Torres Novas. A ocorrência foi registada pelas 19H58 e não registou feridos. Ainda não se sabem as razões da derrocada.
O edifício era devoluto mas, por temer-se que houvesse alguém dentro do edifício, participou nas operações uma equipa cinotécnica da PSP vinda de Lisboa."

O MIRANTE.PT, Sociedade, 11/05/2017, 11H46

Para além da redacção pitoresca da notícia, com algumas redundâncias vocabulares, do tipo "...foi registada e não registou...", ou "O edifício... ...dentro do edifício..." (Mas cada qual escreve como pode e sabe), há aquele detalhe da equipa cinotécnica da PSP, vinda de Lisboa.
Na realidade, a GNR de Tomar, a 25 quilómetros de Torres Novas, também tem cães especializados. Porém, como facilmente se calcula, os cães da PSP de Lisboa decerto têm outro olfato. E como estão habitualmente a mais de cem quilómetros de Torres Novas, só podem ser mais imparciais. Isto para não mencionar o problema da nomenclatura lusa. Cão GNR é só isso mesmo. Quando muito cão da Guarda. Já o cão da PSP é cão polícia e mais nada. Nunca confundir portanto cão da guarda com cão polícia. Seria o mesmo que tomar panos de cozinha por toalhas.
A bem dizer, continuando na área vocabular, em nome do rigor absoluto e da máxima eficácia, o ideal seria ter mandado vir uma equipa de cães de Faro. Era bastante mais longe, mas cães de faro farejam melhor. Só pode. E que importância teria a distância, numa polícia rica de um país rico, para farejar num prédio caduco de uma cidade rica?
No fim de contas, há as ajudas de custo, o combustível, etc, mas os contribuintes pagam tudo. Esta e muitos milhares de outras como esta. Afinal é apenas uma questão de rotina.

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