quinta-feira, 16 de maio de 2024


Participação cívica

Parar para pensar


Ensinaram-me, lá para as bandas da Gália, que é conveniente parar para pensar, de tempos a tempos. Ficou-me esse hábito, pelo que resolvi aproveitar a forçada interrupção, por razões de saúde, para fazer uma pausa na escrita, a qual poderá ser mais ou menos prolongada.
Quem pode comparar, já terá constatado decerto que é cada vez menos aprazível viver em Tomar. Não porque os tomarenses sejam más pessoas. Não são. Adquiriram porém, em geral, o hábito de ter sempre razão, e de agir em conformidade, o que naturalmente poucas vezes corresponde à realidade factual. Daí cada vez mais situações de desconforto, para quem não deseja renunciar ao hábito de pensar. "Fora da caixa", como agora se diz na capital.
Sem ofensa, antes pedindo desculpa pelo desaforo, cumprimento os meus leitores, tanto os fiéis como os outros, desejando a todos o melhor na vida deste mundo. No outro, se houver, é com a igreja. O tempo dirá se voltarei a estas colunas. Vamo-nos vendo por aí...

quarta-feira, 8 de maio de 2024



Vida tomarense

Gente com antolhos sem disso se dar conta


"Triste ando eu... ...que sei ser o meu mal sem esperança", escreveu Camões algures e aproveito eu para partilhar, por estar numa posição semelhante. Bem gostaria que os meus conterrâneos fossem de outro modo, mas são irremediavelmente  como são. Vivendo num vale lindo mas desprovido de horizontes, praticamente só os que daqui saem conseguem por vezes ver longe, mas esses são logo acusados de terem a mania de ser melhores do que os outros (sobretudo quando são mesmo) e votados ao desprezo. Tudo o que a partir de então possam dizer ou escrever, será sempre ouvido ou lido numa atitude de condescendência, logo seguida da maior indiferença, por vezes fingida. E assim vamos indo.
As situações que passo a relatar ocorreram no único blogue local onde acontece por vezes algum debate. Uma postagem denunciava a óbvia falta de estacionamento na urbe, que já levou inclusivamente alguns profissionais da estrada e não só, a protestarem. Logo um outro comentador botou opinião, sustentando que vem muito a Tomar e acha que há muitos locais para estacionar.
Algo irritado, um terceiro interveniente escreveu que cada qual pode avançar com as palermices que quiser, como essa de haver estacionamento com fartura, pois vivemos numa sociedade livre. Tanto bastou para que logo um outro, com fortes indícios de quadro superior da autarquia, descer a terreiro para apoiar o do estacionamento com fartura, aproveitando para injuriar o discordante, cuja intervenção apodou de "perfeita estupidez".
Isto porque, vivendo em Tomar, segundo também escreveu, nunca sentiu que houvesse falta de estacionamento na área urbana, aproveitando para enumerar os parques de estacionamento existentes na zona antiga e além da ponte. O que há, acrescentou em tom crítico, são cidadãos que pretendem levar o carro para todo o sítio, e estacionar a dois passos do café, da loja, da repartição ou do emprego.
E temos de viver em boa harmonia, com cidadãos que nem tiveram a ideia de parar um bocadinho para pensar melhor. Para formular uma simples pergunta elementar. Porque há cada vez mais gente a dizer que falta estacionamento e muitas outras coisas em Tomar?
São os tais antolhos, umas vezes partidários, outras vezes culturais, outras ainda ambas a coisas, que forçam um visão estreita da realidade, com poucas ou nenhumas hipóteses de alargamento. No caso, vejamos rapidamente. A esmagadora maioria dos turistas chega a Tomar de automóvel e de autocarro, e quase todos se dirigem logo para o Convento de Cristo.
Uma vez que há apenas 7 lugares para autocarros de turismo, muitas vezes deixam os visitantes à entrada do monumento e vão estacionar junto à Casa da água dos Pegões altos, onde não existe qualquer equipamento. Nem sanitários, nem bar, nem área de descanso, e o piso é de terra batida.
Ali ficam a olhar para os pinhais, até uma hora mais tarde o guia do grupo os chamar por telemóvel. Muito bucólico, sem dúvida. Mas é isto aceitável em 2024, junto a um monumento Património da humanidade, em plena União europeia, que para cá manda milhões e mais milhões para equipamentos?
Pior sorte têm os automobilistas. Se ao chegarem encontrarem os dois pequenos parques cheios, e as redondezas sem uma nesga onde parar, que solução têm? Naturalmente vão-se embora para onde haja melhores condições de acolhimento.
Mas isso é lá em cima no Convento, dirão alguns cérebros locais ligados à autarquia. Pois é. Mas será que cá em baixo a situação é melhor? Alguém está a ver um visitante estacionar o carro no largo do Mercado, por exemplo, para visitar a Sinagoga ou lanchar nas Estrelas? E parar na Rua Voluntários da República, ou junto à Estação, para fazer compras na Corredoura?
Assisti um dia destes ao espectáculo algo insólito de um carrinho da bagagens, daqueles dos hotéis, (ver imagem supra) cheio de varões amarelos, carregado com uma pilha de malas e empurrado por um empregado trajado a rigor, circulando na rua Silva Magalhães, entre a esquina da Várzea Pequena, onde parou o autocarro à falta de melhor, e a Praça da República. Pitoresco é certamente. Mas será prestigiante para uma cidade com pretensões a grande centro de turismo?
Deitem fora os antolhos quanto antes, se puderem, e tratem de alargar a visão para ambos os lados. Pode ser que ainda vão a tempo. 





TURISMO

O MILAGRE TURÍSTICO TOMARENSE


É o mundo às avessas. O contrário do que deveria ser. Quando se foca o cada vez maior fosso entre Ourém a crescer e Tomar a decair, há luminárias nabantinas -ditas de esquerda, ainda por cima- que reajem prontamente e de forma categórica -"É porque os gajos têm Fátima." Seria portanto lógico que, contando com a propensão para milagres naquele famoso santuário, os oureenses, que são a capital concelhia da zona, dispensassem a elaboração de custosos e fastidiosos planos de desenvolvimento turístico, que depois é necessário ir actualizando, assim se gastando verbas que tanta falta fazem noutros sectores. Nos subsídios e concertos à borla, por exemplo.
Vai-se a ver e não senhor. Antes pelo contrário. A autarquia de Ourém não se fiou nem nos milagres de Fátima, nem na protecção da fada Oureana, nem nas suputações dos nabantinos, seus sócios na Tejo Ambiente, um negócio das arábias, e vai daí encomendou a elaboração de um Plano estratégico de turismo para o concelho, que após apresentado numa recente reunião do executivo, vai agora para debate e aprovação na Assembleia municipal. (Ver link).
Minudências de somenos importância, que a maioria socialista tomarense dispensa, e com toda a razão. Não consta do seu magnífico programa, sufragado pelos tomarenses. Além disso, quem tem a Casa das ratas, a Filipinha das festarolas à borla, e a protecção de santa Anabela, agora alcandorada a altas funções, justamente na promoção turística, integrada numa lista dos adversários "laranja" de forma limpa, precisa lá agora de planos! Necessita, isso sim, é de fundos nacionais ou europeus para estoirar, e da complacência do rebanho de eleitos tomarenses, que nossa senhora de Fátima ajude e Deus proteja. O resto, que é quase tudo, virá por acréscimo. E caso não venha, só perde é quem tem algo a perder. Pois se até há por aí um respeitável cidadão -abrigado num nome suposto, porque nunca se sabe- sempre pronto a repetir, em comentários sucintos, que o grande erro tomarense tem sido a aposta no turismo, vejam bem!
Vivó socialismo tomarense! Vivá brilhante oposição que temos! Vivá excelente informação local, cujas magníficas análises são apreciadas no país inteiro, graças à sua nunca desmentida pertinência e acutilância! A óbvia decadência tomarense é apenas um pequeno acidente de percurso, sem grande incidência no futuro brilhante que aí vem para Tomar. Amém!

ADENDA

Cereja no topo do bolo e elegante bofetada de luva branca, o Plano estratégico para o turismo de Ourém, não só não prejudica, como até ajuda Tomar. Tem cinco eixos turísticos estratégicos, e outras tantas áreas turísticas-chave a desenvolver. Uma dessas áreas é o Agroal. O lado oureense, é claro. 
Na margem tomarense do Agroal, consta que o Departamento de Estudos Turísticos do Politécnico está a encarar a hipótese -caso venha a conseguir obter a indispensável licença camarária- de pôr a funcionar uma área de turismo selvagem experimental para nudistas, com distribuição diária de sopas para comer sem colher, e um litro de tintol da zona por cabeça e por refeição. Tudo à borla, estilo tomarense. "Agroal food" depois da recente "street food", do glorioso reinado filipino, agora infelizmente quase a terminar.



terça-feira, 7 de maio de 2024



TRIBUNA do PSD - TOMAR

PSD DE TOMAR ASSINALA 25 DE ABRIL
COM TOMADA DE POSSE


Decorreu, no passado dia 25 de Abril, a tomada de posse dos órgãos concelhios recém-eleitos do PSD e da JSD de Tomar, nas Serras da Sabacheira (GDR - Grupo Desportivo e Recreativo da Sabacheira). A cerimónia de tomada de posse, que juntou várias dezenas de militantes, simpatizantes e autarcas, contou com a intervenção de Tiago Carrão, Presidente da Comissão Política da Secção de Tomar do PSD, de Duarte Joaquim, Presidente da JSD de Tomar, e também dos representantes das estruturas distritais de Santarém, Tiago Ferreira (PSD) e Ricardo Carlos (JSD).
Neste dia, o PSD de Tomar celebrou também os 50 anos do 25 de Abril, reforçando que hoje continua a ser tão ou mais necessário trabalhar para manter a liberdade, valores e democracia conquistados em 1974. Na sua intervenção, Tiago Carrão dirigiu palavras duras à governação municipal socialista, questionando se “nós, Tomarenses, somos realmente livres ou estamos presos às amarras desta governação socialista?”, afirmando depois que “Tomar não está condenada à estagnação, à indiferença e ao desânimo”, e que o PSD está a trabalhar para se apresentar às eleições autárquicas do próximo ano “como um farol de esperança para todos os tomarenses”, através de um projeto assente na credibilidade, seriedade e visão de futuro para o concelho.
Os órgãos recém-eleitos do PSD de Tomar assumiram então, perante os militantes, a ambição de vencer as eleições autárquicas de 2025, apelando, para isso, à participação e apoio de todos.

Tomar, 6 de maio de 2024

PSD - TOMAR

Imagem Rádio Hertz (editada), com os nossos agradecimentos.

Desenvolvimento local

Situação deprimente e exasperante


É um tempo triste, deprimente e ao mesmo tempo exasperante. Olha-se para a notícia, sem grandes detalhes, cumprindo o usual "quem, o quê, quando, onde", mas sem o necessário "como, porquê", para mais cabal entendimento, e fica-se triste, a pender para o deprimente e deslizando lentamente para a exasperação. (Ver link)
12 milhões de euros de obras no concelho, com fundos europeus, redundam numa verdadeira pobreza de espírito. Não falta dinheiro. Faltam cabeças. Uma miséria em termos de inovação. Biblioteca municipal, Protecção civil, Nova viatura para os bombeiros, Arranjos em Carvalhos de Figueiredo, Acrescento na circular urbana, Passadiço em S. Lourenço, Arranjos na ponte pedonal do Flecheiro,  Requalificação da Escola Gualdim Pais, Melhoramento do Largo de Cem soldos, Conclusão do saneamento no Centro histórico. Tudo coisas úteis, sem dúvida alguma, mas largamente insuficientes para uma urbe como Tomar. Uma lástima.
É praticamente só remendos, acrescentos, reparações, melhoramentos, sem qualquer ideia nova. Sem rasgo, sem imaginação, sem golpe de asa. Onde estão as soluções para os vários problemas tormarenses, o mais gritante dos quais é a assustadora falta  de estacionamento junto ao Convento, no Centro histórico e na área urbana.? Para quando os equipamentos urbanos indispensáveis ao inevitável aumento do fluxo turístico, como um pavilhão multiusos ou uma ligação rápida e não poluente Cidade-Castelo?
Nota-se desde há muito uma assustadora falta de ideias fecundas, em gente que se candidatou a lugares que não podem ser desempenhados a contento sem coragem, audácia, honradez e cabeça bem afinada. Chega de pouca sorte e de lamúrias. Ninguém nos quer prejudicar enquanto urbe multicentenária. As nossas escolhas eleitorais é que não tem sido as melhores. Haja pelo menos frontalidade para reconhecer, protestar e mudar.
As autárquicas de 2025 são já ali adiante. Vamos quebrar barreiras, deitar para o lixo os óculos partidários, e avançar? Parece-me óbvio que a actual maioria não tem recursos humanos para aspirar a mais uma vitória. Falta apurar quem a vai substituir. Vamos a isso? Sem esforço e preparação adequada, não vamos a lado algum. Já os latinos diziam audaces fortuna juvat (a sorte ajuda os audazes).


segunda-feira, 6 de maio de 2024

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3.

Promoção turística

FOI UM ÊXITO O FRACASSO 

DO CONGRESSO DA SOPA



Quem, como o autor destas linhas, já anda nisto há muito tempo, sabe que parte dos leitores nabantinos só gosta de boas notícias. Ou de eventos noticiados pela positiva. Quando assim não é, não lêem e estão no seu direito. Ciente dessa situação, Tomar a dianteira 3 passa a "dizer bem" da recente edição do Congresso da sopa, sem atraiçoar a realidade factual.
Na excelente informação local que temos, houve ocasião para ler dois estilos opostos. Num deles, não se mencionava o manifesto insucesso do congresso, que registou menos sopas, menos restaurantes e menos manducadores, para assim realçar o êxito da coisa, escondendo o malogro. No outro, pelo contrário, foi-se ao osso da notícia. Escreveu-se que houve menos sopas  e menos restaurantes inscritos. Só faltou a menor afluência, porque a notícia foi redigida antes da consumação do relativo desastre. (ver links)
Em pleno Congresso, a maioria PS local fez-se fotografar, todos com rasgados sorrisos, e com toda a razão. O evidente fracasso do Congresso da Sopa foi um êxito. Conseguiram de uma assentada menos sopas, menos restaurantes e menos congressistas de bandulho.
Melhor ainda, a vereadora do costume vai garantir a pés juntos que correu tudo o melhor possível, e que a menor participação se deveu às más condições atmosféricas, com alguma chuva e bastante frio para a época. Confirmará assim, sem disso se dar conta, que os proprietários dos restaurantes da zona, além de bons especialistas em culinária, são também excelentes meteorologistas. Conseguiram prever com semanas de antecedência que ia estar mau tempo, o que os levou a abster-se, para as sopas e o pessoal não se constiparem.
Outro êxito digno de nota foi o manifesto aumento de associações e entidades públicas, armadas em cozinheiras de salvação local. Perante a carência de tascas e restaurantes, tentaram colmatar, o que em termos práticos resultou numa substituição da iniciativa capitalista pela economia pública ou subsídiodependente, afinal a mesma coisa em termos de resultado. Houve mesmo um nítido aumento de sopas provenientes de entidades com outras vocações, todas dependentes dos subsídios camarários, o que tende a mostrar que teve êxito relativo a ideia camarária de conseguir mais inscrições do que no ano anterior. Falharam no global, mas conseguiram quanto à economia socialista.
Essa labuta autárquica em prol de mais sopas provenientes de entidades de fora da esfera capitalista, foi de tal ordem que até o respeitável Instituto Politécnico avançou com as suas sopinhas, apesar de não assegurar nenhuma licenciatura em culinária ou de gastronomia. Ficaram-se pela "sopa IPT" e "sopa de peixe", mas parece-me que teria sido mais adequado "sopa de faz de conta" e "sopa fracassada", por ser do conhecimento geral que o ensino no IPT é um êxito indesmentível. Têm cada vez menos frequência, apesar das numerosas habilidades na área da camuflagem, o que faculta a docentes e discentes uma qualidade de vida muito acima da média, com um sossego só possível na província decadente ou nos cemitérios, o que é parecido.
Agora não venham dizer que Tomar a dianteira 3 não fez um esforço considerável para dizer bem daquilo que manifestamente está mal em Tomar, e tende a piorar. Pois, bem sei. Os optimistas interesseiros e os de óculos partidários da cor, vão alegar que podia ter sido bem pior. E não é que podia mesmo? Mas é só esperar pela próxima.

 

domingo, 5 de maio de 2024

 




TURISMO

Tomar vista pelos turistas de língua francesa 


A habitual newsletter do Routard.com, o guia turístico francófono mais vendido na Europa, dedica esta semana bastante espaço a Portugal. Além de várias propostas de caminhadas, há a ROTA DO MANUELINO EM PORTUGAL Ilustrada com as três imagens supra, um pouco diferentes daquelas a que estamos habituados, inclui textos sobre o Convento de Jesus, em Setúbal, Jerónimos e Torre de Belém, em Lisboa, Igreja de Santa Cruz, em Coimbra, Mosteiro da Alcobaça, Mosteiro da Batalha e o Convento de Cristo. Eis a tradução integral do texto sobre Tomar:

TOMAR: O ANTRO DOS CAVALEIROS DE CRISTO

"Conquistada aos mouros em 1160 [É falso, Tomar nunca foi habitada pelos muçulmanos. Nota do tradutor.] por um autêntico cruzado, mestre da Ordem dos templários em Portugal, Tomar foi logo de seguida dotada de uma fortaleza, na crista montanhosa dominando a localidade. A prudência é a mãe da segurança! O castelo torna-se então a sede da Ordem do Templo em Portugal.
Antes de partir combater, os cavaleiros oravam (a cavalo!) no oratório -a Charola- uma extraordinária rotunda, réplica do Santo Sepulcro em Jerusalém, apoiada em oito colunas e rodeada por um deambulatório de 16 lados. Em 1321, o Papado dissolveu a Ordem dos templários, mas se em França houve condenações e fogueiras, os templários portugueses, necessários para a reconquista, escaparam ao apocalipse. Só mudaram de chapéu e passaram a ser cavaleiros da nova Ordem de Cristo.
Um século mais tarde, o Infante D. Henrique, o Navegador, é nomeado governador da Ordem, e foi assim que a cruz de Cristo se fez ao largo, nas velas das caravelas portuguesas. Em Tomar, o Infante transforma o castelo em Convento de Cristo, e o seu sobrinho-neto, D. Manuel I, continua a obra, integrando a Charola numa igreja mais vasta, com abóbadas radiantes e aberturas espectaculares.
Vista do exterior, a célebre Janela de Tomar (1513), obra de Diogo de Arruda, atrai os olhares de todos. Apoteose do estilo manuelino, é tão exuberante que chega a parecer extravagante. Está decorada com cordas, nós, algas, raízes, etc.  Anjos e quimeras sobem ao longo de dois mastros de naus, cinzelados com mil motivos vegetais e marítimos. Toda uma viagem gravada na pedra, com o rosto do capitão em baixo, suportando toda a construção.
A 22 quilómetros de Tomar, o Castelo de Almourol, velha fortaleza templária a não perder."

Conforme se pode constatar, apenas se descreve o essencial do Convento de Cristo. Nenhuma referência ao centro histórico tomarense, apesar do portal protomanuelino de S. João Baptista.


sábado, 4 de maio de 2024



Casa da água da nascente da Porta de Ferro, nos Brasões, com árvores e arbustos na parte exterior da abóbada, e a partir de onde a água deixa de correr no aqueduto.

Recuperação do Aqueduto dos Pegões

De onde vem o perigo para a democracia? Do Chega! ou dos aprendizes de salazarismo que chegaram ao executivo municipal?


Pode ler-se por aí, em periódicos tão sérios quanto o Público ou o Expresso, que os partidos de extrema-direita, como o Chega! são um perigo para a nossa jovem democracia, e fica-se preocupado. Realmente, se assim é, que soluções para o problema, uma vez que o partido de Ventura conseguiu mais de um milhão de votos, num país de nove milhões de eleitores?
Enquanto isto, em Tomar, conhecida terra de rurais tacanhos do centro do país, o Chega! apresentou no parlamento municipal, em 15 de Abril 2024, uma moção propondo a recuperação integral do Aqueduto dos Pegões, a qual foi aprovada por maioria, incluindo portanto os votos favoráveis do PSD. Eis os seus pontos principais:

"1 - Seja aprovado um plano de restauro estruturado e abrangente para o Aqueduto dos Pegões, visando a sua recuperação integral...
2 - Sejam alocados os recursos financeiros necessários para a realização deste projecto, buscando apoios de entidades governamentais, regionais e internacionais, bem como parcerias público-privadas, se necessário
3 - Seja constituída uma comissão especializada para acompanhar e fiscalizar o processo de restauro, assegurando a transparência e a eficácia das ações desenvolvidas."

Confrontado com esta decisão maioritária do parlamento municipal, que representa oficialmente todo o concelho, o presidente Hugo Cristóvão terá dito, segundo fonte fidedigna, que o executivo camarário não tenciona implementá-la, porque a autarquia não tem verbas disponíveis, e por se tratar de uma decisão não vinculativa da Assembleia Municipal, acrescentando que é apenas uma opinião partilhada maioritariamente sob a forma de recomendação.
Sendo assim, cabe perguntar:
A - Se as decisões votadas por maioria, no parlamento municipal livremente eleito, são apenas recomendações não vinculativas, então a Assembleia Municipal na prática serve para quê? Para os deputados municipais se irem entretendo e embolsando umas magras senhas de presença?
B - Se a maioria socialista na autarquia tomarense só faz aquilo que entende, não se sentido obrigada a cumprir as deliberações maioritárias do parlamento municipal, onde reside em Tomar o tal perigo para a democracia, tão temido por alguma informação de topo? No partido Chega! que consegue ver aprovada uma moção para recuperar um bem patrimonial importante? Ou nos aprendizes salazaristas do executivo municipal, que se estão marimbando para as decisões aprovadas democraticamente pelo parlamento autárquico?
Que se saiba, a ditadura começa quando os executivos deixam de obedecer às normas democráticas, recusando implementar deliberações votadas por maioria em parlamentos eleitos livremente. O resto são tretas para ir ornamentando uma realidade cada vez mais sombria e, bem vistas as coisas, nefasta para todos. Mas não há piores cegos do que aqueles que não querem ver. 
A oposição representada no executivo, não tem nada a dizer sobre esta matéria? Entenderão os vereadores PSD que já nem vale a pena protestar, por terem a sensação pouco confortável de "falar para o boneco"? 
Embora por vezes possa parecer que não, o povo gosta sempre de perceber estas coisas. E "o povo é quem mais ordena", ao fazer a cruzinha no boletim de voto. Convém não esquecer, porque "elas cá se fazem e cá se pagam". Depois não se venham queixar que o Chega! vai crescendo porque o eleitorado vota mal...


sexta-feira, 3 de maio de 2024




Turismo

Agrava-se a angustiante falta de estacionamento no centro histórico e junto ao Convento.

A imagem supra, colhida às 14 horas de sexta-feira 3 de Maio de 2024, documenta uma situação assustadora, que apesar disso não parece preocupar sobremaneira os tomarenses, ensimesmados na sua habitual indiferença perante as coisas da urbe. A cada vez mais evidente falta de estacionamento, que afasta de Tomar milhares de visitantes, que assim deixam de frequentar os monumentos e o comércio local. Cumpre-se desta maneira aquela norma jornalística segundo a qual "uma imagem vale mais que mil palavras". Se ao príncípio da tarde de uma sexta-feira do início de Maio, antes portanto da alta estação turística, o pequeno parque pago da Cerrada dos cães já estava a rebentar pelas costuras, com dezenas de veículos estacionados em locais interditos, agora imagine-se o que vai acontecer em Junho, Julho, Agosto e Setembro, sobretudo aos fins de semana.
Quantos milhares de turistas se irão embora, antes mesmo de visitar a urbe ou o seu principal monumento, por não acharem onde estacionar? Situação tanto mais angustiante para os tomarenses, sobretudo os comerciantes, quanto é certo que, lendo com atenção todos os relatos da actividade política local, nota-se que neles não consta qualquer referência ao problema, nem para já, nem quanto ao futuro. Para onde vamos, assim a caminhar às cegas e alheios ao que nos rodeia? Queremos viver todos à custa do Estado, sem inciativa privada nem pública, para além das festas e do assistencialismo? E de onde virá o dinheiro para tanto? Bruxelas não é como o ouro do Brasil. Tudo tem um fim, mais ou menos glorioso. E depois?

quinta-feira, 2 de maio de 2024


 Animação turística

Encontro anual de consumidores de lavadura

Menos sopas e menos restaurantes no Congresso da Sopa | Tomar na Rede

É já amanhã que vamos ter a 30ª edição do Congresso da Sopa, que o saudoso Gonçalo de Macedo, então director do Cidade de Tomar,  com a sua habitual frontalidade, crismou como "Encontro anual de consumidores de lavadura". Ideia genial de Manuel Guimarães, que veio das faldas da Serra da Estrela, por ter sido colocado como professor de Português e Francês na Jácome Ratton, nunca mais evoluiu após o desaparecimento prematuro do seu inventor, vítima de síncope à mesa, enquanto almoçava.
Na ideia original, o certame devia evoluir, tal como o seu nome indica, para algo anualmente inovador, com votação do público participante e atribuição de prémios. Algo assim como um festival nacional de invenção gastronómica. O falecimento de Guimarães tornou tudo isso impossível. A organização camarária apenas se tem preocupado, como é hábito com tudo aquilo que faz ou manda fazer na área da animação, em cumprir a tradição e conseguir maior participação do público em relação ao ano anterior.
Não espanta por isso que o certame se tenha transformado em algo repetitivo, simples reunião anual de gente que pretende encher o bandulho a bom preço, num local aprazível mas cada vez menos adequado para a função, por falta de espaço, de comodidades e de instalações sanitárias em quantidade e qualidade.
Infelizmente, os autarcas que temos tido, surdos e julgando que já sabem tudo e mais alguma coisa, não estão muito virados para a inovação. Pelo contrário, insistem em repetir, mesmo quando é óbvio que o modelo está ultrapassado, como no caso dos tabuleiros, por exemplo. Uma vez que as próximas autárquicas são já dentro de 16 meses, resta esperar que, por improvável milagre, os tomarenses escolham finalmente candidatos mais em conformidade com os tempos que correm, cá dentro e por essa Europa fora. O problema é que os milagres, mesmo em Fátima... E a população vai ter de continuar a calçar os patins, em busca de outros horizontes mais aliciantes... e de sopas mais inovadoras. É a vida!



Boca do cano, Vale da Pipa, Cu de cão e Porta de Ferro, as quatro nascentes do Aqueduto dos pegões, o qual durante mais de três séculos alimentou o Convento de Cristo e regou a Cerca conventual, vistas a partir do satélite. A nascente da Porta de Ferro é a do lado direito, junto aos Brasões. É a partir dali que a água deixou de correr no aqueduto, logo que o Seminário deixou o Convento. Ele há coisas...

Património

DESMAZELO 

A moléstia que atacou a Cerca e os Pegões

TOMAR – Assembleia Municipal mostrou-se preocupada com o atual estado da Mata dos Sete Montes. Silêncio do ICNF é alvo de críticas (c/vídeo) | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Visitantes desolados com o estado do jardim na Mata dos Sete Montes | Tomar na Rede

Ao cabo de vários anos de porfiados esforços nestas colunas, procurando alertar para a evidente degradação da velha Cerca conventual, depois Mata nacional dos 7 montes, e do Aqueduto dos pegões, parece que finalmente as forças políticas e a informação local resolveram pegar no assunto. (ver links) Na recente sessão da Assembleia municipal, foi reconfortante ouvir a extrema direita (Américo Costa-Chega!) e a extrema esquerda (Bruno Graça-CDU) unidos no protesto contra o estado de evidente desmazelo a que se chegou.
Praticamente ao mesmo tempo, também o Tomar na rede pegou no tema e de forma assaz completa, mas parece haver em ambos os casos uma visão lacunar do assunto. As citadas intervenções centram-se nos estragos agora demasiado evidentes na Mata, culpando e bem a respectiva gestão, cuja sede é em Torres Vedras (!), mas omitindo a sua causa. Há indisfarçável desmazelo, desleixo ou falta de manutenção, tanto na Mata como nos Pegões, sendo que é a falta da água do aqueduto que provoca o estado em que se encontra designadamente o buxo, agora quase todo seco, mas não só.
Ou seja, é a falta de manutenção no Aqueduto de Pegões que origina a alteração ecológica na Mata, que tende a provocar a morte lenta da cobertura vegetal mais sensível. E o aqueduto não depende da administração da Mata, mas da direcção do Convento de Cristo, do qual é parte integrante.
Infelizmente, apesar de ocupar o cargo há mais de cinco anos, não consta que a actual directora do monumento, uma excelente pessoa, extremamente simpática, muito sensível, competente e à la page, alguma vez tenha percorrido o aqueduto de ponta a ponta. Compreende-se, porque o terreno é demasiado escarpado para sapatos de tacão alto, mas não se aceita que jamais tenha havido esforços no sentido de restabelecer as condições que prevaleceram durante séculos -a água a correr no aqueduto, da Boca do cano até ao tanque junto a Torre de Dª Catarina, no castelo templário. É assim tão difícil restabelecer a autoridade do Estado numa propriedade multi-secular que sempre pertenceu à Ordem, à Coroa e ao País?
Tal como acontece com os governos e com as chefias em geral, quem não consegue desempenhar cabalmente as suas tarefas, deve ter a coragem de ceder o lugar a quem possa vir a fazer melhor. É a norma usual em todos os países ocidentais.

 

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Vista geral de Portalegre - Alto Alentejo

O país que somos

A vida complicada dos imigrantes 

num país que até os acolhe bem

Esta é uma saga real e actual. Omitem-se nomes e outros dados, procurando respeitar a privacidade dos intervenientes na medida do possível.
Uma pessoa imigrante de língua oficial portuguesa, que reside legalmente em Portugal há mais de cinco anos, tem um cartão de residente permanente válido para dez anos, e vive em união de facto com um cidadão nacional.
De acordo com a legislação em vigor, pretende obter a nacionalidade portuguesa, designadamente para simplificar os procedimentos de fronteira, pois passará a ter direito ao controlo automático de passaportes, sem intervenção humana, assim evitando as usuais filas intermináveis. 
A Lei da nacionalidade prevê várias situações que permitem  obter a cidadania portuguesa, entre as quais a união de facto com um português. Neste caso, torna-se necessário contratar um advogado, para apresentar um processo sumário de confirmação da união de facto, já anteriormente reconhecida na Junta de freguesia do local de residência.
A pessoa em questão pagou a um advogado, a quem entregou os documentos que lhe foram solicitados, e ficou aguardando. Passado um ano, a única informação que obteve até agora foi a indicação de que o respectivo processo aguarda marcação de data para o julgamento de reconhecimento da união de facto.
Perante tal demora, talvez resultante da greve dos oficiais de justiça, a cidadã requerente decidiu recorrer a outra cláusula da lei da nacionalidade, a que estabelece ter direito a obter a nacionalidade quem residir legalmente no país há pelo menos cinco anos. Obtidos os documentos necessários, passou-se à fase da marcação de atendimento, que se revelou impossível, tanto por telefone como via internet. Ou não atendem ou  mandam para os sites da internet, onde informam a cada tentativa de que não há vagas nos meses mais próximos.
Consultada a lista dos Registos civis que dispõem de "balcão da nacionalidade", a imigrante interessada optou por um dos cinco existentes no interior do país, partindo do princípio que os da faixa costeira, mais numerosos, devem estar todos bastante ocupados, dado não se conseguir obter marcação prévia.
Tudo ponderado, rumou-se a Évora, onde foi um bocado complicado encontrar a sede dos "Registos e notariado". Uma vez nas instalações modernas e funcionais, como é uso dizer-se, tendo informado o segurança de serviço, ao lado do dispositivo das senhas numeradas, sobre a pretensão, a resposta foi pronta e amável: -O funcionário que tratava das naturalizações reformou-se em 2 de Abril passado, e ainda não foi substituído. Tentem noutro serviço, talvez em Portalegre.
Em Portalegre as instalações são também modernas e funcionais, com secretárias tendo no resguardo inferior a indicação do serviço respectivo. Estavam apenas os funcionários. Não havia "clientes". Como também não havia segurança de serviço, só um polícia à porta, optou-se pela secretária com indicação "Cartão de cidadão".
O funcionário foi simpático e directo. Depois de ouvir o relato sucinto do caso disse: -Dirijam-se à minha colega dos passaportes, aqui ao lado. E apontou. Explicada de novo a situação, a resposta foi simpática, em tom de comiseração, assim como quem pensa "coitados, vieram de tão longe". -Os senhores vêm de Évora, mas onde é que vivem? Podiam tratar do assunto lá em Tomar, ou noutro serviço mais próximo.
Quando ouviu dizer que em Tomar o Registo civil já nem seqer faz casamentos por falta de pessoal, quanto mais agora processos de obtenção de nacionalidade, pediu licença para ir falar com a chefe de serviço. A senhora veio, examinou os documentos apresentados e informou que iam tratar do assunto, mas que teriam de voltar alguns dias depois.
Tendo perguntado quais as preferências em termos de dias e horas, perante a resposta "qualquer dia e qualquer hora servem, faça favor de indicar", pediu para se esperar um bocadinho, após o que disse para irem passear e voltarem meia hora mais tarde, o que foi feito.
Uma outra funcionária, igualmente simpática, tratou então de tudo, cobrou os 250 euros previstos na lei, entregou um recibo, informando que, caso nos próximos três meses não haja qualquer correspondência dos serviços centrais, sobre o andamento do processo, deve-se contactar pelo @ constante do cabeçalho do documento-recibo, para obter uma senha-passe, que permitirá seguir o andamento (?) do processo.
Questionada sobre a duração do processo, foi clara: -Está tudo muito demorado. Contem pelo menos um ano. É assim o país que somos. Esperar pelo menos um ano para obter a nacionalidade, após pagar 250 euros. Em pleno século XXI e na Europa ocidental.



segunda-feira, 29 de abril de 2024


Política partidária local

Votar no menos mau 

por não haver melhor

Cinquenta anos após Abril, é evidente para todos os tomarenses conscientes e com um mínimo de formação política, que Tomar está a ficar cada vez mais para trás, na caminhada do progresso, em relação aos outros concelhos da região. Além de Leiria, agora com mais de cem mil eleitores, contra menos de 40 mil em Tomar, quando em 1974 tinham população comparável, temos Ourém já a caminho dos 50 mil eleitores, contra 34 mil em Tomar, quando nos anos oitenta do século passado, a então Vila Nova de Ourém tinha menos população que Tomar. Acrescente-se que, ao ritmo actual, tudo aponta que dentro de poucos anos também Torres Novas vai ultrapassar Tomar em termos demográficos.
Perante um panorama tão pouco animador, duas atitudes são possíveis. deixa andar e porquê? Opto por esta, mas recuso respostas tipo "é porque está na faixa costeira", para Leiria; "têm Fátima", para Ourém; ou "passa lá a auto-estrada Lisboa-Porto, o que ajuda muito", para Torres Novas. Pode muito bem ser assim, mas também há a hipótese de Tomar não ter conseguido usar até agora de forma adequada os trunfos de que dispõe. Que trunfos? A centralidade, o Convento, os templários, o Nabão, os tabuleiros, o ensino superior, por exemplo.
No meu modesto entendimento, a manifesta incapacidade dos governantes tomarenses para jogarem com eficácia os trunfos de que dispõem, resulta de uma espécie de maldição. Desde 76 até hoje, os nabantinos já escolheram livremente os seus governantes  em mais de dez eleições livres, mas só uma vez optaram pelo melhor, como se vê pela votação conseguida. Foi quando o Paiva obteve mais de 15 mil votos, contra pouco mais de metade da maioria actual. Nos restantes casos, os meus queridos conterrâneos têm escolhido sempre pela negativa. Votaram no menos mau, por não haver bom nem melhor.
Houve, é certo, a alternativa Independentes por Tomar, que durou pouco por nunca ter apresentado um programa convincente, e ser evidente a influência da CDU, ao incluir pelo menos dois conhecidos ex-quadros daquela coligação, cujos nomes me dispenso de indicar, por serem bem conhecidos. Até que, finalmente, apareceu uma alternativa de direita com algumas hipóteses, ao conseguir no concelho mais de 10% dos votos, nas legislativas de Março 2024. Refiro-me ao Chega, que tem o mérito de apresentar ideias claras fora da caixa da esquerda.
Infelizmente, também neste caso pode tratar-se de uma tentativa sem grande futuro no concelho de Tomar. Factos convergentes parecem indicar que, ao decidirem escolher em Santarém os dirigentes da concelhia de Tomar, os seguidores de Ventura espalharam-se ao comprido, pois ignoraram a velha rivalidade com os ribatejanos, e assim provocaram uma fractura precoce e  escusada. Tomar a dianteira 3 sabe que a anterior dirigente concelhia do Chega, Vera Ribeiro, é candidata da Nova Direita nas eleições europeias.
Há portanto uma ruptura, cuja amplitude está por determinar, mas que não augura nada de bom. Tendo avançado muito em relação à Iniciativa Liberal, conseguirá o Chega! fazer o mesmo com a Nova Direita? Vai ser difícil. No meu tosco entendimento, ou se coligam os 3 em torno de um robusto programa de direita para desatolar Tomar, ou vamos ser obrigados a escolher outra vez o menos mau, à falta de melhor, em 2025. Isto porque muito dificilmente poderá haver mudança de hábitos, tanto na esgotada maioria PS como na pasmada oposição social-democrata. Oxalá esteja enganado!



Turismo e desenvolvimento económico

TOMAR: 

Um micro aeroporto pouco rentável


Um micro aeroporto pouco rentável e muito desconfortável para a maior parte dos viajantes, eis numa metáfora o que parece ser Tomar nesta altura. Quem viaje pelo país, já notou decerto que, ao contrário de Fátima, Batalha, Alcobaça, Óbidos, Sintra e outras, em Tomar a principal atracção turística -o Convento de Cristo- não está ligada à malha urbana. Há uma larga faixa sem casas, cujo relevo impede grandes parques de estacionamento ou outros equipamentos. 
Na mesma linha de pensamento, quem anda ou já andou bastante por esse mundo fora, conhece dezenas de aeroportos, todos com as mesmas características - vastos parques de estacionamento tarifado à entrada, inúmeros estabelecimentos comerciais de toda a espécie, da alimentação à venda de automóveis, passando pelo vestuário, as bagagens e as recordações, desde a entrada ao check-in e aos portões de embarque.
Vistas as coisas desta maneira, Tomar pode considerar-se metaforicamente, em termos de economia de mercado, uma espécie de micro aeroporto pouco rentável, para não dizer falhado. Isto porque, não só o estacionamento é largamente insuficiente (50 lugares para ligeiros e 7 para autocarros), como faltam os estabelecimentos comerciais. Há apenas uma cafetaria cá fora (com preços de escaldar) e outra dentro do monumentos, bem como três lojas, se não erro, duas agora pertencentes à empresa pública Museus e Monumentos de Portugal e uma à ADIRN. (E duas vendedoras ambulantes, toleradas com relutância, tanto pela direcção do monumento como pela autarquia.)
Temos de concordar que é demasiado pouco, com a agravante de não se poder ampliar, sob pena de grave destruição da paisagem envolvente. Resta portanto encontrar outras soluções, se queremos inverter a actual decadência, provocada pela nossa evidente incapacidade para aproveitar as numerosas oportunidades existentes. O turismo vai crescendo, mas a cidade vai definhando, pelo menos em termos demográficos.
Como? Fazendo cá em baixo o que não se pode realizar lá em cima e, uma vez concluídas as obras, interditando o acesso automóvel às proximidades do monumento, alegando protecção do património, excepto para os moradores à data da mudança, levando todos os visitantes a atravessar parte da área urbana, entre os parques de estacionamento a criar e o acesso mecânico ao Convento a instalar, e assim transformando pouco a pouco algumas ruas do centro histórico em galerias comerciais de passagem obrigatória, como nos grandes aeroportos. Haverá audácia para tanto? Respostas durante a campanha eleitoral de 2025 porque, com três candidatos fortes, muito dificilmente algum conseguira ser eleito após debitar apenas tretas de circunstância, como tem acontecido, com os péssimos resultados que estão à vista de todos, mas que os óculos partidários impedem de ver.

domingo, 28 de abril de 2024


Turistas visitando o conjunto monumental de Angkor Vat, no Cambodja.

Desenvolvimento económico local

O equívoco tomarense àcerca do turismo

Nota prévia

Numa terra em que escasseiam os comentadores, em boa parte não por prudência, mas por carência de capacidade para tanto, ao não conseguirem elaborar fraseado e com ele construir textos, o que segue não é uma crítica, mas apenas mais uma tentativa de esclarecimento, em prol de Tomar e dos tomarenses.

Li ontem de novo, no Tomar na rede, que esta Câmara optou pelo turismo para desenvolver o concelho, sobretudo a partir do mandato de António Paiva, o que não corresponde à verdade. Facilitar o licenciamento de alojamentos locais, ou de unidades hoteleiras, não é de todo o mesmo que optar pelo turismo como motor do desenvolvimento local.
Quem procura estudar com alguma profundidade o fenómeno turístico, sabe que o mais importante nessa actividade em termos económicos, não é para os locais visitados o maior ou menor número de turistas, mas sim aquilo que gastam. No caso específico de Tomar, ao nítido aumento de visitantes durante todo o ano, não tem correspondido igual incremento no comércio e indústria locais, excepto na área hoteleira e da restauração e cafés.
É assim porque, embora não haja ainda estudos sobre o tema, é consensual que a esmagadora maioria dos visitantes, sobretudo estrangeiros, vem a Tomar para visitar o Convento de Cristo, não parando em geral na cidade por falta de condições, designadamente estacionamento. Ao assim proceder, nada gastam fora do Convento de Cristo, quando conseguem um lugar de estacionamento próximo do monumento, que lhes permita visitar. Porque durante a alta estação há muitos que se vão embora sem visitar, por não conseguirem estacionar nas proximidades.
Perdem os comerciantes citadinos, tanto os da área hoteleira e restaurativa, como sobretudo os outros. Isto porque, quem conhece bem Fátima, Alcobaça, ou os centros turísticos por esse mundo fora, sobretudo na Ásia, sabe duas coisas: 1 - É imprescindível haver estacionamento abundante nas proximidades de cada local a visitar, ou com ligação rápida entre o estacionamento e os monumentos ou atracções; 2 - Os percursos entre os locais de estacionamento e os de visita são os mais rentáveis em termos comerciais por esse mundo fora.
Nas condições actuais, em que nem há estacionamento suficiente próximo da área urbana ou dos monumentos, nem sequer um esboço de estudo para a sua implementação, falar de turismo como opção de desenvolvimento  escolhida pela actual maioria camarária, é manifestamente um abuso de linguagem, que procura iludir os eleitores. Sobretudo aqueles comerciantes que, não sendo de natureza turística, muito teriam a ganhar com outra organização do turismo local, mais  eficiente e mais proveitosa para todos.
Em caso de dúvidas a esse respeito, aconselha-se que visitem três locais relativamente próximos e aí verifiquem quais os estabelecimentos entre os locais de paragem e as atracções a visitar. Vão ter surpresas. Essas localidades são Fátima, Alcobaça e Óbidos.

sábado, 27 de abril de 2024

Aspecto de parte do terreno privado no Flecheiro, que a Câmara pretende adquirir, para poder concluir as obras em curso.

Arranjo urbanístico do Flecheiro

Mais um berbicacho camarário

Nas obras municipais em Tomar, é como diz o povo -"Cada cavadela uma minhoca." Há sempre qualquer coisa que falha, porque não estava prevista ou foi mal planeada. É agora a vez do Flecheiro. Zona industrial no plano de urbanização de Carlos Ramos, nos anos 60 do século passado, foi mais tarde considerado inadequado para essa função, por estar à ilharga da área urbana habitada, com os inconvenientes daí resultantes, designadamente o ruído.
Entretanto tinham-se ali instalado dezenas de empresas. Houve serração de madeira, fábrica de mosaicos, confecções em pele, serralharias, oficinas de mecânica automóvel, etc. e edificaram-se prédios de habitação, com comércio ou indústria no piso térreo, tanto ao longo da avenida Nun'Álvares como nas travessas e na paralela António Joaquim Araújo. Tudo legalmente, tendo ficado livres alguns lotes de ambos os lados da avenida.
Entre a avenida e o rio ficou, no antigo "milheiral da Marchanta", um grande terreno livre, onde chegou a haver um campo de treinos de futebol, com iluminação e tudo. A certa altura, nos idos de 70 do século passado, o então presidente Luís Bonet (PS) autorizou a instalação de ciganos nómadas, expulsos pelo novo proprietário dos terrenos da quinta de Santa André, junto à praça de toiros. Foi o início do acampamento precário do Flecheiro, que veio a durar mais de 40 anos.
Realojados pela Câmara, igualmente PS, todos os ocupantes do acampamento ilegal, pensou-se que já fora devidamente planeada a futura afectação da vasta área entretanto desocupada. Pura ilusão. Na Câmara de Tomar não parece haver gente capaz de planear ou mandar planear capazmente. Quem pensou que íamos ter finalmente no Flecheiro um novo campo da feira digno desse nome, enganou-se. As grandes sumidades locais em desenvolvimento urbano, sem ouvir previamente a população, optaram por um arranjo urbanístico sem pés nem cabeça, que só virá a servir para levar os cães a mijar, pelo menos enquanto não houver árvores de grande porte que dêem alguma sombra.
E foi mais um espalhanço de todo o tamanho. Mesmo sem o incómodo da opinião da população, os senhores eleitos, urbanistas e engenheiros não se informaram devidamente sobre as servidões existentes, donde resulta que as obras em curso não podem prosseguir normalmente no extremo sul, porque há um lote de terreno privado, onde em tempos funcionou a Serração do Perna, cujos herdeiros não querem vender, nas condições propostas pela Câmara.
Ou seja, quando se pensava que estava tudo preparado e desembaraçado para começarem as obras, apareceu um berbicacho, como aliás vem sendo habitual nos empreendimentos da autarquia. Basta pensar nas ciclovias sem continuidade, ou terminando contra uma árvore, como na Estrada da Serra.
O problema não é grave, dirão os competentíssimos técnicos superiores do costume. Basta "expropriar por utilidade pública", acrescentarão. Pois basta. Mas como convencer o poder judicial, em caso de recurso, de que aquilo tem alguma utilidade pública? 
Uma estrada, uma escola, um quartel de bombeiros por exemplo, são coisas com evidente utilidade pública, agora um vasto terreno plano, à ilharga do centro histórico e urbanizado à pressa... Como demonstrar a utilidade pública do lote a expropriar? É indispensável para quê? Para ampliar o mijadouro canino?


sexta-feira, 26 de abril de 2024

 

Hotel Vila galé - Tomar visto da Ponte velha. À direita, a ampliação com piscina que foi construída em leito de cheia. À esquerda, o Pego de Santa Iria sem o painel de azulejos enxaquetados do século XVII, que desapareceram durante as obras e ainda não mereceram qualquer comentário da Câmara nem da oposição. Tudo na paz do Senhor. Amém!

Entrada do parque de estacionamento do Hotel Vila Galé -Tomar, na Rua de Santa Iria, numa imagem colhida às 17 horas de 25 de Abril. Com apenas 15 lugares de estacionamento para 101 quartos, é previsível que venha a estar "completo" a maior parte do tempo. Os hóspedes que não conseguirem lugar no parque vão estacionar onde? Haverá um "valet" para levar o carro ao parque P2? Coisas simples da terra tomarense, como escreveu o Nini, cuja farmácia era logo ali.

Turismo e hotelaria

Hotéis à moda do velho oeste americano

A maioria socialista camarária tem fama de privilegiar o turismo, como opção principal de desenvolvimento económico de Tomar. Trata-se de um erro de interpretação, que resulta da brusca expansão da capacidade hoteleira local. Turismo é uma coisa, hotelaria é outra, embora estejam sempre interligadas, mas para os de fraca cultura "vai tudo dar ao mesmo".
Durante os dois mandatos e meio de Anabela Freitas, houve um brusco incremento na edificação de estabelecimentos hoteleiros em Tomar, com 2 novos hotéis de 4 estrelas e outro de 5 estrelas, além da remodelação da estalagem de Santa Iria. Quando a esmola é grande o santo desconfia, diz o povo e parece ser verdade.
O dito aumento da capacidade hoteleira local, tudo indica que foi conseguido à custa de dolorosas concessões,  legais ou nem tanto, a fazer lembrar a "justiça de Pecos", no velho oeste americano do século XIX, e indiciando situações de favorecimento, com fumos de corrupção. Há por exemplo o caso de determinada edificação em zona de cheia, numa das tais unidades de 4 estrelas, bem como a notória falta de lugares de estacionamento para os hóspedes, nessa e nas outras. (ver imagem)
De acordo com o artigo 60º da portaria publicada no DR 2ª série nº 64, de 1 de Abril de 2016, nas edificações hoteleiras deve haver sempre 2 lugares de estacionamento por cada 5 quartos, o que corresponde a 40 lugares para 100 quartos. O novo hotel Vila Galé dispõe de 101 quartos e de apenas 15 lugares de estacionamento. Porquê? Não terá havido favorecimento ilegítimo, como no caso daquela construção em evidente zona de cheia? (ver imagem). A troco de quê? Só por simpatia? E a Anabela socialista eleita numa lista PSD, cujo mandatário era o dono do Vila Galé? Simples e infeliz coincidência?
Mesmo assim, o Vila Galé ainda fez um esforço, insuficiente é certo, mas um esforço. O Hotel República, de 5 estrelas, e o Casa dos ofícios, de 4 estrelas, nem isso fizeram. Não dispõem, nem um nem outro de qualquer lugar de estacionamento. E daí? questionarão os do costume, com evidente má-fé.
E daí, dentro de relativamente pouco tempo, com o aumento do fluxo turístico, os habitantes do núcleo histórico são bem capazes de se irritar com a cada vez maior escassez de estacionamento, começando a atacar os automóveis dos turistas, que lhes vieram roubar os lugares e o sossego. Já acontece em Barcelona e outras cidades do sul de Espanha, bem como no Algarve, onde este ano já nem houve desfile para comemorar o 25 de Abril. É isso que queremos em Tomar? Atritos com os turistas, provocados pela ganância de alguns eleitos e técnicos superiores, que negoceiam "fechar os olhos" a certas ilegalidades, mediante compensação?
Não adianta insistirem na sonegação de documentos de acesso público, em contradição com com o disposto na LADA. A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir à tona, e quando menos se espera. Quando se não chega lá por um caminho, vai-se por outro, e assim sucessivamente.
Dito de forma clara, para que não restem dúvidas, sobretudo a partir de 2013, tem havido na Câmara de Tomar fortes indícios de corrupção em determinados serviços, naturalmente tutelados por eleitos que saberão ou não o que se passa. Fica aqui o alerta, para memória futura, para que mais tarde não se diga que os tomarenses e a justiça andaram todos a dormir durante mais de uma década de poder socialista.


quinta-feira, 25 de abril de 2024



Património histórico local

O "Forno romano" e a Ponte velha

Está crónica tem como origem um favor da directora do Templário. Escreveu a senhora, na mais recente edição, que o autor destas linhas é um "exímio conhecedor da história de Tomar". Podendo nem corresponder à realidade, trata-se ainda assim de uma afirmação que acarreta responsabilidades na área em questão. Donde o que segue.
Nas obras ainda em curso no Flecheiro, acompanhadas por um arqueólogo porque a isso obriga a legislação vigente, apareceram umas ruínas antes enterradas. O arqueólogo adstrito à obra anunciou pouco depois que se trata de um forno romano, sem contudo justificar documentadamente as suas afirmações.
Seguiu-se o habitual em Tomar. As ruínas foram deixadas sem qualquer protecção, o que alarmou alguma informação local e levou quem isto escreve a lembrar que, nestas coisas dos achados arqueológicos, é prioritário efectuar a rigorosa datação, recorrendo aos meios idóneos disponíveis -outros arqueólogos, além do que encontrou as ruínas, e exames com carbono 14 ou similar.
Em vez disso, aproveitando uma efeméride, a maioria socialista camarária organizou uma visita às ruínas em causa, guiada pelo mesmo arqueólogo que as identificou, e na qual participou o presidente da Câmara, segundo se deduz das imagens publicadas no Templário.
Durante a visita, o arqueólogo licenciado Carlos Batata teve ocasião de desenvolver os seus pontos de vista sobre as citadas ruínas, tendo a dada altura afirmado que contribuem para se perceber melhor a realidade de Sellium, durante a ocupação romana. Acrescentou mesmo que terá havido duas pontes ligando as margens, a actual Ponte velha e a Ponte das ferrarias.
Vivemos felizmente em plena democracia de tipo ocidental, podendo cada cidadão dizer o que lhe aprouver, sem que daí advenham consequências adversas. Acontece contudo que o licenciado Batata é um arqueólogo respeitado na urbe, pelo que não deve debitar fantasias, mesmo para tentar colmatar asneiras anteriores.
Não é o local nem o tempo para um debate aprofundado sobre estas questões da alegada ocupação romana no actual perímetro urbano, não se podendo contudo deixar passar sem um reparo fantasias de circunstância.
Está por demonstrar de forma insofismável que o pretenso "fórum romano" seja isso mesmo, ou apenas os restos dos alicerces de duas igrejas que ali houve e cuja existência está documentada. Da mesma forma, sustentar que a ponte velha já existiria na época romana, é uma mera fantasia.
Até ao século XV (15), toda a zona agora chamada "cidade velha" foi um pântano, conforme ainda documentam os topónimos actuais -Várzea grande e Várzea pequena, sendo que em português várzea é um terreno alagado, pantanoso, geralmente usado na cultura do arroz. Assim sendo, não faria sentido uma ponte para ligar uma margem seca a um pântano, tanto mais que a actual Av. Marquês de Tomar só existe desde o século XIX (19, para os cidadãos mais novos, que já não aprenderam a escrita romana na escola). Além disso, a própria amarração da ponte do lado poente indica que é posterior à construção do Açude dos frades, provadamente da época do Infante D. Henrique, mil e quatrocentos anos após o Império romano. Há que ter a noção das coisas.
A fechar, deixem-se de tretas interesseiras e procedam de acordo com as boas práticas. Consultem pelo menos dois outros arqueólogos e mandem datar as ruínas de forma científica, e não só "a olho". Depois e só depois, procedam de acordo com os resultados obtidos. Preservem se valer a pena em termos históricos, enterram de novo se não for o caso.
E não se esqueçam que há eleições no próximo ano, continuando por concluir as obras do alegado "fórum de Sellium", que pode bem vir a revelar-se, infelizmente,  uma das fraudes arqueológicas desta terra que me viu nascer.





TRIBUNA DO PSD - Tiago Carrão

GOVERNAÇÃO SOCIALISTA 
EM FIM DE CICLO


Pelo 2º ano consecutivo, a governação municipal socialista viu a sua Prestação de Contas ser reprovada em Assembleia Municipal, circunstância que, só por si, deveria levar a arrepiar caminho e a refletir sobre as opções erradas e a fraca execução. Mas, se dúvidas houvesse, basta analisar o documento para perceber que a governação socialista está em fim de ciclo – esgotada,  com poucas ideias e sem capacidade de as executar.
Tendo como ponto de partida um Orçamento e Grandes Opções do Plano que não serviam os interesses de Tomar e dos tomarenses, chegámos a uma Prestação de Contas que deixa à vista de todos o fracasso dos objetivos propostos e, diria até, ao descalabro em alguns dos setores analisados neste documento. Vejamos:

 Em 2 anos, a Câmara Municipal gastou mais de 4 milhões de euros do que recebeu
As contas de 2023 reforçam a tendência preocupante de uma gestão deficitária que não pode
ser ignorada. Em 2022, as despesas foram superiores às receitas em 2.223.000€ e em 2023
gastou-se mais 1 milhão e 845 mil euros do que se arrecadou em receitas.

 As receitas não cumprem a Lei
A taxa de execução das receitas municipais ficou abaixo dos 85% pelo 2º ano consecutivo. Diz
o Artigo 56º da Lei nº 73/2013 que, nestas condições, serão informados os membros do
Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das autarquias – um desprestígio para
Tomar ver o Município sujeito a esta comunicação.

 As despesas aumentaram 13,8% face ao ano anterior
A governação socialista gastou em 2023 quase mais 5 milhões de euros do que tinha gasto no
ano anterior. Um despesismo crescente sem qualquer consequência na melhoria assinalável
dos serviços públicos ou da qualidade de vida dos tomarenses.

 Confirma-se o Orçamento fictício
Mais uma vez, a governação socialista decidiu primeiro quanto queria gastar e depois foi
“procurar” as receitas para fazerem face às despesas, em vez de fazer contas a quanto tinha
para gastar. O resultado foi um orçamento da receita empolado o que agora se veio a confirmar
na Prestação de Contas: nas receitas correntes, a rubrica “Outras Receitas”, orçamentada em
4,456 milhões de euros teve uma execução de apenas 311 mil euros; a rubrica “Vendas de
Bens e Serviços”, com 4,236 milhões de euros em orçamento teve apenas 1,542 milhões de
euros executados.

 A Economia Local continua o parente pobre da governação socialista
Continuam a colocar-se os ovos todos no cesto do Turismo, setor obviamente importante, mas
insuficiente, que absorveu 82% do valor alocado ao Desenvolvimento Económico, enquanto a
Economia Local teve direito a apenas 18%. Se dúvidas houvesse, estes números deixam bem
claro que, para a governação municipal socialista, não contam setores como a Indústria,
Agricultura, Floresta e as Tecnologias da Informação.

 A Despesa com Pessoal aumentou 800 mil€
A Despesa com Pessoal atingiu os 13 milhões e 200 mil euros (representa cerca de 50% das
despesas correntes), o valor mais elevado de sempre, e que condiciona fortemente o futuro da
gestão municipal.

 O Prazo Médio de Pagamentos aumentou para 86 dias
Em 2023 inverteu-se a tendência decrescente do Prazo Médio de Pagamentos que está ainda
em quase 3 meses, um dos maiores da região e que penaliza especialmente as pequenas e
médias empresas do concelho que esperam para receber, com as consequências de tesouraria
que esta demora acarreta.

 Dívidas a Fornecedores correntes aumentaram 30%
As dívidas a Fornecedores de conta corrente passaram de 4 milhões e 247 mil euros (2022)
para 5 milhões e 558 mil euros (2023). Um valor assinalável e que, conjugado com o Prazo
Médio de Pagamento, são motivo de preocupação para a relação com fornecedores do
Município.

 Quase 90% de Ajustes Diretos
A Câmara Municipal de Tomar contrasta com a média nacional dos contratos públicos por
ajuste direto (47%) e efetuou em 2023 89,17% dos contratos por ajuste direto, ou seja,
contratou quem quis sem consultar o mercado e outras propostas. É um valor excessivo que vai
contra as boas práticas e até coloca em causa princípios de concorrência e de transparência.

 8 Milhões de Euros de Investimento que ficou por fazer
Aquando do Orçamento, a governação socialista anunciou um conjunto de obras e projetos e,
ao analisar agora a sua não execução, torna-se evidente a total incapacidade dos socialistas
em cumprir os compromissos assumidos. Temos como exemplo os separativos no saneamento
no centro histórico da cidade, a requalificação da Escola EB 2+3 Gualdim Pais, a reabilitação
do Jardim de Infância Raul Lopes com a valência de creche, o novo skate parque, a
requalificação na Choromela e Casal dos Frades, ou os arranjos exteriores no Flecheiro.
Destes investimentos prometidos para 2023, quantos foram executados e concluídos? Nenhum!
Não deixa de ser curioso que, passados 10 anos de governação, os socialistas tenham finalmente percebido que o financiamento bancário que tanto diabolizaram ao longo dos últimos anos é, afinal, uma ferramenta importante para alavancar o investimento no território. Ou será que este empréstimo de 3 milhões de euros surge agora porque as eleições autárquicas do próximo ano já estão à vista?
A governação socialista, cada vez mais preocupada com a sua imagem e fins eleitorais em vez das necessidades reais dos tomarenses, evidencia todos os sinais de estar em fim de ciclo: esgotada, sem rumo nem ânimo. Tomar merece melhor! Tomar precisa de uma liderança que não seja apenas de anúncios e promessas, mas que tenha uma estratégia e seja capaz de a executar e de construir o futuro que todos ambicionamos para o nosso concelho.

Tiago Carrão
Presidente do PSD de Tomar
Vereador na Câmara Municipal de Tomar