sábado, 27 de abril de 2024

Aspecto de parte do terreno privado no Flecheiro, que a Câmara pretende adquirir, para poder concluir as obras em curso.

Arranjo urbanístico do Flecheiro

Mais um berbicacho camarário

Nas obras municipais em Tomar, é como diz o povo -"Cada cavadela uma minhoca." Há sempre qualquer coisa que falha, porque não estava prevista ou foi mal planeada. É agora a vez do Flecheiro. Zona industrial no plano de urbanização de Carlos Ramos, nos anos 60 do século passado, foi mais tarde considerado inadequado para essa função, por estar à ilharga da área urbana habitada, com os inconvenientes daí resultantes, designadamente o ruído.
Entretanto tinham-se ali instalado dezenas de empresas. Houve serração de madeira, fábrica de mosaicos, confecções em pele, serralharias, oficinas de mecânica automóvel, etc. e edificaram-se prédios de habitação, com comércio ou indústria no piso térreo, tanto ao longo da avenida Nun'Álvares como nas travessas e na paralela António Joaquim Araújo. Tudo legalmente, tendo ficado livres alguns lotes de ambos os lados da avenida.
Entre a avenida e o rio ficou, no antigo "milheiral da Marchanta", um grande terreno livre, onde chegou a haver um campo de treinos de futebol, com iluminação e tudo. A certa altura, nos idos de 70 do século passado, o então presidente Luís Bonet (PS) autorizou a instalação de ciganos nómadas, expulsos pelo novo proprietário dos terrenos da quinta de Santa André, junto à praça de toiros. Foi o início do acampamento precário do Flecheiro, que veio a durar mais de 40 anos.
Realojados pela Câmara, igualmente PS, todos os ocupantes do acampamento ilegal, pensou-se que já fora devidamente planeada a futura afectação da vasta área entretanto desocupada. Pura ilusão. Na Câmara de Tomar não parece haver gente capaz de planear ou mandar planear capazmente. Quem pensou que íamos ter finalmente no Flecheiro um novo campo da feira digno desse nome, enganou-se. As grandes sumidades locais em desenvolvimento urbano, sem ouvir previamente a população, optaram por um arranjo urbanístico sem pés nem cabeça, que só virá a servir para levar os cães a mijar, pelo menos enquanto não houver árvores de grande porte que dêem alguma sombra.
E foi mais um espalhanço de todo o tamanho. Mesmo sem o incómodo da opinião da população, os senhores eleitos, urbanistas e engenheiros não se informaram devidamente sobre as servidões existentes, donde resulta que as obras em curso não podem prosseguir normalmente no extremo sul, porque há um lote de terreno privado, onde em tempos funcionou a Serração do Perna, cujos herdeiros não querem vender, nas condições propostas pela Câmara.
Ou seja, quando se pensava que estava tudo preparado e desembaraçado para começarem as obras, apareceu um berbicacho, como aliás vem sendo habitual nos empreendimentos da autarquia. Basta pensar nas ciclovias sem continuidade, ou terminando contra uma árvore, como na Estrada da Serra.
O problema não é grave, dirão os competentíssimos técnicos superiores do costume. Basta "expropriar por utilidade pública", acrescentarão. Pois basta. Mas como convencer o poder judicial, em caso de recurso, de que aquilo tem alguma utilidade pública? 
Uma estrada, uma escola, um quartel de bombeiros por exemplo, são coisas com evidente utilidade pública, agora um vasto terreno plano, à ilharga do centro histórico e urbanizado à pressa... Como demonstrar a utilidade pública do lote a expropriar? É indispensável para quê? Para ampliar o mijadouro canino?


sexta-feira, 26 de abril de 2024

 

Hotel Vila galé - Tomar visto da Ponte velha. À direita, a ampliação com piscina que foi construída em leito de cheia. À esquerda, o Pego de Santa Iria sem o painel de azulejos enxaquetados do século XVII, que desapareceram durante as obras e ainda não mereceram qualquer comentário da Câmara nem da oposição. Tudo na paz do Senhor. Amém!

Entrada do parque de estacionamento do Hotel Vila Galé -Tomar, na Rua de Santa Iria, numa imagem colhida às 17 horas de 25 de Abril. Com apenas 15 lugares de estacionamento para 101 quartos, é previsível que venha a estar "completo" a maior parte do tempo. Os hóspedes que não conseguirem lugar no parque vão estacionar onde? Haverá um "valet" para levar o carro ao parque P2? Coisas simples da terra tomarense, como escreveu o Nini, cuja farmácia era logo ali.

Turismo e hotelaria

Hotéis à moda do velho oeste americano

A maioria socialista camarária tem fama de privilegiar o turismo, como opção principal de desenvolvimento económico de Tomar. Trata-se de um erro de interpretação, que resulta da brusca expansão da capacidade hoteleira local. Turismo é uma coisa, hotelaria é outra, embora estejam sempre interligadas, mas para os de fraca cultura "vai tudo dar ao mesmo".
Durante os dois mandatos e meio de Anabela Freitas, houve um brusco incremento na edificação de estabelecimentos hoteleiros em Tomar, com 2 novos hotéis de 4 estrelas e outro de 5 estrelas, além da remodelação da estalagem de Santa Iria. Quando a esmola é grande o santo desconfia, diz o povo e parece ser verdade.
O dito aumento da capacidade hoteleira local, tudo indica que foi conseguido à custa de dolorosas concessões,  legais ou nem tanto, a fazer lembrar a "justiça de Pecos", no velho oeste americano do século XIX, e indiciando situações de favorecimento, com fumos de corrupção. Há por exemplo o caso de determinada edificação em zona de cheia, numa das tais unidades de 4 estrelas, bem como a notória falta de lugares de estacionamento para os hóspedes, nessa e nas outras. (ver imagem)
De acordo com o artigo 60º da portaria publicada no DR 2ª série nº 64, de 1 de Abril de 2016, nas edificações hoteleiras deve haver sempre 2 lugares de estacionamento por cada 5 quartos, o que corresponde a 40 lugares para 100 quartos. O novo hotel Vila Galé dispõe de 101 quartos e de apenas 15 lugares de estacionamento. Porquê? Não terá havido favorecimento ilegítimo, como no caso daquela construção em evidente zona de cheia? (ver imagem). A troco de quê? Só por simpatia? E a Anabela socialista eleita numa lista PSD, cujo mandatário era o dono do Vila Galé? Simples e infeliz coincidência?
Mesmo assim, o Vila Galé ainda fez um esforço, insuficiente é certo, mas um esforço. O Hotel República, de 5 estrelas, e o Casa dos ofícios, de 4 estrelas, nem isso fizeram. Não dispõem, nem um nem outro de qualquer lugar de estacionamento. E daí? questionarão os do costume, com evidente má-fé.
E daí, dentro de relativamente pouco tempo, com o aumento do fluxo turístico, os habitantes do núcleo histórico são bem capazes de se irritar com a cada vez maior escassez de estacionamento, começando a atacar os automóveis dos turistas, que lhes vieram roubar os lugares e o sossego. Já acontece em Barcelona e outras cidades do sul de Espanha, bem como no Algarve, onde este ano já nem houve desfile para comemorar o 25 de Abril. É isso que queremos em Tomar? Atritos com os turistas, provocados pela ganância de alguns eleitos e técnicos superiores, que negoceiam "fechar os olhos" a certas ilegalidades, mediante compensação?
Não adianta insistirem na sonegação de documentos de acesso público, em contradição com com o disposto na LADA. A verdade é como o azeite, acaba sempre por vir à tona, e quando menos se espera. Quando se não chega lá por um caminho, vai-se por outro, e assim sucessivamente.
Dito de forma clara, para que não restem dúvidas, sobretudo a partir de 2013, tem havido na Câmara de Tomar fortes indícios de corrupção em determinados serviços, naturalmente tutelados por eleitos que saberão ou não o que se passa. Fica aqui o alerta, para memória futura, para que mais tarde não se diga que os tomarenses e a justiça andaram todos a dormir durante mais de uma década de poder socialista.


quinta-feira, 25 de abril de 2024



Património histórico local

O "Forno romano" e a Ponte velha

Está crónica tem como origem um favor da directora do Templário. Escreveu a senhora, na mais recente edição, que o autor destas linhas é um "exímio conhecedor da história de Tomar". Podendo nem corresponder à realidade, trata-se ainda assim de uma afirmação que acarreta responsabilidades na área em questão. Donde o que segue.
Nas obras ainda em curso no Flecheiro, acompanhadas por um arqueólogo porque a isso obriga a legislação vigente, apareceram umas ruínas antes enterradas. O arqueólogo adstrito à obra anunciou pouco depois que se trata de um forno romano, sem contudo justificar documentadamente as suas afirmações.
Seguiu-se o habitual em Tomar. As ruínas foram deixadas sem qualquer protecção, o que alarmou alguma informação local e levou quem isto escreve a lembrar que, nestas coisas dos achados arqueológicos, é prioritário efectuar a rigorosa datação, recorrendo aos meios idóneos disponíveis -outros arqueólogos, além do que encontrou as ruínas, e exames com carbono 14 ou similar.
Em vez disso, aproveitando uma efeméride, a maioria socialista camarária organizou uma visita às ruínas em causa, guiada pelo mesmo arqueólogo que as identificou, e na qual participou o presidente da Câmara, segundo se deduz das imagens publicadas no Templário.
Durante a visita, o arqueólogo licenciado Carlos Batata teve ocasião de desenvolver os seus pontos de vista sobre as citadas ruínas, tendo a dada altura afirmado que contribuem para se perceber melhor a realidade de Sellium, durante a ocupação romana. Acrescentou mesmo que terá havido duas pontes ligando as margens, a actual Ponte velha e a Ponte das ferrarias.
Vivemos felizmente em plena democracia de tipo ocidental, podendo cada cidadão dizer o que lhe aprouver, sem que daí advenham consequências adversas. Acontece contudo que o licenciado Batata é um arqueólogo respeitado na urbe, pelo que não deve debitar fantasias, mesmo para tentar colmatar asneiras anteriores.
Não é o local nem o tempo para um debate aprofundado sobre estas questões da alegada ocupação romana no actual perímetro urbano, não se podendo contudo deixar passar sem um reparo fantasias de circunstância.
Está por demonstrar de forma insofismável que o pretenso "fórum romano" seja isso mesmo, ou apenas os restos dos alicerces de duas igrejas que ali houve e cuja existência está documentada. Da mesma forma, sustentar que a ponte velha já existiria na época romana, é uma mera fantasia.
Até ao século XV (15), toda a zona agora chamada "cidade velha" foi um pântano, conforme ainda documentam os topónimos actuais -Várzea grande e Várzea pequena, sendo que em português várzea é um terreno alagado, pantanoso, geralmente usado na cultura do arroz. Assim sendo, não faria sentido uma ponte para ligar uma margem seca a um pântano, tanto mais que a actual Av. Marquês de Tomar só existe desde o século XIX (19, para os cidadãos mais novos, que já não aprenderam a escrita romana na escola). Além disso, a própria amarração da ponte do lado poente indica que é posterior à construção do Açude dos frades, provadamente da época do Infante D. Henrique, mil e quatrocentos anos após o Império romano. Há que ter a noção das coisas.
A fechar, deixem-se de tretas interesseiras e procedam de acordo com as boas práticas. Consultem pelo menos dois outros arqueólogos e mandem datar as ruínas de forma científica, e não só "a olho". Depois e só depois, procedam de acordo com os resultados obtidos. Preservem se valer a pena em termos históricos, enterram de novo se não for o caso.
E não se esqueçam que há eleições no próximo ano, continuando por concluir as obras do alegado "fórum de Sellium", que pode bem vir a revelar-se, infelizmente,  uma das fraudes arqueológicas desta terra que me viu nascer.





TRIBUNA DO PSD - Tiago Carrão

GOVERNAÇÃO SOCIALISTA 
EM FIM DE CICLO


Pelo 2º ano consecutivo, a governação municipal socialista viu a sua Prestação de Contas ser reprovada em Assembleia Municipal, circunstância que, só por si, deveria levar a arrepiar caminho e a refletir sobre as opções erradas e a fraca execução. Mas, se dúvidas houvesse, basta analisar o documento para perceber que a governação socialista está em fim de ciclo – esgotada,  com poucas ideias e sem capacidade de as executar.
Tendo como ponto de partida um Orçamento e Grandes Opções do Plano que não serviam os interesses de Tomar e dos tomarenses, chegámos a uma Prestação de Contas que deixa à vista de todos o fracasso dos objetivos propostos e, diria até, ao descalabro em alguns dos setores analisados neste documento. Vejamos:

 Em 2 anos, a Câmara Municipal gastou mais de 4 milhões de euros do que recebeu
As contas de 2023 reforçam a tendência preocupante de uma gestão deficitária que não pode
ser ignorada. Em 2022, as despesas foram superiores às receitas em 2.223.000€ e em 2023
gastou-se mais 1 milhão e 845 mil euros do que se arrecadou em receitas.

 As receitas não cumprem a Lei
A taxa de execução das receitas municipais ficou abaixo dos 85% pelo 2º ano consecutivo. Diz
o Artigo 56º da Lei nº 73/2013 que, nestas condições, serão informados os membros do
Governo responsáveis pelas áreas das finanças e das autarquias – um desprestígio para
Tomar ver o Município sujeito a esta comunicação.

 As despesas aumentaram 13,8% face ao ano anterior
A governação socialista gastou em 2023 quase mais 5 milhões de euros do que tinha gasto no
ano anterior. Um despesismo crescente sem qualquer consequência na melhoria assinalável
dos serviços públicos ou da qualidade de vida dos tomarenses.

 Confirma-se o Orçamento fictício
Mais uma vez, a governação socialista decidiu primeiro quanto queria gastar e depois foi
“procurar” as receitas para fazerem face às despesas, em vez de fazer contas a quanto tinha
para gastar. O resultado foi um orçamento da receita empolado o que agora se veio a confirmar
na Prestação de Contas: nas receitas correntes, a rubrica “Outras Receitas”, orçamentada em
4,456 milhões de euros teve uma execução de apenas 311 mil euros; a rubrica “Vendas de
Bens e Serviços”, com 4,236 milhões de euros em orçamento teve apenas 1,542 milhões de
euros executados.

 A Economia Local continua o parente pobre da governação socialista
Continuam a colocar-se os ovos todos no cesto do Turismo, setor obviamente importante, mas
insuficiente, que absorveu 82% do valor alocado ao Desenvolvimento Económico, enquanto a
Economia Local teve direito a apenas 18%. Se dúvidas houvesse, estes números deixam bem
claro que, para a governação municipal socialista, não contam setores como a Indústria,
Agricultura, Floresta e as Tecnologias da Informação.

 A Despesa com Pessoal aumentou 800 mil€
A Despesa com Pessoal atingiu os 13 milhões e 200 mil euros (representa cerca de 50% das
despesas correntes), o valor mais elevado de sempre, e que condiciona fortemente o futuro da
gestão municipal.

 O Prazo Médio de Pagamentos aumentou para 86 dias
Em 2023 inverteu-se a tendência decrescente do Prazo Médio de Pagamentos que está ainda
em quase 3 meses, um dos maiores da região e que penaliza especialmente as pequenas e
médias empresas do concelho que esperam para receber, com as consequências de tesouraria
que esta demora acarreta.

 Dívidas a Fornecedores correntes aumentaram 30%
As dívidas a Fornecedores de conta corrente passaram de 4 milhões e 247 mil euros (2022)
para 5 milhões e 558 mil euros (2023). Um valor assinalável e que, conjugado com o Prazo
Médio de Pagamento, são motivo de preocupação para a relação com fornecedores do
Município.

 Quase 90% de Ajustes Diretos
A Câmara Municipal de Tomar contrasta com a média nacional dos contratos públicos por
ajuste direto (47%) e efetuou em 2023 89,17% dos contratos por ajuste direto, ou seja,
contratou quem quis sem consultar o mercado e outras propostas. É um valor excessivo que vai
contra as boas práticas e até coloca em causa princípios de concorrência e de transparência.

 8 Milhões de Euros de Investimento que ficou por fazer
Aquando do Orçamento, a governação socialista anunciou um conjunto de obras e projetos e,
ao analisar agora a sua não execução, torna-se evidente a total incapacidade dos socialistas
em cumprir os compromissos assumidos. Temos como exemplo os separativos no saneamento
no centro histórico da cidade, a requalificação da Escola EB 2+3 Gualdim Pais, a reabilitação
do Jardim de Infância Raul Lopes com a valência de creche, o novo skate parque, a
requalificação na Choromela e Casal dos Frades, ou os arranjos exteriores no Flecheiro.
Destes investimentos prometidos para 2023, quantos foram executados e concluídos? Nenhum!
Não deixa de ser curioso que, passados 10 anos de governação, os socialistas tenham finalmente percebido que o financiamento bancário que tanto diabolizaram ao longo dos últimos anos é, afinal, uma ferramenta importante para alavancar o investimento no território. Ou será que este empréstimo de 3 milhões de euros surge agora porque as eleições autárquicas do próximo ano já estão à vista?
A governação socialista, cada vez mais preocupada com a sua imagem e fins eleitorais em vez das necessidades reais dos tomarenses, evidencia todos os sinais de estar em fim de ciclo: esgotada, sem rumo nem ânimo. Tomar merece melhor! Tomar precisa de uma liderança que não seja apenas de anúncios e promessas, mas que tenha uma estratégia e seja capaz de a executar e de construir o futuro que todos ambicionamos para o nosso concelho.

Tiago Carrão
Presidente do PSD de Tomar
Vereador na Câmara Municipal de Tomar

quarta-feira, 24 de abril de 2024




Repovoamento urbano e limpeza de terrenos

AVENIDA DO CANAVIAL ?

TOMAR – Não se esqueça: tem até 30 de Abril para limpar os seus terrenos | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Leu-se um dia destes, ainda no hemisfério sul, que para resolver a crise na Avenida Nuno Álvares, a principal entrada na cidade, onde há cada vez mais alojamentos e estabelecimentos devolutos, basta instalar duas ou três empresas-âncora. Daquelas que atraem muita clientela só com a própria marca.
Quem assim opinou foi o presidente Cristóvão, que certamente estará convencido daquilo que disse. Não o desmentirei pelo simples prazer da contradição, até porque há naquilo que disse uma parte de verdade: as empresas mais conhecidas atraem sempre uma uma vasta clientela, assim contribuindo para a recuperação comercial e o repovoamento de ruas e bairros afectados pela crise, neste caso pelo acampamento calé que entretanto foi desmantelado. Donde a designação de empresas-âncora.
No caso da Avenida Nuno Álvares, são porém evidentes dois obstáculos que tornam muito difícil a ansiada recuperação. Por um lado, uma infeliz requalificação fez de uma larga avenida um simples arruamento urbano, para instalar duas ciclovias, numa terra onde são bem poucos os ciclistas, assim impossibilitando o estacionamento "em espinha", numa zona afastada do centro e sem parques de estacionamento próximos. Há aquele ao lado da estação de caminho de ferro, é certo, mas já não chega para as encomendas.
Por outro lado, que empresa de prestígio aceitará vir instalar-se numa via urbana com um canavial e fartura de vegetação espontânea? (ver imagem) Dirão os defensores do "rumo certo" que a Câmara não tem nada a ver com o assunto, porque é um terreno privado. Estão equivocados, como é costume. O terreno é realmente privado, mas a autarquia tem tudo a ver com a insólita situação, uma vez que passam uma parte do ano a avisar os agricultores e proprietários rurais que têm de limpar ou mandar limpar os seus terrenos, para reduzir o risco de incêndio, mas entretanto nada fazem em relação a um pequeno bosque com canavial na principal entrada da cidade.
A eventual desculpa de que nunca se deram conta será descabida, porquanto a altura das canas mostra que a situação existe há anos, sem que alguma vez os eleitos se tenham incomodado com o risco de incêndio, ou com a proliferação de ratos, cobras e outra bicharada. Façam o favor de continuar a comentar que "lá está o gajo na má-língua do costume", mas acabem com o escândalo, porra! Se o dono do terreno não faz nem manda fazer, avancem vocês e obriguem-no depois a pagar pelos meios legais ao vosso dispor. Foi também para isso que vos elegeram, e não só para as festarolas e obras de duvidosa utilidade para a comunidade em geral.

terça-feira, 23 de abril de 2024








Excursionismo e turismo

Viajar para continuar 

a entender a época e o povo

Apenas regressado, fui numa excursão de turismo popular até Oleiros, com paragem em Vila de Rei para o pequeno almoço. Coisa sem pretensões nem novo-riquismos. Apenas almoçar um cabritinho estonado com arroz de miúdos e depois visitar um novo miradouro, da autoria de Siza Vieira. Correu tudo às mil maravilhas, que o pessoal já se conhecia de andanças anteriores, e nestas coisas o amigo Freitas é um verdadeiro artista. Sobretudo quando reconta aquela anedota do gato e da água quente, para aquecer os pés em determinada pensão. Hábitos antigos.
Apesar de ser um pequeno concelho de cinco mil almas, perdido algures no interior do país, Oleiros sabe receber e preparar-se para acolher com dignidade todos os visitantes, e não só os de turismo de nível, como se apregoou em tempos e em vão aqui por Tomar. Houve visita guiada gratuita, proporcionada pela Câmara local, notou-se limpeza nas ruas e esmero por todo o lado, e havia estacionamento com fartura, mesmo para autocarros, bem como instalações sanitárias abertas, limpas, com papel higiénico e limpa-mãos, apesar de não haver nenhum monumento património da humanidade, nem rio, nem Tabuleiros, nem a mania de cumprir a tradição.
Os quarenta e tantos visitantes corresponderam à evidente simpatia local e à arte de saber receber. Compraram queijos, bolos, enchidos, presuntos, mel, e por aí adiante. Muito mais rentáveis para o comércio local do que os milhares de visitantes do Convento de Cristo, que logo a seguir se põem a andar sem sequer visitarem a cidade, porque não têm onde estacionar.
O cabritinho estava uma delícia, houve repetições e quem escreve estas linhas fez um esforço considerável para resistir à aguardente de medronho, oferta da casa, tal como o aperitivo com vinho da região. Quem sabe sabe, e os oleirenses mostraram na prática que bem merecem umas visitas gastronómicas.
A fechar, a visita ao novo miradouro do Zebro, nos arredores e ainda por inaugurar,  desiludiu um bocadinho. A vista é soberba, mas o acesso pedonal terá de ser melhorado e o espaço para estacionamento alargado. A estrutura em betão, com o traço de Siza Vieira, parece que custou meio milhão de euros, mas não se nota muito. (ver imagem). A União Europeia paga tudo, desde que se tenha capacidade e o mamar doce.


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Imagem copiada da Rádio Hertz, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.

Autárquicas 2025

Excelente entrevista do líder local do CHEGA
com duas lacunas graves


Ensinou-me a experiência que convém ouvir atentamente os oráculos. Foi o que fiz ontem. Segui com atenção a entrevista do líder concelhio do CHEGA! na Rádio Hertz. Nuno Basílio Ferreira esteve bem. Passou a ideia de pessoa ponderada e humilde, designadamente quando referiu que por enquanto ainda não é cabeça de lista designado. Candidatou-se à concelhia para isso mesmo, mas há ainda outras hipóteses. Na devida altura se verá. Nada de arrogância portanto, o que vem sendo cada vez mais raro por estas paragens.
A sua enumeração serena dos problemas citadinos e concelhios mostrou alguém interessado e conhecedor, ficando a ideia de estar mais motivado para recuperar Tomar do que para uma carreira política, ao contrário do que acontece com os outros dois putativos candidatos com hipóteses de vencer.
Faltando apurar se intencionalmente ou por lapso, Basílio Ferreira nunca mencionou na sua nutrida série de problemas concelhios as carências na área da hospitalidade turística, nem a causa principal de algumas das maleitas que anunciou. Colocou-se assim na desconfortável posição daqueles oncologistas que graças às TAC conseguem identificar e localizar as várias metástases, mas não o tumor inicial que lhes deu origem.
No caso, o futuro candidato referiu problemas graves com o PDM, falta de parques industriais à altura, carências habitacionais, défice grave de estacionamento na Várzea grande, onde teria ficado bem um parque subterrâneo, incidentes vários com os ciganos, dificuldades na área da saúde, ausência de ensino profissional eficaz, e assim sucessivamente, sem contudo identificar a causa principal de todas estas maleitas. Situação problemática, uma vez que, caso vença as autárquicas de 2025, não conseguirá solucionar o que está mal, por não saber como nem onde agir para suprimir a causa principal. Ou sabe, mas preferiu  calar, por não ser politicamente oportuno?
Seja-me permitida uma outra comparação alegórica, para melhor entendimento. Fiquei com a ideia de que o candidato identificou com clareza vários ramos da mesma árvore, mas descurou a pernada principal, tendo também omitido falar do tronco e da raíz. Deliberadamente? Inadvertidamente? Só ele poderá esclarecer, sendo certo que ignorando as causas não é possível acabar eficazmente com as consequências.
Em conclusão, um excelente defensor do concelho que não é funcionário público, ponderado e atento, porém sem mundo nem arcaboiço político suficiente para a tarefa a que se propõe, até prova em contrário. Falta apurar ainda se sabe ouvir e rodear-se de gente capaz, o que em Tomar não é fácil, porque os melhores ou já emigraram ou estão sem paciência nenhuma para aturar os tomarenses e as suas bizarrias.
Tomar a dianteira 3 deseja-lhe boa sorte, tal como a todos os outros que estejam na política para servir e não para se servir, continuando atento ao que daí virá.


domingo, 21 de abril de 2024

Turismo e paisagens

Tomar cidade jardim
Não há no país outra assim

Por causa do desastre ambiental da Mata dos sete montes, cuja responsabilidade principal não é da Câmara, vai por aí um certo desânimo. Alguns cidadãos desencantados referem que antigamente Tomar era uma cidade jardim, mas que depois, infelizmente, se viraram os senhores da autarquia para "Tomar cidade templária".
Cumpre esclarecer que nem o expressão original era essa, nem a situação é a descrita. A frase original era "Tomar terra templária", que não colidia com "Tomar cidade jardim". Agora já está, já está, e para pior já basta assim. Mas continuamos numa cidade jardim. Não só os jardins estão como estão, como até as ruas e algumas paredes são autênticos minijardins, como mostram as imagens infra:

Aspecto da Rua do Pé da Costa de Baixo, ao cimo da Rua Aurora Macedo, onde mora o escriba, em imagem colhida ontem, 20 de Abril de 2024. Digam lá se não está uma maravilha de asseio, de reboco e de verdura, a dois paços da Câmara. O muro da esquerda é uma verdadeira originalidade, a lembrar os famosos jardins suspensos da Babilónia de outrora. Mas a calçada também não está nada mal nas bermas.

Cinquenta metros ao lado as típicas Escadinhas do Alto da Piçarra, que ligam a Rua do pé da costa de baixo à sua irmã do pé da costa de cima. Não sabe qual é? Quando sai com o seu carrinho do Parque T1, vai por que rua?
Quanto à designação oficial "Alto da piçarra", significa em cima de uma rocha sedimentar. Mas "piçarra" pode ser também um nome próprio, e até um nome comum, para designar uma piça das grandes. O que significa neste caso, que as escadinhas têm uma cobertura de erva do ca..... Alguém se incomoda, entre os eleitos? Que ideia! Devem pensar que os turistas gostam assim. E realmente, esta manhã estava uma jovem chinesa a fotografar o muro, e não terá fotografado as escadinhas porque não se vêem da Rua do pé da costa de baixo. Por gostar? Ou para documentar a decadência de algumas pequenas cidades ocidentais?




sábado, 20 de abril de 2024


Continuidade

Vai tudo como de costume

Pois é. Leitora ou leitor fiel (muito obrigado!), viu que não havia nada de novo e ficou preocupada ou preocupado. Peço desculpa aos amigos, e os outros que tenham paciência. 7 horas de avião e o resto que acompanha sempre, começa a ser demasiado para as minhas oito décadas bem vividas. Cheguei cansado e resolvi parar um bocadinho para pensar melhor o que fazer doravante.
É que além do cansaço, há um início de depressão, uma angústia difusa, que são inerentes e habituais. Vir de uma terra de largos horizontes e 2,5 milhões de habitantes em 298 anos de existência, para outra sem horizontes por estar numa cova, e com menos de 50 mil habitantes em 864 anos de vida, dá forçosamente que pensar, sendo deprimente para alguns, entre os quais infelizmente me incluo.
Melhores dias hão-de vir, penso eu, e quando tal acontecer, voltarei à escrita com o mesmo entusiasmo, uma vez que não ambiciono lugares, nem desejo homenagens, nem luto por vantagens pessoais. Entretanto desejo a todos um dia a dia o melhor possível, tendo em conta o triste contexto.

quinta-feira, 18 de abril de 2024



António Pina
diz:

O Politécnico está encalhado tal como a cidade e a. câmara municipal. A da Anabela, do Hugo, do Carrão, do Corvelo e do maior encalhador: o Paiva! Todos viraram a cidade para o turismo. Faz sentido um Politécnico numa cidade em que se orientou a economia para a hotelaria e tuk-tuks?

(Comentário copiado do Tomar na rede, com a devida vénia e os nossos agradecimentos.)

TURISMO ACADÉMICO 
É QUE ESTÁ A DAR

É um excelente comentário, todavia de resposta óbvia e algum vocabulário equivocado. Cumpre porém começar pelo princípio, continuar pela meio e acabar no fim, como diria o secretário do senhor de Lapalisse. Comenta-se aqui, e não no suporte original, porque de lá se foi corrido em tempos, mostrando assim que, numa terra de turismo, não se tolera contudo o turismo jornalístico. Nada de visitantes perturbadores. Só servidores obedientes do partido. Adiante.
Retornando ao tema original, Paiva não terá sido o maior encalhador, mas sim o principal encanador. Não por ter andado a encanar a perna à rã, que não andou. Porque é dele a maior parte do actual encanamento urbano dos esgotos. O seu a seu dono. Foi também, e além disso, um dos raros turistas eleitorais que não deslustrou a função. Muito acima dos actuais ocupantes do Hotel Paços do concelho, mesmo tendo cometido alguns erros graves. Ainda assim, era outro nível, noutro tempo, também é verdade.
Outro equívoco vocabular é aquele da "hotelaria e tuk-tuks", parecendo-me que o respeitável autor melhor andaria se escrevera "truca-truca" em vez do que lá está, como demonstra a proliferação  entre nós de "hotéis de passe", a que no estrangeiro chamam "motéis", e sobretudo o específico turismo almerinense, que após a sopa de pedra, com o chouriço e as caralhotas, acaba de abrir um "bar da Quicas", anunciado no Tomar na rede e tudo, se me faço entender. Transição feliz do turismo gastronómico para o turismo da cambalhota. Foi só acrescentar algumas febras, e está feito. A Quicas é que sabe! Faz tudo às claras. Não é como outras que por aí andam... E outros, que não se cansam de fecundar o pessoal, situação com mais de uma década.
Segue-se que em Tomar faz todo o sentido um minipolitécnico, justamente para a prática de turismo académico. Há um consagrado e respeitado professor da casa, há muito em turismo residencial em Mação, e vários outros em turismo de passagem por Abrantes. Acresce que, na própria sede, abundam os professores turistas, que turistificam por aqui mas residem alhures. Até os próprios alunos, quando bem conversados, admitem passar a maior parte do ano a fazer turismo, destacando-se a já célebre especialização em turismo de libação, na conhecida "rota das tascas".
Por conseguinte, tudo devidamente ponderado, Vivó Politécnico!, Vivó Turismo cultural!, Vivó Turismo académico! Vivó turismo autárquico! Vivó turismo eleitoral! E vivó Direito à preguiça, cuja leitura atenta se recomenda. Porquê? Ora ora! Porque o ócio é o turismo do pensamento e Paul Lafargue, o autor da obra, estava particularmente bem informado. Além de médico e pensador, era também genro de Marx. Esse mesmo, o do Capital.


quarta-feira, 17 de abril de 2024



Tribuna do PSD Tomar

TIAGO CARRÃO 
REELEITO PRESIDENTE DO PSD TOMAR


No passado dia 13 de abril, realizaram-se as eleições para os órgãos da secção de Tomar do Partido Social Democrata. Destas eleições resultou a renovação da liderança de Tiago Carrão na Comissão Política e a reeleição de Lurdes Ferromau Fernandes como Presidente da Mesa da Assembleia de Militantes. Apesar de ser lista única, a participação dos militantes e a unanimidade dos votos são reflexo da união do partido em Tomar e da ambição partilhada pelos militantes: vencer as eleições autárquicas do próximo ano e devolver aos tomarenses a esperança no futuro. Os órgãos da secção do PSD de Tomar são agora compostos por:


Comissão Política

Presidente
| Tiago Manuel Henriques Carrão

Vice-Presidente | Ricardo Jorge Martins Carlos

Vice-Presidente | Ana Isabel de Oliveira Palmeiro Calado

Tesoureiro | José António Marques Figueiredo

Secretário | Alexandre Gabriel Mateus Horta

Secretário-Adjunto | Paulo Alexandre Matos da Silva Melo

Secretário-Adjunto | José António Fernandes Ferreira

Secretário-Adjunto | Fernando José Filipe Cândido

Coordenador Autárquico 
Joaquim Dias Palricas


Mesa da Assembleia de Militantes

Presidente | Maria de Lurdes Ferromau Fernandes

Vice-Presidente | Paulo José Pedro Mendonça

Secretária | Elizabeth Yureima Marquez Torres

Suplente | Marisa Manuela Coelho Marques

Após o anúncio dos resultados, Tiago Carrão agradeceu a confiança dos militantes, reconhecendo a responsabilidade acrescida que este resultado significa para os novos órgãos do PSD Tomar, apelando ao empenho de todos para o trabalho em curso, rumo às eleições autárquicas de 2025 e à preparação de um "projeto sério, mobilizador e transformador para o concelho".

Tomar, 16 de Abril de 2024

PSD Tomar



De longe, na véspera de mais um regresso

O 25 DE ABRIR ABRIU MESMO TUDO?

Abriu sim senhor, dirão os mais afoitos. Quase, opinarão os prudentes. Olhe que não! responderão os autoritários. Mas abriu mesmo uma imensidão de coisas. Das nacionalizações e da descolonização à liberdade de imprensa, dos partidos políticos ao passaporte para todos. Em Tomar é que nem tanto assim. Deve ser porque somos provincianos do interior. Seja como for, o open your mind ainda não chegou a todos por estas bandas. Nem sequer ao pessoal que gosta de street food e de pó.
Vamos ter, é certo, um portentoso conjunto de actividades para celebrar os 50 anos do 25 de Abrir. A mostrar que certas pessoas erraram a vocação. Em vez de vereadoras a despachar obras particulares, deviam ser era animadoras culturais. Mas não ganhariam tanto, também é verdade. Pela parte que me toca, uma vez que sou um verdadeiro labrego em termos musicais, por exemplo, gostaria mais de ruas limpas, passeios sem ervas, jardins mais cuidados, processos de obras despachados mais rapidamente, respeito pelo direito à informação, diálogo cordato, obras estruturais, e assim sucessivamente. Não se pode ter tudo, é bem verdade!
Deve ser da idade. É bem possível que esteja a mencionar coisas que já não se usam, como honestidade, respeito pela verdade e pelos outros, por exemplo. Mesmo sem se cumprir integralmente o 25 de Abrir, se calhar também por causa dos que continuam apregoando 25 de Abril sempre! sem cuidar do resto, se tudo continuar como até aqui, em Outubro 2025 vamos acertar contas. Essa é que é essa!





TRIBUNA DO PSD TOMAR - António Pedro Costa

DESAFIOS E OPORTUNIDADES 
NA PROTEÇÃO CIVIL


No passado dia 22 de março de 2024, tive o privilégio de moderar uma conferência sobre
proteção civil, promovida pela Comissão Política do PSD de Tomar. Este importante
encontro visou não apenas discutir os desafios enfrentados pela proteção civil, a nível
nacional, mas também propor soluções concretas para tornar as nossas comunidades
mais resilientes e preparadas para eventuais crises. A conferência contou com a presença
de dois oradores distintos, cada um trazendo a sua experiência e visão sobre o tema em
questão.
Uma das palestrantes, Dra. Cláudia Duarte, destacou o exemplo de implementação de
Unidades Locais de Proteção Civil (ULPC) em freguesias do Norte do concelho de Leiria.
Esta implementação impulsionada por um projeto social que facilitou a criação dessas
unidades foi inspiradora. A existência de ULPC não apenas promove a consciencialização
dos riscos e a preparação para reagir face a ocorrências em nível comunitário, mas
também abrem portas para o voluntariado local. Esta é uma abordagem louvável e que
merece ser replicada. O PSD de Tomar estará sempre na linha da frente para replicar e
adotar boas práticas como a apresentada, no que toca a práticas de prevenção e
intervenção face à proteção das populações e seus bens.
A reflexão sobre este assunto leva a reconhecer que as ULPC representam não apenas
uma estratégia de resposta a situações de catástrofe (porque constituída por quem
conhece bem as suas localidades e pessoas que as constituem), mas também uma
oportunidade para fortalecer os laços comunitários e incentivar o espírito de
solidariedade e cooperação entre os cidadãos. A sensibilização e identificação dos riscos
não apenas capacitam os indivíduos a agir em momentos de catástrofe ou acidente
grave, mas também promovem a prevenção e preparação que é essencial para enfrentar
os desafios futuros e fomentam uma cultura de segurança.
No entanto, é muito importante ressaltar que as ULPC devem ser vistas como entidades
de apoio e sensibilização e não como forças operacionais. O seu papel fundamental é
fornecer informação, suporte logístico e assistência caso exista alguma ocorrência.
O segundo orador, Dr. José Manuel Moura, trouxe uma perspetiva abrangente sobre o
sistema nacional de proteção civil. A sua análise detalhada sobre a implementação dos
novos comandos sub-regionais levantou preocupações legítimas sobre a possível
sobreposição de autoridade entre diferentes agências de proteção civil. A distribuição
geográfica dos comandos sub-regionais poderá criar desafios de coordenação e
comunicação, especialmente com entidades como a PSP e a GNR, que operam numa
estrutura diferente.
Por outro lado, o Dr. José Manuel Moura, trouxe à tona questões prementes sobre o
sistema nacional de proteção civil, com um foco particular na situação dos bombeiros
em Portugal. A sua análise franca sobre as limitações das Equipas de Intervenção
Permanente (EIP) como forma de assegurar um socorro completo e seguro,
especialmente fora do horário de expediente, foi um alerta necessário. Este aspeto,
particularmente relevante para os concelhos vizinhos, onde operam corpos de bombeiros
voluntários, exige uma reflexão aprofundada.
Ou seja, é importante repensar o sistema de socorro, garantindo que esteja disponível
24 horas. Além disso, é crucial valorizar e apoiar o voluntariado nos corpos de bombeiros,
reconhecendo sua importância como uma força vital na proteção e segurança das
comunidades locais.
Há uma crise atual no voluntariado, conforme destacado pelo Dr. José Manuel Moura,
que não pode ser subestimada. A evolução sociológica na sociedade portuguesa trouxe
desafios significativos, afetando diretamente a dinâmica dos corpos de bombeiros. Nesse
sentido, é imperativo reconhecer que o voluntariado não é apenas uma tradição, mas
uma parte essencial da identidade dos bombeiros. Portanto, é crucial oferecer incentivos
tangíveis para atrair e reter voluntários, além de considerar o voluntariado como uma
das portas de entrada para o profissionalismo.
Ao refletir sobre estas questões, e olhando para a estrutura mista dos bombeiros de
Tomar, o voluntariado deve continuar a ser uma referência, e acarinhado, para cumprir
a sua missão. Embora as circunstâncias possam ter mudado ao longo dos anos, é
importante reconhecer o valor e a experiência de muitos voluntários que têm sido pilares
fundamentais ao longo da história centenária do Corpo de Bombeiros de Tomar.
Concluo estas reflexões reconhecendo os desafios complexos que enfrentamos no
domínio da proteção civil. É crucial que o novo governo, agora em posse, adote uma
abordagem equilibrada que valorize tanto os profissionais como os voluntários. A gestão
dos recursos disponíveis deve ser feita de forma prudente, sem comprometer a qualidade
dos serviços prestados. A proteção civil é uma responsabilidade compartilhada que exige
o compromisso de todos os cidadãos, e é através da colaboração e cooperação que
construiremos comunidades mais seguras e resilientes.

António Pedro Costa
Vogal do PSD Tomar

terça-feira, 16 de abril de 2024

Imagem desactualizada, do tempo em que ainda corria água nos Pegões, que enchia os tanques da Mata, copiada do Facebook sem indicação de autor.

Protecção do património

Nem tudo o que vem à rede é peixe...

TOMAR – Gestão da Mata dos Sete Montes. ICNF sugere protocolo em que a Câmara deve pagar todas as intervenções e terá colocado cenário de entradas pagas (c/vídeo) | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

https://tomarnarede.pt/cultura/tomar-na-rede-denuncia-destruicao-de-patrimonio-camara-marca-visita-guiada/

Nem tudo o que vem à rede é peixe, e nem todo o peixe é bom para tudo. Dois temas do património local figuram nesta altura na agenda noticiosa: a Mata do sete montes e o alegado forno romano do Flecheiro. Em ambos os casos está em causa o seu estado de conservação, com o executivo camarário manifestamente confuso, e a dar mais um exemplo daquela situação denunciada pelo ex-vereador PS e actual provedor António Alexandre: "Os tomarenses não aprendem."
Quanto ao apregoado forno romano, em vez de, imediatamente a seguir ao achado, a Câmara ter providenciado a sua protecção, mediante uma adequada cobertura provisória, para depois proceder a uma melhor classificação das ruinas, errou-se mais uma vez. Está a repetir-se a lamentável experiência do pretenso fórum romano.
Deixou-se aquilo ao abandono, tal como apareceu, e perante os raros protestos, ao invés de se proceder com dignidade, procura-se "tapar os olhos" dos raros cidadãos que se interessam pelo assunto. Nada de cobertura provisória, ou de estudos complementares do alegado forno, por arqueólogos vindos de outras universidades, vai haver uma visita guiada ao local, pelo mesmo especialista que acompanha a obra. Útil sem dúvida, mas na realidade é chover no molhado. Se há ou não problemas de datação e de identificação, só o saberemos depois. Demasiado tarde, como no caso do alegado fórum de Sellium, um triste equívoco.
Com a tragédia ecológica da Mata dos sete montes está a acontecer algo semelhante. Sucessivamente alertada ao longo dos anos sobre a alteração do ecossistema da velha Cerca conventual, provocado pelo corte da água dos Pegões, a autarquia foi fazendo ouvidos de mercador até que, pressionada pela exposição dos tabuleiros,  reclamou junto da entidade estatal gestora da Cerca. Apareceu então a providencial argumentação do "fungo do buxo", que depois nunca conseguiram identificar e muito menos debelar.
Agora que o jardim da antiga Horta dos frades está a pedir reforma total, o presidente Cristóvão foi repetindo que não é nada com a câmara, mas ao mesmo tempo solicitando providências ao ICNF, que formalmente toma conta da Mata, através do pessoal do PNSAC, com sede em Torres Vedras. Perante o evidente desastre, aquele instituto governamental sugeriu à autarquia um convénio de cogestão da Mata, que a maioria socialista estava pronta a aceitar, até se dar conta das condições leoninas: o ICNF pretende continuar a participar na gestão até agora desastrosa da Mata, mas desde que a Câmara assuma todas as despesas. Impõe-se a pergunta: Se o Município tem de pagar tudo, o que impede que se transfira também a propriedade da antiga Cerca conventual? O governo pretende manter a Câmara sob tutela de facto?
Perante tal situação, os socialistas locais têm muitas dúvidas. Esperavam mais verbas e estão afinal a oferecer-lhes mais hipóteses de despesas consideráveis. o ICNF até fala na eventualidade de entradas pagas. (ver link Rádio Hertz)
Vendo a maioria algo baralhada, os vereadores PSD foram logo dizendo que apoiam a decisão do PS na questão da Mata, mesmo sem cuidar de antes ponderar adequadamente o assunto. Como diz o outro "Os tomarenses não aprendem." No mínimo, vêm revelando muitas dificuldades de aprendizagem e de adaptação à nova realidade nacional e europeia.


segunda-feira, 15 de abril de 2024





Património Imaterial

É PRECISO CUIDAR DA FESTA GRANDE

Acabo de ouvir e ver, na Euronews em português, que vamos ter mais uma candidatura a património imaterial nacional, etapa indispensável para a posterior entrega na UNESCO, em Paris. Desta vez trata-se das Marchas populares de Lisboa. Será a 35ª candidatura portuguesa, só este ano. Por este caminho, um dia destes ainda vamos ter também a candidatura das bifanas do Canal Caveira. Já faltou mais.
Veio-me naturalmente à ideia a candidatura da Festa dos tabuleiros, encalhada algures na DGPC desde 2019, e sem data marcada para a submissão à UNESCO, mas que já custou aos cofres públicos mais de cem mil euros. Sendo a realidade factual aquilo que é, com candidaturas a surgirem de todos os lados e de manifestações que nem sempre as merecem, não seria melhor repensar o assunto, encarando a hipótese de retirar a candidatura tomarense? 
Por duas razões essenciais. Em primeiro lugar, se a nossa candidatura não singrou com a DGPC sob a égide do governo socialista, como a Câmara que a submeteu, vai avançar agora com o governo PSD? A que propósito? Porque a secretária de Estado da Cultura é tomarense? Mesmo que se venha a alcançar tal classificação, que ganhará a nossa querida Festa grande com isso? Penacho de fantasia? Cada tabuleiro e cada portadora ou acompanhante, passam a desfilar ostentando uma  etiqueta com os dizeres "Património Imaterial da UNESCO"?
Em segundo lugar, colhendo os ensinamentos da Festa de 2023, aquilo de que os tabuleiros tomarenses precisam não é de uma candidatura vulgarizadora, mas de uma nova visão, que dignifique a Festa grande, evitando a repetição das centenas de queixas justificadas que houve na última edição, e apontando desde logo para outro modelo de organização, pois parece-me evidente que a futura Câmara, qualquer que venha a ser a sua composição partidária, não poderá assumir um custo, sem retorno efectivo, da ordem dos 3 milhões de euros, ou mais. Pois não é verdade que a festa de 2023 custou mais do dobro da edição anterior? Assim sendo, em 2027 a Câmara terá de desembolsar perto de 3 milhões de euros à cabeça, se nada for feito entretanto. Quem estará disposto a votar numa câmara tão gastadora? Que partido ou formação partidária vai assumir, durante a campanha eleitoral para as autárquicas 2025, que financiará a Festa grande, sejam quais forem os custos finais? É que entretanto apareceu o Chega, mais realista na questão das festas, subsídios, ajustes directos, corrupção e companhia...
Convém portanto ir pensando nestas coisas, antes da palhaçada da pseudo-escolha do mordomo pela população, alegadamente reunida nos Paços do concelho, que provoca o riso nos concelhos à volta. Porque tal tipo de escolha faz-se nas aldeias das redondezas, não em cidades dignas desse nome, sob pena de descrédito.
Trata-se afinal de começar a tentar salvar um concelho agora de funcionários públicos e reformados, transformando-o pouco a pouco numa área geográfica de cidadãos  empreendedores virados para o futuro, sem complexos nem carências patológicas de indústria pesada e operariado. Um plano abrangente, robusto e coerente, em que a nova organização da Festa grande será apenas um capítulo, porque é preciso e urgente cuidar dos Tabuleiros e do resto. Sobretudo do resto, sem o qual a dada altura não haverá mais Festa grande, por falta de recursos e de condições políticas.


(Texto ligeiramente alterado às 15H15 de Lisboa)

domingo, 14 de abril de 2024


Japon - Les ruelles des geishas interdites aux touristes à Kyoto

Japon - Les ruelles des geishas interdites aux touristes à Kyoto
©zasabe - stock.adobe.com

"À partir d’avril 2024, l’accès aux ruelles privées de Gion, le quartier des geishas à Kyoto, sera interdit aux touristes. Des panneaux de signalisation indiqueront quelles rues sont concernées. La principale rue de Gion, Hanamikoji, restera ouverte aux touristes.

Les autorités de Kyoto ont pris cette mesure pour protéger l’intimité des geishas importunées par le flux grandissant de touristes curieux qui les mitraillent de photos.

Les geishas distraient leurs clients avec des danses traditionnelles et des spectacles musicaux dans les maisons de thé du célèbre quartier de Gion."

(Reprodução do Guia do mochileiro newsletter de 27/03/2024)

Turismo

O futuro é já hoje

É mais uma curiosidade útil para os candidatos a turistas que somos todos nós, tendo em conta que "turista bem informado vale por dois", e o Japão é longe e muito caro para o nosso nível de vida. Após as taxas turísticas diárias e obrigatórias (Lisboa 2 euros para os passageiros dos cruzeiros, Veneza 5 euros para os turistas que não pernoitam), apareceram as restrições, como por exemplo no Bairro vermelho, em Amsterdão. Segue-se agora Kioto, milhão e meio de habitantes, a cidade mais tradicional do Japão.
Embora você já tenha percebido perfeitamente o texto do Guide du routard, aqui vai uma ajudinha, só para quem necessite:

"A partir de Abril de 2024, o acesso às ruas privadas de Gion, parte do bairro das geishas de Quioto, será proibido para turistas. Painéis de sinalização indicam quais são as ruas interditadas. A principal rua de Gion, Hanamikogi, continua aberta aos turistas.
As autoridades de Quioto resolveram proibir o acesso a algumas ruas para proteger a intimidade das geishas, importunadas pelo fluxo cada vez maior de turistas que as metralham com máquinas fotográficas e telemóveis.
As geishas são uma profissão tradicional japonesa que consiste em distrair os clientes com danças tradicionais e espectáculos musicais nas casas de chá do célebre bairro de Quioto." (Texto traduzido do Guide du routard newsletter de 27 de Março de 2024)

Enquanto isto, em Tomar a autarquia continua a não se incomodar com os problemas de falta de  estacionamento junto ao Convento e no Centro histórico, ou com os constantes roubos nos automóveis estacionados no parque pago da Cerrada do cães. Enquanto houver dinheiro para festas, subsídios, ajustes directos e comezainas, o resto não interessa. Querem lá saber se os visitantes não acompanhados por um guia ficam danados quando se perdem dentro do Convento, o que é frequente. Não é nada com a Câmara, é o que dizem,  mesmo estando em causa a reputação da cidade e do concelho.


sábado, 13 de abril de 2024

Imagem de Cristina Ferreira - Facebook, com a devida vénia e os agradecimentos de TAD3.

Mata dos sete montes

Agora é que vai?

https://radiohertz.pt/tomar-camara-vai-passar-a-mandar-tambem-na-gestao-da-mata-dos-sete-montes-icnf-propoe-protocolo-de-co-gestao/

O jornalista da Rádio Hertz foi feliz na formulação da notícia, como pode ler-se no link supra: "Câmara vai passar a mandar também na Mata dos sete montes." Na verdade, passará a haver dois comandos, um em Tomar (Câmara) e outro em Torres Vedras (PNSAC). Co-mandos portanto, ou gestão partilhada. Manda a boa educação política conceder o benefício da dúvida, esperar para ver, mesmo em relação aos que habitualmente condenam de antemão quem ouse criticar, seja qual for o motivo.
O dito benefício da dúvida não impede contudo que se mencione desde já a fraca expectativa existente. Sabe-se em que estado se encontram outros espaços verdes na cidade, com duas notáveis excepções, que são a Rotunda do Tabuleiro e a Várzea Pequena, cuja manutenção está entregue a duas empresas privadas. A maioria socialista tenciona fazer o mesmo com a Mata dos sete montes, concessionando a manutenção e o funcionamento? A ser o caso, quanto custará anualmente? O Estado comparticipará?
Cabe perguntar desde já, pois o problema da antiga Cerca conventual nunca foi a gestão, mas a falta dela, ou a sua evidente má qualidade. Agravada por quem, perante os sucessivos avisos de catástrofe ao longo dos anos, provocada pela seca do Aqueduto dos Pegões, adoptou sempre uma atitude altaneira e sectária, típica dos que tudo sabem e já nada aprendem.
A Câmara apadrinhou em 2023 a argumentação coxa dos técnicos do PNSAC, que afirmaram ser o desastre do jardim provocado por um fungo, tendo até custeado várias pulverizações com insecticida, que deram o resultado agora à vista de todos, apesar do inverno excepcionalmente chuvoso.(Ver imagem supra). Além disso, falou-se na altura, em Junho do ano passado, em contratar uma empresa privada para fazer um furo artesiano, junto ao Tanque da cadeira d'el-rei, para tentar assim compensar a água dos Pegões, ilegalmente desviada desde há anos na zona dos Brasões.
Ignora-se se tal furo artesiano já existe ou não, sendo certo que se trata de uma péssima solução. Naquele sítio, tudo indica que um furo artesiano só poderá fornecer água para rega mediante a instalação de uma bomba submersível, que não é barata e consome electricidade. Teríamos assim um retrocesso, nesta época de grande preocupação com poupança e energias limpas. Em vez de água com fartura, obtida por simples gravidade, como era a dos Pegões, haveria alguma água, obtida mediante consumo de electricidade, e adeus poupança de energia.
Sendo a esperança a última coisa a morrer, como diz o povo, resta esperar com alegria, pois a vox populi também garante que "hora a hora Deus melhora". Não vejo nada, mas continuo crente. Com um pouco de sorte, o problema da Mata só virá a ser resolvido capazmente quando a Câmara passar a mandar, ou co-mandar,  também no Convento de Cristo. Mas aí é mais difícil o governo ceder, porque são quase 40 funcionários e mais de dois milhões de euros de receita anual...
E continuamos assim, não é Gualdim?



sexta-feira, 12 de abril de 2024

 


Copiado da página de Laura Rocha no Facebook, com a devida vénia e os meus agradecimentos.


Informação?

A pancada foi tão forte 

que provocou mazelas a nível cognitivo?


Já com mais de oito décadas vividas, fácil é deduzir que já vi, ouvi e li muita coisa, tanto na faixa atlântica como alhures. Devo confessar, porém, que nunca antes tinha lido, que me lembre, uma coisa assim. 
Sei que há crianças extraordinariamente precoces, mas como conceber a situação relatada acima? Alguém que nasceu em 1974, que se lembra perfeitamente dos tempos do PREC, que foi em 1975, tinha a criatura um ano de vida, ultrapassa o meu entendimento.
Melhor ainda, a criança em questão já conhecia noções complexas, como por exemplo "revolução vermelha" ou "mensagens extremistas". É isto, ou estarei a perceber mal e a baralhar tudo? Faltará contexto?
Bem sei que em 10 de Março passado, a pancada foi forte e inesperada. Estava todavia longe de imaginar que provocou estragos de monta na área cognitiva de alguns cidadãos mais virados para a esquerda em termos políticos.
Será pedir demasiado, que parem um bocadinho para pensar e afinar o discurso?