quarta-feira, 25 de dezembro de 2024


Património tomarense nas mãos do Estado

Mais vale tarde que nunca

Pressionado pelas circunstâncias, como quase sempre acontece na política, o presidente Cristóvão foi sincero: Admitiu que a autarquia terá de recorrer a recursos humanos externos para poder assegurar, espera-se que capazmente, a manutenção da antiga Cerca conventual, que assim deixa de facto de ser Mata nacional, (ver imagem supra), para passar a ser Mata municipal dos sete montes.

Embora não sendo uma novidade, posto que a Câmara já recorre a empresas exteriores, designadamente para a recolha do lixo, para a manutenção de alguns espaços verdes, para a água e saneamento e até para as visitas à Sinagoga, é mais um passo na boa direcção. Embora tenha mais de 600 empregados, o Município não tem funcionários à altura, nem trabalhadores suficientes. Há excepções, bem entendido, mas no geral, é a velha questão dos "cavalos de estado". Têm de os sustentar porque não os podem despedir e no privado ninguém os quer, salvo casos específicos, mas há cada vez menos servidores empenhados na coisa pública.
Assumir finalmente a gestão da Mata dos sete montes é sem dúvida uma decisão corajosa e que vai na boa direcção, mas não basta. Mesmo com a contratação de recursos externos para a indispensável manutenção.
A recente esperteza saloia da Câmara, então ainda liderada pela anterior presidente, ao decidir a perfuração de um oneroso furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'El-rei, para assegurar a rega da velha Horta dos frades, agora jardim francês da entrada, permitiu dar dinheiro a ganhar a alguns camaradas e amigos, mas não resolve o problema do Chouso conventual, do Laranjal do castelo e das encostas nascente e sul da Mata. Para já não falar da Ribeira dos 7 montes, nem da nascente da Charolinha.
Só quando a água voltar a correr todos os dias nos Pegões, da Boca do cano até à Torre de Dª Catarina, como aconteceu durante mais de três séculos, é que teremos de novo em pleno o tradicional eco-sistema, com as encostas verdejantes e a queda de água da Racha.
Uma vez que a direcção do Convento de Cristo não se tem mostrado muito interessada na urgente e indispensável requalificação do aqueduto filipino, que é parte integrante do monumento, se calhar por ter sido obra dos reis espanhóis, resta à Câmara, incluindo a oposição, reivindicar junto do governo central a gestão integral do Convento. Não só por ser necessária e justa, mas também porque já há outros exemplos por esse país fora.
Se os monumentos de Sintra e Queluz, por exemplo, são geridos com geral agrado pela empresa pública "Parques de Sintra Monte da lua", com a participação da autarquia sintrense, porque há-de ser diferente em Tomar? A situação actual é muito pouco justa. A Câmara tem de assegurar os acessos, o estacionamento e a iluminação do monumento, mas as receitas das entradas, agora a 10 euros por pessoa, são arrecadadas pela nova empresa pública Museus e monumentos de Portugal, sem qualquer percentagem para a autarquia, que se vai calando. E, como bem diz o povo, "quem cala consente".
Estão à espera de quê, senhores autarcas? O ano passado visitaram o convento 311 mil pessoas. Mesmo excluindo as "borlas", sempre serão para aí dois milhões e meio de euros de receitas. Não fazem falta em Tomar, designadamente para financiar os tabuleiros? É tudo na área do turismo. Na extrema-esquerda ninguém gosta, mas as coisas são o que são.


2 comentários:

  1. Nada em Portugal funciona bem depois do 25 de Abril porque não há ordem, o estado é uma bagunça. O último podcast do Tiago Carrão com o Comandante João Roque Santos tem como thumbnail: "nos últimos 10 ou 20 anos foram raras as vezes que saí de Lisboa a horas!!!"

    A única coisa que funciona bem são as festas, não há falta de pessoal para trabalhar voluntariamente festa dos tabuleiros por um prato de comida, já para o resto ...

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    1. "Não há falta de pessoal para trabalhar voluntariamente na Festa dos tabuleiros POR UM PRATO DE COMIDA." A sério? Ou é só para o pessoal se rir um bocado? Porque a experiência mostra que os pratos de comida têm custado cada vez mais caro...

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