quarta-feira, 18 de dezembro de 2024


Realojamento dos ciganos do Flecheiro

Problemas por resolver que se vão agravando

Foi um grande sucesso o desmantelamento do acampamento precário do Flecheiro, consideram com razão os socialistas e respectivos apoiantes. Era uma das bandeiras do partido, cujos militantes se sentiam bastante incomodados com aquela ferida social na principal entrada da cidade, causada pelo presidente Luís Bonet, ao aceitar a mudança da Quinta de Santo André para o Flecheiro, em vez de expulsar os então nómadas do concelho, em conformidade com as normas nacionais da época.
Bem vistas as coisas, quase meio século mais tarde, o dito sucesso foi só aparente, ou pelo menos de curta duração. A óbvia falta de preparação impediu que fossem ponderadas todas as consequências, e elas aí estão. É do adagiário popular que "cadelas apressadas parem cães cegos", e neste caso foi o que aconteceu, em sentido alegórico, bem entendido.
Logo de início, com aquele entusiasmo típico dos neófitos pouco habituados ao trabalho intelectual bem estruturado, pensaram em três locais, para alojar outros tantos clãs -Róflin, Fragoso e Pascoal. E vá de encomendar um pequeno bairro em préfabricado pesado, para instalar nos terrenos anexos à ex-prisão da comarca.
Só depois os entusiastas municipais vieram a saber que a UE considera ilegais os bairros de uma só etnia, o que se compreende. Já não implementaram mais nenhum dos três antes previstos, optando então pelo realojamento nos bairros sociais pré-existentes, ou em habitações municipais recuperadas para o efeito, com todos os inconvenientes daí resultantes, que estão agora bem à vista do eleitorado, e incomodam seriamente as vizinhanças.
A tal ponto que forçaram os autarcas a solicitar às autoridades policiais que usem de compreensão para com a minoria étnica. Em resumo, um estatuto especial para os ciganos, para que tenham tempo para se integrarem, segundo o ponto de vista autárquico. Como se alguma vez nalguma localidade os ciganos em geral se tivessem esforçado no sentido da integração na sociedade em que vão vivendo.
O mal está agora consumado, havendo cada vez mais consequências desagradáveis, mas entretanto autarcas e funcionários superiores da área social não querem nem ouvir falar das nódoas que vão aparecendo e são cada vez mais frequentes. 
Longe de Tomar, em Bruxelas,  a UE continua a dizer que o agora chamado "bairro calé" é ilegal, porque só lá habitam famílias ciganas, enquanto a Câmara vai alegando que se trata de um Centro de acolhimento temporário. Temporário até quando? Onde estão os acolhidos não ciganos? E a troca de bola promete continuar.
Como se não bastasse, surgiu também a contestação de todo o processo de realojamento nos bairros sociais e outras casas camarárias, com acusações de compadrio e falta de respeito pela normas europeias, naturalmente equitativas, e com a autarquia a esquivar-se ao cumprimento do direito à informação, o que impede Bruxelas de obter os dados indispensáveis para poder aquilatar da conformidade com as regras da UE.
Se bem se entende, será a microdimensão concelhia a salvar a tripulação municipal do opróbio. Numa comunidade de trezentos milhões de habitantes, os serviços de fiscalização não podem perder muito tempo com concelhos minúsculos, de menos de 50 mil habitantes. E assim vamos definhando sem controlo real, rumo à irrelevância. 
Entretanto, coitados dos conterrâneos que padecem com vizinhanças indesejadas, geralmente barulhentas e pouco amáveis. Mas isto já é racismo, dirão os acólitos da gamela, enquanto não lhes toca directamente. Um bom Natal para todos, apesar de tudo, é o que sinceramente deseja Tomar a dianteira 3, que critica mas não odeia ninguém.







2 comentários:

  1. Em Braga também há um bairro só de ciganos, o bairro só tem 25 anos e já está destruído. Já estão a tirar os ciganos de lá para outros lados.

    O problema da habitação e dos subsídios é global, eu ainda na semana passada vi um documentário na televisão inglesa sobre a pobreza aqui, cada vez mais há pessoas em idade ativa a viver de benefícios do estado. O Professor conhece de certeza aquele homem que andava com os turistas e que falava muitas línguas lá por Tomar, chamavam-lhe o Babalú, eu nem sei o nome dele. Segundo me disseram ele vaio para cá para Inglaterra há uns anos atrás, deram-lhe casa e dinheiro por ser deficiente numa mão sem nunca ter descontado um tostão aqui. Segundo me disseram o gajo andava todo contente. Isto já lá vão uns anos.

    Vi no tal peograma de televisão uma jovem, bonita, mãe solteira de um filho de 8 anos que NUNCA trabalhou na vida e recebe mais de 35 mil libras por anos em subsídios para ela e para o filho. Com a libra a 1.21 euro são 42350 euros por ano para aquela vaca e para a criança. E depois a criança vai ter tendência a viver também de subsídios, é um ciclo vicioso. Por isso é que eu sou contra a social democracia, que está a dar cabo da europa.

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    1. No caso de Tomar, sucedem-se os incidentes, apesar da complacência aconselhada pela autarquia, a mostrar que urge encontrar uma ou várias soluções alternativas, pois é óbvio que a pequena comunidade tomarense não tem capacidade para absorver e assimilar tanto migrante. Continuar a aguardar só pode agravar as situação...

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