Poder local
Assembleia municipal vota proposta de recomendação fora da área da sua competência própria
Conforme se pode ler no link supra, que se publica para evitar dúvidas, mediante proposta da CDU, a Assembleia Municipal de Tomar debateu e aprovou por unanimidade uma recomendação à Assembleia da República, da qual consta que "deve aprovar a separação das freguesias da Serra e Junceira".
Baseada em que legislação? Estamos num estado de direito democrático, no qual cada órgão é dotado de competências próprias devidamente explicitadas. Neste caso preciso, a CDU baseou-se em que competências da AM? Onde está escrito na Lei que o parlamento municipal, de Tomar ou de qualquer outro município, pode recomendar, peticionar, pedir ou reclamar o que quer que seja do Parlamento nacional? Era o que mais faltava a A.R. de alguma forma condicionada por reclamações, petições ou recomendações dos 308 parlamentos municipais.
Parece-me particularmente grave, para não usar outro vocábulo mais pesado, que num parlamento municipal de 33 membros, alguns dos quais com formação jurídica, ninguém tenha levantado previamente a questão da competência, indo a reboque da CDU, cujo deputado municipal é o mais experiente e mais idoso daquele órgão. Sobretudo os representantes do PSD, partido que em 2013 lançou a demasiado tímida reforma das freguesias. Entretanto já estão arrependidos? Ou já andam na caça ao voto?
Como nestas coisas da política uma desgraça raramente vem só, e tendo em conta igualmente que no melhor pano cai a nódoa, a notícia do link supra contém uma falsidade manifesta. Escreve-se que "está em causa a desejada separação dos territórios, unidos, contra vontade própria, em 2013, por ocasião da chamada Reforma Administrativa."
Sendo do domínio público que a citada reforma foi feita em regime de união voluntária, não se está a ver como poderá ter sido contra a vontade própria no caso da Serra e Junceira. Não foram os respectivos eleitores e membros das assembleias de freguesia que decidiram a união? Então quem foi e como? Houve casório forçado e não se soube de nada nas outras freguesias do concelho?
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