Entradas gratuitas no Convento de Cristo
União Europeia não aceita borlas nos monumentos só para nacionais e residentes
Bruxelas exige fim de “discriminação” por museus gratuitos apenas para residentes – Observador
Estava-se mesmo a ver, mas somos quase sempre assim. Temos uma tendência doentia para a "esperteza saloia". Arranjamos soluções impecáveis para problemas insolúveis, que depois se verifica serem apenas ilegalidades manhosas. É o que está a acontecer agora com o Convento de Cristo e os outros monumentos geridos pela Empresa Pública Museus e Monumentos de Portugal, desde o ano passado.
Durante muito tempo, foi possível entrar de borla nos monumentos, aos domingos até ao meio dia. Veio depois a época da esperteza saloia, geradora de ideias luminosas. Só aos domingos de manhã era pouco. Melhor arranjar um bónus anual de 52 entradas gratuitas mediante registo prévio, mas só para nacionais e residentes. Os turistas estrangeiros que paguem, já que têm dinheiro para passear...
Foi sol de pouca dura. Bruxelas acaba de notificar o governo português de que iniciou um procedimento por infracção ao artigo 56º do regulamento comunitário, que se refere à livre concorrência, o que implica a igualdade de todos perante as leis. Ou seja, as entradas gratuitas nos monumentos e museus não podem ser só para nacionais e residentes. Ou são para todos, incluindo os turistas estrangeiros, ou deixam de existir e todos os visitantes pagam. Lá se foi o golpe genial da esperteza saloia. A notificação de Bruxelas refere-se ao regime imediatamente anterior, que sucedeu às borlas aos domingos de manhã. Mas como o actualmente em vigor não é diferente no essencial, a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal vai ter de acabar com a ilegalidade. Eventualmente repondo a situação anterior, com entrada gratuita aos domingos durante a manhã para todos os interessados.
Como uma desgraça nunca vem só, Tomar a dianteira 3 sabe, apesar de estar no hemisfério sul, a sete horas de avião de Lisboa, que a mesma DG de Bruxelas continua a passar a pente fino todo o processo tomarense de realojamento dos ciganos do Flecheiro, que envolveu verbas europeias. Estão em causa o chamado Bairro calé, onde só residem ciganos, o que Bruxelas considera ilegal, e a igualdade de oportunidades para todos, durante os concursos para concessão de outros alojamentos sociais aos calés. Assunto para a próxima crónica de Tomar a dianteira 3. Esta já ultrapassa as 25 linhas, limite para a capacidade média do nabantino que gosta de ler. Textos simples, como referia há pouco um estudo internacional.
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