Património imaterial da UNESCO
Tabuleiros ainda longe da inscrição final
Reunido entre 2 e 5 do corrente mês, na capital do Uruguay, o "Comité intergovernamental para a salvaguarda do património imaterial da UNESCO", apreciou e aprovou mais umas centenas de inscrições na respectiva lista. Composto por representantes de 24 países, só dois são europeus -Alemanha e Espanha. Entre a enorme variedade das manifestações inscritas, destaque para duas em língua portuguesa: A arte equestre portuguesa, apresentada por Parques de Sintra Monte da Lua, (Palácio de Queluz), e a Elaboração do queijo de Minas, em Minas gerais, Brasil.
Há também duas outras inscrições a destacar, pela sua originalidade e por terem sido apresentadas pela França, sede da UNESCO. São elas as feiras rurais de divertimentos (Les fêtes foraines), candidatadas também pela Bélgica, e "a arte dos latoeiros de zinco nos telhados de Paris."
Esta última agora aprovada e inscrita na lista, é o resultado de uma primeira candidatura iniciada em 2014 e tendo em vista o património material, alterada em 2017 para candidatura a património imaterial. De que se trata afinal? De proteger e salvaguardar a habilidade das centenas de artífices de latoaria em zinco, que mantêm em bom estado os telhados de Paris, apesar das invernias rigorosas, com abundantes quedas de neve. Não os respectivos telhados, mas os profissionais ainda em actividade.
-Então e os tabuleiros? perguntará quem teve ânimo para ler até aqui. Os tabuleiros estão como se sabe. A última edição custou para cima de um dinheirão, houve centenas de reclamações de visitantes que palmilharam quilómetros e pouco viram, há um técnico superior camarário, contratado em 2019 exclusivamente para preparar a candidatura à UNESCO, mas por enquanto ainda não chegaram a Paris, sede da organização onusiana para a cultura.
As vicissitudes da candidatura francesa dos telhados de Paris, aprovada pela UNESCO ao fim de dez anos de trabalho insano, parecem mostrar que os tabuleiros ainda têm algumas hipóteses, desde que os promotores da candidatura se adaptem à realidade envolvente, o que ainda não fizeram. Os tempos do "cheguei, vi e venci", já foram há séculos. Há que render-se às novas modas, no caso vindas de Paris, sede da UNESCO.
Haja humildade perante o saber, a tradição e a experiência. Podendo parecer que não, os filmes do Spielberg ou do Sérgio Leone, por exemplo, começaram por ser bons aos olhos dos potenciais consumidores POR SEREM DE QUEM SÃO. Só depois ocorreu a confirmação presencial, ajudada pela reputação prévia. Alcançam?
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