quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Decadência nabantina

UM PANORAMA 

EXASPERANTE E DEPRIMENTE

(Texto longo e complexo, para ler à lareira, ou no computador do serviço, durante as horas de expediente, uma vez que há ar condicionado à custa dos contribuintes.)

Lembro-me bem. Quando um dia lhe perguntaram porque não havia eleições livres, Salazar respondeu que o povo português não estava preparado para a democracia. Não estava, nem parece estar, meio século após Abril. Pelo menos em Tomar, o eleitorado que conheço melhor, a situação é confrangedora. Não só, ou não tanto, pela evidente ignorância reinante, mas sobretudo porque os ignorantes, que somos todos, tendem em geral a considerar-se sabedores e, não raro, até como conhecedores, portanto impermeáveis à crítica e imunes aos erros.
Deste caldo sociológico de 35 mil eleitores inscritos, muitos dos quais nem terão capacidade para deglutir o que estou escrevendo, metade nunca votam e os restantes limitam-se a fazer a cruzinha onde lhes disseram. O que origina situações muito tomarenses. 
Os vários presidentes de Câmara eleitos fizeram todos sem excepção excelentes mandatos, só os dos adversários é que foram uma miséria. Há oposição apenas nominal. Na verdade estão todos de acordo em relação às grandes opções, porque excluindo as da maioria circunstancial, não conhecem outras. A própria informação local simula não saber o que são divergências, afinando sempre pelo diapasão oficial, o que se compreende muito bem, ao constatar que o ex-semanário local de direita foi salvo da falência por uma ajuda autárquica, providenciada pela transitória maioria esquerda unida, no poder local desde 2013. E se até a velha direita tradicionalista se vende, para onde vamos?
Deste vale de tristezas e de enganos, exasperante e deprimente, resultam atitudes normais para a urbe, porém aberrantes em termos gerais. Uma delas, quiçá a que mais me incomoda, é esta: Aquilo que vou escrevendo no blogue tem, segundo a Google, um leitorado diário entre 300 e 400 visualizações, das quais 60% na área concelhia. Pois apesar de tanta fartura, há apenas dois ou três comentadores assíduos e, pior ainda, nota-se que muitos leitores tudo fazem para que não se saiba que cometem esse pecado.
Há depois a "opinião pública" local. Tenho felizmente meia dúzia de bons amigos na urbe, mas também há quem finja que não me conhece, e até quem mude de passeio para não se cruzar comigo. E eu ralado, apetece exclamar, mas não corresponderia à verdade. Apesar de saber que "santos da casa não fazem milagres", ou que "ninguém é profeta na sua terra", estas atitudes intolerantes acabam sempre por deixar marcas no subconsciente, e eu já desço a Corredoura há oito décadas. Custa portanto um bocado.
Quem habitualmente lê e tem memória, sabe bem quem começou com a crítica frontal e desinibida à maioria PS esquerda unida. Só mais tarde, com a proliferação das redes sociais, é que apareceram outros eleitores discordantes, mais voltados para a má limpeza urbana, a poluição do rio ou a falta de manutenção dos espaços verdes, por exemplo. Mas nem esse fenómeno mimético provocou qualquer alteração significativa no corpo eleitoral tomarense, cuja principal característica continua a ser a casmurrice. Gente incapaz de alinhar três ideias ou cinco frases originais, assume ainda assim uma atitude condescendente em relação a quem produz e publica texto pessoal diariamente.
E chega-se à presente situação, senão caricata, pelo menos bizarra. No blogue Tomar na rede vários leitores queixam-se de problemas de estacionamento, que até ilustram, mas parecem ignorar a origem remota de tais situações. Ou seja, antes de denunciarem, esqueceram-se de formular as perguntas básicas: Quem? O quê? Quando? Onde? Mas também e sobretudo Porquê? Como?
Cai-se assim na tal situação algo cómica: Um morador da Choromela queixa-se de ser obrigado a ir estacionar o seu carrito no parque do supermercado mais próximo, porque há uns malandros que estacionam camiões TIR mesmo junto à sua porta. (ver imagem)
Conclusão provável do leitor arrabaldino: A maioria PS esquerda unida anda por vezes a caminhar ao lado dos sapatos? Quero lá saber! Há uma aflitiva falta de estacionamento em toda a área urbana? E eu ralado! Deviam era proibir estes gajos dos camiões TIR de virem roubar estacionamento aqui à porta.
Há duas décadas, um descendente de refugiados russos em França, "fez um cartão". Teve um êxito mundial, com uma composição cantada por Jane Birkin, sua companheira. Refiro-me a Serge Gainsbourg e a "Je t'aime, moi non plus". Uma relação de amor-ódio recíprocos. Exactamente como os tomarenses em relação a esta velha carcaça, que insiste em escrever só para melhorar as coisas, embora aproveitando para estar entretido. Ne me quitte pas... (Jacques Brel,  belga valão que jaz algures na Polinésia, para onde se retirou ao saber que tinha um cancro incurável...)

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1 comentário:

  1. As pessoas só têm de instalar a app do estacionamento inteligente e está resolvido o problema... ai espera, não funciona!!!

    Vai acontecer o mesmo com a video vigilância, vão gastar centenas de milhar de euros e não vai resolver o problema, os larápios irão continuar a roubar os catalisadores de quem trabalha.

    Estive a assistir a um contra corrente recente da rádio observador em que o tema era o que fazer a quem vive em habitação social camarária e não paga a renda. Foi á 2 ou 3 dias atrás. Interveio o presidente da câmara municipal de Loures, o tal que foi criticado pelo Costa por dizer que quem se porta mal deve de perder a habitação camarária. Diz que quando chegou á câmara haviam rendas de 5 euros e uma taxa de incumprimento de 55%. Através de negociação com os caloteiros, alguns têm planos de pagamentos de mais de 60 meses (5 anos!!!!) orgulha-se de ter descido a taxa de incumprimento para 22%!!!! A quem o crítica no PS responde que o secretário geral disse que o PS é um partido de direitos e deveres!!!! A renda mínima passou agora para 10 euros, e as casas foram recuperadas. Nunca irão recuperar o dinheiro investido na recuperação das casas. 10 euros são 2% de taxa de esforço para quem ganha quinhentos e pouco euros!!! Os bancos quando fazem o crédito á habitação não podem ultrapassar os 30%, veja a diferença!!!

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