sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 


Autarquia - Gestão de funcionários

Futuro tenso e incerto para os funcionários camarários

Cautelosa e calculista como se tem mostrado, a srª presidente da Câmara terá decerto ponderado com tempo estas declarações, perante o parlamento municipal:

https://radiohertz.pt/tomar-anabela-freitas-admitiu-que-o-quadro-de-pessoal-do-municipio-nao-esta-adequado-para-as-necessidades/

Ante a surpresa causada por tão corajosa posição de uma eleita que, recorde-se, é também técnica superior de emprego e formação profissional, Tomar a dianteira 3 procurou recolher à distância algumas reacções entre os visados:

1 - "Já era de esperar. Como não precisa mais dos votos da malta, porque está no último mandato, vinga-se. Aproveita para dar a facada final. Mas cá se fazem, cá se pagam"

2 - "Ela está a falar de quê? Competência política? Capacidade profissional? Qualidades pessoais? Tenho a impressão que tem dois objetivos, colocar mais alguns na prateleira e recrutar mais uns camaradas, mesmo que não sejam do melhor que há em termos profissionais. Você sabe como são os concursos."

3 - "Foi feita alguma auditoria externa, para apurar quais são mesmo as novas competências necessárias para o novo projeto autárquico? Mas se nesta altura a gente nem sabe se há planos a médio e longo prazo..."

4 - "É a vingança contra a dança dos planos de pormenor, na sequência do golpe palaciano de 2015, mas o tiro pode sair-lhe pela culatra."

5 - "Há funcionários bons, competentes, humanos, e outros  que nem tanto,  na Cãmara de Tomar, como em qualquer outro organismo. O problema são os de "confiança política", trazidos pela maioria PS, e regra geral de qualidade abaixo da média."

Por esta amostragem reduzida,  percebe-se que vêm aí várias tempestades, de intensidade variável, num organismo público que há anos vive praticamente em autogestão, em muitos aspectos. Um dos lemas da casa continua a ser "Os eleitos passam, os funcionários ficam" e contra isto é extremamente difícil obter resultados positivos. Melhores resultados? Oxalá! Mais despesa? De certeza!

Votos de Bom ano novo, com melhores funcionários autárquicos e eleitos com planos a médio prazo.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 


Directora do Convento de Cristo. Imagem Tomar na Rede, com os agradecimentos de TAD3


Economia local - Autarquia - Administração pública

Caminho de Ferro, Convento de CristoFesta dos tabuleiros

Aqui, no nordeste do Brasil, a sete horas de avião de Lisboa, três temas ocupam a actualidade de hoje, para quem escolheu viver longe da terra, por ser bem mais confortável. São o Caminho de Ferro-Ramal de Tomar, o Convento de Cristo e a Festa dos Tabuleiros, por ordem alfabética, para evitar mal entendidos.
Significativamente, a mostrar a pobreza da nossa democracia, dos três temas, só o último depende da Câmara local. Os outros são do domínio reservado do Estado que temos. Vamos a eles, aos problemas, claro.

Caminho de Ferro - Ramal de Tomar

Creio que quem tenha vivido bastantes anos em Tomar, e seja razoável observador, já se terá dado conta de que os tomarenses em geral padecem de três maleitas, por esta ordem: 1 -Medo; 2 - Conservadorismo; 3 - Inveja.
A questão do Ramal de Tomar  que agora surge mais uma vez, resulta da junção do medo com a inveja. Medo de vir a perder a Linha Expresso Regional do Metro de Lisboa, exactamente aquilo que hoje é na realidade o ramal. Inveja porque o governo quer roubar tudo aos tomarenses. Neste caso o seu brinquedo, que também serve para ir trabalhar.
O curioso da questão é que a srª presidente da Câmara também acredita que querem levar as principais linhas de passageiros. para a faixa costeira. Mas entretanto apoiou com entusiasmo a fusão Médio Tejo-Lezíria do Tejo-Oeste, liderada pela metrópole regional que é Leiria, cuja estação REFER fica a alguns quilómetros da cidade, mas é na faixa costeira. Ou não? Conviria explicar tal incoerência, pelo menos aparente.

Convento de Cristo

É crónico. De cada vez que termina a comissão de serviço da direcção do monumento, a DGPC atrasa-se na abertura do respectivo concurso. Deixa a marinar. No caso do Convento até se sabe porquê, nestes últimos mandatos. Procura-se a melhor maneira de garantir que quem está fica, uma vez que a sua vinda inicial nem foi bem uma promoção, mas um exílio imposto. Procuram portanto conseguir um "concurso com fotografia", sem que se note demasiado.
Sei do que falo, e não me move a inveja. Fui convidado para o lugar, ainda no tempo do IPPC, e não aceitei. Agora já não tenho idade.
No meu entendimento, os grandes monumentos Património da humanidade deviam ter um director de exploração turística e, sob a sua alçada, um responsável pela conservação e restauro. Directores de departamento e chefes de divisão são qualificações de outro tempo que já foi e não volta. De Nova Iorque a Pequim, só em Lisboa é que parece que ainda não perceberam. Ou não querem perceber?

Festa dos Tabuleiros

Na sequência do recente esbulho, praticado por um caramelo que resolveu registar como coisa sua o modelo das samarras e capotes alentejanos, (e conseguiu, o magano!), um amigo alarmou-se e perguntou-me se não havia o perigo de fazerem o mesmo com a "nossa" Festa dos Tabuleiros. O tal medo, que atazana a generalidade dos tomarenses, quando se trata de encarar o futuro.
Sei que vou chocar muita gente, mas como sempre procurei falar claro e urinar a direito, não era agora, passados os 80 que ia mudar. Até parecia mal. Agreste uma vez, agreste até por cá andar.
A Festa dos tabuleiros já conheceu três fases. Na primeira, anterior a 1950, era um cortejo de oferendas, organizado pela Misericórdia de Tomar, a favor dos pobres. A partir de 1950, sob a égide de João dos Santos Simões, -o Jones da fábrica- inspirado nas práticas do salazarista António Ferro, passou a ser uma festa financiada pelo governo e de "beija-mão" à câmara não eleita de então. Manteve no entanto, com algum sucesso, a sua vertente assistencial, distribuindo gratuitamente a pesa (carne, pão e vinho) a centenas de pessoas carenciadas.
Já depois de 1974, a Festa transformou-se num cartaz turístico e de propaganda da autarquia, em que a própria distribuição de vinho e alimentos se tornou folclórica porque residual. Já não há pobres sem ajudas que a justifiquem. A Cáritas, por exemplo, distribui a quem precisa alimentos gratuitos, ao longo de todo o ano.
Dada a evidente inutilidade caritativa, o problema reside no custo da festa, que em 2019 já abrigou a Câmara a desembolsar mais de 600 mil euros em subsídios não recuperáveis, o que corresponde a mais de 15 euros por habitante. É um manifesto exagero, que a alegada promoção turística não justifica de forma alguma. Tanto mais que, organizada por quem saiba e com respeito integral pela tradição, a festa podia dar lucro substancial. É portanto mais uma grande oportunidade perdida.
Dois obstáculos impedem a sua adaptação ao mundo moderno. 1 - A Câmara não quer perder o controle da respectiva comissão organizadora. Para ter a certeza de que vai poder desfilar à cabeça do cortejo. Como no tempo do salazarismo, só que agora já não se justifica, uma vez que estão legitimados pelo voto livre, o que lhes garante o direito de encabeçar o cortejo. 2 - Os mais ligados à festa são todos acima de qualquer suspeita, corajosos e capazes. Mas têm medo de lhes tocar a organização do novo modelo e de não virem a estar à altura. Ou, pior ainda, que apareça alguém de fora do círculo, e lhes mostre como se faz, de forma a ganhar-se muito dinheiro. Já viram o escândalo que seria, ao constatar-se os anos entretanto perdidos? Por isso o melhor é mesmo continuar naquela fase tão tomarense em que não fazem nem deixam fazer. Nem coiso, nem saem de cima
Como escrevia amiúde o saudoso VPV, o mundo está perigoso! Sobretudo em Tomar, devido à idiossincrasia nabantina.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Política local - Resultados eleitorais

Em Tomar a democracia é um sucesso?

Como bem lembra o Tomar na rede: 
https://tomarnarede.pt/politica/ps-venceu-primeiras-eleicoes-autarquicas-ha-45-anos-em-tomar/
completaram-se no passado dia 12 de Dezembro 45 anos sobre as primeiras eleições autárquicas em democracia. Antes disso, no tempo do salazarismo, o presidente da Câmara e os seus vereadores eram escolhidos a dedo, entre os frequentadores do Café Paraíso. E nem todos foram maus. Houve mesmo um que praticamente transformou Tomar naquilo que é hoje. Foi o então capitão, e mais tarde general, Fernando de Oliveira. Goste-se ou não, é um facto.
Os poucos tomarense agradecidos, resolveram recordá-lo, numa modesta coluna de mármore quadrada, com medalhão em bronze, ao cimo do jardim da Várzea pequena, do lado poente. Já os seus contemporâneos Fernando Ferreira e Lopes Graça, que não deixaram grande obra na cidade, tiveram direito a bela estatuária ...na antiga horta Torres Pinheiro, municipalizada e urbanizada com a construção do estádio, durante os mandatos de Fernando de Oliveira, com a oposição dos mesmos Nini Ferreira e Lopes Graça. A história tem destas coisas...
Regressando aos 45 anos das primeiras autárquicas, o PS conseguiu então 7.776 votos, o PSD 4.336, o CDS 3.170 e o PCP 1.400. Quarenta a cinco anos volvidos, os resultados de Setembro passado mostram que só o PSD melhorou, apesar de ter perdido. Passou dos 4.336 de então, para 6.248. Todos os outros perderam votos, a começar pelo PS, que desceu de 7.776 para 7.157. Para o CDS foi um desastre, desmoronou-se dos 3.170 para apenas 572 votos. E o PCP não teve melhor sorte: 1.400 votos em 1976, 993 em 2021.
Os tempos eram outros, mas não muito diferentes em termos demográficos. Os eleitores inscritos em 1976 eram 32.438 e passaram a 33.892, em 2021. Um aumento transitório de 1.454, que não tardará a desaparecer, pois a crise persistente e a emigração não vão perdoar.
Um último detalhe, que espelha bem a qualidade da governação municipal que temos tido em Tomar. Em 1976, a ignorância era muita e não votaram 13.536 eleitores inscritos. Já em 2021, ultrapassada em princípio alguma ignorância,  esse total de abstencionistas subiu para 15.863. A diferença para mais é de 2.327 eleitores abstencionistas. Superior ao aumento dos inscritos.
Quem são os culpados? Os eleitores descontentes? Ou serão os governantes? A resposta correcta será "Os eleitores descontentes". Segundo os eleitos, parafraseando Voltaire sem saberem, "vai tudo bem, no melhor dos mundos possíveis."
Não se está mesmo a ver?!?

 


Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos

(Olhando para as duas imagens supra, não fique com a ideia de que se trata de um apelo do tipo "Santa Cita a Património mundial da UNESCO já!" Por favor leia a crónica infra, se pretende perceber a junção das duas fotos.)


Política local - Câmara - Santa Cita aldeia Natal

Tem a sua piada !

Os organizadores do evento Santa Cita aldeia Natal, que tiveram azar com o tempo, acabam de conseguir um subsídio camarário, que vem mesmo a calhar. Mas também tiveram direito a uma rabecada, da parte da srª "professora" que exerce nos Paços do concelho. E pelo tom, tiveram muita sorte. Só escaparam de "dar a mão à palmatória", e ter direito a meia dúzia de palmatoadas, porque os tempos são outros e a tradição já não é o que era. Mesmo em Tomar, onde alguns órgãos de informação adoram fazer títulos com a expressão "cumpriu-se a tradição". Como se a tradição fosse sempre muito recomendável. Pode ser só saudade.

https://radiohertz.pt/tomar-camara-aprovou-apoio-a-santa-cita-aldeia-natal-mas-com-reparos-de-anabela-freitas-nao-fica-bem-virem-ter-connosco-a-um-mes-do-evento-ser-realizado/

A atitude da srª presidente do executivo, lamentando-se que os líderes do referido evento só tenham vindo pedir subsídio um mês antes da sua realização, é bastante estranha e descabida. Desde logo, porque é do conhecimento geral que a autarquia não tem qualquer planeamento capaz. De forma que, acusar os outros de falta de planeamento atempado, traz logo à memória a velha frase "Oiçam o que digo, não olhem para o que eu faço."
Além disso, o irreflectido reparo presidencial caiu em má altura. Tipo mosca na sopa. Tem-se falado ultimamente na candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património Imaterial da UNESCO, e nessa matéria o actual executivo tem-se mostrado algo taralhouco, com prazos que valha-nos Deus. Conforme consta nos arquivos da própria DGPC, a Câmara de Tomar apresentou o processo em 10 de Março de 2020, mas o mesmo só deu entrada naqueles serviços em 22 de Junho de 2020, vindo a ser devolvido para "Aperfeiçoamento do pedido" em 18 de Agosto de 2021, situação que se mantém, apesar das recentes declarações optimistas da srª vereadora. Em termos de planeamento, estamos conversados. Ou não?
Comparativamente, conforme a mesma fonte, o processo da Louça negra de Bisalhães, pilotado pela Câmara de Vila Real, foi aberto em 4 de Dezembro de 2014, o pedido foi entregue no final do mesmo mês  e a inscrição no Inventário nacional ocorreu em 15 de Fevereiro de 2015. Tudo no espaço de três meses, em vez dos quase dois anos que já leva a Festa dos tabuleiros,  o que permitiu depois a aprovação pela UNESCO, em 2016. Mas também é verdade que em 2014 e início de 2015, usando fraseologia socialista,  eram os malvados do PSD, de Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas, que lideravam a DGPC. Como se constata, pelo menos no caso dos tabuleiros, as coisas não melhoraram muito desde então. Pelo contrário. Sobretudo no turismo em Tomar, mas não só.
Siga a música! Venham as festarolas! Maldita pandemia que em certos casos dá tanto jeito!

terça-feira, 28 de dezembro de 2021

 

Antiga cidade proibida - Pequim - China

Panorama da grande muralha da China, que tem milhares de quilómetros de extensão.

Aspecto de Xangai, a maior cidade chinesa, com 24 milhões de habitantes.

Política local - Economia - Desenvolvimento

 Entre Pequim e Tomar

Na política é como no desporto. O que conta sobretudo é o resultado. Mesmo se os resultados desportivos são menos adaptáveis às circunstâncias que os da política. É agora ponto assente que os governos do leste europeu, a começar por Moscovo, caíram, implodiram, por não conseguirem resultados satisfatórios na área económica. Com ou sem direitos fundamentais, ninguém gosta de viver na penúria, e muito menos na miséria.
A China transformou-se entretanto no principal problema político dos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, não por ter provocado qualquer guerra, ou sequer por ser de facto um regime de partido único, mas simplesmente por ter conseguido ultrapassar com sucesso o obstáculo que provocou o colapso do comunismo na Europa. A célebre frase, atribuída a Deng Xiao Ping, "pouco importa a cor do gato, o que interessa é que cace ratos", é bem capaz de ainda hoje tirar o sono a muito governante ocidental.
Facto é que os chineses conseguiram o melhor de dois mundos: A - Um regime de partido único, que facilita muito a governação; B - Um sistema económico assente em duas premissas -eficácia e produtividade. Ano após ano, os resultados têm vindo a demonstrar o êxito de tal fórmula. Crescimento económico entre 5 e 10% anuais, urbanização acelerada, industrialização galopante, explosão do sector de serviços e evidente melhoria do nível de vida de milhões e milhões de chineses.
Mas há o problema dos direitos humanos, das liberdades fundamentais, que Pequim não respeita, alertam alguns, que por outro lado parecem ignorar uma situação bem conhecida, e assaz paradoxal. Os trabalhadores têm mais direitos consignados nas leis laborais nos países mais evoluídos da América latina, no México por exemplo, do que nos Estados Unidos (férias pagas, horário de trabalho, liberdade sindical, salário mínimo, subsídio de desemprego). Apesar disso, são os latino-americanos que emigram, mesmo ilegalmente, para os Estados Unidos, e não os americanos do norte que demandam a América Latina. Donde se conclui que os tais direitos ditos fundamentais...
Transpondo a situação para um país europeu periférico, e para uma pequena cidade provinciana, a situação é homóloga. A economia não cresce e a população emigra cada vez mais, mas há grande esforço para garantir os direitos dos trabalhadores. Dos funcionários públicos sobretudo. E dos outros cidadãos, assistidos ou que ainda conseguem manter um posto de trabalho.
Recorde-se que em 2015, apesar das eventuais medidas nefastas induzidas pela odiada troika, Passos Coelho venceu as eleições. De nada lhe valeu todavia, porque, sem maioria absoluta, ficou à mercê do golpe de esquerda, lá está, para reverter as alegadamente nefastas medidas da troika (como por exemplo a privatização da TAP), e garantir os direitos dos trabalhadores. E assim Portugal continuou a crescer menos de 2% ao ano, afastando-se cada vez mais dos outros países da UE. Mesmo dos antigos países comunistas. Tudo em nome da garantia dos direitos dos trabalhadores, sobretudo dos funcionários públicos...
Em Tomar a situação é similar. Cada vez mais uma terra de funcionários públicos e de reformados,  a decadência é evidente, e desde o final do mandato de António Paiva que a principal preocupação da maioria instalada é a sua própria sobrevivência política. A manutenção no poder. Com uma curiosa particularidade.
Uma vez que os direitos laborais estão sob a alçada do governo,  a Câmara resolveu gastar todos os anos centenas e centenas de milhares de euros, com subsídios, eventos musicais e outros, para animar a malta. Deve ser a única cidade do país que gasta 15 euros por habitante para que se faça a Festa grande. A cada quatro anos, decerto por não haver dinheiro para mais. Numa frase: Direitos fundamentais, mas com qualidade de vida, muitas festas e alegria. Acham os da maioria local.
O problema é que, sem criação de riqueza, de mais valia, de valor acrescentado, um dia virá, inevitavelmente, em que a cadela não vai poder com tanto cão. Como aconteceu há 30 anos nos países do leste europeu, mesmo com o pesado e competente aparelho partidário.
Sem planos, nem real capacidade para os arranjar, pois não sabem o que é mesmo necessário, não se vê que a actual maioria possa vir a ter sucesso a médio prazo. Prova disso é que, numa altura em que há cada vez menos população, e por conseguinte menos procura de alojamentos, (há mais de dez anos que não se constrói em Tomar para arrendamento ou para venda), a srª presidente propõe-se mandar edificar apartamentos de renda controlada. 
Para quem? Naturalmente e sobretudo para famílias de assistidos, os tradicionais votantes socialistas. Mas é de ainda mais assistidos e funcionários públicos subalternos que Tomar precisa? Ou de quem saiba criar riqueza e postos de trabalho, em vez de gastar com subsídios, festarolas e empregos públicos improdutivos?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021



Candidatura da Festa dos tabuleiros a Património Imaterial Mundial da UNESCO

Mentir a falar verdade

Na política, uma das grandes habilidades é conseguir enganar os cidadãos, segundo as conveniências de quem governa, sem todavia lhes mentir abertamente. "Com a verdade me enganas", costuma comentar o povo, na sua sabedoria milenar. Em Tomar, durante os dois primeiros mandatos da actual maioria PS, tudo correu pelo melhor, na área da intrujice política, graças à exagerada complacência da oposição PSD.
Pouco tempo decorrido, factos convergentes indicam que esses tempos de calmaria são coisa do passado. A nova oposição social-democrata tem-se mostrado mais sabedora e mais agressiva. Confrontada com tal mudança, e com um estilo a que de todo não estava habituada, a srª presidente necessitou de reforços, o que implicou intervenções directas do seu vice e, mais recentemente, da vereadora da cultura, cujo gabarito intelectual desconheço. Sei apenas que transformou o salão renascentista do piso térreo da antiga Comissão de Iniciativa e Turismo, numa espécie de escritório de advogado com excessiva tendência para bebidas espirituosas, tal é a desarrumação.
Ou antes, sabia, pois agora apurei que também sabe mentir a falar verdade. Aldrabar quem a ouve, em linguagem corrente. Segundo a Rádio Hertz, o sr. vereador Carrão abordou a questão da candidatura da Festa dos tabuleiros a património imaterial da humanidade da UNESCO:
A senhora vereadora do pelouro foi lesta na resposta, mas respeitando a verdade apenas à sua maneira. Como os leitores mais informados bem sabem, a questão tem a ver com um ajuste directo de 75 mil euros mais IVA, em 2018/19, para elaboração do processo de candidatura acima referido, e que ao cabo de mais de dois anos continua envolto em mistério. Segundo as últimas informações oficiais  disponíveis, foi "devolvido para aperfeiçoamento", em 21 de Agosto passado. Porquê? É a resposta que se aguarda, e que a srª vereadora se furtou a fornecer:
https://radiohertz.pt/tomar-filipa-fernandes-acredita-num-desfecho-positivo-na-candidatura-da-festa-dos-tabuleiros-a-patrimonio-cultural-imaterial-nacional/
Preferiu informar que acredita estar próxima a inscrição dos tabuleiros no Património Imaterial nacional. O que, verificação feita, é verdade, mas só uma parte da verdade. Está pendente a inscrição dos tabuleiros, mas apenas no "Inventário Nacional do Património imaterial", o que não é bem a mesma coisa, e serviu para intrujar quem esteja menos informado neste sector.
Aludindo ao caso das Festas do Povo de Campo Maior, a vereadora turística disse que a candidatura há pouco aprovada em Paris foi iniciada em 2018, o que não corresponde à verdade. Aquelas festas alentejanas foram incluídas no tal inventário nacional em 2018, e só agora, três anos mais tarde, foram aprovadas e inscritas na lista mundial do Património Imaterial da UNESCO.
Estamos portanto perante realidades diferentes. Campo Maior já é Património imaterial mundial. Os tabuleiros tomarenses ainda nem sequer integram o inventário nacional, condição prévia indispensável para apresentar a candidatura à UNESCO. Que vai levar o seu tempo.
Nestas condições, se quisesse respeitar a verdade, a srª vereadora teria dito o óbvio: Caso não haja mais percalços pelo caminho, (como por exemplo aquela aborrecida imagem da exploração da mulher portadora do tabuleiro, que os representantes dos países muçulmanos adoram, mas os nórdicos e os norte-americanos detestam), a Festa tomarense conseguirá a aprovação da UNESCO lá para o final deste mandato, ou mesmo no início do próximo. Quando a srª vereadora já estiver noutra situação menos cómoda, ou próximo disso. Porque, como referiu Lincoln, "é possível enganar alguns durante um certo tempo, mas impossível enganar toda a gente durante muito tempo".

 

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Barulho nocturno - bairros sociais - ciganos

Em parte responsáveis por aquilo que denunciam

Já se esperava, mas a realidade ultrapassa quase sempre as previsões. Uma reclamação anónima, publicada na informação local, protesta mais uma vez contra o barulho exagerado, durante a noite de Natal, no novo bairro calé, junto à GNR.: https://tomarnarede.pt/sociedade/barulho-tira-o-sono-a-moradores/
É algo cíclico. Sempre nos mesmos locais e com os mesmos protagonistas. Os moradores mais próximos estão cheios de razão. Não conseguem dormir em condições, sobretudo devido ao excesso de ruído fora das horas legais, mas também porque se enervam perante a evidente passividade das autoridades.
A Câmara assevera que já recomendou à PSP patrulhas mais frequentes, que obriguem a  cumprir a lei. A PSP queixa-se que tem falta de efectivos, pelo que nem sempre pode enviar um carro patrulha, quando os moradores reclamam. A GNR, por sua vez, que está mesmo ao lado do referido bairro novo, esclarece que nada pode fazer, por não ter competência territorial para tanto. Na área urbana, como é o caso, o policiamento cabe exclusivamente à PSP.
Quanto aos moradores barulhentos e problemáticos, não só daquele bairro, mas também de outras zonas da cidade, agem como melhor lhes convém, porque já sabem muito bem que em Tomar beneficiam sempre de tratamento de excepção. Quem tem competência para agir com firmeza, não o faz por dois motivos principais. Antes de mais, porque ninguém gosta de ser apelidado de racista, sobretudo quando não é de todo o caso. Depois porque, cumprindo a tradição local, ninguém quer chatices. Uns porque têm uma porta aberta, outros porque têm automóveis que podem ser riscados, outros ainda porque nunca deram a cara por coisa nenhuma,  e agora pensam que já é tarde para começar. 
Nestas condições, as reclamações justíssimas mas anónimas vão continuar já na próxima noite de passagem de ano. E os prejudicados que ousam reclamar são igualmente responsáveis em parte por aquilo  que lhes acontece.
Tenho amigos do peito que habitam naquela zona e não pretendo criticar ninguém. Impõe-se contudo ver as coisas como elas são, à luz de experiências similares, por esse país adentro, e por essa Europa fora. As reclamações anónimas, e as queixas telefónicas, já demonstram por diversas vezes que não dão qualquer resultado prático. Resta portanto, no entendimento de quem escreve estas linhas, adoptar o novo modelo de protesto, inaugurado há pouco tempo em Tomar pelos pais, encarregados de educação e alunos da Escola Santa Iria, no caso da anunciada transferência do centro de vacinação para aquele estabelecimento de ensino.
Encheram-se de coragem, reuniram, decidiram em grupo o que pretendiam, resolveram dar a cara e manifestaram frente à escola. Foi quanto bastou para a autarquia recuar, alterando a localização do centro de vacinação. 
Neste caso do excesso de barulho, resta por conseguinte aos moradores afectados, daquela e de outras zonas da cidade, procederem de modo semelhante. Darem a cara, definirem o que pretendem e marcar uma concentração pacífica para a Praça da República, ou mesmo para o salão nobre dos Paços do concelho, com uma palavra de ordem: "Estamos fartos de barulho. A lei é igual para todos."
-Então e se mesmo com concentração pacífica, nada se conseguir e o barulho continuar, que fazer depois?, poderão perguntar alguns apaniguados mais cínicos, e que se julgam sabedores, da maioria PS. A resposta é simples: Basta fazer novo ajuntamento pacífico, com ocupação do salão nobre ou dos arcos da Câmara, até que se obtenha um compromisso escrito de eficácia redobrada por parte das autoridades. E assim sucessivamente. Conforme consta naquele painel ao alto da escadaria da Câmara "O povo é quem mais ordena". E o povo são afinal os cidadãos em conjunto. Somos nós todos. Incluindo os eleitos, embora alguns deles se considerem de uma classe superior. Manias.
Se por aí estiver na altura, também participo na eventual concentração. Sou solidário,  embora o barulho dos ciganos não me incomode aqui tão longe, como se compreende. 

domingo, 26 de dezembro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.

É tudo gente séria, acima de qualquer suspeita, até prova em contrário

Era previsível...

O processo de licenciamento da ETAR, Estação de Tratamento de Águas Residuais de Seiça, situada na Freguesia tomarense da Sabacheira, não está no arquivo municipal de Tomar, onde devia estar. A informação é da srª presidente da Câmara, citada pela Rádio Hertz:
https://radiohertz.pt/tomar-processo-de-licenciamento-da-etar-de-seica-nao-esta-nos-arquivos-da-camara-municipal/
Era uma situação previsível. Há oito anos que o PS é poder em Tomar e o PSD oposição. Há mais de oito anos consecutivos que a citada ETAR é a principal poluidora do rio Nabão. O que terá levado os social-democratas a só agora solicitarem acesso ao referido processo? Terá sido porque foi aprovado durante os mandatos do PSD?
Nas suas declarações à Hertz, a srª presidente informou que as buscas vão continuar, agora no arquivo dos ex-SMAS de Tomar. O mais provável é ser tempo perdido. Tal como no arquivo municipal de Ourém, ou no da Águas do Centro, agora de Lisboa e Vale do Tejo. O processo evaporou-se mesmo, por razões que um dos deputados municipais, que já foi inspector da PJ, poderá explicar melhor, se assim o entender.
Sucintamente, uma vez com acesso ao processo de licenciamento, bastaria copiar atentamente todos os pareceres e outros despachos favoráveis, para depois consultar os movimentos das contas bancárias do ou dos autores de tais pareceres, directamente ou através de gabinetes de engenharia, dos quais são/foram sócios ou colaboradores.
Compreende-se portanto que já não haja  cópias de tal processo, seja  onde for. Aconteceu o mesmo que aos papagaios de papel. Deram-lhe fio durante mais de oito anos e ele voou, perdendo-se no espaço infinito, para descanso de quem subscreveu os tais pareceres favoráveis. Mesmo com as habituais prescrições, nunca fiando!
Dizia certo diplomata, durante uma recepção, "Vão-me desculpar, pois sei bem que são pessoas sérias, mas a verdade é que desapareceu a minha carteira." Neste caso nem vale a pena pedir desculpa. São todos pessoas sérias, mas desapareceu um processo de licenciamento bastante comprometedor. É mais uma medalha ao peito dos funcionários municipais de Tomar,  como sempre pagando também os justos pelos pecadores. Quem cala consente. E tão culpado é o que rouba as uvas, como o   que assiste e não denuncia.

sábado, 25 de dezembro de 2021

 


Informação - Tabuleiros - Liberdade de expressão

O que não parece afinal é

Já tinhamos a bem conhecida tirada "na política o que parece é". Agora temos também uma forma de variante. Como nos virus da pandemia. Na informação local, o que não parece é. Agoniado com a sua desconfortável situação de amparado pela actual maioria autárquica -precisão a quanto obrigas-  certo director de periódico parece ter ficado também incomodado com as recentes referências à Festa dos tabuleiros, a propósito do Património mundial imaterial da UNESCO, atribuído à Festa do povo de Campo Maior, vulgo Festa da flor. (Ler recente "Nota do director" do citado periódico).
Azar dos azares, não só essas tais referências não são nada favoráveis para o poder instalado nas margens nabantinas até 2025, ao revelarem manifesta falta de competência e de critério decisório,, como ainda por cima foram publicadas num órgão odiado pelos novos aprendizes de ditador -este mesmo que está a ler.
Daí resultou, para o conterrâneo em causa, a necessidade de uma ginástica do mais elaborado que se conhece. Tratou-se de abordar o tema tabuleiros, dando a entender que não leu o que leu, que  ignora o que já  sabe, e que indaga  aquilo que quem manda não quer que se saiba. Uma salada nabantina de difícil gestão e digestão.
De difícil gestão, posto que qualquer leitor minimamente advertido rapidamente descobre a posição hipócrita. De difícil digestão, dado que o leitor honesto resistirá a aceitar semelhante comida, sem questionar e se questionar. Para quê tudo isso? Simplesmente para tentar camuflar a evidente falta de coragem, de sinceridade e de frontalidade. Inconvenientes de ser na prática a voz do dono. Da dona, neste caso.
Se realmente está mesmo preocupado com o futuro da Festa dos tabuleiros, e com a sua inscrição na lista do PMI da UNESCO, em vez de tanta ginástica, e de enumerar factos que já não interessam a ninguém -como por exemplo o legado de Luis Santos- deverá o citado director, grande adepto da tauromaquia à portuguesa, ousar na próxima vez pegar o animal pelas hastes.
Dizer que leu, onde leu e o que leu, que o deixou tão preocupado. Depois é só fazer as perguntas que faltam, a quem lidera de facto o processo da candidatura da Festa Grande tomarense a património mundial imaterial da UNESCO, que foi devolvido pelo Ministério da cultura - DGPC, "para aperfeiçoamento", em 21 de Agosto passado. Que modificações exigem? Com que fundamento? Porquê? Eis o que urge saber, uma vez que, como bem escreve o referido articulista, a festa é de todos os tomarenses, embora por vezes possa não parecer, acrescentamos nós.
Admitindo que o referido director assim fará, avançando com textos limpos e incisivos, mais se sugere que aguarde até depois das próximas eleições, previstas para o final de Janeiro. Isto porque, se uma autarquia PS não conseguiu sequer até agora convencer um ministério da cultura também PS, algo está mal,  a carecer de alterações de fundo quanto antes.
A fingir, a fazer de conta que, a tentar pendurar-se, nunca mais vamos conseguir sair da cepa torta. E os Tabuleiros tarde ou nunca chegarão a Património mundial imaterial da UNESCO. Não há memória de alguém ter conseguido ganhar um "grand prix" equestre, montando uma pileca.

 

Portugal

Le couvent du Christ à Tomar

"Tomar, la ville la plus « toscane » du Portugal en raison de la teinte chaleureuse de ses pierres au soleil couchant, est surtout connue pour son superbe convento do Cristo. Situé sur la colline surplombant la ville, et enfermé dans des remparts du XIIe siècle, c'est l'une des visites obligatoires au Portugal. Un enchantement permanent, un choc architectural. Les Templiers occupèrent les lieux pendant 200 ans avant d'être évincés au XIVe siècle par l'ordre des Chevaliers du Christ. Le couvent exprime bien ce que fut la splendeur exotique, la richesse de cette époque. Pas moins de sept cloîtres, un niveau jamais atteint dans l'exubérance architecturale."


CÁ ESTÁ !!!

Acabou por aparecer. Após o lamento num dos textos anteriores, por não ter encontrado matéria agradável para publicar no Natal, aconteceu o inesperado. O GUIDE DU ROUTARD, bíblia dos turistas franceses atirados prá frente, publicou a sua newsletter semanal, e nela as 80 paixões Património mundial da UNESCO à volta do Mundo. E cá está! Entre Córdoba, Patagónia, Veneza, Ilha da Páscoa, Taj Mahal, Iguaçu, Chambord, Amazónia, Baia de Halong, Muralha da China e Marraquexe, Portugal aparece na lista com um único monumento -o Convento de Cristo. (Ver ilustração supra)

Porquê só Tomar?  Laure de Charette explica de forma sucinta (tradução do texto acima):

"PORTUGAL - Convento de Cristo em Tomar

Tomar, a cidade mais "toscana" de Portugal, devido ao matiz caloroso das pedras à luz do sol posto, é conhecida sobretudo pelo seu soberbo convento de Cristo. Situado sobre uma colina e debruçado sobre a cidade do lado poente, está rodeado de muralhas do século XII, sendo uma das visitas obrigatórias em Portugal. Um encantamento permanente e um choque arquitectónico. Os templários ocuparam o local durante dois séculos. Depois foram substituídos pela Ordem dos Cavaleiros de Cristo. O Convento mostra bem o que foi o esplendor exótico e a riqueza dessa época. Nada menos que sete claustros e um nível jamais atingido na exuberância arquitectónica."

O Convento de Cristo, que agora aqui aparece como único representante de Portugal para os turistas francófonos, é Património da Humanidade desde 1983. Foi este vosso incómodo conterrâneo que liderou o processo de elaboração da respectiva candidatura, que foi aprovada passados poucos dias, na reunião da UNESCO-ICOMOS, em Friburgo - Suiça.

Os anos passaram, veio outra gente com outras ideias, em princípio mais modernas, e resolveram encomendar a estranhos a elaboração do processo de candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património Imaterial da HUmanidade da UNESCO. Uma coisita para 75 mil euros mais IVA, enquanto que a candidatura do Convento de Cristo foi gratuita. Pro bono, como agora se diz, para alardear cultura inexistente.

Assim à primeira vista fizeram bem. Preferiram uma candidatura mais profissional e guiaram-se pelo velho ditado "santos da casa não fazem milagres". Mas tiveram azar. Já passaram dois anos e ainda nem sequer conseguiram a inscrição dos tabuleiros no inventário nacional do património imaterial. Apesar de tanto o Ministério da cultura como a Câmara de Tomar, (autora oficial da candidatura), serem do PS. Há portanto qualquer anomalia grave. De certeza. Mas à boa maneira tomarense, que já nos arrastou para onde estamos, quem manda prefere fechar-se em copas. Se calhar enquanto aguarda um improvável milagre. Nunca é tarde para emendar o que está mal.

ADENDA

Gostaria de ver as imagens das outras 79 paixões do Routard, escolhidas entre as mais de 1.200 de outros tantos monumentos e sítios classificados como Património Mundial da UNESCO? Não quero que lhe falte nada, na modesta medida das minhas possibilidades: Patrimoine mondial de l'Unesco : nos 80 coups de cœur (routard.com)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Política local - Município

Assembleia Municipal  
simples serviço de certificação das decisões do executivo

Num exemplo infelizmente raro de que algo pode  estar finalmente a mudar pelas  bandas da oposição PSD, o deputado municipal João Tenreiro lastima-se da falta de condições de trabalho na Assembleia Municipal. E estranha que a Câmara tenha recursos para tantas festas, mas não para melhorar a situação lastimável existente no parlamento local:
https://radiohertz.pt/tomar-joao-tenreiro-psd-critica-falta-de-condicoes-nas-assembleias-municipais-se-a-camara-tem-dinheiro-para-tantas-festas/
Tem razão João Tenreiro. E se ousar aprofundar um pouco mais o raciocínio, vai concluir que o problema da AM é afinal muito mais grave e profundo. Desde o início do primeiro mandato da actual maioria que se tornou cada vez mais evidente a existência de um plano implícito do PS,  visando silenciar de facto a Assembleia Municipal.
Pouco a pouco, foram retirando as condições de trabalho dos deputados municipais. Por um lado, transferindo o local de reunião, dos Paços do concelho para a biblioteca municipal, sem todavia criar ali condições específicas para tal fim. Por outro lado, e mais grave ainda, estabelecendo ordens de trabalhos demasiado longas e complexas, que tornam praticamente impossível qualquer debate sério dos assuntos agendados. É registar, votar e andar. Com alegações de que não havia tempo para mais, nem datas disponíveis para desdobrar as sessões sobrecarregadas.
Prova disso é a mais recente sessão da AM. Durou sete horas e meia, coisa impensável em qualquer concelho cujos eleitos se respeitem, respeitando o bom senso. Mas não podia ter sido de outra maneira. A Ordem de trabalhos incluía 18 pontos, 18 !!!,  entre os quais o regimento da própria Assembleia, uma revisão orçamental e as GOP e orçamento para 2022.
Apesar de tal enormidade, ninguém se queixou. Os da maioria PS, porque quem manda resolveu erradamente que tem de ser assim. Uma espécie de socialismo manhoso. Os da oposição, porque parecem concordar sempre com o que decide o executivo. Uns e outros, em vez de protestarem, limitam-se a dizer ou pensar "Amém!" Se calhar porque os oposicionistas, se fossem maioria,  procurariam agir da mesma forma.
Tomar a dianteira 3 está a ver mal o problema? Pois demonstrem que assim é. Basta de fingimento e de conversa fiada. Tomar está a definhar de dia para dia. A decadência acentua-se. É tempo de agir. De encontrar soluções, mas também de apontar os causadores da crise.
Depois não venham dizer que ninguém avisou. Sobretudo, não insistam no fingimento. Assumam aquilo que lêem, sem medo dos novos censores de serviço. Não se vendam por um prato de lentilhas mal cozinhadas. A divergência e a discussão são normais em democracia. Mesmo e sobretudo quando não agradam à maioria instalada, visivelmente desprovida de hábitos democráticos enraizados.

 

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Política local - Assembleia municipal

Pobre terra com gente assim

Bem gostaria de apresentar uma iguaria apetitosa e pouco ácida para celebrar esta véspera de Natal. Todavia, debalde procurei coisa semelhante. Sou por conseguinte forçado a fazer o mesmo que durante boa parte da minha vida: comer o que há, o que se pode comprar, em vez do que se gostaria de saborear.
Mesmo os que ainda vão tendo paciência para insistir na leitura de Tomar a dianteira 3 se lastimam. É demasiado agreste, intransigente, e usa por vezes expressões deveras desagradáveis, como no caso de "Pobre terra, pobre gente". É uma posição que merece o meu respeito, como qualquer outra. Mas façam o favor de pensar um bocadinho mais, enquanto vão comendo uma rabanada. Que posso eu dizer de uma população provinciana de 40 mil almas, em que Tomar a dianteira 3 tem um leitorado regular de cerca de 300 pessoas, mas a notícia da morte por atropelamento do Chirila, uma gato de rua, conseguiu mais de 14 mil visualizações no Tomar na rede? Que são gente de grande envergadura intelectual e cívica? Que se interessam por aquilo que se escreve na área política da sua terra?
Consequência de tal estado de coisas, em que cidadãos comuns insistem em considerar-se implicitamente como muito inteligentes, quando afinal nem coisa parecida, entrou-se pouco a pouco no reino do faz de conta. Há cada vez mais eleitos manifestamente sem gabarito intelectual para os lugares a que se candidataram, mas faz de conta que não é assim. O pior é o resto.
O exemplo mais recente de tal degradação dos costumes é a insólita intervenção do senhor presidente da Assembleia Municipal -todo engravatado e tudo- interrompendo um deputado municipal que acabara de usar a expressão idiomática corrente "por que carga de água... ...?" Além de despropositada nos termos regimentais, foi uma bordoada e das grossas, ao revelar que quem preside ao parlamento municipal nabantino nem sequer domina capazmente a língua oficial do país.
Mas a trágicomédia não ficou por ai, desgraçadamente. Em vez de reagir como se impunha, o visado limitou-se a responder algo do tipo "Pronto, não foi uma carga de água, foram só umas gotas!" O que denota que, produto do mesmo sistema educativo, também o interpelado ignorava se a expressão vocabular usada é aceitável ou não.
Sorte a do senhor presidente da AM. Se tem calhado com alguém de outra envergadura intelectual, decerto nem teria tido coragem para intervir. Ou teria ouvido logo a seguir uma resposta menos agradável, do tipo "Senhor presidente, a expressão por que carga de água é absolutamente comum,  e mesmo que não fosse, estamos aqui  num parlamento municipal de um país da União Europeia, em que a liberdade de expressão é um dos pilares fundamentais. O sr. tem alguma coisa contra a liberdade de expressão?"
Na ausência de eleitos com  recursos vocabulares e coragem para assim falar, (os tais brandos costumes...) resta vaticinar que o jovem e promissor conterrâneo Hugo Costa se arrisca a passar à história local como "o Torquemada da Assembleia". Risco mesmo assim muito limitado, porquanto poucos tomarense sabem quem foi Torquemada. Você, por exemplo, já sabia? Ou foi agora ver à net?
Bom Natal para todos, apesar de tudo!

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

 

Imagem Tomar na rede, com os nossos agradecimentos

Assembleia Municipal

UMA MARATONA PARA LAMENTAR

Por que carga de água, marcou o presidente da AM uma sessão daquele órgão com início às 19 horas e 18 pontos na Ordem de Trabalhos? Tomar a dianteira 3 julga ter a resposta, mas vamos por partes.
Quem andou ou anda na política há algum tempo, sabe bem como estas coisas são. Estudos comportamentais demonstraram que qualquer parlamento, ou outro agrupamento para debate, (uma aula universitária, por exemplo),  só funciona a 100% durante um máximo de três horas = 180 minutos, de preferência com um intervalo de 10-15 minutos após os primeiros 90.
Após esse limite, referem os mesmos estudos, a acuidade intelectual vai-se degradando pouco a pouco. De tal forma que já se constatou que, a partir de 4 horas de debate, qualquer interveniente está disposto a votar favoravelmente seja o que for, para poder ir-se embora mais cedo.
O presidente da AM, que é uma pessoa lida, com experiência e boa formação académica, saberá decerto tudo isto. Terá sido mesmo por isso que colocou os dois pontos mais complexos da OT, a 3ª Revisão do Orçamento e GOP para 2021, e as GOP, Orçamento e Mapa do Pessoal para 2022, em 14º e 15º lugares, respectivamente.
Isto numa Ordem de Trabalhos cujo primeiro ponto era assaz complexo. Nem mais nem menos que o debate e votação do Regimento da própria AM. Os deputados municipais tomarenses, eleitos em Setembro, foram assim transformados em maratonistas legislativos três meses depois. A sessão prolongou-se por sete horas e meia. Uma enormidade. Pense-se o que que se quiser, não parece sério. Pelo contrário. E em política, o que parece é. (Tomar a dianteira 3 está em contacto com o Guiness of the records. para saber se esta sessão da AM tomarense, com 18 pontos e sete horas e meia, será ou não um record nacional, europeu e mundial).
Prova do cansaço reinante no parlamento municipal, que votou maioritariamente a favor de tudo quanto apareceu, como se pretendia, o próprio presidente implicou com a expressão "por que carga de água", usada por um maratonista, perdão, por um deputado municipal.


Cena tão mais caricata quanto é certo que a dita expressão nada tem de condenável, e quando se constata que o mesmo presidente mandou escrever na Ordem de trabalhos da convocatória, ultimo ponto, "informação da presidente da Câmara", quando protocolarmente está obrigado a usar sempre a expressão "senhora presidente da Câmara". Ora toma!
Face ao exposto, aconselha-se, em futuras sessões do parlamento municipal nabantino, no mínimo, o uso de casaco estilo Mao Zé Dong, como na Coreia do Norte, onde foi agora decretada a proibição de rir durante dez dias. Lá é que as sessões da assembleia do povo são tão longas como em Tomar, e a linguagem é censurada. E também ninguém protesta, como nas margens do Nabão. Ou bem que semos, ou bem que não semos!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

 


Autarquia - Orçamento - Planeamento

Tão perto e tão diferentes

Reforçando o que aqui foi escrito anteriormente, acaba de ser publicado na informação local o Orçamento para 2022 e as GOP para 2022-2027 do Município de Ourém: 
Que diferença em relação a Tomar! Desde logo no planeamento. Enquanto os oureenses apresentam um plano a médio prazo para cinco anos, 2022-2027, em Tomar acharam suficiente um plano para o próximo ano. O que demonstra que em Ourém há planeamento e visão de futuro, enquanto em Tomar o executivo anda às aranhas. Apresentam umas coisas para o próximo ano, e depois? "Depois logo se vê!". Não sabem nem têm a menor ideia.
Outro aspecto que choca é a atitude de quem preside ao município. O presidente de Ourém anuncia um aumento de 10,9% no orçamento, com o investimento previsto a passar de 19 milhões em 2021 para 26 milhões em 2022. Enquanto isto, em Tomar a presidente procurou justificar um aumento de 6% com despesas de pessoal e outras impostas pelo governo.
Finalmente, no que concerne a impostos, a meter-nos a mão no bolso, Ourém acompanha o movimento geral, reduzindo alguns, com destaque para a derrama, que os comerciantes com volume de negócios inferior a 150 mil euros deixam de pagar. Vinte quilómetros ao lado, a maioria socialista tomarense achou melhor manter o saque fiscal em vigor, não alterando qualquer taxa. Dá a ideia que os residentes nabantinos têm de pagar mais porque é um privilégio morar em Tomar. Falta agora a Câmara explicar em que consiste afinal esse privilégio.
Para melhor entendimento de toda esta problemática, eis um excerto da crónica da economista Helena Garrido no Observador de 21/12/2021:
 "Porque o que vemos em muitas autarquias é que têm dinheiro a mais para as funções que desempenham, razão pela qual as vemos a gastar dinheiro em iniciativas e projectos discutíveis. Já se fez algum trabalho nesse sentido na Educação. Mas é preciso ir mais longe na Saúde, para não vermos os centros de saúde no estado em que alguns estão, ou até na segurança, que permitiria dar melhores condições de trabalho à polícia."

Actualização

As luminárias do costume, vão alegar, como habitualmente, que Ourém vai de vento em popa, mesmo em tempo de crise, "porque têm Fátima". Tomar a dianteira 3 ignorava que a senhora que apareceu na azinheira agora também já é competente em planeamento e atracção de investimento.
Não será antes aquele preceito católico "Ajuda-te e Deus ajudar-te-à" que tem feito falta em Tomar?

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

 


Autarquia - Orçamento 2022 - Planeamento


SACAR A QUEM TRABALHA


Reúne hoje à noite a Assembleia Municipal. Entre outros pontos da OT, vão votar o orçamento e as GOP para 2022. Escreve-se votar, porquanto nem o prévio debate nem a decisão final prometem surpresas. Nem grandes nem pequenas. Em Tomar estamos assim. Acomodados. O costume.
A imprensa de ontem noticiou que na capital, o presidente Moedas, honrando o seu patronímico, decidiu distribuir umas moedas pelos sacrificados contribuintes. Reduziu a percentagem municipal do IRS, de 5 par 2,5%. Também ontem, a Câmara de Santarém, alarmada com o declínio e a fuga da população, votou favoravelmente a redução de todos os encargos fiscais a nível local:
https://omirante.pt/politica/2021-12-20-Santarem-reduz-IMI-para-o-valor-mais-baixo-do-seculo-d71a31b6
Tanto em Lisboa como em Santarém, as reduções da carga fiscal tiveram o voto favorável dos vereadores socialistas. Custa por isso entender o que se passa em Tomar.
A Câmara não reduz nenhum dos encargos fiscais, anuncia um aumento de 6% na despesa, que alguém terá de vir a pagar, e até já lançou há pouco a ideia de um empréstimo bancário para financiar obras. Ou seja, em vez do clássico provérbio "Se deres um peixe a um homem ele alimenta-se uma vez, mas se o ensinares a pescar pode alimentar-se a vida toda", a maioria PS local parece preferir a velha máxima esquerdista "sacar a quem tem para dar a quem precisa", adaptada às margens do Nabão: "Sacar aos que ainda pagam impostos directos, para distribuir pelos amigos que votam bem e calam o bico." Têm presente o provérbio "Ovelha que berra, é bocado que perde."
Se fosse pelas bandas onde isto está sendo escrito, havia sururu do grosso, mesmo com o Bolsonaro a três mil quilómetros. Em Tomar tudo indica que vai continuar a doce dormência. No fundo é tudo uma questão de enquadramento paisagístico. Por aqui, o Atlântico sul,  ali adiante, tem por vezes vagas alterosas. Pelo contrário, o Nabão tem por vezes muita poluição, mas jamais ondas pequenas ou grandes.
E depois, como é bem sabido, Tomar fica numa cova, rodeada de colinas por todos os lados. Não espanta por isso que os tomarenses residentes, mesmo os eleitos que se julgam saídos da coxa de Júpiter, não tenham grandes horizontes.
A pasmaceira nabantina parece ter um largo futuro à sua frente. Infelizmente.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

 


Política local - civismo - solidariedade

Cada vez mais gente casca grossa

Noticiou o Tomar na rede que houve uma queda com consequências graves (fractura da bacia), na escada de acesso ao novo centro de vacinação. Pouco tempo depois,  a autarquia mandou colocar um corrimão de cada lado, o que levou a mesma fonte informativa a denunciar a evidente falta de planeamento. É um facto. Praticamente, não há planeamento municipal. Só depois de desmantelarem o "skatódromo" da Estrada da Serra é que anunciaram um projecto semelhante de susbstituição, para aquela nesga entre a estação da REFER e a Rodoviária.
A maioria socialista navega à vista desde que ascendeu inesperadamente ao poder, em 2013. Não tem planos para nada, nem vontade de os mandar fazer. Prefere continuar à pesca do que for aparecendo, consoante as pressões daqui ou dali. Não sabem para onde querem ir, ignoram para onde vão, e tão pouco sabem a que velocidade.
Assim se explica que, com tantas carências, nomeadamente na área da hospitalidade turística, sector das infra-estruturas, apenas venham para Tomar pouco mais de quatro milhões de euros, provenientes da bazuca europeia, para obras no Convento de Cristo, que ainda ninguém sabe com precisão quais vão ser. A Câmara não candidatou qualquer projecto, nem o podia fazer, uma vez que ainda está quase tudo por fazer. Ao cabo de oito anos no poder, começa a notar-se demasiado.
Apesar de tão preocupante situação, tanto o PS como o PSD conseguiram no concelho excelentes resultados eleitorais em Setembro passado. A revelar a ignorância geral que por aí vai. Os 50% que ainda vão votar, são na sua maioria pessoas que não agem por mal, mas votam sem a noção clara das consequências desse voto.
E os eleitos, todos inchados de orgulho, insistem no convencimento de que governaram muito bem, como provam os votos que conseguiram. Segundo eles, os críticos são todos uns invejosos mal intencionados, para os quais nunca nada está bem. Só os que abancam à volta da gamela municipal é que não.
Para que quem assim pensa possa ter uma ideia mais aproximada da situação real na cidade e no concelho, nada melhor que uma opinião de alguém que não sendo tomarense, já vive no concelho há mais de 20 anos:

"Há uma enorme falta de respeito pelo outro. Sou de Abrantes, mas resido em Tomar há mais de 23 anos, e já perdi a conta às vezes que ia sendo atropelada nas passadeiras desta cidade templária, pois raramente param e/ou abrandam, ou contornam os peões.
Relativo ao estacionamento abusivo, basta diariamente ir ao Continente e ver viaturas sem dístico estacionadas nos lugares para deficientes ou grávidas, assim como na rua Amorim Rosa, no lugar das cargas e descargas. São clientes que vão almoçar à Marisqueira, ou outros lados, e deixam ali as suas viaturas por mais de 1h, comprometendo esse estacionamento.
E no fim, se dissermos alguma coisa a alguém, ainda se riem na nossa cara ou nos ofendem."

(Comentário copiado do Tomar na rede, A imagem é nossa o comentário é seu, de 19/12/2021)

A Guilhermina refere-se às passadeiras para peões, ao estacionamento abusivo, e à intolerância perante a crítica, mas infelizmente o comportamento é idêntico noutras circunstâncias. Vai até à constante arrogância dos senhores autarcas e apaniguados, que se habituaram a falar de cima para baixo. Esquecem-se que, numa república laica como a nossa,  somos todos iguais em direitos e obrigações. Não há os de cima e os de baixo. Só gente casca grossa, que mal sabe servir-se dos talheres à mesa, quanto mais agora comportar-se adequadamente em termos gerais, é que não compreende ou não quer compreender isto. Não lhes convém.

(Julgo que nem sequer tenho que pedir desculpa aos meus queridos conterrâneos por ser tão assertivo.  O carapuço só serve a quem o queira enfiar. Se acha que é o seu caso, o  melhor será adoptar outro comportamento mais lhano.)


ADENDA

Só num segundo tempo me dei conta que o significado de "comportamento mais lhano", não está ao alcance de todos os leitores. Para os que não entenderam, eis a origem e os muitos significados da palavra:

Lhano é uma palavra de origem espanhola, que pode significar, consoante o contexto, franco, sincero, verdadeiro, amável, afável, simples, despretensioso, natural, singelo, leal, desafectado. 

Tudo aquilo que muitos tomarenses não são, antes pelo contrário.