terça-feira, 28 de dezembro de 2021

 

Antiga cidade proibida - Pequim - China

Panorama da grande muralha da China, que tem milhares de quilómetros de extensão.

Aspecto de Xangai, a maior cidade chinesa, com 24 milhões de habitantes.

Política local - Economia - Desenvolvimento

 Entre Pequim e Tomar

Na política é como no desporto. O que conta sobretudo é o resultado. Mesmo se os resultados desportivos são menos adaptáveis às circunstâncias que os da política. É agora ponto assente que os governos do leste europeu, a começar por Moscovo, caíram, implodiram, por não conseguirem resultados satisfatórios na área económica. Com ou sem direitos fundamentais, ninguém gosta de viver na penúria, e muito menos na miséria.
A China transformou-se entretanto no principal problema político dos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, não por ter provocado qualquer guerra, ou sequer por ser de facto um regime de partido único, mas simplesmente por ter conseguido ultrapassar com sucesso o obstáculo que provocou o colapso do comunismo na Europa. A célebre frase, atribuída a Deng Xiao Ping, "pouco importa a cor do gato, o que interessa é que cace ratos", é bem capaz de ainda hoje tirar o sono a muito governante ocidental.
Facto é que os chineses conseguiram o melhor de dois mundos: A - Um regime de partido único, que facilita muito a governação; B - Um sistema económico assente em duas premissas -eficácia e produtividade. Ano após ano, os resultados têm vindo a demonstrar o êxito de tal fórmula. Crescimento económico entre 5 e 10% anuais, urbanização acelerada, industrialização galopante, explosão do sector de serviços e evidente melhoria do nível de vida de milhões e milhões de chineses.
Mas há o problema dos direitos humanos, das liberdades fundamentais, que Pequim não respeita, alertam alguns, que por outro lado parecem ignorar uma situação bem conhecida, e assaz paradoxal. Os trabalhadores têm mais direitos consignados nas leis laborais nos países mais evoluídos da América latina, no México por exemplo, do que nos Estados Unidos (férias pagas, horário de trabalho, liberdade sindical, salário mínimo, subsídio de desemprego). Apesar disso, são os latino-americanos que emigram, mesmo ilegalmente, para os Estados Unidos, e não os americanos do norte que demandam a América Latina. Donde se conclui que os tais direitos ditos fundamentais...
Transpondo a situação para um país europeu periférico, e para uma pequena cidade provinciana, a situação é homóloga. A economia não cresce e a população emigra cada vez mais, mas há grande esforço para garantir os direitos dos trabalhadores. Dos funcionários públicos sobretudo. E dos outros cidadãos, assistidos ou que ainda conseguem manter um posto de trabalho.
Recorde-se que em 2015, apesar das eventuais medidas nefastas induzidas pela odiada troika, Passos Coelho venceu as eleições. De nada lhe valeu todavia, porque, sem maioria absoluta, ficou à mercê do golpe de esquerda, lá está, para reverter as alegadamente nefastas medidas da troika (como por exemplo a privatização da TAP), e garantir os direitos dos trabalhadores. E assim Portugal continuou a crescer menos de 2% ao ano, afastando-se cada vez mais dos outros países da UE. Mesmo dos antigos países comunistas. Tudo em nome da garantia dos direitos dos trabalhadores, sobretudo dos funcionários públicos...
Em Tomar a situação é similar. Cada vez mais uma terra de funcionários públicos e de reformados,  a decadência é evidente, e desde o final do mandato de António Paiva que a principal preocupação da maioria instalada é a sua própria sobrevivência política. A manutenção no poder. Com uma curiosa particularidade.
Uma vez que os direitos laborais estão sob a alçada do governo,  a Câmara resolveu gastar todos os anos centenas e centenas de milhares de euros, com subsídios, eventos musicais e outros, para animar a malta. Deve ser a única cidade do país que gasta 15 euros por habitante para que se faça a Festa grande. A cada quatro anos, decerto por não haver dinheiro para mais. Numa frase: Direitos fundamentais, mas com qualidade de vida, muitas festas e alegria. Acham os da maioria local.
O problema é que, sem criação de riqueza, de mais valia, de valor acrescentado, um dia virá, inevitavelmente, em que a cadela não vai poder com tanto cão. Como aconteceu há 30 anos nos países do leste europeu, mesmo com o pesado e competente aparelho partidário.
Sem planos, nem real capacidade para os arranjar, pois não sabem o que é mesmo necessário, não se vê que a actual maioria possa vir a ter sucesso a médio prazo. Prova disso é que, numa altura em que há cada vez menos população, e por conseguinte menos procura de alojamentos, (há mais de dez anos que não se constrói em Tomar para arrendamento ou para venda), a srª presidente propõe-se mandar edificar apartamentos de renda controlada. 
Para quem? Naturalmente e sobretudo para famílias de assistidos, os tradicionais votantes socialistas. Mas é de ainda mais assistidos e funcionários públicos subalternos que Tomar precisa? Ou de quem saiba criar riqueza e postos de trabalho, em vez de gastar com subsídios, festarolas e empregos públicos improdutivos?

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