sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os agradecimentos de TAD3

Política local - Município

Assembleia Municipal  
simples serviço de certificação das decisões do executivo

Num exemplo infelizmente raro de que algo pode  estar finalmente a mudar pelas  bandas da oposição PSD, o deputado municipal João Tenreiro lastima-se da falta de condições de trabalho na Assembleia Municipal. E estranha que a Câmara tenha recursos para tantas festas, mas não para melhorar a situação lastimável existente no parlamento local:
https://radiohertz.pt/tomar-joao-tenreiro-psd-critica-falta-de-condicoes-nas-assembleias-municipais-se-a-camara-tem-dinheiro-para-tantas-festas/
Tem razão João Tenreiro. E se ousar aprofundar um pouco mais o raciocínio, vai concluir que o problema da AM é afinal muito mais grave e profundo. Desde o início do primeiro mandato da actual maioria que se tornou cada vez mais evidente a existência de um plano implícito do PS,  visando silenciar de facto a Assembleia Municipal.
Pouco a pouco, foram retirando as condições de trabalho dos deputados municipais. Por um lado, transferindo o local de reunião, dos Paços do concelho para a biblioteca municipal, sem todavia criar ali condições específicas para tal fim. Por outro lado, e mais grave ainda, estabelecendo ordens de trabalhos demasiado longas e complexas, que tornam praticamente impossível qualquer debate sério dos assuntos agendados. É registar, votar e andar. Com alegações de que não havia tempo para mais, nem datas disponíveis para desdobrar as sessões sobrecarregadas.
Prova disso é a mais recente sessão da AM. Durou sete horas e meia, coisa impensável em qualquer concelho cujos eleitos se respeitem, respeitando o bom senso. Mas não podia ter sido de outra maneira. A Ordem de trabalhos incluía 18 pontos, 18 !!!,  entre os quais o regimento da própria Assembleia, uma revisão orçamental e as GOP e orçamento para 2022.
Apesar de tal enormidade, ninguém se queixou. Os da maioria PS, porque quem manda resolveu erradamente que tem de ser assim. Uma espécie de socialismo manhoso. Os da oposição, porque parecem concordar sempre com o que decide o executivo. Uns e outros, em vez de protestarem, limitam-se a dizer ou pensar "Amém!" Se calhar porque os oposicionistas, se fossem maioria,  procurariam agir da mesma forma.
Tomar a dianteira 3 está a ver mal o problema? Pois demonstrem que assim é. Basta de fingimento e de conversa fiada. Tomar está a definhar de dia para dia. A decadência acentua-se. É tempo de agir. De encontrar soluções, mas também de apontar os causadores da crise.
Depois não venham dizer que ninguém avisou. Sobretudo, não insistam no fingimento. Assumam aquilo que lêem, sem medo dos novos censores de serviço. Não se vendam por um prato de lentilhas mal cozinhadas. A divergência e a discussão são normais em democracia. Mesmo e sobretudo quando não agradam à maioria instalada, visivelmente desprovida de hábitos democráticos enraizados.

Sem comentários:

Enviar um comentário