Autarquia - planeamento
Incoerências provocadas pela cansaço?
Quem tenha lido e relido as mais recentes declarações de Anabela Freitas à informação local e regional, sobre o Plano e Orçamento, terá decerto ficado surpreendido, e mesmo preocupado. Com efeito, goste-se ou não da sua acção política, forçoso é reconhecer que a srª também tem qualidades. Todas ligadas por algo que acaba sempre por transparecer -a inteligência prática. Um recurso individual bem menos comum do que seria desejável na cidade e no concelho. Assim sendo, como explicar tanta incoerência e tanto dislate em tão pouco tempo da parte da líder socialista local? Cansaço? Desinteresse? "Burnout"? Só a interessada poderá responder.
Certo é que a autarca tomarense lastima-se ao mesmo tempo de algo e do seu contrário. Anuncia caminhos, mas entretanto vai tomando outros. Exemplos.
Para justificar o aumento das despesas municipais, a srª presidente invoca nomeadamente algumas transferências de competências e o pessoal vindo dos SMAS, um peso morto sem funções atribuídas, mas que tem de ser pago. Enquanto isto, paralelamente, vai instalando novos locais de trabalho, que naturalmente necessitarão de mais funcionários, e não facultarão receitas susceptíveis de pagar os respetivos abonos mensais. Caso da Oficina das artes, na antiga moagem Mendes Godinho, do Museu da fundição, na Levada, ou do futuro espaço das alegadas ruínas de Sellium.
A outra lamúria recorrente é que os funcionários municipais estão a ficar cada vez mais velhos. Subentendido: Estão há muito ultrapassados e já deviam ter sido aposentados por nítida obsolescência, mas quê? Tal não é fácil e por isso a actual maioria nada tem feito para alterar a preocupante situação: Tem em simultâneo funcionários em excesso, mas faltam-lhe funcionários capazes, adequados aos tempos que correm.
Por último, mas não derradeiro, alega a autarca a obrigatoriedade de contrair um empréstimo bancário para financiar as obras da nova sede da Escola profissional, no ex-Colégio Nun'Álvares. É fazer o mal e a caramunha. O mal: Quem a mandou, e a troco de quê, ceder as actuais instalações da escola profissional a privados? A caramunha: Além da alegada necessidade absoluta do empréstimo, é também previsível que a instalação e posterior funcionamento do anunciado Museu dos Templários vão exigir avultados recursos da autarquia, uma vez que as entradas no museu, mesmo que pagas, nunca conseguirão cobrir as despesas de funcionamento. Não confundir o anunciado Museu dos templários com o Museu do Louvre, o do Ermitage ou o MOMA, que mesmo assim têm mecenas.
Convém ter presente que o principal dinamizador do futuro museu templário é também dirigente da Thomar Honoris e responsável pela Festa templária, ambas quase totalmente financiadas pela autarquia. Só para a festa templária têm sido 100 mil euros anuais.
É saudável que a nossa querida autarca partilhe com os eleitores as suas angústias existenciais, referentes aos recursos, necessidades, planos e gastos da autarquia. Pena é que o faça muito raramente e sempre de forma lacunar. Convinha portanto ser mais assídua, e evitar a curiosa situação em que se colocou nestas recentes declarações: Ir clamando contra o fogo, enquanto lateralmente vai espalhando gasolina pela calada. Em sentido figurado, obviamente.
Está mal!
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