segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

 


Vacinação - Liberdade de informação


"Tout est bien qui finit bien"

Pois é, o autor destas linhas também tem as suas manias, e agora deu-lhe para usar como título uma expressão francesa bem conhecida, a qual, imagine-se, foi usada pela primeira vez por Shakespeare. Esse mesmo, o genial dramaturgo  inglês. O seu francês não chega lá? Pronto, não se amofine. Eis a versão portuguesa: "Tudo está bem quando acaba bem"
Exactamente o que acaba de ocorrer com a anunciada mudança do Centro de vacinação. O qual, contra a vontade da maioria PS, já não vai para a Escola Santa Iria, mas para a sede do Sporting Clube de Tomar, propriedade municipal. A sede, não o clube.
Um recuo camarário, à primeira vista sem grande importância, pode afinal ser o primeiro sinal de uma nova era em Tomar. Porque quem lidera a autarquia não recuou. Foi forçada a recuar pela coragem reivindicativa da comunidade educativa da Escola Santa Iria. E isso pode mudar tudo em termos de futuro. Porque nem tudo está resolvido e continua a reinar muita hipocrisia na urbe.
Para não sair do tema, assim sem mais nem menos, a Câmara anunciou a mudança de planos quanto à vacinação numa conferência de imprensa, para a qual não convidou nem informou o site Tomar na rede, cujo administrador é um jornalista com carteira profissional. Porquê tal maneira de agir?
Mesmo tendo em conta que há um diferendo laboral, pendente nos tribunais, entre o Município e o mesmo cidadão, a verdade é que esse caso não tem qualquer relação com o normal exercício da sua profissão, e respectivos direitos de cidadania. Há portanto uma discriminação inaceitável, que equivale a uma forma de censura prévia  por parte da autarquia.
O presidente Trump também mandava retirar as acreditações para aceder às conferências de imprensa na Casa Branca, aos jornalistas que não escreviam o que ele queria. Mas esse pelo menos era frontal, e nunca se proclamou socialista, nem  coisa parecida. O que não o livrou da derrota, como se sabe.
Sucede que no vale do Nabão não há, que se saiba, acreditações oficiais para aceder às conferências de imprensa da autarquia. Tão pouco consta que os funcionários municipais tenham autonomia para convidar só os nomes que lhes agradam. Por conseguinte, até prova em contrário, temos uma presidente de Câmara que, por um lado,  se considera defensora  dos direitos fundamentais dos cidadãos, entre os quais o direito à informação, consignado na Constituição. Mas por outro lado,  impede um jornalista credenciado de praticar a sua profissão, no que concerne à normal actividade autárquica.
Em que ficamos afinal? Defensora dos direitos fundamentais, ou vulgar censora prévia encapotada? É um caso de "ódio de estimação", poderão alegar os defensores da srª. Acredito. Mas também julgo que quem cultiva ódios de estimação não tem dignidade para exercer cargos públicos. Mormente quando se trata de funções de representação dos cidadãos eleitores.
Neste caso, portanto, tudo estará bem só quando acabar bem. Com a renúncia da srª, motivada ou não pela sua ida para outras tarefas políticas. Sem remissão possível, porquanto se no caso do Centro de Vacinação, os culpados pela má opção são agora, diz a srª, os ligados à DGS, neste caso da censura prévia, ninguém acreditará que a culpa seja dos funcionários ou assessores. 
Haja pelo menos a coragem de assumir. Tanto os erros quanto as suas consequências.

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