domingo, 31 de outubro de 2021

 

A boa educação serve para quê?

Civismo - educação - boas maneiras

CASCA GROSSA E POLIMENTO


Foi o jornalista José Gaio que lançou o tema, no Tomar na rede. Depois disso, também já aqui se falou nessa matéria. Parece-me, contudo, que há ainda bastante para esclarecer. Refiro-me à educação cívica e às boas maneiras, que são praticamente a mesma coisa.
Tema com pouco interesse? Ao que me consta, assim pensam muitos conterrâneos, alguns dos quais até afirmam que se trata apenas de mais uma maneira ardilosa de atacar os eleitos  e alguns funcionários.
É uma posição que não surpreende, sabido como é que, salvo raras excepções, tão malcriados são os governantes como os governados. Abaixo dos 60 anos é uma desgraça. Pela simples razão de terem saído quase todos dos mesmos moldes educativos. Famílias sem tempo para os vigiar e ensinar devidamente; escolas do deixa andar, que depois logo se vê, sob pretexto que não se devem reprimir as crianças, pois já bastou o tempo da outra senhora.
O resultado de semelhante caldeirada é aquilo a que assistimos agora. Vivemos numa sociedade agreste, de cidadãos predominantemente mal educados, e por isso sem maneiras. A tal ponto que nem se queixam, pois ignoram em geral o que seja, ou menosprezam "essas mariquices". E assim vamos sendo maltratados, tanto pelos funcionários públicos e eleitos, como pelos empregados e patrões. Quem não tem, porque nunca adquiriu, não pode usar.
Querem um exemplo flagrante e inesperado? Aquando das recentes autárquicas, aproximei-me da mesa de voto, disse bom dia a todos, e apresentei o cartão de cidadão. Ouvi então este belo naco de prosa, da parte do senhor presidente de mesa, um jovem dos seus 40 e tantos: - "António Francisco RABELO. RABELO como os barcos do rio Douro". 
Fiquei boquiaberto, pois não conheço o cidadão de lado algum. Mas calei-me, para respeitar a solenidade do acto. Votei, recuperei o cartão de cidadão, agradeci e abandonei o pavilhão. Agora pergunto: Será isto adequado, da parte de um presidente de mesa de voto? Certamente que não, por se tratar de evidente estilo casca grossa.  De falta de educação. Mas como ninguém os terá esclarecido antes que os membros das mesas não devem fazer comentários sobre os cidadãos eleitores, o indivíduo ainda agora deve estar convencido de que agiu com correcção. E escrevi indivíduo, porque cavalheiro não é de certeza.
O mesmo acontece com a degradação do Mouchão provocada pelos eventos, o abandalhamento do piso térreo do edifício do turismo, o mau atendimento geral nos serviços públicos, a colocação do centro de vacinas num primeiro andar com um só elevador, a falta de assentos nos locais onde é preciso esperar, a evidente arrogância de quase todos os eleitos, e por aí adiante.
É portanto urgente ter a coragem de dizer BASTA! Tornem-se humildes. Reconheçam a vossa evidente falta de maneiras, de polimento, e procurem aprender. Eduquem-se!! Abandonem essa ideia reles, segundo a qual boas maneiras, gestos agradáveis e palavras carinhosas são simples mariquices.
Se assim não procederem, acabarão por ser vítimas do mesmo mal. Até porque estão em desvantagem. Quem aprendeu as regras da politesse, as tais boas maneiras, também sabe ser ordinário, quando é mesmo indispensável para se fazer entender. Já os praticantes da ordinarice como modo de vida, só após muito trabalho prévio conseguem mudar de estilo. Quando conseguem.
Como se diz lá para as bandas da torre Eiffel, "le style c'est la personne."


Ensino Superior - Controle de conhecimentos

É assim que tencionam 
tornar o IPT mais credível?

Começo com uma descrição sucinta do capítulo anterior, antes de passar à enumeração de factos recentes, pouco abonatórios para a parte demandada.
É sabido que o autor destas linhas tem formação superior e vasta experiência profissional, dentro e fora do país, na área do turismo. Apesar disso, ultrapassada a fase inicial, em que vieram pela calada sacar os elementos essenciais que permitiram fundar uma licenciatura, nunca mais julgaram necessário, ou sequer útil, voltar a contactar. Aguardavam, decerto, um pedido meu, que nunca apareceu. Tenho ainda hoje sempre presente aquele dito popular "diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és." Mantenho-me portanto como o saudoso Raúl Solnado: "Eu cá sou muito pobrezinho, mas muito limpinho e de bons costumes."
Apesar desses antecedentes de há mais de duas décadas, vou procurando informar-me sobre o quotidiano tomarense, nas suas várias vertentes. Foi nesse quadro que li uma referência a determinado trabalho académico sobre turismo, da autoria de uma aluna do Politécnico de Tomar. Mais precisamente uma memória de mestrado, a que em Portugal chamam tese, se não erro.
Um vez que todos os trabalhos académicos sujeitos a júri e debate, são do domínio público por natureza, solicitei ao director do departamento de Gestão turística o link de acesso ao citado documento. Recebi a resposta poucos dias depois, informando que devia contactar a aluna em questão, o que foi feito.
Foi-me então dito por escrito que a tese em questão estava em processo de correcção, após o que haveria um webinar, sobre o qual seria oportunamente informado.
Pareceu-em estranha, aquela história do processo de correcção, pois quem já completou mestrado e/ou doutoramento sabe que as correcções são feitas antes da soutenance e não a posteriori. Apesar disso, fui aguardando a prometida informação. Até hoje. E já lá vão vários meses.
 A imagem pública do IPT é a de um estabelecimento de ensino superior onde só vêm desaguar os candidatos que não conseguiram lugar alhures. O refugo do refugo. Salvo honrosas excepções, que também as há. É assim, sonegando informação de índole académica, sujeita a escrutínio, que tencionam dar mais credibilidade ao Politécnico tomarense?  
Se calhar, são seguidores daquela escola americana de comunicação e mercadologia, vulgo marketing, cujos líderes sustentam que o importante é falarem de nós, seja para dizer bem ou para dizer mal.

sábado, 30 de outubro de 2021

 

                 Foto Tomar na rede, com os nossos agradecimentos
Coitada da relva!

Autarquia - Estacionamento - Privilégios

Contra os privilégios

Terá surpreendido alguns mais distraídos a posição aqui assumida, contra os que foram multados por estacionamento ilegal a poente do ex-estádio. Uma vez que, regra geral, aqui se ataca a actual maioria, tratando-se de reclamantes contra a Câmara, é suposto que mereçam apoio.
Haverá realmente apoiantes, por ser elevado a analfabetismo político no vale do Nabão. Se assim não fora,  ninguém arriscaria primeiro prevaricar de propósito, e depois reclamar contra a multa. Isto porque se trata de uma intolerável posição minoritária, visando obter um privilégio, uma benesse, só para uma determinada categoria social. A dos ligados ao desporto de competição e respectivos familiares.
Têm todo o direito de assim proceder -até porque se calhar nem se dão bem conta daquilo que estão a fazer- mas a oposição deve ser pronta e firme. Não aos privilégios, seja para quem for. A Lei é igual para todos, e assim deve continuar a ser. Sob pena de passarmos pouco a pouco para uma república dos arranjinhos.
Por outras palavras, se acham que o acesso ao referido estacionamento deve ser livre para todos, e portanto reivindicam que a Câmara mande retirar quanto antes a chapa de proibição, pois contem com o apoio de Tomar a dianteira 3, que tão pouco concorda, por exemplo, com o lugar reservado para o sr. padre, junto à igreja de S. João. Privilégios não! Isso era no tempo do clero, nobreza e povo. Agora somos todos cidadãos com os mesmos direitos e as mesmas obrigações.
Sabe-se porque estamos a entrar por aí, pelas leis à medida de cada grupinho. É a síndrome tribalista. Mas beneficiar alguns, é também prejudicar todos os outros, ainda que essa possa não ser a intenção. Ou que as respectivas consequências não sejam imediatamente visíveis. Trata-se afinal de um caso de puro oportunismo. Aproveitar o usual e errado modus operandi da autarquia para dele sacar benefícios. No caso, evitar pagar o parque P2.
Qual é esse modus operandi municipal, nefasto para a comunidade? É aquele que provocou o abandalhamento completo do piso térreo do edifício do turismo, para exclusivo benefício dos senhores funcionários lá colocados, que assim dispõem de mais luz. É também aquele que provocou estragos consideráveis no Mouchão, para beneficiar umas dezenas de admiradores de eventos provincianos de fraca craveira, que assim puderam divertir-se na relva, em plena sala de visitas da urbe. Com a relva sintética do vasto recinto do ex-estádio ali tão perto.
A educação básica, incluindo a formação cívica, faz realmente muita falta. Sobretudo para os alunos daquele período conturbado e de facilitismo, logo a seguir ao 25 de Abril. Os que agora deviam governar, e/ou agir como cidadãos bem formados,  se soubessem e quisessem.

ADENDA ÀS 22h55 de 30/10/2021

Nem de propósito! Escreve-se no parágrafo anterior que a educação básica, incluindo a formação cívica, faz realmente muita falta. Pois o Tomar na rede acaba de noticiar que a controversa chapa de trânsito foi arrancada e desapareceu. O mesmo aconteceu com a grade-barreira. Arrancaram polémico sinal de trânsito junto ao estádio | Tomar na Rede
É uma acção condenável, que não tem qualquer justificação em democracia. A mostrar uma total falta de respeito para com os outros, sobretudo para com os eleitos e as autoridades. Com gente assim, é difícil dialogar. E quando o diálogo não resulta, acaba por prevalecer a força, nos limites da lei.

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos


Autarquia - Estacionamento - Favores

Uma situação caricata à moda de Tomar

Segundo a Rádio Hertz, vai por aí um enorme alarido, por causa de umas multas, aplicadas pela PSP, no âmbito das suas atribuições normais. De que se trata afinal? De respeitáveis cidadãos que foram autuados por terem ido treinar, ou levar filhos/familiares para treinar futebol, e pararam os carros do lado poente do ex-estádio, o que é proibido por uma sinalização existente ao lado do ex-parque de campismo (ver foto).
Logo aqui, há qualquer coisa que não bate certo. Ex-estádio, ex-parque de campismo, até parece que já estamos numa ex-cidade.
Vem depois, na notícia, o aconselhamento dos especialistas, que propõem mais umas excepções, a acrescentar às existentes. Mais duas placas, a juntar a outras tantas.
O que daria, no total:
"Excepto ambulâncias e equipa de arbitragem. Excepto cargas e descargas e deficientes. Excepto tomada e largada de passageiros. Excepto veículos afectos ao transporte de atletas para jogos de competição." 
Muito fácil, como salta à vista. Sobretudo para estrangeiros que não saibam português. E a PSP, como é que vai conseguir saber se não há ou não uns condutores trafulhas, no meio de outros bem intencionados? Como é que se distingue, por exemplo, um veículo afecto ao transporte de atletas de competição, de outro afecto ao transporte de simples passageiros, ou de atletas que não são de competição? Necessidade de emitir um documento oficial específico, a afixar nos parabrisas respectivos? Que entidade emitirá o documento? Câmara? PSP? GNR? Federações desportivas? Clubes?
Vivemos tempos complicados, e as pessoas nem sempre conseguem raciocinar normalmente. Mesmo quando são eleitas para gerir os assuntos da comunidade. Nesta altura, um residente em S. João Baptista sem garagem privativa, paga 440 euros/ano, se quiser estacionar o carrito no parque P1, uma vez que já não pode aparcar à porta, como antigamente. Mas se aceitar ir um pouco mais longe, ao parque P2, de Santa Maria, paga menos de metade. Em contrapartida, se for pessoa mais endinheirada, compra uma autocaravana para as suas férias, e já pode estacionar gratuitamente no ex-parque de campismo. É isto aceitável? Justo? Equitativo? Bem pensado? Não. Mas é o que temos, por agora. Enquanto os tomarenses continuarem adormecidos, e/ou a votar com os pés.
E que tal acabar com excepções, favores, facilidades, que são afinal discriminações, e taxar todos por igual, incluindo os clubes, os treinadores e outros turistas, em toda a área urbana? Era capaz de não ser pior. Em  todo o caso, um bom caminho para acabar com a república dos chupistas, também conhecidos por gosmas, que não perdem uma oportunidade de sacar. Com excelente argumentação, bem entendido.

ADENDA ÁS 11H39 DE 39/10/2021

Para melhor entendimento das injustificadas reclamações, atente-se em dois detalhes. O primeiro é o destaque dado pela Hertz ao facto de terem também multado dois treinadores. Porquê? Não são cidadãos e trabalhadores, como outros quaisquer? Beneficiam de algum foro especial, por serem treinadores?
O outro detalhe é simplesmente ridículo. Segundo a notícia, alguns pais ameaçaram não trazer mais os filhos aos treinos, por não haver condições, sobretudo em tempo de chuva, para irem sózinhos e a pé do parque de caravanismo ao ex-estádio, a enorme distância de 50 metros bem medidos.
Estão a gozar com quem? Andam a preparar as vossas crianças para serem grandes atletas, ou viçosas plantas de estufa? É que não me recordo de ter visto algum jogo de futebol interrompido por causa da chuva, salvo inundação ou relva impraticável. E crianças de 5-6 anos que não podem andar cinquenta metros a pé, mesmo á chuva e sem acompanhante,  só vão conseguir ser mais tarde grandes atletas de assento e treinadores de bancada. Uns falhados, como tantos outros.
Em conclusão, deixem-se de tretas infantis. Se querem acompanhar a descendência aos treinos, cumpram as normas comuns a todos os cidadãos. A Câmara é muito criticável e nunca aqui foi poupada, ao contrário do que tem acontecido noutros órgãos de informação. Mas os eleitores em geral também não estão isentos de culpas. E neste caso a autarquia tem razão. A postura municipal de trânsito é para cumprir. E as multas devem ser liquidadas.

 


Crise política - Situação local - Futurologia

E AGORA?

Dizia um muito citado jogador de futebol que "prognósticos só no fim do jogo". Provavelmente ignorava que prognosticar é prever, antever, adivinhar, o que torna impossível a afirmação que produziu. Não se pode prever, antever ou adivinhar, algo que já aconteceu. Só simulando, e para rir.
Também é certo que a previsão é algo muito falível, sobretudo na área política. Que o diga o autor destas linhas, cujas previsões aquando das recentes autárquicas saíram completamente furadas. Não acertou uma! Ou quase. Mas também, numa terra em que a líder da principal lista da oposição recusa debater frente a frente com a líder incumbente, estavam à espera de quê? Em Tomar  é quase tudo de 8 ou 80. Ou demasiado previsível, ou totalmente indecifrável. Pois se até o Gualdim, que nos concedeu o primeiro foral municipal, está de costas voltadas para a Câmara, e com o escudo a proteger-lhe a base do corpo...
Feitas assim as necessárias reservas iniciais, vem a pergunta inevitável nos tempos que correm: E agora? Contrariando o expectável por ocasião das recentes autárquicas, o governo está preso por arames, a AR vai ser dissolvida e vamos ter eleições legislativas, lá para o final de Fevereiro, na melhor das hipóteses. O presidente Marcelo quer dar ao PSD tempo para arrumar a casa antes de irmos a votos.
Enquanto isto, em Tomar há eleitos com sérios problemas dilemáticos. Não no PSD, que por aí não parece haver grandes oportunidades. Relvas foi-se, não volta, e não parece ter deixado herdeiros. Mas no PS nabantino, que agora lidera a nível distrital, graças ao sagaz deputado Hugo Costa, é bem possível que possam avançar duas candidaturas em lugares elegíveis. Além do actual deputado, fontes geralmente bem informadas garantiram-me no mês passado, que Anabela Freitas ia ficar apenas meio mandato, pois integraria a lista para a AR em 2023. O que faz todo o sentido, tratando-se do seu último mandato municipal, e para não ficar a ver os peixes no Nabão, a partir de 2025. As coisas são o que são.
Uma vez que as eleições previstas para 2023 vão ter lugar no início de 2022, a confirmar-se a candidatura e posterior eleição de Anabela Freitas, é quase certo que optará pela AR, deixando as rédeas do poder local ao seu vice Hugo Cristóvão. 
Bom ou mau para Tomar? O actual vereador tem muito mais mundo que a sua presidente, porém menos experiência de vida. Nunca constituiu família, nem tem filhos. Mas é músico amador. Estudou e sabe ler solfejo, qualidade assaz útil e rara nos tempos que correm, nas margens nabantinas. É verdade que na política a música é outra, mas mesmo assim ajuda sempre ter a noção dos sons e do ritmo, habilidade que não está ao alcance de todos.
Tudo bem portanto? Nem tanto. É verdade que será uma excelente ocasião para arranjar finalmente uma ideia global substantiva e marcante para Tomar, coisa que actualmente tanta falta faz, na maioria PS como na oposição. Mas o sectarismo, a intolerância e a aversão à crítica frontal, à maneira de Pedro Nuno Santos, podem deitar tudo a perder. 
A confirmar-se a alteração, oxalá Cristóvão consiga exorcizar os seus demónios de juventude, grandes obstáculos a que possa vir a ser um excelente presidente de Câmara, talvez mesmo o melhor de todos até ao presente.
Vamos a isso?

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

 


Autarquia - Património

VEREADORA PS 

ABANDALHA PATRIMÓNIO TOMARENSE

Já aqui se escreveu sobre boas maneiras, politesse. saber estar e saber dizer, atributos indispensáveis, mas infelizmente raros, nos nossos eleitos e nalguns funcionários superiores. Estava-se porém longe de pensar que o abandalhamento era já tão evidente nalguns casos.
Mão amiga fez-me chegar duas imagens do salão térreo do edifício neo-renascentista da outrora Comissão de Iniciativa e Turismo, agora simples serviços de turismo da autarquia. É vergonhoso o estado a que ali já se chegou. O salão mais lindo e solene do núcleo histórico, logo após o salão nobre dos Paços do concelho, onde foram servidos tantos "Porto de honra", para homenagear visitantes ilustres, está transformado numa mal arrumada repartição pública, que nem sequer permite uma visita capaz. Qualquer turista culto que ali chegue, não poderá deixar de ficar embasbacado com tanto mau gosto e tanta balbúrdia, numa construção nobre com elementos do século XVI.
Sem qualquer necessidade, pois já antes do 25 de Abril ali funcionava a Comissão municipal de turismo, com o respectivo secretariado sob a estrutura que se vê à esquerda, e os visitantes acolhidos num pequeno balcão logo à estrada, também do lado esquerdo.
Ao que se percebe, a maioria PS, no caso a vereadora com o pelouro do turismo e cultura, parece considerar que é dona daquilo, e que portanto ali pode fazer tudo o que lhe apetecer. Praticamente a mesma atitude dos bocheviques, quando invadiram o então Palácio real de Petrogrado, o actual Museu Ermitage, de S. Petersburgo. Ou dos soldados franceses, quando no século XIX estiveram aquartelados no Convento de Cristo, tendo queimado alguns quadros do século XVI para se aquecerem.
O desplante é de tal ordem e o despautério tão evidente que uma de duas: Ou a srª presidente procede no sentido de restituir àquele salão a sua primitiva dignidade; ou terá de se apresentar queixa contra a Câmara junto das autoridades competentes, no caso a DGPC, por manifesto atentado contra o património municipal, que é de todos os cidadãos e como tal deve ser respeitado.
A srª presidente fará o favor de optar, como lhe compete, enquanto representante mandatada de todos os tomarenses.

ADENDA às 12H49 de 28/10/2021

Não queria abordar já esse tema, que vai arrastar se calhar o debate sobre o recheio do 1º andar, mas noblesse oblige: Na origem havia oito cadeiras de couro com pregaria de latão, à volta da mesa grande. A imagem só mostra 6. As duas que faltam ainda estarão no edíficio? Alguém sabe onde estão?
Quanto ao recheio do 1º andar, a colecção de pintura do legado João Martins de Azevedo, com as 4 estações (que, se originais, valem milhões) e obras de Carlos Reis, João Reis, Falcão Trigoso, Martin Maqueda,  Martins Barata e outros, que foi retirada no tempo do PSD, para quando está prevista a sua reposição no Museu municipal João de Castilho? Fala-se tanto de cultura e eventos e um espólio tão importante continua engavetado?

 


Política local - Oposição PSD


O despertar laranja?

Na sua simpáitica "Carta aberta aos tomarenses", Tiago Carrão debita uma série de frases a denotar boas intenções. Numa escrita escorreita, recorre a lugares comuns para alentar os leitores alaranjados, no sentido de manterem uma esperança que começa a claudicar, o que se compreende, tantos são os dissabores. Carta aberta aos Tomarenses | Tomar na Rede
Há, ainda assim, na referida missiva, dois aspectos que me parece valer a pena destacar. Refiro-me aos constantes "azares" em matéria de arrematações camarárias e posteriores execuções, e à manifesta impunidade no que concerne aos falhanços, deliberados ou não,  atribuíveis aos funcionários municipais.
No que concerne genericamente às obras municipais e concursos de concessão, o agora vereador laranja usa uma expressão bem pesada. "Não acertam uma", escreve ele, referindo-se os casos da Estalagem de Santa Iria, do Centro Escolar da Linhaceira, da Várzea Grande e da Avenida Nun'Álvares.
Não é grande coisa, dirão os leitores mais conhecedores, e alguns apenas mais cínicos. Pois não. Mas confirma para já, pela pena de um companheiro de partido, que os anteriores vereadores laranja passaram quatro anos a dormir, ou a fingir que assim era, porque lhes convinha. A troco de quê?
Estará o vereador Tiago Carrão disposto a enveredar pelo caminho oposto, exercendo forte pressão sobre a maioria PS? A sua carta parece mostrar que tenciona ir por aí. Falta agora demonstrar que não se trata apenas de "fogo de vista", com o intuito de animar as hostes, bastante deprimidas com a actuação da cabeça de lista, que mesmo após o evidente desastre eleitoral, mostra não ter a coragem necessária para assumir, renunciando ao mandato. Como fizeram Medina, em Lisboa, e Veiga Maltez, na Golegã, por exemplo.
Poderão contestar os cínicos do costume que não adianta uma oposição acutilante, uma vez que a Câmara não caírá, devido à maioria absoluta do PS. A priori estão cheios de razão.
Acontece contudo que estão escondidos, nas "gavetas" da autarquia, dois ou três escândalos que, se revelados integralmente, provocariam muito "sangue"  em certa camarilha, e quiçá uma eventual desagregação da maioria PS. Certo, mesmo certo, é que sem contestação, a câmara não tem qualquer razão para cair. Vão fazendo o   que querem com total impunidade. Tanto eleitos como funcionários.
Tiago Carrão pretende na verdade o quê? Alertar? Agitar as águas? Ir até ao fim, doa a quem doer? Aquilo que aparenta saber é resultado de trabalho próprio, ou há também uma parte herdada?

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 

O cinto da Ordem da Jarreteira, no botaréu direito do Coro Alto do Convento de Cristo

Política local - Boas maneiras- Liberdade de informação


Educação,  polimento e tolerância

Numa iniciativa que merece aplauso, Tomar na rede resolveu publicar um texto com uma série de conselhos, ou normas de conduta, para todos os eleitos. Visa assim ultrapassar, de alguma maneira, a manifesta falta de educação cívica. As chamadas boas maneiras, por parte dos autarcas que temos. A bem dizer, essas boas maneiras, são aquilo que por essa Europa fora se designa por politesse, donde derivam as nossas conhecidas expressões "falta de polimento" e "falta de verniz". Além da subtil "falta de chá", mais britânica.
Louve-se a coragem do jornalista José Gaio, administrador do site Tomar na rede, (o único órgão de informação local ainda não controlado de facto pela maioria PS), ao entrar num domínio muito escorregadio. Como bem sabemos, os nossos autarcas, e mesmo alguns técnicos superiores, julgam-se acima de qualquer erro em termos da tal politesse, as boas maneiras, quando afinal a situação é bem diferente.
O circunscrito ambiente local tolera, quando não facilita, determinadas atitudes comportamentais, intoleráveis em qualquer democracia digna do nome. Refiro-me à manifesta intolerância, que vai até às medidas retaliatórias, contra todos os que não aplaudem a pobre política local. Chega a ser vergonhoso que alguns eleitos, em vez de responderem frontalmente às críticas de que são alvo, resolvam agredir verbalmente  e por sistema quem deles discorda, com acusações infundadas e argumentação infantil. Agem como se tivessem saído da coxa de Júpiter, quando afinal vieram do ventre da mãe, como todos nós, e apenas foram eleitos provisoriamente. Por menos de 8 mil votos, numa terra de 40 mil habitantes, de um país de 10 milhões, que está a encolher, numa Europa de 500 milhões.
Faltam boas maneiras, faltam ideias, falta humildade, falta jogo de cintura, falta capacidade de encaixe, faltam cabeças que funcionem eficazmente. Tomar é portanto um vale de carências de toda a ordem. A tal ponto que, mesmo os nossos melhores, aqueles que escolhemos, ignoram a sua triste condição de cidadãos a precisar de formação contínua. E de que maneira!
Por isso Tomar vai definhando cada vez mais. Por culpa dos outros claro! Os senhores eleitos fazem sempre o melhor possível. E são omnicompetentes, como bem sabemos. 
Honni soit qui mal y pense!
Ignoram o que seja esta expressão gaulesa? Trata-se da divisa da Ordem da Jarreteira (que é uma Ordem militar de cavalaria, e não a ordem dos jarretas). Significa literalmente "Maldito seja quem mal nisto vê" e usa-se no final de intervenções escritas ou orais mais ousadas, (como esta) com o sentido de "Desculpem lá, se não fui assaz cordato."
Para os mais interessados, a Ordem da Jarreteira e a do Velo de Ouro, ambas atribuídas a D. Manuel I, estão representadas nos botaréus do Coro alto do convento de Cristo, desde 1510. (Ver foto supra, com o cinto da Jarreteira.)

 


Política local - Resultados eleitorais - Abstenção

Os estragos da governação socialista

Reina alegria e há contentamento nas hostes socialistas em Tomar. É natural e aceita-se. Pela primeira vez conseguem três mandatos seguidos. Há também sinais evidentes de triunfalismo bacoco, tipo "ganhar o campeonato", de todo inaceitáveis numa democracia madura. Até porque não houve triunfo nenhum.
Aconteceu apenas algo que só é possível em pequenas cidades decadentes, cujos cidadãos mais aptos já se foram. Três vezes seguidas, não apareceu nenhuma candidatura capaz de fazer frente à do PS. Em 2021 foi de tal forma evidente, que até meteu dó. A lider da principal lista recusar-se a debater frente a frente com a incumbente, é algo que não lembra ao Diabo, mas aconteceu em Tomar. Se calhar por causa da humidade proveniente do Nabão. Gera-se um nevoeiro que oculta muita coisa.
Agora em tempos mais calmos, pareceu útil tentar pôr as coisas "en su sítio", como dizem os castelhanos. Não foi nada fácil, pois o modelo eleitoral que temos foi arquitectado para embarrilar os cidadãos. Prova disso é que mesmo os resultados das urnas são publicados de forma assaz curiosa. Não indicam, por exemplo,  a percentagem de abstenção. Apenas a participação. O que obriga depois a subtrair essa percentagem do total de inscritos, para obter a taxa de abstenção. Foi o que se fez, e aqui vão os resultados, freguesia a freguesia:

CONCELHO DE TOMAR

Percentagem de abstenção - Eleição da Câmara Municipal

Freguesias...........................................2009..........2013........2017........2021

Além da Ribeira - Pedreira.................33,90%......33,66%....37,08%....39,65%
Asseiceira..........................................39,43%......46,30%.....42,00%....46,82%
Carregueiros......................................33,24%......41,78%.....43,60%....37,86%
Casais e Alviobeira.............................37,16%......47,03%....41,62%....41,94%
Madalena e Beselga...........................37,85%......44,03%....41,26%....45,42%
Olalhas...............................................39,24%......49,02%.....41,41%....41,94%
Paialvo................................................43,70%......44,81%.....43,77%...42,58%
Sabacheira.........................................36,38%......34,34%.....36,46%....41,46%
Serra e Junceira.................................38,32%......38,61%.....38,04%...45,72%
S. Pedro..............................................42,56%......46,29%....44,06%....44,75%
S. João e Santa Maria........................44,21%......50,41%.....45,13%....50,59%

CONCLUSÕES

1 - São dados oficiais, que podem ser consultados no site do MAI. Não se trata portanto de opiniões de quem escreve. São factos.
2 - Antes da primeira candidatura de Anabela Freitas, só três freguesias (Paialvo, S. Pedro e S. João/Santa Maria) estavam na casa dos 40% de abstenção. Oito anos mais tarde estão lá todas, menos Além da Ribeira-Pedreira e Carregueiros. dois mil eleitores inscritos, num total de 32 mil.
3 - A freguesia urbana, de longe a maior do concelho em termos de população, com metade dos eleitores inscritos, é também a que regista a maior percentagem de abstenção. Em 8 anos aumentou 6 pontos percentuais.  Metade da população da sede do concelho não votou nas autárquicas de 2021. Terá sido por falta de transporte, apesar do desastre financeiro dos TUT?
4 - Convinha que a maioria PS fosse capaz de descer do pedestal imaginário onde julga estar, e após leitura dos dados supra, agisse em conformidade.
5 - Fica assim demonstrado que os eleitores nabantinos têm cada vez menos paciência para aturar políticos toscos.
6 - Não é um dado adquirido que em 2025 o PSD volte a apresentar uma lista tão fraca como a deste ano, que nem luta chegou a dar.de tão fraca que era e é.
7 - A desculpa usual, que consiste em dizer que nos outros concelhos acontece o mesmo, não colhe e apenas revela uma boa dose de parvoíce. É como aquela da população que dizem migrar para a faixa costeira, e depois vai-se a ver, na dita faixa a população também é cada vez menos. Em que ficamos afinal?

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

 


Habitação - Autarquia - Opções

As alegres promessas e a triste realidade

Vá-se lá saber porquê, a srª  presidente anunciou que as suas grandes opções para o mandato 2021 - 2025 são as obras na margem direita do Nabão e a construção de habitação a custos controlados. Terá decerto as suas razões, que os tomarenses gostariam de conhecer, mas nada. Sempre se revelou partidária do quero, posso e mando; determino e mando publicar. Explicações para quê?
Dispondo de confortável maioria absoluta no executivo, desde 2017 que trata os membros da AM como adolescentes pouco dotados, a quem é preciso ensinar como votar bem. Ainda não se sabe como vai ser agora, mas pela prosa entretanto publicada por um dos vereadores da oposição, não se prevêem grandes mudanças. Vamos ter mais quatro anos de regime tipo união local, com o PSD a servir de contrapeso só quando necessário.
É uma pena, pois visivelmente Anabela Freitas não parece ter consciência de todas as implicações das suas escolhas. Além do carácter meramente ornamental das obras previstas para a margem direita do Nabão (basta ver o que fizeram na margem junto ao Mercado), a edificação de apartamentos de renda controlada é um perfeito disparate. Não só porque, num concelho que perdeu 10% da sua população nos últimos 20 anos, não será decerto a falta de habitação o principal problema, mas também porque a maioria PS se mostra incapaz de administrar sem problemas os alojamentos municipais já existentes.
Com praticamente toda a informação local controlada, ou em vias disso, impera o silêncio interesseiro, só se publicando aquilo que beneficia, (ou pelo menos não ofende), quem manda e paga. Apesar disso, de quando em vez há uma falha, e a miserável gestão do património camarário, ou a falta dela, vêm ao de cimo, como um esgoto mal cheiroso:
https://tomarnarede.pt/sociedade/familia-espera-ha-tres-anos-por-obras-da-camara/
Falta apenas acrescentar que o rendeiro com aqueles problemas todos apenas se refere a "outros apartamento em obras" porque já sabe que não convém escrever que se destinam, ou já foram entregues, aos ciganos do Flecheiro.
Com decisões como a de Anabela Freitas, e situações como a agora denunciada,  é muito provável que, num futuro próximo, as casas de renda controlada afastem ainda mais população, em vez de atrairem gente nova. "Vizinhos ciganos e a câmara como senhorio?!? Chiça!!! Vou-me pôr a milhas quanto antes!"

domingo, 24 de outubro de 2021

 


Turismo - Economia local - Autarquia

Assim nos vão iludindo 
e os problemas se vão agravando

Se alguma entidade resolvesse, por hipótese,  anunciar um seminário de Medicina militar, e nele não participassem, no mínimo,  médicos, enfermeiros, psicólogos e administradores hospitalares, seria um escândalo. Ou não ? 
Pois é algo semelhante que acaba de ocorrer no Convento de Cristo. Houve um "Seminário de Turismo Militar", que foi muito concorrido. Directora do Convento, Presidente do Politécnico, Presidente da Entidade regional de Turismo do Centro, Directora da CCDR do Centro e os demais "penduras do costume". Até apareceu uma arqueóloga aposentada, para acompanhar uma visita aos por ela alegados vestígios muçulmanos, no Castelo e nos Paços do Infante. Vejam bem! 
Só faltaram mesmo os profissionais de turismo. Dos verdadeiros. Agentes de viagens, operadores, guias, tour-leaders, animadores, empresas de aviação, de cruzeiros e de autocarros,  directores hoteleiros e de aldeias de férias... 
Muito aborrecido, não é?
De resto, a própria designação de "turismo militar" parece bastante equívoca. A título de mero exemplo, o autor destas linhas, que esteve na guerra em Angola, como miliciano, no quadro de Serviço militar obrigatório, entre 1962 e 1965, com tudo incluído, mesmo a arma e as munições para ir à caça,  pode-se dizer que foi turista militar? E quando comandou a  escolta do cônsul americano em Matadi, de Nóqui até Luanda, foi  guia turistico militar? 
Não seria melhor "Património histórico-militar", em vez de "turismo militar"?
Num tal quadro, a nossa querida presidente, (que teve honras de "doutora", atribuídas pela apresentadora do evento, quando afinal é apenas bacharel em recursos humanos pelo Politécnico de Tomar), até tratou por tu o presidente da Entidade Regional de Turismo do Centro), e disse mesmo uma frase surpreendente, a qual não terá sido agradável para todos os presentes. Segundo a eleita, "Estamos perante um recurso que ainda tem muito que trabalhar para chegar a produto turístico." Trata-se portanto de algo que está praticamente na mesma situação do citado seminário: Ainda têm muito que convidar  profissionais/operacionais de turismo, para que possam vir a ser um verdadeiro seminário de turismo. Militar, ou de qualquer outra especialidade. Assim, foi sobretudo um encontro de dirigentes funcionários do Estado, com o turismo como bengala.
Tem portanto razão a presidente Anabela Freitas? Tem sim senhor. Mas a sua posição perde peso, ao saber-se que a situação tomarense não é nada brilhante na área do turismo. A começar pelo principal recurso local, o Convento de Cristo. 
Recebe todos os anos (sem pandemia) mais de 300 mil visitantes, mas perde milhares de outros, por falta de adequadas estruturas de acolhimento. Porque a Câmara parece ainda não ter percebido que está perante algo inevitável, mais cedo ou mais tarde. 
Tem de providenciar estacionamento em larga escala, sanitários bem dimensionados, sinalização adequada e vigilância electrónica, para evitar a continuação dos roubos sistemáticos nos carros estacionados nas proximidades do monumento. E não pode esquecer a necessidade imperiosa de "trazer" os turistas até à cidade.
Algo muito mais complexo e laborioso que um belo discurso de circunstância. Exige um bom plano local de turismo, o que é uma maçada.  Especialistas  há muitos, uma vez que em Portugal todos sabemos de política, de futebol e de turismo, mas depois vai-se a ver... 
Assim nos vão iludindo,  e os problemas se vão agravando. Até quando?
Anabela Freitas quer deixar nome na história local, o que se compreende. Depende apenas dela que seja por boas ou más razões.

sábado, 23 de outubro de 2021

 


Política local - Executivo camarário

Um simples penduricalho incómodo

A política em geral é bastante complexa e difícil de interpretar, mas a sua versão nabantina nem tanto. O que não impede falhanços monumentais na área das previsões. Nunca considerei, por exemplo, que a demasiado evidente compra massiva de votos chegasse para garantir ao PS uma vitória comparável à de 2017. Mas também é verdade que, contra toda a lógica política, o PSD local fez o máximo para perder, e conseguiu. Já noutros concelhos, onde apresentou candidatos capazes e se portou à altura, venceu com todo o mérito. A começar por Lisboa.
Seja porque também esperava perder, ou porque já está apostando noutro caminho fora da autarquia, Anabela Freitas vem acumulando erros sobre erros, o que não era nada habitual nela. Logo na formação da lista, colocou Anabela Estanqueiro em 4º lugar, um modo pouco diplomático de mostrar a porta de saída a Helder Henriques, despromovido para 5º.
Porque não percebeu, ou simulou não perceber, o simpático vereador manteve-se firme, na boa postura de militar que é. Inviabilizada a candidatura de Anabela Estanqueiro, por manifesta incompatibilidade,  Helder Henriques lá conseguiu recuperar o 4º lugar na lista e acabou eleito.
Foi porém sol de pouca dura. Confirmando a intenção de arredar o vereador, a srª presidente acaba de lhe atribuir apenas o pelouro dos cemitérios e  serviços veterinários, retirando-lhe assim na prática todos os outros que teve no mandato anterior (mercados e feiras, parques e jardins, higiene e limpeza, por exemplo).
O que terá levado Anabela Freitas a arredar de facto um elemento que foi importante para a vitória em 2017, no âmbito do acordo celebrado com os IpT, e que, de acordo com a opinião pública, não foi pior que os outros? O que conduz um ilustre oficial superior do exército a aceitar mais este enxovalho público em termos de imagem, que o transforma aos olhos dos eleitores num simples penduricalho,  incómodo para a maioria PS? Ainda não entendeu que, para com ele, a presidente passou paulatinamente de Anabela a AnaBALA? Só falta apurar porquê. Mas já há murmúrios...
Aguardemos os próximos episódios da novela autárquica.

 O fim da geringonça?

Pareceu-me tão engraçada, que não resisto a reproduzi-la, com a devida vénia ao EXPRESSO e ao autor, Helder Oliveira:



sexta-feira, 22 de outubro de 2021

 



Obras camarárias

Dos carrilhões de Mafra às obras ornamentais tomarenses.

É sabido que não se pode contar com os tomarenses para qualquer reclamação, protesto ou manifestação de tipo político. Só para lamentos e outras cantilenas, desde que pela calada. A actual maioria PS também sabe disso, e aproveita para abusar.
O rei D. João V, soberano absoluto, resolveu a dada altura mandar edificar Mafra, e até mandou ali instalar dois carrilhões em vez de um, porque lhe pareceram baratos e o dinheiro vinha do Brasil. Tudo só para ornamentar.
Séculos volvidos, em Tomar a maioria PS parece não ter aprendido nada. Agora que tudo indica ser consensual a inutilidade das obras da Várzea Grande, da Nun'Álvares e da Torres Pinheiro, insusceptíveis de gerarem ou contribuirem para gerar qualquer valor acrescentado,  insistem no modelo, sem apresentarem qualquer argumentação aceitável.
A srª presidente anunciou a requalificação da margem direita do rio "para devolver o Nabão aos tomarenses". Pela parte que me toca, agradeço mas não quero o Nabão de margens ornamentadas para coisa nenhuma. Considero que se trata de mais uma asneira monumental, uma evidente estragação de recursos, do mesmo tipo dos carrilhões de Mafra, desta vez com verbas europeias, em vez do ouro do Brasil.
Simples embirração minha? Que não, que não! Uma vez terminadas as prometidas obras do mandato, tal como já estão concluídas todas as anteriores do mesmo tipo, que ganhou a cidade? Que ganharam os tomarenses? Tudo aquilo criou empregos produtivos? Gerou valor acrescentado transacionável? Resolveu problemas graves e urgentes.?
Em todos os casos a resposta é negativa. Na Várzea, e nas vias agora embelezadas ainda aproveitaram para modernizar as redes de distribuição de água, gás e electricidade, bem como os colectores do saneamento. Na margem do rio nem isso. Devem seguir o modelo usado frente ao mercado, com alguns pesqueiros bacocos, umas árvores e muitos candeeiros, decerto  para os peixes conseguirem ler durante a noite. Ou será para identificarem os pescadores furtivos?
Entretanto muitos turistas continuarão a ir ao Convento sem visitar a cidade, ou mesmo a ir-se embora sem sequer terem entrado no monumento, ou descido ao burgo. Tudo por falta de condições mínimas de acolhimento, designadamente estacionamento, sanitários, informação e segurança. Mas isso agora não interessa nada, como dizia em tempos uma célebre animadora televisiva. Importante mesmo é ir gastando os fundos europeus, para dar nas vistas.
De António Paiva, que até deixou obra importante, mas enterrada em grande parte, os tomarenses mais metidos nestas coisas da política local, dizem agora cobras e lagartos, quando na altura se mantiveram mudos e quedos. Nessa mesma linha, já estou a imaginar o que vão dizer dentro de alguns anos sobre uma presidente cuja obra se limita a festarolas, obras ornamentais e habitação a custos controlados, designadamente o realojamento dos ciganos. Vai ser bonito vai!
Dos carrilhões de Mafra às obras ornamentais tomarenses, as circunstâncias mudaram e muito. A mentalidade ainda é a mesma. Infelizmente. Por isso  a cidade vai de mal a pior.


FINALMENTE UMA EXPLICAÇÃO CLARA PARA O INESPERADO RESULTADO DAS AUTÁRQUICAS NO CONCELHO DE TOMAR E EM TANTOS OUTROS

"Sem esquecer o mundo das eleições autárquicas onde os eleitores da esmagadora maioria dos municípios de baixa densidade populacional não têm verdadeira liberdade de voto, porque dependem totalmente do cacique local. Com efeito, na esmagadora maioria dos municípios portugueses, tendo em conta o pequeno colégio eleitoral (a esmagadora maioria tem menos de 50 mil eleitores), há um candidato que dispõe do livro de cheques da câmara para comprar os votos necessários para garantir a sua vitória nas urnas.                                                                

É assim de norte a sul do país, ilhas incluídas, há mais de 40 anos. Enquanto uns candidatos percorrem o concelho a prometer um mundo melhor e a oferecer canetas e papéis, há um candidato que percorre o concelho, durante quatro anos, com um livro de cheques, oferecendo empregos, casas, mobílias, electrodomésticos, subsídios, apoios, excursões, festas, almoços, jantares, etc. etc. Tudo por conta do orçamento da câmara. E agora adivinhem lá em quem é que o povo vota?"                                                                                                          

 Santana Maia Leonardo, aqui: O MIRANTE | Cheque-mate

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

 


ENTRE VINHOS E LAZER, “GALA VINHOS DO TEJO 2021” VEIO HOMENAGEAR O MELHOR DA REGIÃO

Economia - Política local

Bem prega Frei Rogério...

Na sua prosa alvo da crónica anterior, o irmão Rogério aconselha a maioria socialista na autarquia, caso queira restaurar a esperança,  a "Priorizar a reindustrialização, para além das empresas tecnológicas, ajudar a agricultura e a silvicultura, bem como estimular a actividade turística, ultrapassando a lógica das "festarolas", que esbanjam recursos e não acrescentam mais-valia."
Mais ou menos na mesma ocasião em que Rogério assim escrevia, a srª presidente da Câmara não comparecia sequer na Gala dos vinhos do Tejo 2021, apesar de convidada e da presença da ministra da Agricultura (ex-presidente da Câmara de Abrantes) e de vários autarcas da região. Alegou que era o aniversário do filho. Mas para onde vai o concelho, para onde vão os tomarenses, se os aniversários de familiares dos eleitos são mais importantes que as homenagens aos cada vez mais raros empresários privados da região?
Torna-se assim cada vez mais claro que à câmara de Tomar só interessam três categorias de cidadãos: funcionários públicos, sobretudo municipais, pensionistas e  subsidiodependentes. Os outros que se vão amanhando conforme puderem. Parecem-me portanto condenados ao fracasso os apelos bem intencionados e cheios de bom senso do irmão Rogério.
Convencidos de que estão no caminho certo, e que têm o apoio da população, uma vez que venceram as eleições, só lhes interessa alcançar o final do mandato, que para a líder é o último. Assim, em vez de admitirem que não têm planos nem sabem tudo,  e por isso solicitarem ajuda, fazem exactamente o oposto. Recusam qualquer achega, por mais oportuna e consensual que possa ser. 
Tornar a Festa dos tabuleiros rentável? Para quê? O que interessa é continuar a controlar a sua realização. Os contribuintes pagam tudo.
Resolver problemas, cada vez mais graves, ligados ao acolhimento dos turistas em geral? Só nos interessam os visitantes que fiquem pelo menos duas noites. Os outros que vão à vida. Não queremos "turismo de pé descalço".
Arranjar soluções para o estacionamento automóvel? Quem tem carro, também tem dinheiro para pagar garagem ou parque. 
E assim sucessivamente. Quem vier a seguir que trate se quiser das apregoadas estruturas que fazem cada vez mais falta. Vivam as obras ornamentais! Vivam as festarolas à custa dos contribuintes! Tomar sempre em festa! Vivá cultura musical!
Donde a minha descrença. Mas concordo parcialmente com José Rogério. Convém conceder sempre o benefício da dúvida, pelo que oxalá esteja enganado e o meu pessimismo seja  injustificado. Tomar só terá a ganhar. E ganhando Tomar, ganhamos todos. Até a sacrificada relva do Mouchão!

 

Imagem Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.


Economia - Política local

A inútil reza do irmão Rogério

O economista-professor José Rogério e o autor destas linhas, somos praticamente irmãos na crítica. Socialistas e isolados, cá vamos insistindo, tendo sempre na mira os interesses da comunidade tomarense, e não deste ou daquela. O José Rogério, mais moderado e ainda crente, vai rezando. Quem escreve estas linhas, mais radical porque descrente, vai pregando em tom mais rude. É o separador da idade a funcionar. Rogério ainda pode ter expectativas a dez ou vinte anos. Tomar a dianteira não, como é óbvio.
Tenha quem lê a bondade de proceder como aconselhado pelo célebre secretário do sr. de Lapalisse. Começar pelo princípio, continuar pelo meio e acabar no fim. Neste caso, o princípio é aqui:
Já leu tudo? Ainda não está cansada/o? Parabéns. Faz parte da microminoria tomarense que gosta de leitura e está por isso habituada a ler. Podemos então continuar.
Neste seu bem elaborado texto, o irmão Rogério, no seu estilo moderado, (que outros qualificarão talvez de mole), elenca as várias mazelas locais, concedendo uma vez mais o benefício da dúvida. De forma exagerada, digo eu. Em que se baseia, por exemplo, para esperar uma redenção do contingente laranja? Não podem, porque minoritários sem remissão. Não sabem, por manifesta falta de experiência, pois são todos principiantes. Não querem, porque tal é o seu feitio. Preferem sempre a palmada nas costas ao murro no estômago (em sentido figurado, claro está). Não mudam, porque consideram pertencer a um escol local, sentindo-se por isso mais próximos da maioria PS do que de quem os elegeu.
Dispondo assim de total liberdade nos limites da Lei, os da maioria PS vão abusando, por vezes sem sequer disso se darem conta. A falta de mundo e de sólida cultura geral, tem destas coisas. Eleitos, confirmados e reeleitos, sem apresentarem qualquer programa minimamente credível, julgam que assim é que deve ser. Que os críticos são apenas uns invejosos, que só pretendem chatear e roubar-lhes os lugares. 
Não adianta portanto que o irmão Rogério critique as obras ornamentais, ou recomende a adopção de políticas sectoriais eficazes na captação de investimento. Eles é que julgam saber e estar no caminho certo. Não têm planos, para além  dessa nódoa enorme que dá pelo nome de PDM, nem querem ter. E contra tal mentalidade não há nada a fazer. Resta aguardar pelo final do mandado, para tudo recomeçar, como se fora o princípio. Uma reedição nabantina do mito de Sísifo. De cada vez que conseguimos empurrar o rochedo até ao topo do monte, ele rola imediatamente para o vale, restando recomeçar a empurrá-lo em direcção ao topo.
Em 2017 estávamos pior que em 2013. Em 2021 estamos pior que em 2017. Não é portanto necessário ser um génio para concluir que há fortes hipóteses de em 2025 estarmos pior que agora. E os socialistas da maioria transitória vão alegar uma vez mais que foi por causa da pandemia. Nem se lembrarão que antes de 2019 não havia pandemia...
Quando os defensores da maioria socialista existente argumentam que "os outros ainda são piores", é preciso dizer algo mais? Já vamos em 13 eleições autárquicas. Olhando para os resultados práticos no terreno, torna-se cada vez mais evidente que o ditador de Santa Comba tinha razão em certos aspectos. Neste, por exemplo: Sempre que lhe perguntavam porque não organizava eleições livres, respondia placidamente "Os portugueses ainda não estão preparados para isso." Substituindo portugueses por tomarenses, temos a explicação para os sucessivos resultados eleitorais, que nos têm prendado com tão bons autarcas. 
Basta olhar para os resultados práticos e suas consequências na vida de todos os dias. Esta, por exemplo: A Várzea grande ficou muito bonita, não ficou? Serve para quê? Então e a feira, com uma tradição de séculos?  Era alí e vai para onde? Porquê?
Continuemos a orar, irmão Rogério: "Avé Maria, cheia de graça, o senhor é convosco, bendita sois vós entre as mulheres... ...Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido...Não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal. Amém."
(Para os mais intolerantes, que são muitos, fica o esclarecimento. Não há engano nenhum. São apenas dois excertos. Um da Avé Maria, outro do Pai nosso.)

Reeditado às 15H11 de 21/10/2021, hora de Lisboa.

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

 

Aspecto do Coro alto, com parte do fechamento superior derrubado pelo tornado

Património - Janela do capítulo

Manobra ardilosa do músico Abrunhosa


Foi o Tomar na rede que trouxe o assunto para a blogosfera local:
O conhecido artista portuense aproveitou a participação num evento, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos no Convento de Cristo, para logo a seguir se deixar fotografar junto à Janela do Capítulo. Depois publicou a foto no facebook, incitando o governo a "descativar a verba para restaurar a Janela do capítulo".
Como qualquer outro cidadão, Abrunhosa tem liberdade de opinião e o direito de publicar as suas ideias. Não é isso que está em causa. O que se condena é a  tentativa ardilosa para pressionar o governo, enganando os cidadãos. Isto porque resulta evidente que Abrunhosa se limitou a transmitir uma mensagem que alguém lhe encomendou. E que esse alguém está a defender os interesses ligados ao restauro e manutenção dos monumentos a cargo do Estado, via DGPC.
Ninguém poderá negar, pois se assim não fora, como explicar que o cantor portuense soubesse haver uma verba cativada para restauro da janela manuelina do Convento? Onde foi Abrunhosa buscar o vocábulo restauro, que na circunstância resulta ambíguo?
Na verdade, a Janela do capítulo não está danificada, nem corroída, pelo que não necessita de restauro. O que os mandantes de Abrunhosa pretendem é limpar a janela, retirando-lhe a sua patine de séculos, que a protege da actual poluição ácida, para a deixar com aspecto de nova, como a sua irmã da fachada sul, parcialmente escondida nas arcadas do Claustro principal. Numa frase sintética, pretendem lavar a janela, a jacto  de água com areia. Como já fizeram, com resultados desastrosos, nomeadamente nos portais dos Jerónimos e no da  Igreja da Atalaia. No caso dos Jerónimos até houve bronca, que está documentada na imprensa da época.
Porquê então esta insistência condenável, que já dura há anos? Porque é como os Jogos Santa casa "É fácil, é barato e dá milhões.". Aquando da adjudicação da obra, garante-se que será um trabalho manual minucioso, executado por técnicos altamente qualificados, usando os instrumentos, as técnicas e os produtos mais avançados, mas depois veda-se tudo com muito cuidado, para evitar curiosos, instala-se o compressor e assim sucessivamente. Naturalmente após ter "convencido" a fiscalização que está tudo a correr pelo melhor.
Há provas de que assim irá acontecer de novo? Claro que não. Mas há um exemplo que pode ser usado como uma prova ao contrário. Ei-lo:
Aquando do tornado de 2011, o Coro alto manuelino, que inclui a Janela do capítulo, sofreu danos consideráveis, nos janelões e no fecho da fachada sul. Dez anos mais tarde, continua praticamente tudo na mesma, aguardando restauro. Aí sim, complexo, demorado, carecendo de profissionais canteiros e vidraceiros altamente qualificados. Supõe muito trabalho manual, em vez de simples lavagem com jacto de água e areia fina. Custa muito em mão de obra, que tem de ser bem paga. Por isso não interessa aos empreiteiros que usualmente trabalham para a DGPC, que nunca reivindicaram qualquer concurso para esse fim. Não é fácil, não é barato, nem dá milhões a ganhar. 
Cada qual tem todo o direito de ganhar a sua vida como melhor entender, desde que respeite normas elementares de cidadania, designadamente a honestidade de procedimentos. A ardilosa manobra Abrunhosa foi um manifesto exagero na má direcção.
Deixem a Janela do capítulo em paz! Restaurem o Coro alto!