sábado, 16 de outubro de 2021

 


Ensino - IPT - Economia local

Meias verdades iludem quem as usa 
e enganam quem as ouve ou lê

Parece haver por aí algum contentamento por terem entrado mais 137 alunos no Politécnico, na segunda fase de candidatura. Aquando da fase inicial, a satisfação foi por ter havido mais 10% de candidatos. Sejamos francos: são apenas duas verdades truncadas. Meias verdades. Que iludem quem as usa e enganam quem as ouve ou lê, mas só inicialmente.
Na primeira fase, o IPT conseguiu um aumento de candidaturas da ordem dos 10%, num contexto em que a nível global, nacional portanto, o aumento foi o dobro. Agora, nesta segunda fase, candidataram-se 137 alunos, mas continua a haver cerca de 200 vagas por preencher, das 500 postas inicialmente a concurso. Ou seja, quase metade. Realidades semelhantes só em politécnicos dos confins, onde Moisés nunca lavou os pés. Beja, Portalegre, Guarda ou Bragança.  Aqui bem mais mais perto de Lisboa, até Santarém, que também tem mostrado alguma dificuldade para sair da cepa torta, já consegue fazer melhor.
Para que não haja dúvidas, cabe abordar o caso da licenciatura em Gestão de Turismo Cultural. Após uma génese algo conturbada, por razões relacionadas com recrutamento de docentes e respectiva experiência real na área do turismo, n o IPT conseguiu um sucesso relativo. Agora parece ter-se iniciado a deliquescência final, se entretanto não houver reformas substanciais. Das trinta vagas a concurso este ano, ainda só foram preenchidas 11, apesar de já haver candidatos de nota dez, que não se vê o que possam vir a conseguir, numa área tão exigente em termos laborais, porque em contacto com gente proveniente de países mais avançados em termos académicos.
Enquanto isto, aqui à volta, os vários cursos ligados ao turismo esgotaram a lotação. Tanto na Escola hoteleira de Fátima, como nos politécnicos de Leiria e Coimbra. Usando meias verdades e procurando escamotear os detalhes que não convêm, a gestão do Politécnico de Tomar espera conseguir o quê? Enganar o governo, para obter novo apoio orçamental extraordinário, sem antes efectuar as reformas a que se comprometeu, aquando do auxílio anterior? É difícil. E se vão adiando, pior ainda.  Este ano ainda conseguiram mais 10% de inscrições, num quadro de acentuado aumento nacional de candidaturas ao ensino superior. Dentro de alguns anos, quando o contingente nacional de candidaturas se for reduzindo drasticamente, devido ao nosso conhecido problema de natalidade, como é que vai ser? Que meias verdades é que vão então tentar vender à opinião pública?

Sem comentários:

Enviar um comentário