terça-feira, 31 de dezembro de 2024


Município nabantino

Calou-se finalmente a triunfeira de serviço

Sensível à sempre esclarecida e muito tolerante opinião pública nabantina, Tomar a dianteira 3 desde cedo pretendeu começar 2025 com uma crónica agradável, a louvar, a dizer bem, para evitar a maldição. Mas foi o cabo dos trabalhos para arranjar tema, conteúdo, matéria.
Obras camarárias? É como se sabe. Não há uma que se aproveite. Limpeza na cidade e nas freguesias? Quem ainda insiste em ler a prosa local não controlada, sabe do que se fala. Há muito que a miséria não era tanta e tão grave. Manutenção de jardins e espaços verdes? Até os pacóvios apoiantes da maioria socialista que conseguem dizer alguma coisinha, reconhecem agora que o Mouchão e outros já conheceram melhores dias.
A Tejo ambiente, empresa intermunicipal, continua a merecer todas as pragas que lhe vão rogando. Não há semana sem uma avaria na rede, aqui, ali ou acolá. Até já lhe querem mudar o nome para Tejo azarenta
O saneamento na cidade velha está bem e recomenda-se. É típico. Há mesmo um grupo de protecção às ratas de cano do núcleo histórico, que tenciona ir à Câmara pedir protecção para aquela bicharada, aquando e após a anunciadas obras, que não se sabe bem quando nem onde vão começar.
Nabão rima com poluição e assim vai continuar, mais milhão menos milhão, para prosseguir com a rima, pois então. Quanto a equipamentos indispensáveis e outros planos para o futuro da urbe, todos, do CDS ao BE e do PSD à CDU têm vários dossiers nessa matéria, mas ninguém se recorda onde.
No meio de tal fandango, e de declarações do presidente Cristóvão, que a maior parte das vezes podiam ser mais felizes e ponderadas, a surpresa veio finalmente de onde menos se esperava. A vereadora Filipinha, usual triunfeira de serviço, protectora dos calés,  sempre com mais um êxito para anunciar na rádio oficial da casa, inesperadamente calou-se. Já nem ousou gabar as vendas patrocinadas de Natal e Ano novo, que este ano se ficaram pelos 30 mil euros, uma miséria. Caiu na real, é o que é. Os projectos de obras têm esse efeito. O que está no papel deve indicar precisamente o que vai ser edificado, sob pena de embargo e coima. E a srª agora é quem despacha.
Conquanto tardia, esta recente postura filipina parece prenunciar novos tempos, restando esperar para ver. É uma pena as próximas autárquicas acontecerem já em Outubro próximo. Se fossem só em 2026 ou 27, ainda teríamos Santa filipinha como cabeça de lista, apoiada pela ciganada toda, mais os das causas fracturantes. Assim não há certezas. É demasiado prematuro. Mas pronto. Filipinha calada é uma excelente notícia, que oxalá seja para durar, e que se difunde com todo o prazer, lembrando o poeta popular algarvio António Aleixo:

Tu que tanto prometeste
Enquanto nada podias
Hoje que podes esqueceste
Tudo quanto prometias

Vinho que vai pra vinagre
Não retrocede caminho
Só por obra de milagre
Pode voltar a ser vinho


segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

 

Vista geral da avenida marginal de Balneário Camboriú, com o teleférico ligando à montanha em primeiro plano.

Indústria turística e hoteleira

Balneário Camboriú: 

uma estação balnear com eleitos competentes

Estava a ver a CNN Brasil, quando passou uma reportagem sobre a cidade de Balneário Camboriú, no Estado de Santa Catarina, da qual nunca ouvira falar antes de vir para Fortaleza. Fica no litoral brasileiro, que tem 7.491 quilómetros de extensão, contra 943 em Portugal, a 80 quilómetros de Florianópolis, capital do Estado, 1040 do Rio de Janeiro, 613 de S.Paulo e 1.571 de Brasília, a capital federal. Tinha em 2022 139.155 habitantes e Tomar apenas 40 mil.
Vivem sobretudo do turismo, que aumentou 14% nos últimos 12 meses, segundo a reportagem. Têm muito mais hotéis que em Tomar, mas curiosamente, consultado o site de reservas, concluiu-se que o hotel mais caro do Balneário é o Mercure, 4 estrelas, da cadeia francesa Accor, a 122€/noite, para duas pessoas c/ pequeno almoço, enquanto o mais caro de Tomar é o Vila galé, a 133€/noite, também para duas pessoas c/pequeno almoço.
É quase a única semelhança porque, ainda segundo a reportagem, o turismo deles é do tipo MICE - Meetings, Incentives, Conferences & Exibitions e em Tomar nada se sabe a tal respeito. A reportagem continuou, indicando a origem dos turistas, as idades e as profissões, bem como os meios de transporte utilizados, pelo que fui logo a seguir à Net, buscar dados semelhantes para Tomar, de forma a poder comparar. Foi uma tarefa em vão, pois apenas encontrei, no site do INE, a taxa de ocupação hoteleira em Tomar, que foi de 64% em 2023, comparável à do Balneário Camboriú, de 64,5%, no mesmo ano. Mas Tomar tem muito menos capacidade hoteleira.
Outras buscas na Net permitiram-me ficar a saber que por aqueles bandas há estacionamento suficiente, acolhimento à altura, transportes não poluentes (ver imagem),  animação cultural apenas adequada e planeamento constante, com apoio de consultas regulares aos visitantes. Só não têm qualquer património da humanidade, festa de milhão e meio de euros, ou candidatura à UNESCO, se calhar porque fazem parte do MERCOSUL, que ao contrário da União Europeia, não dá subsídios a fundo perdido, nem sustenta cavalos e éguas de Estado, bons na exibição mas fracotes na execução.

ADENDA

Para melhor compreensão, acrescenta-se que Tomar foi fundada por Gualdim Pais, que concedeu o primeiro foral em 1162. Tem portanto 862 anos. Balneário Camboriú foi desmembrado de Camboriú, que fica a 7 quilómetros, em 20 de Junho de 1964. Tem assim apenas 60 anos como município (prefeitura). Camboriú, por sua vez, pertenceu a Itajaí até 1884, mas os primeiros colonizadores portugueses instalaram-se na região em 1758, há 366 anos. Nota-se na imagem supra que os prédios têm medrado mais por lá...


domingo, 29 de dezembro de 2024


Poder local

Assembleia municipal vota proposta de recomendação fora da área da sua competência própria

TOMAR – Assembleia Municipal toma posição unânime: Parlamento deve aprovar separação das freguesias da Serra e Junceira | Rádio Hertz

Conforme se pode ler no link supra, que se publica para evitar dúvidas, mediante proposta da CDU, a Assembleia Municipal de Tomar debateu e aprovou por unanimidade uma recomendação à Assembleia da República, da qual consta que "deve aprovar a separação das freguesias da Serra e Junceira".
Baseada em que legislação? Estamos num estado de direito democrático, no qual cada órgão é dotado de competências próprias devidamente explicitadas. Neste caso preciso, a CDU baseou-se em que competências da AM? Onde está escrito na Lei que o parlamento municipal, de Tomar ou de qualquer outro município, pode recomendar, peticionar, pedir ou reclamar o que quer que seja do Parlamento nacional? Era o que mais faltava a A.R. de alguma forma condicionada por reclamações, petições ou recomendações dos 308 parlamentos municipais.
Parece-me particularmente grave, para não usar outro vocábulo mais pesado, que num parlamento municipal de 33 membros, alguns dos quais com formação jurídica, ninguém tenha levantado previamente a questão da competência, indo a reboque da CDU, cujo deputado municipal é o mais experiente e mais idoso daquele órgão. Sobretudo os representantes do PSD, partido que em 2013 lançou a demasiado tímida reforma das freguesias. Entretanto já estão arrependidos? Ou já andam na caça ao voto?
Como nestas coisas da política uma desgraça raramente vem só, e tendo em conta igualmente que no melhor pano cai a nódoa, a notícia do link supra contém uma falsidade manifesta. Escreve-se que "está em causa a desejada separação dos territórios, unidos, contra vontade própria, em 2013, por ocasião da chamada Reforma Administrativa."
Sendo do domínio público que a citada reforma foi feita em regime de união voluntária, não se está a ver como poderá ter sido contra a vontade própria no caso da Serra e Junceira. Não foram os respectivos eleitores e membros das assembleias de freguesia que decidiram a união? Então quem foi e como? Houve casório forçado e não se soube de nada nas outras freguesias do concelho?



sábado, 28 de dezembro de 2024

Entidade regional de turismo do Centro

Anabela Freitas presidente substituta

Na sequência da morte repentina, aos 53 anos, do anterior presidente, Raúl Almeida, do PSD, ao que tudo indica vitimado por efeito secundário da quimioterapia para a doença prolongada de que sofria, a vice-presidente Anabela Freitas ascende à presidência, na qualidade de presidente substituta ou interina. Uma vez que nestes cargos de eleição impera a ordem democrática, a sucessão do falecido não será dinástica, como nas monarquias, onde é sempre "rei morto, rei posto".
Neste caso preciso, o normativo em vigor aponta para uma nova eleição no prazo máximo de seis meses. Caso decida candidatar-se, como parece ser óbvio, Anabela Freitas estará em vantagem, por ser a presidente em exercício, mas isso está longe de lhe garantir antecipadamente a vitória na eleição. Cabe recordar que, sendo do PS, foi sufragada pelos cem eleitores institucionais integrada numa lista encabeçada pelo PSD, e na sequência da venda, em última rebaixa, do Convento de Santa Iria aos Hotéis Vila Galé, cujo presidente foi depois o mandatário da lista.
Entretanto mudou o governo, que era PS e passou a PSD/CDS, sendo pouco provável, embora não impossível, que estejam dispostos a prescindir, assim sem mais nem menos, da presidência da Entidade regional de turismo do Centro. Logo se verá, dado que existe também a hipótese remota de novo acordo de bastidores, desta vez entre o governo e os eleitores institucionais, no sentido de se evitar uma eleição regional em ano de autárquicas e véspera de presidenciais.
As hipóteses de eleição de Anabela Freitas são portanto boas, porém muito condicionadas por um factor cujo peso está por determinar: Agora já não é presidente de Câmara, não tem património para vender em saldo, nem facilidades a conceder para construção em leito de cheia. Resta esperar para ver, mas parece que os próximos tempos vão ser de grande tensão nos meios ligados ao turismo na região Centro.




Eleição no CAST - Centro de Assistência Social de Tomar

A pesada derrota de Pedro Marques mostra que, mesmo anémica, a democracia ainda funciona menos mal em Tomar

Após anos de polémica, os sócios do CAST - Centro de Assistência Social de Tomar, liderados de facto por Rui Costa, lá acabaram por ir ao essencial. Formaram uma lista e submeteram-se ao sufrágio da massa associativa, única maneira incontestável de mostrar finalmente quem tinha razão. Os instalados ou os contestatários.
A pesada derrota de Pedro Marques, já no segundo mandato, confirma o princípio enunciado por Lavoisier há três séculos. "As mesmas causas nas mesmas condições exteriores, produzem sempre os mesmos efeitos." Na Câmara, no final do século passado, aconteceu o mesmo ao derrotado de agora. Os seus apoiantes não lhe permitiram continuar além do 2º mandato.
Desta vez, mesmo saudando uma eleição limpa e justa, a pesada derrota não poderá ser considerada pelos vencedores como brilhante vitória deles de forma alguma. O CAST tem cerca de 2.500 sócios, dos quais apenas 170 têm as quotas em dia (6,8%). E só exerceram o direito de voto 121 (4,84%). Uma miséria ou uma vergonha, depende do ponto de vista de cada qual. Por conseguinte, democracia a funcionar, sem dúvida, porém extremamente anémica. Assusta só de pensar que nas próximas autárquicas possa acontecer algo parecido em Tomar, quando afinal a abstenção ronda os 45% no concelho.
Neste caso do CAST, sendo inquestionável a legitimidade dos novos dirigentes, custa a engolir que representem apenas 82 eleitores, 3,8% dos associados da instituição, contra 39 (1,59%) para Pedro Marques. É urgente que os tomarenses mudem de atitude e comecem a participar mais activamente nos assuntos da nossa terra, que a todos dizem respeito. Não adianta vir com desculpas de mau pagador. A democracia de tipo ocidental tem muitos defeitos, mas a experiência mostra que ainda continua a ser o melhor sistema de governo que até à data se inventou. 
Como dizia muitas vezes o saudoso Manuel Martins, conhecido homem de esquerda, "Deus nosso senhor não tem culpa nenhuma de ser pai de tanto filho bruto." Urge portanto mudar de atitude, deixando de culpar os outros e começando a participar activamente. Metam a mão na massa, se querem melhorar o pão.


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024



Orçamento municipal

O descrédito local dos velhos partidos

O descrédito local dos velhos partidos, que são também partidos velhos, resulta do trabalho político como aquele a que se assistiu hoje na continuação da Assembleia municipal. Debateu-se o Plano e Orçamento do Município para 2025. O mais importante de todos os documentos, quer se queira ou não. E o que se viu e ouviu?
A CDU e o BE atacaram forte e feio, com é hábito, mas só para os respectivos militantes ouvirem. Na altura do voto abstiveram-se, conforme combinado com o PS no âmbito da geringonça de facto existente a nível local.
O PSD votou contra no executivo, embora demonstrando carência de ideias alternativas, e agora na AM foi o desastre usual. Faltaram quatro deputados municipais na discussão do mais importante documento do ano. Está-se mesmo a ver que, alguns pelo menos, se venderam por um lugar à roda da gamela, e agora nem sequer apareceram, para baralhar o pessoal e porque não se assumem. O partido votou contra, mas sem qualquer hipótese de efeito prático, por falta de efectivos. Estou curioso para saber como vão justificar estas actuações, e outras parecidas, durante a próxima campanha eleitoral. Se calhar nem explicam, por recato.
O PS embandeira em arco, como é lógico e habitual. Conseguiu endrominar a oposição maioritária na AM, o que não é pouca coisa, mas não logrou esconder a forma como o alcançou: Comprando votos onde os há, a troco de cada vez mais despesa na área cultural e das colectividades. Quanto ao Plano e Orçamento é apenas mais uma edição de documentos anteriores, quase completamente desligados da realidade local e nacional. E o mais fraquito da zona em termos quantitativos, em 4º lugar após Ourém, Alcanena e Abrantes.
Há algumas obras previstas, é certo, mas nenhuma nos sectores básicos, que exigem soluções cada vez mais urgentes: Estacionamento junto ao Convento? Estacionamento para autocarros de turismo e camiões TIR? Estacionamento para visitantes na área urbana? Ligação rápida não poluente cidade-convento? Plano local de desenvolvimernto turístico? Outras estruturas de acolhimento? Era bom era, mas nada está previsto. E sem planos prévios, o que vai o PS apresentar durante a próxima campanha eleitoral? A conversa fiada habitual?
Em relação às últimas autárquicas, em 2021, o Chega tem agora 50 deputados e a Iniciativa liberal vai crescendo. Se os socialistas e social-democratas locais estão a contar com a habitual passividade do eleitorado tomarense e com as políticas assaz peculiares do BE e da CDU, tenho a impressão que estão preparando um belo funeral, daqueles com música e tudo, à moda de Nova Orleães. (ver imagem)


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Avacalhamento nabantino

Cada cavadela cada minhoca

No mesmo dia, com poucas horas de intervalo, o Tomar na rede, a única informação relativamente livre que resta em Tomar, prenda os seus leitores com duas notícias na área da cultura e do património, que evidenciam o avacalhamento cívico a que já se chegou na urbe templária.
A primeira dessas notícias é sobre a roda do Mouchão, cuja estrutura cedeu ao uso demasiado intensivo. Antes do açude permanente, (que não agrava eventuais inundações, segundo garantiu a srª ex-presidente), a roda não funcionava entre Outubro e Abril, o que permitia a manutenção anual. 
Para melhorar a condição laboral de alguns funcionários camarários, uns escravos do trabalho, como todos bem  sabemos, abrigados todos os anos a montar e desmontar o açude tradicional, a autarquia recorreu a meios externos, que instalaram um açude fixo, e estava o assunto resolvido, julgavam os socialistas da geringonça de facto.
Mas não está. Sucedem-se os percalços. Aqui há tempos a roda empenou, mais tarde faltaram alcatruzes e agora a estrutura está a pedir cuidados urgentes. No Mouchão, cujo aspecto geral deixa muito a desejar, devido aos desmandos da vereadora Filipinha,  e que a maioria socialista continua a desprezar, preferindo continuar a acusar o malandro do Paiva de ter acabado com o sistema de rega tradicional por regadeira com água da roda, que era mais ecológico e barato, em vez de providenciarem a mudança. É o avacalhamento dos políticos locais, que não tarda estão em pleno abandalhamento, quiçá sem disso se darem conta.
Logo ao lado, no ex-estádio, notícia o José Gaio que apareceu uma nova pintura mural. A maioria socialista local parece gostar muito dessas coisas. Já em tempos encomendaram e pagaram  aquela beleza a que chamaram "Velhos do Restelo", que orna o muro da velha Horta Torres Pinheiro. Com o tempo, não sei se os tomarenses  -alguns pelo menos- já terão atingido o carácter reles da coisa. Mas gostos não se discutem. N'est pas Da Vinci qui veut.

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Nessa mesma linha, aparece agora outra pintura mural (quanto terá custado aos cofres da autarquia?), cuja qualidade não vou aqui discutir, pois já não alcanço coisas assim tão modernas. Há no entanto um detalhe que me deixou na dúvida: vê-se uma cruz da Ordem de Avis em fundo azul, quando é do conhecimento geral ser o verde a cor daquela  ordem. A minha pergunta é simples: qual a ideia e porquê? Tanto mais que nas obras espalhafatosas da Várzea grande aparecem na calçada umas cruzes da Ordem de Malta, que nunca percebi o que estão ali a fazer. Alguém pode me explicar? Ou é parte integrante do tal avacalhamento, considerar que cruzes templárias, de Cristo, de Avis e de Malta, "vai tudo dar ao mesmo"?

ADENDA

Se fizerem o favor de reparar com alguma atenção nas fotos oficiais dos presidentes da República, notarão que há em todas elas uma faixa tricolor na diagonal do peito. Significa que, por inerência da função, é também grão-mestre das três antigas ordens de cavalaria portuguesas -azul representa a Ordem de Santiago, verde a de Avis e vermelho a de Cristo, sucessora dos templários.

 



quarta-feira, 25 de dezembro de 2024


Património tomarense nas mãos do Estado

Mais vale tarde que nunca

Pressionado pelas circunstâncias, como quase sempre acontece na política, o presidente Cristóvão foi sincero: Admitiu que a autarquia terá de recorrer a recursos humanos externos para poder assegurar, espera-se que capazmente, a manutenção da antiga Cerca conventual, que assim deixa de facto de ser Mata nacional, (ver imagem supra), para passar a ser Mata municipal dos sete montes.

Embora não sendo uma novidade, posto que a Câmara já recorre a empresas exteriores, designadamente para a recolha do lixo, para a manutenção de alguns espaços verdes, para a água e saneamento e até para as visitas à Sinagoga, é mais um passo na boa direcção. Embora tenha mais de 600 empregados, o Município não tem funcionários à altura, nem trabalhadores suficientes. Há excepções, bem entendido, mas no geral, é a velha questão dos "cavalos de estado". Têm de os sustentar porque não os podem despedir e no privado ninguém os quer, salvo casos específicos, mas há cada vez menos servidores empenhados na coisa pública.
Assumir finalmente a gestão da Mata dos sete montes é sem dúvida uma decisão corajosa e que vai na boa direcção, mas não basta. Mesmo com a contratação de recursos externos para a indispensável manutenção.
A recente esperteza saloia da Câmara, então ainda liderada pela anterior presidente, ao decidir a perfuração de um oneroso furo artesiano junto ao Tanque da cadeira d'El-rei, para assegurar a rega da velha Horta dos frades, agora jardim francês da entrada, permitiu dar dinheiro a ganhar a alguns camaradas e amigos, mas não resolve o problema do Chouso conventual, do Laranjal do castelo e das encostas nascente e sul da Mata. Para já não falar da Ribeira dos 7 montes, nem da nascente da Charolinha.
Só quando a água voltar a correr todos os dias nos Pegões, da Boca do cano até à Torre de Dª Catarina, como aconteceu durante mais de três séculos, é que teremos de novo em pleno o tradicional eco-sistema, com as encostas verdejantes e a queda de água da Racha.
Uma vez que a direcção do Convento de Cristo não se tem mostrado muito interessada na urgente e indispensável requalificação do aqueduto filipino, que é parte integrante do monumento, se calhar por ter sido obra dos reis espanhóis, resta à Câmara, incluindo a oposição, reivindicar junto do governo central a gestão integral do Convento. Não só por ser necessária e justa, mas também porque já há outros exemplos por esse país fora.
Se os monumentos de Sintra e Queluz, por exemplo, são geridos com geral agrado pela empresa pública "Parques de Sintra Monte da lua", com a participação da autarquia sintrense, porque há-de ser diferente em Tomar? A situação actual é muito pouco justa. A Câmara tem de assegurar os acessos, o estacionamento e a iluminação do monumento, mas as receitas das entradas, agora a 10 euros por pessoa, são arrecadadas pela nova empresa pública Museus e monumentos de Portugal, sem qualquer percentagem para a autarquia, que se vai calando. E, como bem diz o povo, "quem cala consente".
Estão à espera de quê, senhores autarcas? O ano passado visitaram o convento 311 mil pessoas. Mesmo excluindo as "borlas", sempre serão para aí dois milhões e meio de euros de receitas. Não fazem falta em Tomar, designadamente para financiar os tabuleiros? É tudo na área do turismo. Na extrema-esquerda ninguém gosta, mas as coisas são o que são.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024


Clima de insegurança na cidade

Procrastinar para continuar a governar-se

O texto seguinte tenta ser um exercício de análise política a nível local, feito por um amador. O autor nunca foi nem é jornalista ou analista político, mas tem alguma experiência de vida e, de acordo com os tradicionais parâmetros escolares, "compreende o que ouve e lê quando escrito em português; expressa-se oralmente e por escrito com alguma correção." Acrescente-se que não tem qualquer interesse particular em "dizer mal" ou "dizer bem" da política ou dos políticos locais, simplesmente porque já não tem idade para ser candidato ou participante activo. Dito isto, vamos aos factos.
Desde há anos que se sente na cidade um desconfortável clima de insegurança, sobretudo nos bairros sociais, mas não só, provocado por incidentes com origem sobretudo na comunidade cigana local. A situação tem sido agravada por queixas de moradores nalgumas zonas urbanas, mas também por inconfidências de alguns agentes da autoridade que asseguram haver ordens superiores, com origem na autarquia, no sentido de usar de benevolência para com a comunidade calé.
Procurando ultrapassar pela positiva um tal estado de coisas, a oposição do centro para a direita tem-se esforçado, embora não o suficiente, no sentido de se instalar na cidade um sistema de videovigilância, naturalmente ligado às e vigiado pelas forças de segurança. 
A partir do momento em que houve deliberação para implementar a videovigilância, tem sido evidente a manobra camarária no sentido de ir protelando, alegando a colaboração com a PSP e a necessidade de escolher o melhor material ao mais baixo preço. Na verdade, ansiando por câmeras capazes de filmar só a realidade conveniente, coisa que infelizmente ainda não há no mercado.
Após meses adiando, quando se começou a tornar incómodo tanto empenhamento em não instalar o pretendido sistema, mudou-se de argumentação:


Aceitando de bom grado esta justificação, pois tratando-se de dinheiros públicos a parcimónia nunca é demasiada, admite-se naturalmente que não se trata de evitar a todo o custo que possam aparecer imagens menos agradáveis de videovigilância antes das próximas eleições. Surge todavia uma pergunta pertinente, mas talvez desconfortável: Nessa nova lógica de fracionamento de gastos dos previstos 500 mil euros, caso o PS ainda esteja no poder, a próxima Festa dos tabuleiros, com um custo previsível da ordem dos dois milhões de euros, também vai ser por fases, tipo saída das coroas em 2027, cortejo dos rapazes em 2028, jogos populares em 2029 e assim sucessivamente? Aguardam-se esclarecimentos a respeito, pelo menos durante a próxima campanha eleitoral, dentro de dez meses...




Nómadas SDF e sem abrigo

É para rir ou para chorar?

Mais um tema tomarense de contornos bizarros. Quando na Assembleia municipal o presidente de Além da Ribeira-Pedreira se queixa da falta de informação sobre as contas dos tabuleiros, que já foram há ano e meio, surge outro berbicacho.
Num inquérito a nível nacional sobre realojamento de sem abrigo, Tomar aparece em 5º lugar, com 48 realojamentos, tantos como no Porto e mais que em Coimbra, com 45:

(Copiado de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.)

Tomar com 48 sem abrigo, ou SDF, em 2023? É realmente estranho, como escreve TNR. Deixem-se de exageros. Tomar é à escala europeia uma vilória de 5ª categoria, com um único ponto de interesse -o Convento de Cristo-Património Mundial. Nunca teve, não tem nem virá a ter, salvo alguma tragédia, dezenas de sem abrigo, segundo a definição europeia.
Salvo melhor opinião, que a distância tolda-me a vista, ocorreu neste caso um episódio de simples iliteracia, ou melhor dizendo, em linguagem chã, uma burrice. Os 48 sem abrigo realojados em 2023, terão sido afinal os últimos a sair do acampamento de Flecheiro. Só que os ciganos dos acampamentos precários não são sem abrigo ou SDF, mas simples nómadas em alojamentos transitórios.
É claro que os senhores engenheiros sociais da zona vão alegar que "vai tudo dar ao mesmo", como é costume. Mas estão enganados, como demonstra a aberração de Tomar com tantos realojamentos como o Porto e mais do que em Coimbra. Estão a tentar enganar quem?
Sem abrigo, SDF ou sem casa é alguém vítima de algum percalço. Já teve alojamento fixo mas perdeu-o, por doença, desastre, desemprego ou outro. Pelo contrário, os ciganos são considerados em toda a Europa como nómadas ou "gente da viagem", autorizados a acampar provisoriamente em terrenos públicos, como aconteceu em Tomar.
Mas também pode dar-se o caso dos citados 48 sem abrigo serem já mais uma  consequência nefasta da problemática política municipal de realojamento seguida em Tomar. Ao tomarem conhecimento de que nas margens nabantinas entregam casas ao preço da chuva no inverno, a quem se inscreve na autarquia, aproveitaram a boleia. Se foi o caso, como eu os entendo! É aproveitar enquanto está a dar.
Aguardam-se esclarecimentos por banda da autarquia, certamente debalde, pois Tomar a dianteira 3 aguarda outros desde Fevereiro deste ano. De qualquer modo, este tema dos realojamentos faz parte do amplo acordo da geringonça local, pelo que não se pode criticar. Prova disso é este comentário de um conhecido CDU nabâncio:

"O título da noticia coloca logo uma suspeita sobre a mesma: “Ação Social diz que…”. Se o pretenso jornalista tem dúvidas, devia esclarecer antecipadamente. Tomar na Rede parece ser cada vez mais um manifesto de oposição (às escondidas) quando devia ser um local de informação independente."

(Copiado de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.)



domingo, 22 de dezembro de 2024


Obras extravagantes no Convento de Cristo

Que gente somos afinal?

Quando há tempos anunciaram obras extravagantes na parte mais antiga do Convento de Cristo, a Alcáçova templária e os Paços do Infante, estranhou-se que não tenha havido antes apresentação pública e debate dos projectos, ao contrário do estabelecido pelas directivas da UE, que financia o empreendimento no quadro do PRR.
Igualmente bizarro foi o surgimento de um movimento cívico para a salvaguarda do "jardim formal" da entrada do Convento, sob a forma de uma petição pública, cujo texto não é da melhor qualidade, contém inverdades e contribui naturalmente para descentrar a atenção, apesar de mencionar o problema das obras com projectos conhecidos apenas pelos iniciados.
Decorrido mais de um mês, verifica-se que a dita petição para a salvaguarda do jardim formal do Convento de Cristo conseguiu apenas até agora 192 assinaturas. Porquê? Tomar a dianteira 3 é um blogue maldito, boicotado por quem se sabe, e mesmo assim averba todos os dias mais de 200 visualizações. Nestas condições, para quê tentar arranjar à pressa  movimentos ditos cívicos, cuja orientação política é geralmente conhecida, e que apenas contribuem para desviar a atenção do essencial?
Numa outra vertente do problema, cabe perguntar: Que gente somos afinal? Anunciam obras extravagantes e inadequadas de milhões de euros no principal monumento da cidade e da região, e ficamos quase todos calados? Como diz o povo no seu vernáculo, "cagam-nos e mijam-nos em cima e o pessoal amocha?" A Câmara não tem nada a dizer? A oposição PSD também não? E a Assembleia municipal? Dos outros partidos nem falo, por saber o que a casa gasta.
É sabido que há na prática uma "geringoncinha" em Tomar, desde 2013. Mas tudo tem limites, pessoal da extrema esquerda. A cadela começa a não poder com tanto cão, vítima de impostores políticos muito calejados, porém de outra época e outro local. Boicotem, mas depois não se lastimem, nem estranhem que por aqui se pergunte de quando em vez Que gente somos afinal? Há eleições dentro de 10 meses e, como disse o presidente americano A. Lincoln, "é possível enganar as pessoas durante um certo tempo, mas impossivel enganar todos durante toda a vida." Vão tomando nota, por favor.
Votos de bom Natal para todos, mesmo para os incréus.





sexta-feira, 20 de dezembro de 2024



Divorciar freguesias casadas pela Lei Relvas

Comédia burlesca 

na Assembleia Municipal de Tomar

É bem sabido que, sobretudo nos países latinos e latino-americanos, a política tende por vezes para o folclórico, com eleitos nos papéis de comediantes, a irem para o espalhafato escusado. Foi o que aconteceu na AM de ontem, porque dentro de 10 meses há eleições e convém ir dando nas vistas.
Num país de pouco mais de 10 milhões de habitantes e com 308 concelhos, há milhares de Juntas de freguesia, cuja existência não tem grande justificação nos tempos que correm. Com as novas tecnologias, bastava um eleito ou um funcionário com o respectivo terminal informático, em contacto permanente com a Câmara.
Consciente de tal situação, Miguel Relvas conseguiu em tempos a aprovação na AR de uma lei de redução de freguesias, por união livremente consentida. Não foi nada fácil, mas algo se alcançou. Em Tomar, por exemplo, havia 16 freguesias e passou a haver só 11. Mas foi sol de pouca dura. Somos um país de pequenas rivalidades entre iguais, de forma que algumas dessas uniões livres cedo se revelaram problemáticas, de tal forma que houve necessidade de nova lei, permitindo o divórcio dos casados pela Lei Relvas.
Azar dos azares, nem todos os pedidos de divórcio foram aceites pela competente comissão da AR, entre os quais o da União de freguesias da Serra e Junceira, "um ninho de fachos" como dizia a extrema-esquerda, logo a seguir ao 25 de Abril. E houve comédia de má qualidade na recente sessão da Assembleia Municipal.
Para evitar mal entendidos, estamos a falar de uma união de freguesiaa com apenas 1,704 eleitores inscritos, alguns residindo na capital e inscritos na santa terrinha apenas por razões sentimentais. Nada contra, mas convém saber. De tal forma que, nas últimas autárquicas, 807 eleitores não votaram, 17 votaram nulo e 43 não fizeram a cruzinha, entregando o papel em branco. Por conseguinte apenas 837 votos válidos. E mesmo assim querem separar-se? Para haver dois presidentes eleitos com menos de 400 votos cada um, em vez do modelo actual? Tenham dó!
Sentindo-se ultrajado, o eleito da Serra-Junceira, um ex-policial da PJ, do melhor que há na actual AM, resolveu abandonar a sessão de forma espalhafatosa, em sinal de protesto. Está no seu direito, é evidente. Noutro país, e até noutro concelho, logo lhe teriam dito, à maneira espanhola, "no hay para tanto". Em Tomar, contudo, a evolução foi outra.
Atrapalhação evidente na bancada social-democrata,  e um brilharete deslocado do representante da CDU, que resolveu apresentar uma proposta no sentido de se discutir o caso da recusa da cisão, registado na Assembleia da República. A proposta foi aprovada, de forma que lá vamos ter mais algumas intervenções tipo "serrar presunto", uma vez que a CDU teve 20 votos na freguesia em 2021, e o BE 28. No conjunto, 48. Menos 23 que o Chega. Sem surpresas. Vai ser um debate sobretudo para "arranhar os tomates" aos social-democratas.
Com tantos problemas graves,  na cidade e nas freguesias rurais,  do saneamento ao estacionamento e do acolhimento ao equipamento, passando pela poluição do rio, a falta de limpeza pública e o mau estado dos jardins, é uma lástima assistir a cenas como esta da recente sessão da AM, com alguns dos melhores a desperdiçarem tempo com problemas menores. Se a isso juntarmos o péssimo sistema eleitoral que temos, o qual só permite escolhas em listas, compreende-se que haja cada vez menos votantes. Nas zonas urbanas, metade já não vota. Por este caminho, para onde vamos?


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Durante anos, tomarenses que pensam têm-se interrogado, para além do punho da espada: Para onde vai o Gualdim com o processo na mão? O orçamento para 2025 agora em debate faculta a resposta. Vai-se queixar ao sr. vigário, mesmo em frente, porque o documento camarário não agrada nem ao menino Jesus, apesar de estarmos no Natal.

Orçamento municipal para 2025

Contas feitas, somos mesmo os pelintras da zona

"Desconfiando de tal versão, após ter lido as declarações de voto social-democratas, fui procurar perceber a situação geral na região. Comparando Alcanena com Abrantes, Ourém e Tomar, o orçamento oureense é de 78 milhões, o de Alcanena de 66 milhões, o de Abrantes de 62 milhões e o de Tomar de apenas 59 milhões. Ou seja, já fomos liderantes no norte do distrito. Agora estamos em 4º lugar quanto a orçamento. Mau sinal. Muito mau mesmo. Tem sido sempre a descer. E continua! como dizia o outro."
Se leu e descodificou o parágrafo supra, copiado da crónica anterior, ficou com uma ideia do posicionamento de cada uma das autarquias em relação à respectiva capacidade de investimento=despesa. O chamado efeito pulmão. Assim, Ourém destaca-se ao ascender ao 1º lugar na zona norte do distrito, enquanto Alcanena surpreende, ao colocar-se em segundo lugar.
Há contudo aquilo a que os economistas costumam chamar a ilusão dos grandes números. Ou seja, perante grandes números, a falta de hábito leva o leitor comum a conclusões incorrectas. Neste caso, por exemplo, fica-se com a ideia que Ourém e Alcanena estão bem acima de Abrantes e Tomar, quanto a despesa por eleitor inscrito. Será mesmo assim?
Dividindo o total do orçamento/despesa pelo número de eleitores inscritos, obtém-se como é lógico a despesa por eleitor inscrito. Efectuada a operação, eis os resultados:

ALCANENA 5.625€/eleitor inscrito
ABRANTES 1.962€/eleitor inscrito
OURÉM.......1.908€/eleitor inscrito
TOMAR.......1.740€/eleitor inscrito

Afinal, ao contrário da ideia inicial, só Alcanena se destaca nitidamente, prevendo vir a gastar quase o triplo de cada um dos outros concelhos, caso o orçamento venha a ser executado na sua totalidade. No segundo grupo estão Abrantes e Ourém, com aquele a gastar um pouco mais por eleitor, apesar de como vimos Ourém liderar a série. Efeito da variável "eleitores inscritos". O total orçamentado por Ourém impressiona, por ser o mais elevado da zona, mas uma vez dividido pelo total de eleitores do concelho, representa afinal uma previsão de despesa por eleitor inscrito ligeiramente inferior a Abrantes.
E chegamos à nossa querida terra e aos nossos amados eleitos. Com uma despesa prevista de apenas 1.740€/eleitor inscrito, que é nitidamente a mais modesta da zona, certamente não iremos longe. Tanto mais que é bem conhecida a tendência da actual maioria para esbanjar em festas, festarolas e obras ornamentais, tudo para dar nas vistas e sem retorno transacionável. Os totais apurados mostram, quando comparados, que somos afinal, infelizmente e cada vez mais, os pelintras da zona norte do distrito. Desculpa lá ó Gualdim, mas é mesmo assim.




Orçamento municipal para 2025

Uma autarquia manhosa e esbanjadora 

mas pouco investidora

Parece um paradoxo, e pode bem ser mesmo o caso. A AM de Tomar vai debater e votar amanhã, 20 de Dezembro, o Orçamento para o próximo ano, que é de eleições autárquicas. O que quer dizer que a maioria socialista nabantina terá feito o possível para apresentar um orçamento à altura das circunstâncias. O actual presidente até referiu, n'O Mirante, que o dito orçamento representa um aumento de sete milhões de euros em relação a 2024. Tudo bem portanto? O MIRANTE | Tomar aprova orçamento de 58,8 milhões com destaque para habitação e obras nas escolas
Se fosse o caso, o PSD teria metido a pata na poça uma vez mais, dado que votou contra, situação algo rara em Tomar. Regra geral, a oposição laranja alinha com a maioria rosa, tipo Dupont e Dupont, e lá vamos indo cantando e rindo,  como no antigamente, quando havia unanimidade forçada.
Desconfiando de tal versão, após ter lido as declarações de voto social-democratas, fui procurar perceber a situação geral na região. Comparando Alcanena com Abrantes, Ourém e Tomar, o orçamento oureense é de 78 milhões, o de Alcanena de 66 milhões, o de Abrantes de 62 milhões e o de Tomar de apenas 59 milhões. Ou seja, já fomos liderantes no norte do distrito. Agora estamos em 4º lugar quanto a orçamento. Mau sinal. Muito mau mesmo. Tem sido sempre a descer. E continua! como dizia o outro.
-Má-língua. É só má-língua, vão alegar os PS locais e respectivos apoiantes à roda da gamela. Será mesmo? Na verdade, se Ourém que já teve menos população que Tomar,   e nos ultrapassa agora nitidamente, com 40 mil eleitores inscritos, contra apenas 33 mil, o que pode justificar o diferencial de mais vinte milhões orçamentados pelo concelho vizinho. Milagre de Fátima? Mas como explicar a nossa situação de dependentes do Estado, uma vez que mesmo Abrantes, com os seus 62 milhões orçamentados, tem menos eleitores inscritos ? (31.591 em Abrantes, 33,892 em Tomar)
Também aqui ao lado, Alcanena é um caso ainda mais significativo. Apresenta um orçamento de 66 milhões de euros, mais sete milhões que Tomar, e que é o segundo mais elevado da região, quando tem apenas 12 mil eleitores inscritos, muito menos de metade de Tomar. Há portanto aqui algo que não está a funcionar bem. Não bate a bota com a perdigota. Um concelho mais pequeno, com bem menos de metade dos eleitores, apresenta um orçamento superior ao de uma terra que gastou em 2023 milhão e meio de euros sem retorno com a sua festa grande, e a oposição limita-se a votar contra, sem mais comentários? Quem acode aos tomarenses de boa vontade?
Sem querer cravar ainda mais a faca na ferida, é-se todavia obrigado, para respeitar a verdade inteira, a acrescentar que em Tomar governa o PS desde 2013, tal como em Abrantes desde 1976, enquanto em Alcanena e Ourém o PSD é maioritário. Res non verba, diziam os nossos antepassados latinos. Factos, sem conversa fiada. 
Arranjaram tempo para ler e perceber, senhores da Assembleia municipal? Depois não venham com desculpas de ocasião, como é costume.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024


Realojamento dos ciganos do Flecheiro

Problemas por resolver que se vão agravando

Foi um grande sucesso o desmantelamento do acampamento precário do Flecheiro, consideram com razão os socialistas e respectivos apoiantes. Era uma das bandeiras do partido, cujos militantes se sentiam bastante incomodados com aquela ferida social na principal entrada da cidade, causada pelo presidente Luís Bonet, ao aceitar a mudança da Quinta de Santo André para o Flecheiro, em vez de expulsar os então nómadas do concelho, em conformidade com as normas nacionais da época.
Bem vistas as coisas, quase meio século mais tarde, o dito sucesso foi só aparente, ou pelo menos de curta duração. A óbvia falta de preparação impediu que fossem ponderadas todas as consequências, e elas aí estão. É do adagiário popular que "cadelas apressadas parem cães cegos", e neste caso foi o que aconteceu, em sentido alegórico, bem entendido.
Logo de início, com aquele entusiasmo típico dos neófitos pouco habituados ao trabalho intelectual bem estruturado, pensaram em três locais, para alojar outros tantos clãs -Róflin, Fragoso e Pascoal. E vá de encomendar um pequeno bairro em préfabricado pesado, para instalar nos terrenos anexos à ex-prisão da comarca.
Só depois os entusiastas municipais vieram a saber que a UE considera ilegais os bairros de uma só etnia, o que se compreende. Já não implementaram mais nenhum dos três antes previstos, optando então pelo realojamento nos bairros sociais pré-existentes, ou em habitações municipais recuperadas para o efeito, com todos os inconvenientes daí resultantes, que estão agora bem à vista do eleitorado, e incomodam seriamente as vizinhanças.
A tal ponto que forçaram os autarcas a solicitar às autoridades policiais que usem de compreensão para com a minoria étnica. Em resumo, um estatuto especial para os ciganos, para que tenham tempo para se integrarem, segundo o ponto de vista autárquico. Como se alguma vez nalguma localidade os ciganos em geral se tivessem esforçado no sentido da integração na sociedade em que vão vivendo.
O mal está agora consumado, havendo cada vez mais consequências desagradáveis, mas entretanto autarcas e funcionários superiores da área social não querem nem ouvir falar das nódoas que vão aparecendo e são cada vez mais frequentes. 
Longe de Tomar, em Bruxelas,  a UE continua a dizer que o agora chamado "bairro calé" é ilegal, porque só lá habitam famílias ciganas, enquanto a Câmara vai alegando que se trata de um Centro de acolhimento temporário. Temporário até quando? Onde estão os acolhidos não ciganos? E a troca de bola promete continuar.
Como se não bastasse, surgiu também a contestação de todo o processo de realojamento nos bairros sociais e outras casas camarárias, com acusações de compadrio e falta de respeito pela normas europeias, naturalmente equitativas, e com a autarquia a esquivar-se ao cumprimento do direito à informação, o que impede Bruxelas de obter os dados indispensáveis para poder aquilatar da conformidade com as regras da UE.
Se bem se entende, será a microdimensão concelhia a salvar a tripulação municipal do opróbio. Numa comunidade de trezentos milhões de habitantes, os serviços de fiscalização não podem perder muito tempo com concelhos minúsculos, de menos de 50 mil habitantes. E assim vamos definhando sem controlo real, rumo à irrelevância. 
Entretanto, coitados dos conterrâneos que padecem com vizinhanças indesejadas, geralmente barulhentas e pouco amáveis. Mas isto já é racismo, dirão os acólitos da gamela, enquanto não lhes toca directamente. Um bom Natal para todos, apesar de tudo, é o que sinceramente deseja Tomar a dianteira 3, que critica mas não odeia ninguém.







terça-feira, 17 de dezembro de 2024


Entradas gratuitas no Convento de Cristo

União Europeia não aceita borlas nos monumentos só para nacionais e residentes

Bruxelas exige fim de “discriminação” por museus gratuitos apenas para residentes – Observador

Estava-se mesmo a ver, mas somos quase sempre assim. Temos uma tendência doentia para a "esperteza saloia". Arranjamos soluções impecáveis para problemas insolúveis, que depois se verifica serem apenas ilegalidades manhosas. É o que está a acontecer agora com o Convento de Cristo e os outros monumentos geridos pela Empresa Pública Museus e Monumentos de Portugal, desde o ano passado.
Durante muito tempo, foi possível entrar de borla nos monumentos, aos domingos até ao meio dia. Veio depois a época da esperteza saloia, geradora de ideias luminosas. Só aos domingos de manhã era pouco. Melhor arranjar um bónus anual de 52 entradas gratuitas mediante registo prévio, mas só para nacionais e residentes. Os turistas estrangeiros que paguem, já que têm dinheiro para passear...
Foi sol de pouca dura. Bruxelas acaba de notificar o governo português de que iniciou um procedimento por infracção ao artigo 56º do regulamento comunitário, que se refere à livre concorrência, o que implica a igualdade de todos perante as leis. Ou seja, as entradas gratuitas nos monumentos e museus não podem ser só para nacionais e residentes. Ou são para todos, incluindo os turistas estrangeiros, ou deixam de existir e todos os visitantes pagam. Lá se foi o golpe genial da esperteza saloia. A notificação de Bruxelas refere-se ao regime imediatamente anterior, que sucedeu às borlas aos domingos de manhã. Mas como o actualmente em vigor não é  diferente no essencial, a empresa pública Museus e Monumentos de Portugal vai ter de acabar com a ilegalidade. Eventualmente repondo a situação anterior, com entrada gratuita aos domingos durante a manhã para todos os interessados.
Como uma desgraça nunca vem só, Tomar a dianteira 3 sabe, apesar de estar no hemisfério sul,  a sete horas de avião de Lisboa, que a mesma DG de Bruxelas continua a passar a pente fino todo o processo tomarense de realojamento dos ciganos do Flecheiro, que envolveu verbas europeias. Estão em causa o chamado Bairro calé, onde só residem ciganos, o que Bruxelas considera ilegal, e a igualdade de oportunidades para todos, durante os concursos para concessão de outros alojamentos sociais aos calés. Assunto para a próxima crónica de Tomar a dianteira 3. Esta já ultrapassa as 25 linhas, limite para a capacidade média do nabantino que gosta de ler. Textos simples, como referia há pouco um estudo internacional.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2024


Autárquicas 2025

Se for ela 

é só mais um evento sacado da cartola...

A nível nacional, o PS já anunciou que os cabeças de lista do partido para as autárquicas de Outubro 2025, só serão conhecidos em Março. Assim, haverá tempo para sarar algumas recentes feridas internas, como a de Loures. É oficial que os actuais presidentes de câmara socialistas terão via aberta para a recandidatura, se assim o desejarem, mas a recente tomada de posição do presidente de Loures, pondo em causa a linha partidária em relação aos migrantes e outras minorias, tornou incómoda no PS a sua eventual recandidatura. E já depois, a Sanfona, em Alpiarça, também se alargou demasiado...
Enquanto isto, em Tomar continua o habitual deixa andar, que depois logo se vê. Autárquicas 2025? -Isso é ainda lá muito longe. Cada coisa a seu tempo. Só os mais preocupados com as coisas da urbe vão reparando que a complicada herança PS vai pesar muito na campanha e no voto. Obras falhadas, degradação evidente dos serviços públicos, abandono dos espaços verdes, outras  carências várias, os socialistas locais só podem apresentar como trunfo eleitoral o realojamento dos ciganos, realmente um êxito, porém com todos os inconvenientes inerentes. Os tomarenses (incluindo os da gamela) estão longe da unanimidade no que concerne à ida dos calés para os bairros sociais. Sobretudo os vizinhos. Daí, dúvidas sobre a futura candidatura PS, pois o realojamento foi oficialmente obra de Hugo Cristóvão, embora na realidade feito pelo pessoal do pelouro de Filipa Fernandes, entretanto também das obras e da vice-presidência, numa ascensão que não passou despercebida aos que realmente dirigem a autarquia. (Os eleitos passam, os funcionários vão ficando e alguns sabem muito...)
Estava o escriba neste ponto da reflexão, quando foi alertado por vozes vindas do norte (lembra-se que Fortaleza fica no hemisfério sul): O próximo cabeça de lista do PS-Tomar pode não ser Hugo Cristóvão. Há nesta altura várias manobras, sobretudo de fora para dentro, no sentido de se conseguir a candidatura de Filipa Fernandes, considerada mais mobilizadora, mais empenhada, mais realizadora (artistas da cor e bem pagos) e mais à esquerda.
A própria vai fazendo o que pode para reforçar a sua imagem, que é excelente excepto na área financeira. Além de presidir as reuniões do executivo, deu nas vistas a recente sessão sobre os Direitos Humanos, no Convento de Cristo. Esteve toda a extrema-esquerda local, nomeadamente o Agrupamento templários e até uma representação do Agrupamento Nuno de Santa Maria e do CIRE, que são mais para o laranja, numa cerimónia largamente difundida pelos competentes serviços camarários,  que o presidente Cristóvão boicotou ao não comparecer. Porquê? Férias? Saúde? Protesto? Opção política? Eis o que falta saber.
Paralelamente, os aparelhos partidários da extrema-esquerda parecem estar a apostar todas as fichas na vice-presidente Filipa Fernandes, o que se compreende. Até nos parques zoológicos, os animais mostram sempre que gostam mais dos respectivos tratadores, do que dos outros visitantes. Porque será?
Naturalmente por mero acaso, no contexto tomarense, têm-se multiplicado os comentários contra o Huguinho e contra o ATL sobretudo no Tomar na rede, culminando com um deles, nojento,  direccionado à vida privada do actual presidente. Referia-se a alegadas figuras tristes com amantes e sob o efeito do álcool, num estabelecimento nocturno de Tomar. É um indício que não engana. Normalmente, são os comunistas que usam e abusam deste método, uma tarefa para militantes devotados, como forma de arruinar a reputação dos potenciais candidatos que lhes não agradam
É certo que a recente comemoração do 25 de Novembro em Tomar forçou o presidente Cristóvão a um óbvio acto da vassalagem ao BE/PCP, ao boicotar a AM, mas pelo que se nota, não terá sido suficiente, e os dados estão lançados. A extrema esquerda local aposta na vereadora Filipa Fernandes como sucessora de Anabela Freitas, se calhar também por considerarem que Cristóvão é apenas um discípulo de Luís Ferreira, queimado no PS Tomar desde 2015, nas circunstâncias conhecidas, mas ainda por explicar.
Naturalmente, se contactados para confirmar, todos os intervenientes desmentiriam o que acima se alinha. É o costume.  Por isso, dá tempo ao tempo, irmão, e terás todas as respostas.


domingo, 15 de dezembro de 2024

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

Só para entreter quem gosta de ler

A história é escrita pelos que se consideram moralmente vencedores...


Com muita oportunidade, (a extrema-esquerda lembra sempre os erros cometidos pelos adversários, mas nunca os dela própria), o blogue Tomar na rede recorda hoje a destruição do Cine-Esplanada, pelo então presidente António Paiva, do PSD, o autarca mais odiado pela extrema-esquerda tomarista desde o 25 de Abril: Cine-esplanada foi demolido há 20 anos | Tomar na Rede
Lida a matéria, fica-se com a ideia que António Paiva-PSD matou e fez o funeral do velho cinema ao ar livre "do Marino", numa atmosfera de forte contestação, embora sem a extrema-esquerda local conseguir grande gente para uma manifestação de protesto: "Foram poucos os participantes nessa manifestação, mas a destruição do cine-esplanada foi alvo de muitas críticas."
Sem querer de forma alguma atacar o jornalista, se calhar apenas vítima da formação académica recebida, é-se forçado a esclarecer que ele usa "língua de pau", tão do agrado de uma certa esquerda bem-pensante. O que diz a notícia não é falso, mas tão pouco revela a verdade toda, assim dando ao leitor uma ideia que não corresponde exactamente ao acontecido na época, e beneficiando a imagem da esquerda local.
Neste caso, Paiva-PSD foi apenas o coveiro de um cine-esplanada já antes morto pela falta de público e pela maioria PS. Foi o então vereador Lino Cotralha que deu a machadada final, ao pagar ao Centro de Cultura Popular a máquina de projectar e a desocupação do local.
Anteriormente houvera duas épocas bem distintas. Antes do 25 de Abril, com pouca televisão e muita assistência, devido à então existente guarnição militar e respectivas famílias, e alguns anos mais tarde, já sem guarnição militar e com mais televisão, o que limitou drasticamente os espectadores.
Entretanto, na sequência do falecimento inesperado de Marino Costa, o concessionário de sempre, o presidente Murta, da AD, entregara o cine-esplanada ao Centro de Cultura Popular, para ajudar na realização anual do Festival internacional de cinema para a infância e juventude, subsidiado pela autarquia e com grande sucesso. Infelizmente, os tempos tinham mudado e de que maneira, o que forçou o novo concessionário a procurar filmes rentáveis, tarefa nada fácil e um martírio em termos ideológicos para alguém de extrema-esquerda.
Vieram os filmes pornográficos e outros de fraca qualidade, mas com assistência razoável, houve protestos vários, o que levou a Câmara PS a dar por finda a concessão, ficando pendente o material existente, o que veio a ser resolvido pelo vereador Cotralha, conforme já referido anteriormente. Por conseguinte, as fotos publicadas impressionam, mas deixam uma ideia errada da realidade envolvente. Paiva limitou-se a fazer o funeral do defunto, já em câmara ardente quando ele tomou posse. Mas ficou com a fama de carrasco para os esquerdistas locais, que vinte anos mais tarde, não tendo aprendido nem esquecido nada, continuam acusando o malvado do PSD, o autarca mais votado no concelho até hoje.
Há até um outro detalhe, nessa área de "fazer o jeito" à extrema-esquerda. Talvez um simples lapso, porém muito revelador a tal respeito. Está na notícia sobre o encerramento temporário do parque de autocaravanas, para manutenção:
Lido e relido o edital camarário, constata-se que realmente o parque está interditado durante o mês de Janeiro, mas também no dia 31 de Dezembro, por mero acaso antes e durante a passagem de ano, que costuma trazer muitos caravanistas a Tomar. Sem qualquer intenção malévola? Custa a crer.




Imagem copiada da Rádio Hertz, como os agradecimentos de TAD3.

Respeitar os semelhantes

Câmara e  Convento de Cristo 

há anos a brincar com a República

TOMAR – Dia Internacional dos Direitos Humanos foi assinalado no Convento de Cristo | Rádio Hertz

Foi uma cerimónia em grande. Daquelas para dar nas vistas. E ninguém se terá dado conta de que afinal estavam deslocados. Uma comédia, portanto. Refiro-me à celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, no Convento de Cristo. Desde logo, comemorar os direitos humanos no monumento onde funcionou o primeiro tribunal português da Santa Inquisição, só pode ser uma de duas coisas: Ou pura ignorância, ou uma piada de mau gosto. Assim do tipo celebrar o dia do trabalhador num dos antigos campos de concentração alemães.
Mas há mais. Muito mais. Durante o evento, com pouca substância e muito vento, a srª vice-presidente da Câmara, afirmou: "Para que os direitos humanos sejam efectivamente cumpridos, todos temos de fazer também a nossa parte, que é cumprir os direitos inerentes, que começam no respeito pelo outro e pelas suas singularidades." Vindo de uma autarca eleita que, como é sabido, não respeita os outros nem as leis do país, nem sequer o direito à informação, que é isto senão brincar com a República?
A própria direcção do Convento de Cristo, agora mais uma vez em fase de concurso internacional, para selecção de novo dirigente máximo, não parece ter-se dado conta do ridículo da situação. Evocar os direitos humanos numa celebração com pompa e circunstância, num monumento que nunca cumpriu nem cumpre as condições mínimas nessa área. 
Os visitantes são todos os dias violentados numa entrada sem quaisquer condições, perdem-se num circuito mal sinalizado, num monumento assaz complexo, e pagam 10 euros por pessoa para admirar obra arquitectónica complicada, que nem sempre entendem, mesmo quando conseguem explicações especializadas, quanto mais agora quando se limitam a olhar como animais para palácios.
Conquanto grave, embora quem dirige o não admita, a questão das visitas é apenas um detalhe. Há vários outros problemas, a começar pelo autoritarismo sectário. Estão nesta altura a decorrer obras cujos projectos nunca foram debatidos publicamente, ao contrário do que estabelecem as normativas da UE, que subsidia, como sempre. E lá se vai o direito à informação...
Há depois a questão do estacionamento, que é da responsabilidade da autarquia, e o manifesto abandono do Aqueduto dos Pegões, que abasteceu de água o Convento durante mais de três séculos, mas agora está seco e a provocar a definhamento do pomar do Castelo e da própria Cerca, com a direcção do monumento fazendo orelhas moucas, mas não se esquecendo de celebrar uma invenção sua - A feira da laranja conventual- enquanto as laranjeiras sobreviventes forem aguentando a falta de rega.  Se nem respeitam os direitos das plantas, para quê celebrar os direitos humanos? Propaganda barata.
Tanto a srª directora do Convento de Cristo, como a srª vice-presidente da Câmara, quando tomaram posse, disseram "Juro cumprir com lealdade as funções que me são confiadas." Estão de consciência tranquila nesse aspecto? É que há aquele dito popular francês, segundo o qual a política é como certo prato da culinária tradicional da Gália -deve cheirar um bocadinho a caca, mas não demasiado. (La politique c'est comme l'andouillette, ça doit sentir um peu la merde, mais pas trop." Edouard Herriot - 1872-1957)

sábado, 14 de dezembro de 2024


Parque de autocaravanas

Pode ser que seja só mais um susto...

TOMAR – Câmara proíbe estacionamento no Parque de Autocaravanas durante um mês para trabalhos de manutenção | Rádio Hertz

A notícia é de Hertz, sempre bem informada em matéria de assuntos camarários, mas já antes alguns grande apoiantes da "maioria PS esquerda unida" tinham sugerido/acicatado: -"Carregue nos cachopos. Aquilo é uma vergonha. Agora voltaram-se outra vez contra os "turistas de pé descalço", porque há hoteleiros e AL que se vão lastimando, e querem acabar com a concorrência das autocaravanas. Não conseguem engolir os 90 mil euros municipais aos Bons sons, para acolher turistas-mochileiros nas hortas circundantes."
Trata-se, como decerto quem lê já percebeu, do inopinado encerramento "para manutenção", do parque de estacionamento de caravanas, no antigo parque de campismo. Têm razão os alarmistas. Encerrar aquela estrutura municipal de 31 de Dezembro a 30 de Janeiro, cheira demasiado a sacanice propositada, para obrigar os autocaravanistas a recorrer à hotelaria clássica ou ao AL.
Simples suspeita sem fundamento? Que não, que não. De todo. Porque, se no 1º da Janeiro ninguém trabalha, qual a utilidade do encerramento do parque em 31 de Dezembro? Não seria mais lógico de 2 de Janeiro a 1 de Fevereiro? E vem à memória a morte provocada do parque municipal de campismo, outrora classificado como dos melhores do país.
Primeiro encerrou para facilitar as obras de transformação do estádio numa espécie de campo de treinos mal amanhado e pior equipado. Depois, quando se tentou reabrir, apareceu aquela interdição fabricada pelos srs. técnicos superiores da própria autarquia. Não podia haver ali um parque de campismo, porque o respectivo plano de pormenor tal não previa, transferindo-o para o Açude de pedra, com ETAR à entrada e tudo.
Mais de dez anos depois, continuamos sem parque de campismo e a argumentação usada na época mostra agora toda a sua natureza: simples desculpa infantil, para não assumir o questão essencial. O campismo encerrou porque reputados conselheiros da presidência propunham o turismo de luxo em vez do campismo, confundido com o turismo de pé descalço.
Agora que os primeiros resultados menos bons na área do alojamento turístico começam a mostrar que afinal o problema não era, há dez anos como agora, o "turismo de pé descalço", mas sim a falta de estruturas de acolhimento, de organização e de planos fecundos, o inesperado encerramento temporário (???) do parque de caravanas pode bem ser mais uma tentativa para orientar campistas e caravanistas para os alojamentos hoteleiros ou AL. Como se tal fosse viável.
Mas também pode ser apenas mais uma decisão mal enjorcada da maioria que temos, mais voltada para festarolas e outros divertimentos, do que para a honesta administração das questões municipais. Logo veremos, uma vez que, como habitualmente, a oposição PSD, se algo pensa  a respeito, nada diz, o que é pena. Ainda traumatizados pelos "anos Paiva"?