domingo, 31 de março de 2024

Cópia de parte de um recorte de jornal, que nos foi enviado por um leitor tomarense indignado, devidamente identificado.

Maioria autárquica

Outra vez uma choldra?


O vocábulo foi muito usado por Eça de Queirós e há também a célebre frase do rei D. Carlos, referindo-se ao país: Isto é uma choldra! Depois veio a República e mais tarde, na década de 30 do século passado, o António de Santa Comba, que governou quase meio século, até cair da cadeira. Sempre com uma rigorosa linha de conduta: Respeitinho é muito bonito!
Seguiu-se o liberalismo nos costumes, consequência do 25 de Abril com militares de cabelo comprido, mas tendo sempre presente o respeito pelas instituições, mormente quando se desempenham funções oficiais. Quase todos se lembravam a tempo da célebre frase "À mulher de César, não lhe basta ser séria; tem de parecê-lo." No caso da foto, à vice do transitório César local, não lhe basta ser séria. Tem de parecê-lo, para não abandalhar ainda mais a instituição na qual exerce temporariamente as suas funções bem remuneradas. Tanto mais que na legenda da foto infra se fala de motards e de bar aberto...
Dirão os defensores locais da maioria socialista, que uma autarca também tem direito à sua vida privada, o que é uma evidência. Mas nesse acaso convém acautelar as aparências, salvaguardando o recato, como demonstra o célebre caso da estagiária do Clinton e do célebre "bico" na Casa Branca, que se transformou num bico de obra para o presidente americano, que a esposa Hillary não era para brincadeiras.
Como diria o D. Afonso V, se ainda por cá andasse, "Abandalhar sim, mas devagar!" Para evitar a choldra, digo eu. Ou preferem rebaldaria, que é um termo mais erudito?




sábado, 30 de março de 2024

Geert Wilders, vencedor das eleições holandesas de Novembro 2023.
.
Política

A Holanda é muito mais 

do que tulipas e queijos...

Geert Wilders disposto a não liderar governo nos Países Baixos – Observador

É sabido que sou considerado por alguns como grosseiro e sem  maneiras, por ter a coragem de dizer as coisas frontalmente, tal como é do conhecimento geral que os tomarenses em geral, salvo as excepções que são felizmente muitas, além de invejosos e intolerantes, também lêem pouco e mal. Raramente olham para uma crónica política, a não ser de forma dissimulada. Por isso, sobretudo por isso, cidade e concelho estão como estão, com tendência para piorar.
Como nunca é tarde para aprender e depois arrepiar caminho, aconselho fortemente a leitura atenta do link supra. É sobre a nobre atitude do lider do partido holandês de extrema direita, que foi o mais votado nas eleições legislativas de Novembro 2023, com 35 eleitos. Dado que, apesar dos seus esforços e de os outros partidos não o terem "posto de lado", como acontece em Portugal, ainda não conseguiu formar governo, anunciou estar agora disposto a prescindir do lugar de primeiro-ministro num futuro governo do seu partido, naturalmente em coligação.
Em Portugal, com menos população mas mais deputados que na Holanda, (17 milhões de habitantes na Holanda, 10 milhões em Portugal; 150 deputados e 75 senadores na Holanda, contra 230 deputados em Portugal), Ventura conseguiu 50 eleitos, sem todavia ser ainda o mais votado, posto que é por agora reduzida a fragmentação partidária no parlamento. Mas a evolução, a julgar pelo que se vai passando por essa Europa fora, é imparável. Que fazer quando e se o Chega for o partido mais votado, mesmo sem maioria absoluta? O Bloco de Mortágua e o PC de Raimundo decretam e mandam publicar que deve o lider do partido vencedor ser exilado nas Berlengas, até que o PS e os seus aliados de 2015 consigam retomar as rédeas do poder? Já só falta saber como e com o apoio de que forças partidárias. Ou haverá outra solução mais consensual? Convém saber.


sexta-feira, 29 de março de 2024

 

Imagem copiada de Tomar na rede, com os nossos agradecimentos.

História e património

O alegado forno romano do Flecheiro

e a história à medida das conveniências


Noticia o Tomar na rede que o pretenso forno romano do Flecheiro está ao abandono e o calheiro da água da "roda da Marchanta" desapareceu. Não houve comentários a respeito, porque o vasto leitorado do site dirigido por José Gaio é do tipo Correio da manhã. Lêem pouco e quase só fait-divers, escrevendo ainda menos. Se fosse um porco a andar de patins, ou uma ratazana a atravessar a Corredoura, ainda vá que não vá, agora umas ruinas romanas, isso interessa a quem?!?
Vamos lá então "agarrar" no problema, tentando ir um pouco mais longe. O alegado forno romano é por enquanto apenas um monte de ruínas, identificado de forma expedita por um arqueólogo, que não recorreu, tanto quanto se sabe, a qualquer processo científico de datação. Olhou, viu examinou e exarou o seu parecer, neste caso um mero palpite. Tanto pode ser um forno romano, como as ruinas de uma c cerâmica do século XIX.
Numa cidade com menos ignorância que em Tomar, logo que foi anunciada a descoberta dos restos e anunciado que se tratava de um forno romano, ter-se-ia seguido o princípio da dúvida metódica. Forno romano ali? Como? Porquê? Mas não. Foi o silêncio geral cúmplice. Incluindo o de quem isto escreve, de quando em vez cansado de pregar no deserto em relação a certos temas.
Agora que o assunto voltou à ribalta local, serei directo e objectivo: Não tem qualquer sentido um forno romano naquelas paragens. Se, como dizem, o fórum romano era na zona do quartel dos bombeiros, e a única ponte era a mais tarde apelidada de "ponte das Ferrarias", lá em baixo em S. Lourenço, como escoavam a produção do forno? A dorso de burros e mulas, que atravessavam o rio a vau? Pouco prático, mesmo para a aludida época.
Convirá portanto, antes de mais, estabelecer com precisão a natureza do achado, recorrendo a métodos científicos e a opiniões académicas variadas, antes de passar à fase da eventual protecção. Se assim não for, caminha-se para mais uma asneira monumental, gastando centenas de milhares de euros para preservar coisa nenhuma. Como está a acontecer com o alegado "Fórum romano".
Há anos que venho batalhando, no sentido de identificar capazmente tudo aquilo que foi encontrado e está à vista, antes de se ir eventualmente mais além. Até agora em vão. Importante mesmo era um projecto para dar dinheiro a ganhar aos amigos, e umas obras com o mesmo fim. Está feito. Agora, que já gastaram perto de um milhão de euros, é que chegaram à conclusão que afinal não há nada de grande valor histórico, ou sequer de interesse turístico, para guarnecer o pavilhão entretanto montado. Nem quem queira e saiba desempenhar essa ingrata tarefa.
Tempo perdido e dinheiro desperdiçado? Sem dúvida. Mas ainda estão a tempo de cobrir as ruínas, (depois de terem deixado um cilindro metálico contendo documentos de identificação e outros) e aproveitar o pavilhão para os bombeiros municipais, em vez de irem construir outro quartel em casa do Diabo mais velho.
Entretanto convirá seguir a prática europeia em matéria de património: Identificação prévia de forma completa e sem margem para dúvidas razoáveis, seguindo-se a preservação à vista (se tiver interesse turístico) ou enterrada, que fica muito mais barata e não carece de manutenção posterior.
À consideração dos jovens da governação municipal.

quinta-feira, 28 de março de 2024





Assembleia da República

PSD: DERROTA VALENTE 

CONTRA O DISSIDENTE


Foi um início de sessão bem animado na Assembleia da República. A tal ponto que os comentadores encartados e os das redes sociais confundiram a normal barganha política com algo de burlesco e vergonhoso. Tudo porque, inesperadamente, o PSD não conseguiu eleger o seu candidato Aguiar Branco à presidência da A.R. Foi geral a surpresa e a incompreensão, com muitos a culparem o Chega pela irresponsabilidade, falando mesmo de birra, quando afinal não foi nada disso que aconteceu. As aparências iludem, sobretudo quem se quer iludir.
Desde sempre contra o dissidente Ventura, que ousou abandonar o partido social-democrata, Montenegro foi muito claro, sem todavia esclarecer os eleitores, durante a campanha das legislativas. Nada de conversas com o líder do Chega, em virtude das linhas vermelhas há muito traçadas pela extrema-esquerda e seguidas pelo PS e pelos social democratas, deu a entender o líder laranja, assim induzindo em erro os observadores menos atentos a estas coisas.
Começada a primeira eleição parlamentar, a do próprio presidente do órgão, sem grande poder mas protocolarmente 2ª figura do regime, houve surpresa para todos os partidos, menos para o PSD, onde já se sabia que o Chega ia abster-se ou votar branco na candidatura Aguiar Branco, não por causa das tais linhas vermelhas ou por se tratar de um partido intratável, mas apenas porque Montenegro se recusara a falar com Ventura e pretendia humilhá-lo, forçando-o a votar favoravelmente o candidato do PSD sem qualquer entendimento prévio, nem mesmo uma simples conversa. A punição do dissidente. Não vales nada e votas como o partido quiser, terá querido significar Montenegro.
Seguiu-se o primeiro desastre parlamentar laranja. Aparentando surpresa ante os votos brancos do Chega, em vez de remediarem logo, conversando com Ventura, como seria normal em qualquer parlamento de tipo europeu, insistiram na asneira do banimento de facto do líder do Chega. Procurando demonstrar a alegada irresponsabilidade do partido considerado não democrata, consentiram numa segunda volta eleitoral com três candidatos, de forma a levar o Chega a votar no candidato PS, que assim seria eleito, e provaria ser Ventura apenas um reles traidor.
Falhada a demonstração, seguiu-se a desorientação geral, com Montenegro desafiando a lógica política, ao negociar com o PS, em vez de o fazer com o Chega, o que lhe garantiria na prática um mandato tranquilo, com maioria absoluta no parlamento.
O resultado final, meio mandato para o PSD e a outra metade para o PS, na presidência da A.R., não é bom nem se recomenda. Logo a seguir, os socialistas esclareceram que ajudaram a salvar a situação, mas se mantêm como oposição. Em termos claros, o governo laranja só vai durar enquanto os socialistas quiserem que assim seja. Montenegro tornou-se dependente de Pedro Nuno, uma vez que na A.R. a esquerda é maioritária sem os votos do Chega e da IL
Aos social-democratas resta apenas uma réstea de esperança: que o Chega obtenha um mau resultado nas eleições europeias, já em Junho, assim ficando demonstrado que se trata de um fenómeno passageiro, tipo PRD, o que seria uma vitória para Montenegro na sua luta contra o dissidente modelo Zita Seabra, e lhe daria força na árdua negociação permanente com o PS.
Se, pelo contrário e como tudo parece indicar, Ventura conseguir um bom resultado nas europeias, o Chega terá uma auto estrada à sua frente rumo às autárquicas de 2025, com Montenegro vencido e de abalada, se conseguir sobreviver até lá. Como bem sabe quem tem Mundo, a política é implacável, condenando todos os que obstam ao seu normal funcionamento pragmático. 
É o que se vê por essa Europa fora, e também o caso paradigmático do PCP. Um passado brilhante, uma acção política sem mácula e com muito e bom trabalho político, mas apesar disso os votos são cada vez menos, e sem votos não adianta ter razão, arranjar desculpas, ou continuar a escarnir em relação a quem não vota comunista. Bem pelo contrário.


quarta-feira, 27 de março de 2024


Tribuna do PSD Tomar

PSD TOMAR DEBATE A PROTEÇÃO CIVIL

A conferência sobre Proteção Civil, organizada pelo Partido Social Democrata de Tomar, que decorreu no passado dia 22 de março, deu continuidade a um ciclo de ações de debate em torno dos temas mais relevantes para o concelho.
A primeira intervenção coube à Dra. Cláudia Duarte, Assistente Social e Coordenadora de Projetos Comunitários, que enfatizou a importância das Unidades Locais de Proteção Civil, destacando não só a sua atuação em termos de prevenção, preparação e resposta a situações de catástrofe, mas também o seu papel crucial na construção de comunidades resilientes. Este testemunho foi baseado em casos de sucesso de freguesias de outros concelhos.
De seguida, o antigo Comandante Nacional da Proteção Civil, Dr. José Manuel Moura, partilhou a sua experiência nacional e internacional no domínio da Proteção Civil, proporcionando uma visão estratégica para enfrentar os desafios presentes e futuros nesta área. A sua perspetiva sobre a atual estrutura, a importância da coordenação eficaz entre as diferentes entidades locais, regionais e nacionais, além da necessidade de gestão contínua na capacitação e modernização dos recursos disponíveis nesta área, foi de extrema relevância.
A Proteção Civil assume um papel fundamental na salvaguarda da vida e bens da população, assim como na prevenção, preparação e resposta a emergências e catástrofe. Através da ação concertada de diversos agentes, desde entidades públicas e privadas até aos próprios cidadãos, a Proteção Civil garante a proteção e o socorro em momentos críticos, contribuindo para a minimização de danos e para a rápida recuperação das comunidades afetadas.
A conferência organizada pelo PSD de Tomar abordou de forma abrangente os desafios e as melhores práticas no âmbito da Proteção Civil, contando com a participação de especialistas de reconhecida experiência, assim como com a presença de diversos agentes de Proteção Civil de toda a região que também quiseram participar no debate de ideias e experiências.
O PSD de Tomar agradece a todos os participantes pelo seu contributo neste importante debate, reforçando o compromisso de continuar a organização destas conferências, criando condições para um diálogo aberto e transparente de procura de soluções para o desenvolvimento do nosso concelho.

Tomar, 25 de março de 2024

PSD de Tomar

 


terça-feira, 26 de março de 2024

 


Tribuna de Ana Palmeiro Calado - PSD Tomar

VAMOS SER DIFERENTES ESTE ABRIL


A propósito, da nova lei (já não tão nova), mas que traz variantes, a famosa Lei nº 4/2019 de 10 de Janeiro, que estabeleceu um sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a sessenta por cento (60%), a tal que comporta a melhor das vontades, para que a diferença seja uma responsabilidade de todos.
Em Portugal, no século XXI, a começar a comemorar cinquenta anos de democracia, a luta por direitos ainda se faz presente. E se esses direitos são diferentes, se esses direitos são exclusivos, maior é a batalha, maior é a afirmação.
Um dos pilares europeus dos Direitos Sociais – o Princípio 17 - sublinha que as pessoas com deficiência têm direito a um apoio ao rendimento que lhes garanta uma vida digna, a serviços que lhes permitam participar no mercado de trabalho e na sociedade, e a um ambiente de trabalho adaptado às suas necessidades.
A deficiência, fardo pesado, carrega num registo próximo do absurdo, o peso da sua diferença e aos problemas materiais somam-se muitas vezes os imateriais, barreiras da área relacional, das atitudes e dos comportamentos, as quais impedem sempre o acesso ao exercício pleno da cidadania.
A empregabilidade de inúmeros cidadãos com deficiência continua a ser uma miragem, cá como lá, mas falemos de cá, que é o que nos interessa. Por cá, temos uma lei, aprovada (e muito bem) que garante quotas, a empresas privadas que preencham determinados requisitos, na obrigatoriedade de contratação da pessoa com deficiência. Grosso modo, e não me alongando muito, estabelece o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%. Tal significa que, passado o período de transição da lei, a partir de 1 de fevereiro de 2023, empresas com mais de 250 trabalhadores terão de ter 2% de pessoas com deficiência na sua força de trabalho, e empresas com 100 a 250 trabalhadores terão de ter 1%. Para as empresas com um número de trabalhadores entre 75 e 100, a lei entrou em vigor no dia 1 de fevereiro de 2024. 
E o público, e a função pública? Continua a reger-se por outra lei, já completamente obsoleta, de aplicabilidade sofrível, e até aos dias de hoje podemos afirmar que o Estado não tem feito o seu papel. O número de cidadãos com deficiência trabalhadores da Administração Pública é, no conjunto do universo destes trabalhadores, francamente diminuto, fazendo todo o sentido que o Estado, na sua qualidade de grande empregador, reafirme a sua responsabilidade e tome a seu cargo, o exemplo.
Vem isto a propósito, dos nossos desmandos nabantinos. Sendo a Câmara Municipal de Tomar, um dos maiores empregadores da região, o que tem este executivo feito quanto a este assunto? E não me refiro à simples obrigatoriedade de abrir concursos e nele fixar quotas que deverão ser preenchidas por pessoas portadoras de deficiência, pois isso é um mero exercício “para inglês ver”. 
Vejamos, em 2013, os que tomaram posse. O número de trabalhadores, teve um salto significativo desde 2017 para agora, um aumento de 34% (em 2017 eram 453). Quantos desses são portadores de deficiência? O que se tem feito, pela integração, pela inclusão, pelos direitos fundamentais da pessoa portadora de deficiência. Parece-me que zero, neste caso é mesmo ZERO (não existe copo meio cheio, ou meio vazio, conforme a perspetiva). Uma situação que a todos deve fazer soar sinais de alarme. Não se pode fomentar a inclusão só no papel. A inclusão fomenta-se na ação.
Não é caso único em autarquias socialistas, mas desses, que me perdoem, não embarco na cantiga do atual Presidente, a já cansada e bafienta conversa, “e os outros?”. Eu quero e acredito numa sociedade, que se preocupa e movimenta “céus e terra” para promover uma vida digna, a todos, sem exceção, mas mais ainda quem à partida começa a corrida descalço. Devemos todos, e mais ainda quem tem poder e posição para o fazer, criar condições de vida às pessoas portadoras de deficiência, e aos desafios com que se deparam na vida quotidiana para que a procura da sua autonomia seja uma verdade.
Vamos ser uma Câmara proativa e diferente das outras, vamos ser diferentes a começar já neste abril cinquentenário. É este o desafio que proponho.

Ana Palmeiro Calado

Vice-Presidente do PSD de Tomar

segunda-feira, 25 de março de 2024

 

Imagem copiada do Le Monde, com os nossos agradecimentos.

Reportagem "LE MONDE" (tradução)

EM PORTUGAL ACUMULAR  EMPREGOS 

É CADA VEZ MAIS FREQUENTE

"Apesar dos dados favoráveis do crescimento económico, e da baixa taxa de desemprego, muitos portugueses vêem-se forçados a correr entre vários empregos, para conseguirem fins de mês mais tranquilos, tendo em conta os baixos salários, a inflação e a acentuada subida das rendas de casa."

Sandrine Morel, Enviada Especial Le Monde, 24/03/2024 14H30 de Paris

"À frente do Hospital de Santa Maria, na zona norte de Lisboa, Isabel caminha apressadamente entre os pacientes, dirigindo-se para o parque de estacionamento. Com olheiras bem visíveis, cabelos mal penteados e vários sacos nas mãos, esta médica cirurgiã de 38 anos, que solicitou o anonimato, vai para casa tomar banho, mudar de roupa e tomar o pequeno almoço, antes de voltar a sair para completar o salário numa clínica privada. "Trabalho 40 horas semanais neste hospital público, para ganhar 2 mil euros limpos no final de cada mês, após ter feito seis anos de especialidade em cirurgia. Não chega para viver decentemente, quando já não se consegue um apartamento capaz em Lisboa por 1.300 euros mensais", explica-nos sem esconder o seu cansaço, nem o seu descontentamento, num contexto difícil de falta de pessoal hospitalar. "Tenho de pagar também a creche das minhas duas filhas, e os preços da alimentação continuam a subir. Por isso trabalho também cinco horas semanais numa clínica privada, sem contar as intervenções cirúrgicas que faço nos meus "tempos livres". Tudo junto, faço 60 horas por semana, para conseguir 4 mil euros limpos no final do mês."
Em Fevereiro, o INE publicou o total de portugueses que acumulam dois ou até três empregos. Em 2023 são mais de 250.000, numa população activa de 5 milhões, o que corresponde a 5%. Um record, em contraste com os indicadores económicos à primeira vista favoráveis: crescimento 2,3% em 2023, dívida pública abaixo dos 100% do PIB, muito antes do previsto, e uma taxa de desemprego limitada a 6,5% dos activos. Mais de metade dos desempregados têm formação superior.
Mas é entre os que têm menos qualificações que o emprego cresce mais. A brasileira Márcia Álvaro, 42 anos, é arrumadora de quartos na indústria hoteleira, mas também marceneira. Diego, que não se identificou, é condutor Bolt e entregador de produtos farmacêuticos. 

DIFICULDADE PARA PAGAR CONTAS

Nas ruas de Lisboa, tomadas de assalto pelos turistas, mas também pelos ricos expatriados, nómadas digitais americanos e europeus ou oligarcas russos, as desigualdades são cada vez mais acentuadas, mostrando uma economia a duas velocidades. Por um lado, a capital portuguesa subiu do 20º para o 8º lugar no Barnes City Index 2024, que classifica as cidades que atraem mais ultra-ricos desejando investir no imobiliário de luxo.
Por outro lado, 3 em cada 4 famílias portuguesas tiveram dificuldades para pagar as contas em 2023, segundo o barómetro anual da DECO-PROTESTE, tornado público na passada quarta-feira, 20 de Março. Segundo o inquérito junto de 7 mil pessoas, sobre o peso das despesas com alimentação, educação, habitação, transportes, saúde e lazer, 75% das famílias em Portugal sentem dificuldades, e 7% estão mesmo em situação "crítica". Sem surpresa, é a crise da habitação -acentuado aumento das rendas e dos juros dos empréstimos- que provoca os principais problemas.
Aos 32 anos, Gonçalo Henriques vive ainda em casa dos pais. Arquitecto a tempo inteiro, ganha 1.400 euros mensais, e completa o seu salário como fotógrafo nos tempos livres. "Em 2023 ganhei 6 mil euros  a mais. Não chega para viver sozinho. Só se for num apartamento fraco na periferia. Mas permite-me comprar material fotográfico, frequentar cursos de formação e viver um pouco melhor", explica este cidadão, que deseja a médio prazo especializar-se em fotografia.

"UM MODELO DE ESPECIALIZAÇÃO QUE MOSTRA OS SEUS LIMITES"

"O modelo de especialização da economia portuguesa mostra os seus limites", assinala o economista José Reis, professor na Universidade de Coimbra, "Após a crise de 2011, o crescimento económico baseou-se nos sectores ávidos de mão de obra barata e pouco produtivos, como o turismo e os serviços. Não é sustentável a prazo e torna-se necessária uma reflexão aprofundada." (ver nota do tradutor no final)
A questão dos salários foi um dos grandes temas da recente campanha eleitoral para as legislativas 2024. Após os esforços do governo socialista de António Costa, dirigidos às classes populares, como por exemplo o aumento do salário mínimo, que subiu de 595 euros em 2015 para 950 em 2024, o novo primeiro ministro, o conservador Luis Montenegro, prometeu reforçar as classes médias."

Tradução de António Rebelo, UParis VIII

NOTA  DO TRADUTOR

Lê-se mais acima na reportagem, uma opinião do economista José Reis, professor na Universidade de Coimbra. Diz o ilustre académico que após a crise de 2011, Portugal apostou no turismo e nos serviços, opção que não é sustentável. Parece ser um ponto de vista de marxista com saudades dos operários da indústria pesada, que os factos disponíveis não confirmam.
Por um lado, não se vislumbra como poderia o governo ter limitado drasticamente a corrente turística, algo que até agora nenhum outro país experimentou. Por outro lado,  há exemplos que não confirmam o enunciado pelo respeitável professor coimbrão. Aponto 3, onde a actividade económica depende sobretudo do turismo e outros serviços, e não dá mostras de ser insustentável. Pelo contrário. Refiro-me à Grécia, à Croácia e ao Luxemburgo, mas há mais...


domingo, 24 de março de 2024

g

 


Tribuna de Fernando Caldas Vieira  

Tomar. Um dedo de conversa.

Notícias.

Tomar voltou a estar na comunicação social portuguesa e, como sempre acontece quando o tema não é comida e festa, os motivos foram os piores. O tio que matou o sobrinho, o homem que violou e torturou a mulher, um cadáver no parque de campismo (que não é parque, nem campismo) e o Castelo de Bode a descarregar.
Deixemos de lado o caso do parque das caravanas, ficando só a dúvida se numa instalação à séria um corpo ficaria abandonado tanto tempo. Não vale a pena insistir que a água descarregada na barragem é energia desperdiçada por incompetência das autoridades que tiveram medo de criar encaixe no armazenamento e com isso correr o risco da água para os lisboetas não ser suficiente.
O secretário de estado e o vice-presidente da APA vieram cá gabar-se desta atuação. Lembro a entrevista à Rádio Hertz, em que até o jornalista foi maltratado (2023-06-19).

TOMAR – Hertz questionou secretário de Estado do Ambiente e vice presidente da APA sobre a poluição (youtube.com)

Ficam os casos de violência familiar. A situação é preocupante e está à vista no relatório da Procuradoria de Santarém, conforme notícia do Tomar na Rede

https://tomarnarede.pt/sociedade/em-2023-entraram-no-tribunal-de-tomar-quase-600-queixas-de-violencia-domestica/

Com o detalhe do próprio documento:

https://comarcasantarem.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/pdf/str_relatorio_anual_2023.pdf

Sim, no Departamento de Investigação e Ação Penal de Tomar deram entrada 600 inquéritos de violência doméstica, num ano!

As instituições.

A questão é que o poder político tem vindo a lidar da pior maneira com o assunto. Falo com a autoridade de quem alertou para o problema na coluna do Templário que a estimada Isabel Miliciano me dispensava em 2021, com o título de Municipalidades (28 de janeiro e 15 de abril) e por ter sido o único candidato a introduzir o tema na campanha eleitoral autárquica no mesmo ano. Em ambos os casos com o alheamento que me habituei a receber nas minhas intervenções.

https://www.youtube.com/watch?v=5LpH1Xx1ZHM&t=3353s minuto 22:30

A nível autárquico existe a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), organismo que reúne uma série de autoridades e representantes políticos, cuja gestão é presidida por uma funcionária da autarquia, a Dr.ª Tânia Franco, psicóloga.
Tem-se debatido com as instalações atribuídas e com a ineficiência comum a estes organismos. Pelo país fora, os crimes mais hediondos cometidos contra crianças, residem em casos já sinalizados pela CPCJ. No site da Câmara não se consegue extrair nada e nas redes sociais pouco se obtém:

http://www.cm-tomar.pt/index.php/pt/viver/2014-10-07-10-01-38/cpcj
https://www.facebook.com/profile.php?id=100066704264034

Depois temos o tal Espaço M.  A ideia original deveria ter evitado o crime de violação e
tortura. Rapidamente se verificou que ia ser uma inutilidade, reconhecida pelas próprias técnicas que lá trabalham, incluindo a psicóloga da CPCJ (se é que a informação está atual).
Inaugurada com grande divulgação, pela então presidente. (cf imagem)

https://mediotejo.net/tomar-espaco-maria-disponivel-para-apoiar-e-aconselhar- vitimas-de-violencia-domestica/

Em pouco tempo, devolviam vítimas aos agressores.

https://omirante.pt/sociedade/2021-01-17-Tomar-tem-um-gabinete-de-apoio-as- vitimas-de-violencia-domestica

Agora dedicam-se a apoio psicológico. É necessário, mas é pouco. Muito pouco, quase nada.

https://www.facebook.com/municipiotomar/posts/pfbid02VbMX7fCcbVRifbkron1e7S

u29EYxGZydqwRFYXrFy7QrdZEeAqY3r9ctjTE41sTJl

A sociedade.

As pessoas querem soluções. Soluções que lhes escapam e então mobilizam-se em ações de que na prática não tiram resultados: É o laço azul que junta até a vereação dos dois partidos:

https://www.facebook.com/fernando.caldasvieira/posts/pfbid0MFZ8m4dBMD7x3vE5

UiMrdznNx9EpTnxWm5s86e4va3WXUrP26K15UC3jQ8EGFAzCl

Como é obvio, em nada contribui para a prevenção de coisa nenhuma. É a marcha silenciosa, que para além da manifestação de apoio a esta vítima só recria o silêncio do sofrimento de todas as vítimas como ela. Mesmo o apoio já vem tarde.

https://radiohertz.pt/tomar-comunidade-une-se-contra-a-violencia-domestica-e-

promove-marcha-silenciosa-na-segunda-feira/?fbclid=IwAR0K0a_QnfXIb6KJW8p-

3wi73sypneuaHPbBI6ndU5r3hfhJ9R9bnbHum4Y

Mas quando o Município propõe que “para o bem do planeta, desligue as luzes durante uma hora!” vê-se bem como estamos entregues a iniciativas inconsequentes.
Espero que a Filipa (a nossa vítima) recupere e possa vir a retomar a sua vida com a proteção a que tem direito. É inimaginável aquilo por que passou. É preciso que a perda de um dos seus dedos ponha as instituições a deixarem de ser só conversa.

Fernando Caldas Vieira foi cabeça de lista do CDS nas autárquicas de 2021

sábado, 23 de março de 2024


Comparando resultados eleitorais

Atordoamento geral 

sobretudo entre os progressistas


A leitura das redes sociais e da informação mais especializada, mostra que na sequência das recentes eleições legislativas, a principal consequência foi o atordoamento, sobretudo na esquerda dita progressista. Compreende-se. O murro no estômago foi forte e inesperado.
A tal ponto que pessoas inteligentes, incluindo alguns cérebros locais, têm reacções estranhas. Enquanto um propõe que se boicote o pessoal do Chega, fazendo de conta que não existem, outro mostra grande contentamento porque obteve um resultado segundo ele semelhante ao do Chega (50 deputados). Falo do dr. Tavares, do Livre (4 deputados). Segundo declarou "O Chega cresceu 4 vezes, e o Livre também." Um brincalhão, este sr. Tavares.
Procurando ajudar a compreender, digerir ou recuperar, consoante os casos segue-se um quadro comparativo dos resultados da autárquicas 2021 e das legislativas 2022 e 2024, no concelho de Tomar, e só no que concerne ao Chega e à soma das duas formações ditas progressistas, BE e CDU. Os tais cérebros vão procurar denegrir a coisa, alegando que não se podem comparar autárquicas com legislativas.
Não vejo o que possa impedir tal comparação, uma vez que o eleitorado é o mesmo, em  momentos diferentes, e apesar disso, os resultados progressistas nem são assim muito diferentes, pelo menos no concelho de Tomar. Pouco agradáveis, é certo, mas muito homogéneos.


QUADRO COMPARATIVO DE RESULTADOS ELEITORAIS

-----------------------Aut. 2021---------------Leg. 2022-----------------Leg. 2024

---------------------Chega--BE+CDU---Chega ---BE+CDU------Chega----BE+CDU

A. Rib.-Ped.-----3,02%-----8.00%------6,18%.......8,13%...........17,01%------7,99%

Casais-Alv.--------6,04%-----8,57%------9,56%-----7,64%-------20,33%------5,28%

Olalhas------------7,02%-----4,83%------8,29%-----4,63%--------19,57%------2,68%

Serra/Junc.-------7,46%------5,04%------8,99%-----4,80%--------22,33%------5,22%

S. Pedro----------4,53%------6,68%-----12,02%-----6,61%--------25,13%------6,33%

Asseiceira-------5,63%------9,03%------11,60%-----8,77%--------22,97%-----7,79%

Paialvo----------9,31%-----15,75%------12,85%----10,39%-------28,78%-----7.59%

Madal-Bes.-----5,57%-----10,92%------11,53%----10,48%------21,98%------8,80%

Urbana----------6,61%-----11,30%--------9,28%------9,44%-----18,45%------7,42%

Carregueiros--5,13%------16,72%-------10,70%-----10,00%-----20,54%-----7,40%

Sabacheira----1,56%--------8,36%---------5,43%-------6,09%----21,10%-----6,12%

Fonte:resultadoseleitorais.mai.gov.pt

A partir destes resultados oficiais, múltiplas conclusões são possíveis. Contento-me com quatro:

1 - O Chega está em acentuada subida e a extrema esquerda unida em queda lenta mas geral.
2 - Não tem justificação nos números, não sendo por isso aceitável, a atitude esquerdista de desprezo pelo Chega e pelos seus eleitores. Cheira a inveja.
3 -Resulta claramente destes dados que os eleitores do Chega não vêm em geral da extrema-esquerda.
4 - Na maior freguesia do concelho, a da área urbana, o Chega subiu de 6,61% para 18,41% em três anos, enquanto a extrema esquerda unida desceu de 11,30% para 7,42% . E em Carregueiros ainda foi mais acentuado. Regrediram de 16,72% em 2021, para apenas 7,40% em 2024.  Dá que pensar, não dá? Sobretudo quando se tem igualmente em conta que na mesma pequena freguesia, governada pela CDU, o Chega passou de 5,13% em 2021, para 20,54% em 2024. Não acredito que em Carregueiros haja assim tantos fachos. Não será melhor rever a atitude geral? São os eleitores que votam mal? Ou os partidos tradicionais que deixaram de responder às necessidades e aspirações da população em geral?


sexta-feira, 22 de março de 2024

Escola Jácome Ratton nos velhos tempos, quando ainda havia árvores na placa central da Rua da Graça. Foto de arquivo particular.


Alojamento para estudantes

Será o equívoco uma mania tomarense?


Veio a ministra e tudo. A conhecida cientista Elvira Fortunato, a terminar funções ministeriais. Houve discursos de circunstância, mas a cerimónia foi discreta, o que se saúda. Tratou-se de colocar uma placa alusiva na nova residência para estudantes, nas instalações da velha Escola Industrial e Comercial de Tomar, onde mais tarde, após a transferência para as novas instalações além da ponte, até chegou a funcionar a esquadra da polícia.
Trata-se portanto de uma obra útil, orçada em mais de dois milhões de euros, que transforma o velho casarão numa residência estudantil com 68 camas. O sonho de qualquer estudante. Alojamento ao preço da uva mijona, em pleno centro urbano e com uma tasca do outro lado da rua. O Politécnico é um bocado longe, mas que se lixe. Haverá menos enquadramento humano. O aproveitamento escolar promete!
Na sua intervenção, o presidente do IPT reiterou que se trata de tentar suprir a carência habitacional em Tomar, para estudantes de menores recursos, acrescentando que a carestia habitacional será uma das causas do elevado abandono escolar, que em Tomar ultrapassa os 39%, o mais elevado do país. Compreende-se a afirmação, mas teme-se que não corresponda à inteiramente à realidade. 
Que se saiba, o IPT nunca encomendou estudos no sentido de apurar as causas do elevado abandono académico em Tomar, sendo evidente que carece de sentido a justificação de falta de alojamento. Se assim fosse, o fenómeno seria mais grave em Lisboa, Porto ou Coimbra, onde a concorrência é maior, provocando  o aumento acentuado dos custos. Pelo contrário, verifica-se que a seguir a Tomar aparecem Beja, Portalegre e Castelo Branco, todas no interior profundo e mais afastadas de Lisboa.
Mais este equívoco leva a comparar este caso da residência estudantil com a morte anunciada do jardim da Mata dos sete montes. Também ali, apesar de devidamente informada pelos meios locais, a então presidente da Câmara, conhecida especialista florestal, recusou a ideia da falta da água dos Pegões como causa do anunciado desastre, garantindo que se tratava de uma infestação por fungos, que seria resolvida com pulverizações de insecticida.
A Câmara pagou o "tratamento", mas um ano depois, no início da primavera, constata-se que o resultado não foi nada famoso. Aquilo está uma miséria, agora com o arranque total e a substituição como único  c remédio. E depois recomeçará o mesmo ciclo. Sem a água dos Pegões...
Teme-se que venha a acontecer algo parecido com a nova residência estudantil, pois um total de 300 camas de baixo custo para um pequeno politécnico, é quase um internato académico, com muita cama para pouco estudante. O que vale é que, ao contrário do jardim da Mata, que está uma vergonha e não serve para nada, a nova residência sempre poderá servir de alojamento turístico durante as férias, como acontece por essa Europa fora, em todos os países que não têm a mania que são ricos com as esmolas europeias.
A reacção dos hoteleiros locais é bem capaz de não ser a mais favorável, o que se compreende.


Imagem copiada de Tomar na rede, como os agradecimentos de TAD3.

Vida local

Mijar fora do penico merece sempre castigo


Tanto em sentido figurado (portar-se mal, criticar, opor-se), como em sentido próprio (urinar em local inadequado) merece sempre castigo. Sobretudo em Tomar, terra de inquisidores que nunca se assumem enquanto tais. Segundo o Tomar na rede (ver link acima) alguém resolveu instalar uma armadilha no urinol improvisado da antiga Gráfica de Tomar, ali na velha Rua Direita da Várzea grande.
É um cantinho muito acolhedor, que há décadas está mesmo a pedir uma boa mijadela, um acto de liberdade e de alívio, para os bebedores vindos dos cafés das redondezas. O problema vem a ser depois o cheiro pestilento, que incomoda os comerciantes e os clientes, que residentes já por ali há poucos, infelizmente.
Havia e  há duas soluções possíveis para o condenável hábito de se aliviar ao ar livre e contra a parede, ou contra uma árvore. Uma prova de masculinidade, com os mais jovens por vezes em sadia competição, a ver quem consegue mijar mais longe. A  solução mais rentável neste caso, todavia de eficácia duvidosa, consistiria em instalar WCs portáteis nas proximidades, mas ninguém está a ver tal coisa na Praça da República, ou mesmo nas ruas adjacentes. Mictórios em plena rua? Deus nos livre de semelhante praga!
A outra solução, bem mais económica e eficaz, seria a colocação pela Câmara de um tapume com chapas de zinco ondulado, acabando com o tal cantinho, até que um dia, em futuras obras de recuperação, os arquitectos encontrem outra solução mais adequada para a incómoda situação. Dá contudo dá muito trabalho, e a autarquia tem excesso de funcionários, mas falta de trabalhadores.
Por enquanto, em vez de se resolver a questão, optou-se por castigar os prevaricadores, à boa maneira tomarense. Que se lixe o mau cheiro e o aspecto pouco agradável. Importante mesmo é pensar nos abusadores a torcerem-se com dores, após terem levado choque na ponta da gaita. O tal sadismo latente. E uma grande gaita, numa terra que até tem a venda da dita, ali antes de Carregueiros.
Desculpem lá qualquer coisinha os que não ficam nada bem na fotografia, mas se somos assim, de que adianta esconder? Todos falhamos. Até o Tomar a dianteira 3, que habituado a outros voos teoricamente mais altos, desta vez resolveu poisar e dar uma bicada num assunto mal cheiroso, procurando mostrar como vivemos realmente. E não adianta disfarçar. "Chassez le natural, il revient au galop", dizem os nossos amigos gauleses. Não perceberam? Estudassem!

 

quarta-feira, 20 de março de 2024




          

Imagem Bombeiros de Tomar, copiada da Rádio Hertz, com os nossos agradecimentos.

Vida local - Acidentes

Alardear fartura para esconder carências?


Todos sabemos como é a vida quotidiana. Vivemos numa pequena terra de província, onde as coisas já estiveram melhores. Nesta última década têm havido carências por todo o lado. Dizem que faltam casas, não há funcionários suficientes no Registo civil, há filas no atendimento médico de urgência, os processos judiciais demoram meses e meses, por mais simples que sejam, um parecer urbanístico chega a demorar um ano, os bombeiros municipais queixam-se que faltam ambulâncias, a limpeza urbana deixa a desejar, e assim sucessivamente.
Eis senão quando, ao cair da tarde de um dia de semana e num local pouco frequentado, um  cidadão foi atropelado, não se sabe bem em que circunstâncias, apesar de haver pelo menos duas notícias sobre o caso.(Ver links supra). Para além da pouca precisão, num texto escreve-se que o homem tem 84 anos, mas no outro já tem só 80, uma notícia refere que estiveram 5 viaturas e 11 operacionais, mas na outra deduz-se que afinal estiveram 6 viaturas e 13 operacionais no total. Rigor que calçastes os patins, para onde foste viver? Para o Algarve que é mais quente, e agora vota mais à direita? Mas por lá também há carências. Falta de água, por exemplo...
Para além da tal falta de rigor, o que chocou o contribuinte que escreve estas linhas foi o evidente estendal de ostentação e de megalomania. Alardear aquilo que afinal não se tem. Deslocar 6 viaturas e 13 operacionais para um simples atropelamento de um idoso na área urbana, a menos de um quilómetro do hospital, é mesmo útil? Peço desculpa, mas parece-me um exagero. Uma evidente estragação. Três viaturas (ambulância, bombeiros e PSP) com 6 operacionais no máximo, seria largamente suficiente. 
Mandar o dobro é queimar dinheiro inutilmente, demonstrando falta de gestão eficaz dos dinheiros públicos e falhanço da cadeia de comando, que sempre deve existir. Bruxelas vai pagando estes exageros, mas o maná não vai seguramente durar para sempre. E já estão a exigir uma reforma da administração pública, como condição prévia para o propalado PRR, (Mas o Costa nunca disse nada a respeito, e resolveu sair de fininho pela esquerda baixa.) Convém por isso ir-se habituando à poupança e ao sentido prático das coisas.
Como tem vindo a ser feito, vamos supor que um dia destes acontece um acidente com um autocarro com 55 turistas (Oxalá que não!). Vão mandar 6 viaturas e 13 operacionais X 55? Daria a bagatela de 330 viaturas e 715 operacionais. Um batalhão motorizado. Realmente é como escreveu o outro, que era poeta: "Não se nasce impunemente em Portugal!" Em Tomar, então..

terça-feira, 19 de março de 2024


Imprensa local

O director do semanário decano não foi de cana, mas o periódico mais antigo está outra vez quase de padiola, rumo ao cemitério mais próximo


Explicando a charada do título: O director do semanário Cidade de Tomar, condenado pelo Tribunal da Relação de Évora  a não poder exercer cargos em empresas, nunca cumpriu a sentença. Continuou no cabeçalho do jornal, e nada lhe aconteceu até agora. Não foi de cana, decerto porque se considera acima das leis, ele que é causídico, mas também não é caso para isso. Se até assaltantes com faca continuam em liberdade, depois de constituídos arguidos, seria realmente uma violência deter um director desobediente de um jornal regional obediente. É o novo regime de  impunidade geral. Salve-se quem puder!
Mesmo com o director de pedra e cal no cabeçalho, o velho jornal, que completa 89 anos, vai de mal a pior, como já é habitual. Periódico de direita, desde o 25A que vem dando o corpo à curva, apoiando quem o apoia. Que remédio! É a prova provada de que não é possível fazer bom jornalismo com maus profissionais, mas é corrente fazer mau jornalismo com bons profissionais. Basta obrigá-los a usar óculos ideológicos à medida das necessidades patronais.
Bem vistas as coisas, trata-se até de uma coincidência muito relevante. O comunista Trotsky, assassinado no México por ordem de Estaline, inventou o conceito de "revolução permanente", assim uma coisa parecida com o que a menina Mortágua tenta ir fazendo no BE. Mais tarde, por necessidade, os gestores de Cidade de Tomar foram arrastados para algo parecido -o conceito de "crise permanente".
Sem ideias nem projectos fecundos e salvadores, logo que saído de uma crise, o semanário nabantino mergulha noutra, como bem sabem os seus assalariados, que volta e meia recebem quando recebem. A mais recente boia de salvação encontrada, foi o pagamento adiantado de publicidade por parte do Município de Tomar, da ordem dos 75 mil euros mais IVA. Uma evidente ilegalidade, mas como muito boas intenções: evitar críticas e salvar nove postos de trabalho. Os tais que só recebem quando calha e há dinheiro em caixa.
Agora que pelos vistos uma vez mais o dinheiro não chega, vá de tentar chantagear  a maioria autárquica, procurando evitar o desemprego dos tais 9 profissionais. E voltará decerto a haver algum dinheiro para salários, pelo menos até às autárquicas de 2025, para não ficarem uns nem outros mal na fotografia. Vamos ter assim, durante mais uns largos meses, uma Câmara de esquerda PS a apoiar um semanário de extrema direita, (os seus fundadores eram salazaristas convictos), reconvertido à força em voz de quem paga, enquanto vão praguejando contra o extremista André Ventura e o Chega, que nunca pediram nada à autarquia tomarense, nem apoiaram ditadores. Há cada vez mais situações difíceis de entender no vale nabantino.


segunda-feira, 18 de março de 2024

Torre sineira de Santa Maria dos Olivais, com um cartaz anunciando a vinda do papa, contra o qual ninguém reclamou, apesar de ser proibido afixar propaganda ou publicidade nos monumentos nacionais. É perfeitamente visível na parede da direita que o reboco já estava a cair...

Turismo incapazes  e assistidos

O realojamento problemático, 

o buxo sacrificado, a experiência  imersiva

 e o naufrágio nabantino





Se faz parte daquele grupo abençoado dos que detestam ler textos críticos, salvo quando são sobre futebol e afins, por favor passe adiante. Vá ler outra coisa, que o que segue não é para si e pode causar-lhe problemas de saúde, ou pelo menos de digestão.
Desde há anos que por aqui se vai tentando mostrar que em Tomar as coisas não vão bem e poderiam ir bastante melhor, perante a incredulidade de boa parte da população, cuja preparação cívica, infelizmente para todos, lhe não permite enxergar mais. Falei da poluição do rio e dos riscos para o turismo. Falei do realojamento mal programado do pessoal do Flecheiro, que prejudicou e prejudica seriamente outra parte da população.
Expliquei as origens da crise do buxo na Cerca, e indiquei o que se devia fazer para resolver o problema. Anotei a evolução algo caótica dos museus da Levada. Insurgi-me contra o modelo organizativo dos tabuleiros e o seu oneroso custo, e assim sucessivamente. 
Aparece agora o percalço de "experiência templária imersiva", no Convento de Cristo, que durou apenas alguns dias até avariar.(ver link)  Em todos os casos mencionados e em tantos outros, que lentamente vão provocando o naufrágio nabantino, aparecem as mesmas causas: eleitos impreparados e pouco competentes, com comportamentos autistas, ou mal aconselhados por oportunistas de vão de escada, à coca de dinheiros europeus e respectivas escorrências.
No caso do rio, acharam que bastava anunciar um investimentos de 20 milhões e a coisa ficava resolvida. Não ficou. O realojamento dos calés do Flecheiro até nem correu muito mal, mas ninguém ponderou antes as consequências nefastas para os novos vizinhos, que eram detectáveis, e elas aí estão. cada vez mais graves e frequentes, como era previsível. E depois ainda acham que quem vota no Chega é porque não regula bem da cabeça...
O caso do açude do Mouchão, tradicionalmente desmontável, que se tornou fixo para não sobrecarregar o pessoal braçal da Câmara, transformou-se numa anedota. A presidente de então reconheceu que tal não era a tradição, e que o açude aumentava o nível médio da água, mas garantiu que em caso de inundação não haverá agravamento provocado pelo açude. Mais comentários para quê?
Situação semelhante no caso do maltratado jardim da Mata. Cortada a água dos Pegões, alterou-se um ecossistema que já durava há três séculos, e cujo desaparecimento já causou e vai continuar a provocar sérios danos no coberto vegetal, a começar pela antiga Horta dos frades, o actual jardim da entrada. Do alto da sua competência, assessorada não se sabe por quem, Anabela Freitas.determinou e mandou publicar, à custa dos contribuintes, a sua sentença sem apelo nem agravo: é uma doença do buxo, um fungo, e os técnicos garantem que com uns tratamentos de insecticida o problema fica resolvido. Basta lá ir para ver que não ficou. Resta arrancar e replantar. Para depois secar novamente, enquanto a água não voltar a correr nos Pegões, até à torre de Dª Catarina, no castelo templário.
Falando em templário, surge agora, repentinamente, o caso da "experiência templária imersiva", que foi muito badalada, mas durou apenas alguns dias. Uma arreliadora avaria obrigou a encerrar a sala respectiva, que ninguém sabe quando reabrirá, pois depende de serviços de manutenção informática, que se ignora quando e de onde virão. Isto num monumento Património da humanidade, com problemas de estacionamento, de acesso, de segurança, de visitação, de horários, de sanitários e de recursos humanos preparados. Mas houve quem entendesse que era melhor instalar a tal sala imersiva, que permitiu arrecadar umas largas centenas de milhares de euros aos seus autores. A manutenção, as lacunas e os visitantes que se lixem.
De resto, há mais de dois anos, a autarquia encomendou a uma empresa de Braga, pela módica quantia de cem mil euros, um conjunto de sinalização turística a instalar no núcleo histórico. Onde está essa sinalização? E não se pense que são só casos do passado. Nos últimos dias, o Tomar na rede alertou para a queda de pedaços de reboco da torre sineira de Santa Maria dos Olivais.(ver link). 
Ao contrário do afirmado na notícia, que foi útil e oportuna, o perigo é bastante relativo, pois o reboco já vem caindo há pelo menos dez  anos (ver imagem) e ainda não se registaram acidentes pessoais. Mesmo assim, apareceu logo um usual comentador a recomendar "um aturado trabalho de manutenção em todo o conjunto, cuja importância histórica é por demais evidente." E a terminar com este encómio: "Merece uma atenção ao nível do que se praticou na Igreja de S. João." Que custou quase dois milhões de euros, convém recordar.
Azar dos azares, quem conhece aquele templo de além da ponte, sabe muito bem que apenas necessita um novo reboco com saibro em parte da torre sineira, e alguma atenção no portal principal, cuja recuperação é praticamente impossível, dado o estado avançado de degradação, provocada pelo salitre ou cancro da pedra. Tudo o resto está bem e recomenda-se, incluindo o telhado, que foi limpo e reparado há poucos anos. Mas os fundos europeus, e sobretudo as respectivas escorrências, são uma tentação neste desgraçado país. Mais uns milhões europeus para Santa Maria, vinham a calhar para certos bolsos, mesmo não havendo necessidade de grandes obras naquele outrora panteão templário.




domingo, 17 de março de 2024


Meu Caro Amigo António Rebelo, mais uma vez vem do Brasil o que falta em Tomar e se me permite, já que ninguém lê eu aproveito aqui entre nós, para lhe dizer a minha opinião e no sentido de concordar com quase tudo o que tem vido a abordar sobre este importante assunto, nomeadamente para a nossa terra.
Debate sério, sobre os problemas e qual a estratégia, essa é a questão fundamental para o progresso no futuro de Tomar, já que o passado é bem evidente, foi e é um desastre tremendo, na governação municipal.
Outra coisa é o recrutamento do pessoal político, para a gestão municipal.
Esse foi também um grande problema nos últimos 50 anos e será no futuro.
Ausência de conhecimento político, de gestão pública e de conhecimento de áreas a gerir ou a desenvolver, isso matou como estamos a assistir, qualquer possibilidade de melhoria em qualquer área.
Só o gasto em foguetes aumentou.
Tomar e Portugal, necessitam de um forte abanão e parece estar já em marcha e na ausência de outra via o CHEGA, será possivelmente muito útil para que isso aconteça, razão evidente são já os votos que obteve nesta eleição.
Duas outras questões, que no PS não foram permitidas discutir e que agora se colocam é a base eleitoral actual, são os mais velhos e menos instruídos.
Curioso é, que tendo o PS na sua liderança a geração mais nova (da JS), não atraia os eleitores mais novos, sinal mais do que evidente, da sua errada gestão e estratégia.
Enfim é na mudança de pessoas de estratégia e muito possivelmente, até de partidos, que o futuro pode ser melhor, é já hoje o sinal dado por os eleitores, falta assim o debate, a escolha dos protagonistas a apresentar aos eleitores, os programas e equipas, para uma outra e melhor governação dos interesses da comunidade.
Claro que em Tomar isso é uma impossibilidade, em que o CHEGA, terá agora uma grande possibilidade de fazer acordar, não só o PS, mas também o PSD, de que assim não servem Tomar.
Pena, que numa análise séria e livre a esperança, possa estar noutros novos partidos e não nos que naturalmente o meu caro Amigo, eu também e muitos outros eleitores esperam.
Será que o PS, acorda e faz o óbvio?
Texto de António Alexandre, copiado do Facebook

Política local - debate

Desde o 25 de Abril, 
em Tomar "só o gasto nos foguetes aumentou"


Meu caro conterrâneo e amigo António Alexandre:

Gostei tanto do seu detalhado comentário no Facebook, que resolvi copiá-lo e publicá-lo mais acima, com os meus agradecimentos. Não queria estar agora no seu lugar. Provedor da Santa Casa, haverá leitores que vão decerto pensar que o meu prezado amigo devia era entreter-se a tentar fazer milagres, em vez de criticar os daquela casa onde ambos já fomos felizes, e os outros mais alaranjados.
A mim, o que me preocupa sobretudo, é a manifesta incapacidade dos visados para entenderem o meio humano no qual vivem e trabalham. Como bem sabe, em vez de ouvirem e eventualmente responderem, como é seu direito, tanto a maioria como a oposição acham que o problema são os críticos e a liberdade de informação.
Consideram que estão a governar bem, ou a desempenhar correctamente o seu papel de oposição, e que os que criticam querem apenas roubar-lhes os lugares. Que são gente sem categoria. O mais curioso, é que quase toda a informação local parece também pensar a mesma coisa, mas percebe-se porquê. Têm a mesma origem social, frequentaram as mesmas escolas, vão aos mesmos cafés e restaurantes, e comem dos mesmos orçamentos.
Nestas condições, é óbvio que o Chega aparece agora como a única alternativa possível. Resta apurar se os seus actuais dirigentes saberão estar à altura das circunstâncias. Alguns indícios recentes levam a pensar que há neles um excesso de entusiasmo com o recente sucesso nas legislativas, uma certa euforia,  o que os leva a assumir atitudes tipo César na Gália: "Cheguei, vi e venci". Se assim for, nada feito. Como bem sabem os que foram caçadores, só se deve vender a pele do animal depois de o capturar.
Ganhar a Câmara de Tomar não vai ser nada difícil em 2025. Basta ouvir quem sabe, (um saber de experiência feito), arranjar antes o candidato adequado, um projecto  bem estruturado, e uma lista com fôlego. Daquelas que impõem respeito, mesmo aos adversários. Depois é só fazer uma campanha eleitoral eficaz e aguardar os resultados. 
Haverá bom senso para tanto? Como reza o velho provérbio, "dá tempo ao tempo, e o tempo dá-te todas as respostas." Mas há também o dito milenar chinês, segundo o qual "quando o dedo aponta a Lua, os néscios olham para o dedo". E quando se limitam a olhar para o dedo, ainda nem tudo está perdido. Pior é quando resolvem hostilizar, como é por vezes  o caso em Tomar.

sábado, 16 de março de 2024

Henrico Berlinguer, secretário geral do PCI, partidário do eurocomunismo, que chegou a alcançar 25% dos votos em Itália. Onde isso já vai...

Resultados eleitorais

A pensar em voz alta...

Aqui, a mais de sete horas de avião de Lisboa, seguindo com empenho o que se passa no meu país e na minha terra, tenho a deia que os eleitores de esquerda, sobretudo os das alas mais radicais, ficaram atordoados com a para eles inesperada subida do Chega. De tal forma que choveram, e continuam a chover, disparates a esse respeito. Desde o "pôr de parte" às acusações caluniosas, tem havido de tudo, culminando com a expressão muito tomarense "está tudo doido ou quê?", que vinda de gente de esquerda, me levou a pensar nos internamentos psiquiátricos forçados, que se praticavam na ex-União Soviética, nos anos 60-70 do século passado. Com uma argumentação praticamente inatacável: Quem criticava um regime tendo como objectivo assumido o bem comum, só podia estar louco. Há hoje em Tomar, sobretudo entre os novos licenciados disto e daquilo, quem pense exactamente o mesmo. Mas ganrantem que não são comunistas. Contradições por assumir.
Atingiu-se agora tal nível nos comentários disparatados, que o próprio secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, foi claro e contundente: "Não há 18% de fascistas no país." Pois não, camarada Santos. Nem 18% de cidadãos que saibam o que isso é, quanto mais agora 18% de fascistas.
O pessoal político formado à pressa em 1974/75, e os seus herdeiros, têm interesse em reformular o discurso quanto antes, sob pena de desaparecerem a médio prazo. Porque, sejamos francos, o fascismo foi um movimento político italiano de extrema direita, que se associou aos nazis de Hitler, tendo depois o seu fundador, Benito Mussolini, sido executado publicamente pelos seus adversários, juntamente com a sua companheira. O problema é que, havendo ou não muitos fascistas em Itália, eles estão de novo no governo da senhora Meloni, juntos com outros partidos de extrema-direita. E não consta que a União europeia esteja muito incomodada com tal situação, proveniente de eleições livres e limpas, após o que não há nada a fazer, senão aceitar.
Na minha óptica, o Chega não é um partido fascista nem anti-democrático, de acordo com as normas ocidentais, mas apenas um movimento político de causas. Aquilo a que a extrema esquerda chama populismo, e existe um pouco por toda a Europa, com destaque para a França, a Itália a Holanda e a Hungria, E que estava a fazer muita falta em Portugal, onde partidos sem passado, com a notável excepção do PCP, se arvoraram em condutores de massas, a reboque dos militares de Abril, com excelentes intenções mas desprovidos de grande formação política.
De tal forma assim tem sido, e se mantém, que em Tomar subsiste um caldo partidário tipo sopa de pedra. Um consenso geral nunca assumido, que faz que anda mas não anda, nem deixa andar. A título de exemplo, o Chega diz publicamente ao que vem: combater a corrupção e os tachos, controlar a imigração, os ciganos e os assistidos do RSI, melhorar a justiça, moralizar a administração pública, e por aí adiante. As tais causas.
Cinquenta anos após Abril, os partidos tradicionais com expressão tomarense, o que pensam a tal respeito? Ninguém sabe. Mesmo no que concerne a temas locais, impera o silêncio e o subentendido.
Qual a posição de cada partido em relação ao oneroso modelo organizativo dos tabuleiros? Ao desempenho dos serviços camarários? Sobre o parque de campismo? Àcerca da degradação da Mata e dos Pegões? Do realojamento dos ciganos de Flecheiro? Da gestão do Convento de Cristo? Dos equipamentos turísticos que não há? Do estacionamento no casco urbano? 
Reina o acordo tácito geral. Nada de mexer em assuntos que podem prejudicar, em termos de posterior recolha de votos. Com uma única e notável excepção: No caso lamentável da Tejo Ambiente, a CDU já se pronunciou claramente. São a favor do desmantelamento e do regresso aos SMAS-Tomar. Não se pode dizer que seja uma posição muito realista, mas tem o mérito da clareza, enquanto os outros...
É a evidente falta de coragem e de transparência dos partidos tradicionais que vai alimentando o Chega, com Ventura a saber abordar os temas que mais agradam à generalidade da população. O Chega ganhou no Algarve, porque além dos seus temas acima elencados, prometeu que trataria do Hospital e da crónica falta de água, por exemplo.
Em vez de se excitarem contra o êxito do Chega, numa clara demonstração de desejo mimético contrariado, os militantes da esquerda, sobretudo aqueles da mais radical, deviam estudar com atenção o que aconteceu ao partido de Henrico Berlinguer, e aos seus 25% de votos, de Georges Marchais e os seus 20% de votos, de Krivine e a sua 4ª internacional, e mesmo ao PS de Miterrand, em vez de moerem o juízo a gente politicamente pouco culta, com posições caducas e temas ultrapassados. Porque no meu entender, o Chega está para crescer e durar, quer se goste ou não, como fica demonstrado com a senhora Meloni e a senhora Marine Le Pen, que apesar de vítima de Macron, num célebre debate em que não se mostrou à altura, vai conquistando cada vez mais votos para o partido fundado pelo seu pai.