Se é dos poucos tomarenses que se interessam por estas coisas do património, pode ir a googlemaps.com ou googlearth.com (mais difícil) e obter esta imagem, com uma enfiada de 5 balões do lado esquerdo, quase na vertical. O primeiro a contar de baixo representa os Brasões, o 2º as arcadas da Felpinheira, o terceiro a nascente do cú alagado e o último a nascente da boca do cano. Falta a nascente do Vale do feto, mas não se pode pedir tudo a quem nem sequer é de Tomar.
Clicando em cada um dos balões, obtém-se uma imagem semelhante a esta da Nascente do cú alagado. Classificada como atracção turística de 4 estrelas.
Situação deveras paradoxal. Os estrangeiros da Google sabem onde fica, já viram e até classificaram como atracção turística. Os tomarenses da zona, conhecem perfeitamente mas nada dizem, porque lhes interessa continuar a roubar a água do aqueduto. A maioria dos tomarenses não sabe sequer que tal coisa existe, nem estão interessados em saber.
Quanto aos políticos locais, têm em geral falta de adequada preparação. Mas isso é a principal doença do país, que provoca muitas outras. Políticos mal preparados, técnicos mal preparados, empresários mal preparados, professores mal preparados, engenheiros mal preparados, em suma, gente mal preparada. O que até seria muito menos grave, não fora o caso de pensarem exactamente o oposto. Regra geral, somos sempre os melhores e os mais bem preparados, e depois é o que se vê.
Defesa do património
CDU é a primeira força política (e até agora a única) a defender a recuperação da Cerca e do Aqueduto do Convento de Cristo.
Num texto publicado n'O Templário de ontem, na página 9, Bruno Graça refere que um grupo de simpatizantes da CDU, e de militantes do PCP, visitou o Tanque da cadeira d'El-rei, no interior da Mata dos sete Montes, e a nascente da Porta de ferro, um dos mananciais dos Pegões, próximo dos Brasões. Segundo o referido deputado municipal, há obras junto ao tanque, tendo em vista obter água a partir de um furo artesiano, uma ideia estrambótica típica da governação socialista. Anabela Freitas e o organismo responsável pela gestão da Mata terão concluído que recuperar o aqueduto e as nascentes é muito complicado e oneroso, implicando depois constante manutenção e vigilância, enquanto um furo artesiano, é só furar e aproveitar.
Esqueceram, ou nunca souberam, dois detalhes. Primeiro, é muito pouco provável que haja água subterrânea em quantidade no Outeiro dos ciprestes. Segundo, se houver será a partir dos 90 metros de profundidade, o nível do fundo do rio Nabão. O que implicará uma bomba submersível, que não é barata...e a respectiva energia eléctrica a levar até ao local. Ou irão instalar painéis solares por cima do tanque?
No estado actual das coisas, terá sido o custo do projecto, da execução do furo e da bomba de sucção a instalar no furo, que determinaram a opção artesiana, em detrimento do velho aqueduto, que não dá percentagem sobre os custos totais. Estamos assim, que se há-de fazer? Aguardar a limpeza prometida pelo outro, que ainda vai levar o seu tempo?
Retornando ao aqueduto, tem razão o pessoal da CDU e simpatizantes. É urgente recuperar as nascentes, a começar pela da Porta de Ferro. Mas, ao contrário do que escreveu Bruno Graça, não se trata da primeira, e sim da última, no sentido > Convento de Cristo. Antes há a Boca do cano, o Cu alagado e o Vale do Feto, um troço do aqueduto em muito mau estado, que até foi cortado em tempos para um pequeno proiprietário local poder passar com o seu tractor, e julgo que continua por reparar. Mas para esses lados ninguém vai. Fica fora de mão e não convém. (Ver imagens supra)
Perde-se assim um bom manancial por gravidade, em tempos de poupança de energia, mas também é bem sabido que desde 2013 temos tido uma Câmara mãos largas, que gasta milhões com festas e subsídios para colectividades ditas "culturais e desportivas". Compra de votos, é o que é. Com os resultados que estão à vista. Há cada vez mais tomarenses a votar com os pés. Se calhar vão para outras autarquias onde se gasta menos com festas e se vive bastante melhor. Feitios, diria o saudoso Raúl Solnado.
Boa tarde Professor. Eu tenho um pequeníssimo terreno a 240 metros em linha recta da nascente da porta de ferro, estive agora a medir no Google Maps. A 135 metros, em linha recta fica o tanque, que já aqui lhe falei. Vou-lhe mandar a imagem por email. Há uns anos secou, estive agora a ver no google maps que não há nada á volta, não há ninguém que possa ter interesse em roubar a água. Eu sei que o professor não é um técnico na matéria mas faz ideia de como é que é possivel recuperar uma nascente que secou? Agora, que chuveu muito, era natural a água estar a jorrar mas, mesmo que isso aconteça, e eu não sei porque não estou lá, e em breve eu conto lá ir e até vou fazer fotos que lhe vou mandar, a água não vai chegar ao aqueduto porque as valas estão cheias de ervas. É muita erva. E olhe que até lá há terrenos que eu penso nem terem dono, o meu falecido pai legalizou o meu (e da minha irmã) por usocapião e escritura de justificação em notária, mas isso acarreta custos e nem todos estão para isso. Mesmo que a câmara limpe aquilo, se a fonte estiver a correr por causa da muita chuva que ocorreu, quando vier a seca é natural que os caminhos da água fiquem outra vez obstruídos. Como disse conto lá ir ver in loco e vou-lhe mandar fotos, agora já sei onde é graças ao Google Maps.
ResponderEliminarPelo que me foi dito em tempos, os desvios de água acontecem, ou aconteciam, antes da nascente da porta de ferro e na própria nascente. Com a ida do seminário que esteve no Convento para Cernache, deixou de haver manutenção e fiscalização de todo o aqueduto, o que provocou abusos. Actualmente a água da Boca do cano, do Cu alagado e do Val do feto não chega à Porta de Ferro., porque o aqueduto está cortado num determinado sítio.
EliminarO Helder situou a origem do problema, ao falar da sua propriedade. Tudo aquilo era da Ordem de Cristo, cedido em regime de aforamento. Com a extinção da ordem e a nacionalização dos seus bens, em 1834, ficou tudo ao Deus dará. Cada um ficou com o que amanhava, mais o que não tinha dono, e a situação mantém-se. Donde resulta que não têm título de propriedade, nem sabem bem os limites das mesmas, as extremas como dizem. Muitos estão convencidos que é tudo do povo, mas estão enganados. O aqueduto e dois metros de terreno de cada lado são propriedade do Estado, e nunca fizeram parte de qualquer aforamento. Se um dia tivermos uma Câmara com gente que saiba o que anda a fazer...
Se se fala numa nascente é porque lá brotava água do solo, e deve de ser verdade porque eu via a água no tanque, que escorria depois para baixo. Eu não sabia é onde era a fonte, agora já sei. Não sei em que ponto é que ela entrava no aqueduto. Se a água voltasse a malta aproveitava porque é de graça. Ela ás vezes falhava mas chegou a um ponto que secou de vez. Eu agora também estou curioso em como a recuperar. Eu vou lá ver e digo-lhe o estado em que se encontra. Cumprimentos e votos de boa saúde.
EliminarEstes alertas sobre o aqueduto são sempre pertinentes!
ResponderEliminarMas no caso do Google Maps, é preciso ter em conta que na verdade é cada vez mais uma rede social do que uma aplicação de mapas.
Qualquer utilizador dessa rede (o que somos quase todos.. sem o saber muito bem) pode propor novos "pontos de interesse", corrigir, etc, sendo que existe um filtro/gestão da Google.
Se os negócios e atividades comerciais de iniciativa privada já há muito que sabem das vantagens desta rede (restaurantes, etc) poucos sabem das vantagens da divulgação de outros pontos de interesse não tão comerciais (as entidades públicas que promovem o turismo e património e que ao nível local detêm o conhecimento deveriam estar na linha da frente, mas... )
Sobre as 4 nascentes se reparar bem estão todas 'cadastradas' mas a que diz que não aparece, está indicada como Nascente do Vale do Pote.
Sobre danos no aqueduto - existem vários, o mais caricato é um provocado por uma obra pública de condução de água (Águas do Tejo), que supostamente tinha apoio de arqueólogos e que mesmo assim não sabia do traçado do Aqueduto... ( https://omirante.pt/semanario/2006-09-27/sociedade/2006-09-27-conduta-colide-com-aqueduto-dos-pegoes )
Mas sobre esse infeliz acontecimento já passaram quase 20 anos, algumas coisas melhoraram - agora o traçado do Aqueduto já está inscrito no PDM (mas ainda incompleto porque a CMT ainda não corrigiu a planta de condicionantes a faixa de proteção de 25m para cada lado, apesar de se ter comprometido a isso na fase de concertação, e de estar inscrito no regulamento do próprio PDM. Aguardemos... até para ficar harmonizado com o geoportal da DGPC/PC, IP que indica essa faixa de proteção).
Por outro lado existem também novos problemas - o abandono das terras de cultivo que eram também áreas de retenção e infiltração, o licenciamento de floresta de produção de eucalipto que afetará certamente os mananciais de água.
Mas de todos, o maior problema é o abandono. "Longe da vista, longe do coração", como se diz.
Nunca conseguirá atrair-se financiamento para algo que ninguém conhece, não sabe onde fica, nem sabe como lá chegar (só se "conhece" o troço de 300m dos Pegões, em mais de 6000m ... e a arcaria do Vale da Felpinheira?! )
O primeiro passo poderia ser criar e manter condições para permitir área de caminhada (informal!, nada de sofisticado) ao longo do aqueduto durante todo o ano, e claro informação a identificar e apontar para os principais pontos - nascentes e minas, arcarias mas também túneis, ventilações, decantações.. informação útil para caminhantes, mas também condutores de máquinas, madeireiros, praticantes de 4x4, etc.. antes que seja tarde