Quando o presidente da Câmara de Tomar (34 mil eleitores) tem de se deslocar a Ferreira do Zêzere (7 mil eleitores) para renovar o passaporte, (ver link) duas coisas se tornam evidentes: 1-A miséria dos serviços públicos em Tomar; 2 - A nossa perda de estatuto. Em termos administrativos e para a administração central, já não somos mais que uma aldeia grande, rodeada de povoações mais pequenas mas mais produtivas, por isso melhor providas de funcionários.
Política local
Tempo político agreste no vale nabantino
Na Nazaré, a nossa praia tradicional, dizem que "támar" quando a agitação marítima impede a ida para a faina da pesca. Exactamente o que está a acontecer em Tomar, onde a agitação não é marítima, mas terrestre e bem evidente. Insistindo na sua pretensão, por se sentir injustiçado, o arquitecto Nuno Madureira vai pressionando, como é seu direito e até obrigação ética, para dignificar a profissão que exerce.
Fortemente contestado, entalado entre as partes em conflito, e impotente perante a gravidade da situação, o presidente da Câmara respondeu o que era possível, na reunião de segunda-feira 4/03/2024, sem ofender a camarilha, com excessivo poder de facto naquela casa. Alegou que há falta de pessoal na autarquia. Uma afirmação que carece de fundamentação séria. Com um funcionário para cada 68 habitantes, 7 arquitectos na DGT e 12 engenheiros no DOM, num total de 618 funcionários, Tomar tem a maior densidade de recursos humanos da zona, em autarquias de mais de 20 mil eleitores. Para quê, se tudo demora tempos infindos?
Sem desautorizar o presidente, o vereador Francisco, do PSD, lá foi dizendo que há excesso de recursos humanos nalguns sectores, e carência noutros (ver link). Ignora-se se será assim, na ausência de exemplos concretos quantificados, sendo todavia indesmentível que há na Câmara funcionários competentes e dedicados, faltando porém trabalhadores, servidores públicos e técnicos superiores interessados em resolver os problemas dos munícipes, em vez de cuidarem dos seus próprios interesses. É tão evidente, e desde há tanto tempo, que o difícil é não ver.
Mas a justificação avançada pelo presidente tem uma uma base vivida. Admitindo a angustiante falta de pessoal na Conservatória do Registo Civil de Tomar, que não cabe à autarquia resolver, Cristóvão confessou que teve de se deslocar a Ferreira do Zêzere, para aí obter um passaporte. (ver link). Quando nem a primeira figura executiva do concelho consegue ser atendida num serviço público, tendo de se deslocar a uma vila ao lado, para obter um documento de viagem, imagina-se o resto sem qualquer dificuldade. Estamos mesmo no rumo certo, na companhia de uma camarilha extremamente simpática e prestável, decerto a candidatarem-se às próximas medalhas de ouro a atribuir pelo Município, como reconhecimento por serviços excepcionais.
Rir ainda é o melhor remédio, sobretudo quando não há outros.
Não sei se o professor se lembra mas já aqui tinha aflorado o problema da conservatória do registo civil. Nas finanças idem, na cgd ibidem!!!! "The list goes on" como dizem os falantes da língua inglesa.
ResponderEliminarComo disse o presidente Cristóvão, e bem, não é ele que manda na conservatória e só resta aos eleitores mudar o paradigma no próximo domingo, se é que ainda não o fizeram. Eu já votei.
Estamos numa terra cada vez mais desgraçada. Se há pessoal suficiente, as coisas arrastam-se devido à burocracia e à corrupção endémica. Se não há pessoal suficiente, demora-se a ser atendido, o que leva as pessoas a procurarem outros locais de atendimento. Mais tarde, o governo dirá que não se justifica colocar mais funcionários, porque há cada vez menos procura.
EliminarA tendência é os serviços virem a ter cada vez menos pessoal por causa da internet, hoje é tudo digital. Mas, por exemplo,o meu problema é que eu não uso um telefone português, não sei se o professor mantém, eu não, e recuso-me veementemente a ter de manter um, e os inteligentes que desenham os sistemas informáticos metem os campos da morada como se fosse o português, e mesmo que você tenha casa em Portugal, como é o meu caso, não é a sua morada habitual, aquela que está no cartão do cidadão, e você nao a pode usar, tem de ser a do estrangeiro.
EliminarE também há a barreira informática, eu tenho uma certa dificuldade ás vezes.
Há dinheiro para festanças, para música jazz e outras merdas mas não há para pôr mais pessoal, que até nem ganham muito, são assistentes técnicos, nestes serviços essênciais. Chama-se a isto desgoverno, mas os carneiros e borregos continuam a votar neles.
ResponderEliminarO mal não é de agora, já há uns anos fui á Barquinha renovar a minha carta de condução, não sei porquê, só em Tomar não existe loja do cidadão, existiu uma mas desapareceu, e parece que ninguêm se importa com isso, é o mal desta terra, contentam-se com pouco.
ResponderEliminarJá que cortam em tudo poderiam também reduzir o número de deputados, acessores, vereadores, adjuntos, etc..., aí eles não mexem para não prejudicar a DEMOCRACIA.
EliminarCortam em tudo: na saúde, na educação, na segurança, onde as esquadras e carros de patrulha estão uma miséria, nos serviços básicos mas não mexem na política. O único partido que defende isto é chamado de FASCISTA. Este é o meu gesto para o nosso deputado PS: 🖕
Já não ouço ,só vejo miséria !!!
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