segunda-feira, 4 de março de 2024



Quando o presidente da Câmara de Tomar (34 mil eleitores) tem de se deslocar a Ferreira do Zêzere (7 mil eleitores) para renovar o passaporte, (ver link) duas coisas se tornam evidentes: 1-A miséria dos serviços públicos em Tomar; 2 - A nossa perda de estatuto. Em termos administrativos e para a administração central, já não somos mais que uma aldeia grande, rodeada de povoações mais pequenas mas mais produtivas, por isso melhor providas de funcionários.

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Tempo político agreste no vale nabantino

TOMAR – PSD quer «adequar» estrutura da Câmara: «Alguns serviços têm pessoas a mais e outros têm pessoas a menos» | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

TOMAR – Registo Civil continua sem o número de recursos humanos adequados às necessidades… e até o presidente de Câmara teve de ir a Ferreira do Zêzere renovar o passaporte | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Na Nazaré, a nossa praia tradicional, dizem que "támar" quando a agitação marítima impede a ida para a faina da pesca. Exactamente o que está a acontecer em Tomar, onde a agitação não é marítima, mas terrestre e bem evidente. Insistindo na sua pretensão, por se sentir injustiçado, o arquitecto Nuno Madureira vai pressionando, como é seu direito e até obrigação ética, para dignificar a profissão que exerce.
Fortemente contestado, entalado entre as partes em conflito, e impotente perante a gravidade da situação, o presidente da Câmara respondeu o que era possível, na reunião de segunda-feira 4/03/2024, sem ofender a camarilha, com excessivo poder de facto naquela casa. Alegou que há falta de pessoal na autarquia. Uma afirmação que carece de fundamentação séria. Com um funcionário para cada 68 habitantes, 7 arquitectos na DGT e 12 engenheiros no DOM, num total de 618 funcionários, Tomar tem a maior densidade de recursos humanos da zona, em autarquias de mais de 20 mil eleitores. Para quê, se tudo demora tempos infindos?
Sem desautorizar o presidente, o vereador Francisco, do PSD, lá foi dizendo que há excesso de recursos humanos nalguns sectores, e carência noutros (ver link). Ignora-se se será assim, na ausência de exemplos concretos quantificados, sendo todavia indesmentível que há na Câmara funcionários competentes e dedicados, faltando porém trabalhadores, servidores públicos e técnicos superiores interessados em resolver os problemas dos munícipes, em vez de cuidarem dos seus próprios interesses. É tão evidente, e desde há tanto tempo, que o difícil é não ver.
Mas a justificação avançada pelo presidente tem uma uma base vivida. Admitindo a angustiante falta de pessoal na Conservatória do Registo Civil de Tomar, que não cabe à autarquia resolver, Cristóvão confessou que teve de se deslocar a Ferreira do Zêzere, para aí obter um passaporte. (ver link). Quando nem a primeira figura executiva do concelho consegue ser atendida num serviço público, tendo de se deslocar a uma vila ao lado, para obter um documento de viagem, imagina-se o resto sem qualquer dificuldade. Estamos mesmo no rumo certo, na companhia de uma camarilha extremamente simpática e prestável, decerto a candidatarem-se às próximas medalhas de ouro  a atribuir pelo Município, como reconhecimento por serviços excepcionais. 
Rir ainda é o melhor remédio, sobretudo quando não há outros.

 

7 comentários:

  1. Não sei se o professor se lembra mas já aqui tinha aflorado o problema da conservatória do registo civil. Nas finanças idem, na cgd ibidem!!!! "The list goes on" como dizem os falantes da língua inglesa.

    Como disse o presidente Cristóvão, e bem, não é ele que manda na conservatória e só resta aos eleitores mudar o paradigma no próximo domingo, se é que ainda não o fizeram. Eu já votei.

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    1. Estamos numa terra cada vez mais desgraçada. Se há pessoal suficiente, as coisas arrastam-se devido à burocracia e à corrupção endémica. Se não há pessoal suficiente, demora-se a ser atendido, o que leva as pessoas a procurarem outros locais de atendimento. Mais tarde, o governo dirá que não se justifica colocar mais funcionários, porque há cada vez menos procura.

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    2. A tendência é os serviços virem a ter cada vez menos pessoal por causa da internet, hoje é tudo digital. Mas, por exemplo,o meu problema é que eu não uso um telefone português, não sei se o professor mantém, eu não, e recuso-me veementemente a ter de manter um, e os inteligentes que desenham os sistemas informáticos metem os campos da morada como se fosse o português, e mesmo que você tenha casa em Portugal, como é o meu caso, não é a sua morada habitual, aquela que está no cartão do cidadão, e você nao a pode usar, tem de ser a do estrangeiro.

      E também há a barreira informática, eu tenho uma certa dificuldade ás vezes.

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  2. Há dinheiro para festanças, para música jazz e outras merdas mas não há para pôr mais pessoal, que até nem ganham muito, são assistentes técnicos, nestes serviços essênciais. Chama-se a isto desgoverno, mas os carneiros e borregos continuam a votar neles.

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  3. O mal não é de agora, já há uns anos fui á Barquinha renovar a minha carta de condução, não sei porquê, só em Tomar não existe loja do cidadão, existiu uma mas desapareceu, e parece que ninguêm se importa com isso, é o mal desta terra, contentam-se com pouco.

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    1. Já que cortam em tudo poderiam também reduzir o número de deputados, acessores, vereadores, adjuntos, etc..., aí eles não mexem para não prejudicar a DEMOCRACIA.

      Cortam em tudo: na saúde, na educação, na segurança, onde as esquadras e carros de patrulha estão uma miséria, nos serviços básicos mas não mexem na política. O único partido que defende isto é chamado de FASCISTA. Este é o meu gesto para o nosso deputado PS: 🖕

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  4. Já não ouço ,só vejo miséria !!!

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