terça-feira, 26 de março de 2024

 


Tribuna de Ana Palmeiro Calado - PSD Tomar

VAMOS SER DIFERENTES ESTE ABRIL


A propósito, da nova lei (já não tão nova), mas que traz variantes, a famosa Lei nº 4/2019 de 10 de Janeiro, que estabeleceu um sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a sessenta por cento (60%), a tal que comporta a melhor das vontades, para que a diferença seja uma responsabilidade de todos.
Em Portugal, no século XXI, a começar a comemorar cinquenta anos de democracia, a luta por direitos ainda se faz presente. E se esses direitos são diferentes, se esses direitos são exclusivos, maior é a batalha, maior é a afirmação.
Um dos pilares europeus dos Direitos Sociais – o Princípio 17 - sublinha que as pessoas com deficiência têm direito a um apoio ao rendimento que lhes garanta uma vida digna, a serviços que lhes permitam participar no mercado de trabalho e na sociedade, e a um ambiente de trabalho adaptado às suas necessidades.
A deficiência, fardo pesado, carrega num registo próximo do absurdo, o peso da sua diferença e aos problemas materiais somam-se muitas vezes os imateriais, barreiras da área relacional, das atitudes e dos comportamentos, as quais impedem sempre o acesso ao exercício pleno da cidadania.
A empregabilidade de inúmeros cidadãos com deficiência continua a ser uma miragem, cá como lá, mas falemos de cá, que é o que nos interessa. Por cá, temos uma lei, aprovada (e muito bem) que garante quotas, a empresas privadas que preencham determinados requisitos, na obrigatoriedade de contratação da pessoa com deficiência. Grosso modo, e não me alongando muito, estabelece o sistema de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%. Tal significa que, passado o período de transição da lei, a partir de 1 de fevereiro de 2023, empresas com mais de 250 trabalhadores terão de ter 2% de pessoas com deficiência na sua força de trabalho, e empresas com 100 a 250 trabalhadores terão de ter 1%. Para as empresas com um número de trabalhadores entre 75 e 100, a lei entrou em vigor no dia 1 de fevereiro de 2024. 
E o público, e a função pública? Continua a reger-se por outra lei, já completamente obsoleta, de aplicabilidade sofrível, e até aos dias de hoje podemos afirmar que o Estado não tem feito o seu papel. O número de cidadãos com deficiência trabalhadores da Administração Pública é, no conjunto do universo destes trabalhadores, francamente diminuto, fazendo todo o sentido que o Estado, na sua qualidade de grande empregador, reafirme a sua responsabilidade e tome a seu cargo, o exemplo.
Vem isto a propósito, dos nossos desmandos nabantinos. Sendo a Câmara Municipal de Tomar, um dos maiores empregadores da região, o que tem este executivo feito quanto a este assunto? E não me refiro à simples obrigatoriedade de abrir concursos e nele fixar quotas que deverão ser preenchidas por pessoas portadoras de deficiência, pois isso é um mero exercício “para inglês ver”. 
Vejamos, em 2013, os que tomaram posse. O número de trabalhadores, teve um salto significativo desde 2017 para agora, um aumento de 34% (em 2017 eram 453). Quantos desses são portadores de deficiência? O que se tem feito, pela integração, pela inclusão, pelos direitos fundamentais da pessoa portadora de deficiência. Parece-me que zero, neste caso é mesmo ZERO (não existe copo meio cheio, ou meio vazio, conforme a perspetiva). Uma situação que a todos deve fazer soar sinais de alarme. Não se pode fomentar a inclusão só no papel. A inclusão fomenta-se na ação.
Não é caso único em autarquias socialistas, mas desses, que me perdoem, não embarco na cantiga do atual Presidente, a já cansada e bafienta conversa, “e os outros?”. Eu quero e acredito numa sociedade, que se preocupa e movimenta “céus e terra” para promover uma vida digna, a todos, sem exceção, mas mais ainda quem à partida começa a corrida descalço. Devemos todos, e mais ainda quem tem poder e posição para o fazer, criar condições de vida às pessoas portadoras de deficiência, e aos desafios com que se deparam na vida quotidiana para que a procura da sua autonomia seja uma verdade.
Vamos ser uma Câmara proativa e diferente das outras, vamos ser diferentes a começar já neste abril cinquentenário. É este o desafio que proponho.

Ana Palmeiro Calado

Vice-Presidente do PSD de Tomar

1 comentário:

  1. Não podia estar mais em desacordo com esta senhora. Estas leis das cotas é que tramam este país. O que as empresas têm de contratar são os melhores, os mais capazes, independentemente da raça, do género, da idade, da deficiência, da política, enfim, de tudo.... as leis das cotas são abjectas, dão me nojo. São feitas pelos atrasados mentais do BE, e a Isabel Moreira do PS. Para mim essas pessoas estão ao nível dos agressores em casos de violência doméstica, são atrasados mentais.

    As pessoas com deficiência têm de ser apoiadas por uma sociedade forte, com impostos gerados por empresas fortes que consigam gerar muito dinheiro para ajudar quem não consegue e não pode.

    ResponderEliminar