quarta-feira, 6 de março de 2024

Política local - A hora das contas

A informação conformada 

numa terra de oposição acomodada

Longe de Tomar, ignoro como vem sendo a campanha eleitoral no burgo e no concelho. Mas imagino. Um ou outro candidato de passagem, uma ou outra reunião, talvez umas comezainas e não se fala mais no assunto. Como disse o De Gaulle, durante o Maio de 68, a situação é incompreensível.
No triste e apagado quotidiano tomarense, assim à primeira vista, apenas este blogue insiste na inconveniência de cuspir na sopa e urinar fora do penico. Quer dizer, de criticar o que deve ser criticado, sem exagero mas também sem condescendência. Os outros, é como se sabe. A maioria no poder esforça-se, no sentido de fazer parecer que está tudo bem, enquanto a oposição nunca está onde e quando é precisa. Existe apenas oficialmente. Nunca toma posição, a favor ou contra, seja qual for o assunto. São seguidistas crónicos, por opção. Não querem arriscar perder os 618 votos dos funcionários municipais. Não são opção.
Não havendo na prática oposição, a informação local vai-se limitando a debitar a visão oficial das coisas, distribuída pelos serviços da autarquia. Sabe o que pensa o PSD sobre o custo exagerado da Festa dos Tabuleiros? E sobre o licenciamento de obras? E sobre a corrupção local? E sobre a crise demográfica? E sobre o péssimo estado da Mata? E sobre a falta de equipamentos urbanos de acolhimento?
No próximo domingo é tempo de ir votar. A hora das contas. Algo desorientada com a situação local, onde é cada vez mais difícil saber quem está com quem e para quê, em termos políticos, palpita-me que a abstenção pode aumentar, e que o Chega pode obter um excelente resultado no concelho, porque o Ventura teve a coragem de anunciar aos quem vem: "Vamos limpar Portugal". E Tomar está mesmo a precisar de uma limpeza, quanto mais não seja para remover algumas teias de aranha onde menos se espera. Surpreendidos? Cito uma quadra popular revelada por Nini Ferreira, num dos seus livros:

Adeus ó quinta da fome
E maldita sejas tu
Temos ferrugem nos dentes
E teias de aranha no cu

Outros tempos, de triste memória. Mas está-se mesmo a ver que não era gente da gamela, o que lhes permitiu ser lestos na crítica, que nenhum jornal da época publicou, porque havia a censura. Já então...

4 comentários:

  1. A rádio Hertz está-se a mostrar um projecto interessante. O Professor viu o vídeo no YouTube da rádio Hertz da reunião da câmara do Entroncamento onde foi chumbada pela terceira vez a construção de habitação a custos controlados? Eu estou estupefacto com o que assisti!!! Será um novo fenómeno do Entroncamento???

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    1. Quando se está por dentro, a opinião é outra. Parece ser um daqueles casos em que "quando a esmola é grande, o santo desconfia". Um dos intervenientes foi bem claro, ao referir que não percebia a insistência, quando há no Entroncamento apartamentos devolutos a degradar-se e ninguém lhes pega.
      O problema pode resumir-se assim: Habitação a custos controlados = moradores de poucos recursos, quase sempre ciganos ou Rimistas, e disso os entroncamentenses não querem, porque dizem que já lá há até demais. Trata-se sem querer de uma afronta aos esquerdistas do PS e ao BE, sempre advogados de causas muito difíceis, como a Palestina, a Venezuela, os ciganos e os pseudo refugiados políticos, mas que se há-de fazer?

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    2. É capaz de ser o único concelho do país que não utilizou estes fundos. Perderam quantos milhões? Dezasseis???!!! Vamos lá ver como é que o povo responde nas próximas eleições, ae o presidente PS for esperto, e acredito que seja, vai usar isto na campanha.

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    3. Esperto ou não, há uma realidade que não vai conseguir alterar: há pouca segurança, muitos ciganos e demasiados marginais no Entroncamento. É esse o âmago da questão que levou à perda de 18 milhões. Único concelho que recusou? Mas também não há no país outro concelho como o Entroncamento.

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