sábado, 2 de março de 2024

Imagem de António Freitas, com os nossos agradecimentos.

Dia da cidade e Dia de Portugal

Comemorações comemorativas

António Freitas já escreveu o essencial, na crónica anterior. Na comemoração comemorativa do dia de Tomar, havia eleitos que não se sabem comportar e botaram discurso, e eleitos que se sabem comportar e também botaram discurso. Falta agora enquadrar o evento.
Este dia da Cidade é um dos muitos filhos do Dia de Portugal de antes do 25 de Abril, que há por esse país fora. Então como agora, havia discursos e paradas militares e condecorações e festas e comezainas. Com notáveis diferenças. Pese embora o seu carácter reaccionário, os discursos eram bem menos e bem melhores, com um ponto comum. Falava o sr, professor Salazar, e mais tarde o sr, professor Marcelo Caetano, como agora fala em Tomar o sr, professor Hugo Cristóvão. Quem tiver pachorra e competência para tanto que faça uma análise comparativa entre os três, em termos de qualidade discursiva.
-Mas o Cristóvão foi eleito, enquanto os outros... dirão os arautos da situação. Peço desculpa por contrariar, mas estão a ver mal. Cristóvão só foi sufragado como vereador pelo eleitorado, após escolha pelo colectivo partidário. Como acontecia antes do 25 de Abril. A única vantagem é que agora as eleições não são aldrabadas. Por enquanto? Em qualquer caso, Cristóvão é o sucessor de Anabela Freitas -e isso nota-se- tal como Marcelo sucedeu a Salazar pela força das circunstâncias.
Tal como agora aconteceu mais uma vez em Tomar, nestas comemorações há sempre condecorações, outra herança do Dia de Portugal de Salazar. Com a notável diferença que as condecorações do 10 de Junho eram ganhas "entre perigos e guerras esforçados, mais do que permitia a força humana", bastas vezes com o sacrifício da própria vida, ao serviço de uma causa errada, mas mesmo assim cumprindo um dever, enquanto as actuais, melhor é nem falar. Até condecoraram o mordomo dos tabuleiros, para cumprir a tradição, pois os antecessores também já foram medalhados. A longo prazo vai faltar gente a nível local para tanta medalha...
Outro ponto comum entre o 10 de Junho de antes do 25 de Abril e o 1 de Março de Tomar é a existência de um inimigo de estimação, contra o qual tudo é permitido. Antes do 25 de Abril eram os comunistas. Agora em Tomar é "o gajo que faz o Tomar a dianteira 3", à falta de melhor. À socapa muitos continuam lendo. Publicamente ninguém o admite e todos condenam. Viva a hipocrisia! A versão nabantina do nacional-carneirismo está bem e recomenda-se.
Uma questão final, que só não me preocupa muito, porque já não estou para durar décadas. Os militares acabaram com as condecorações do Dia de Portugal e com o regime. Se não fossem eles, se calhar... E em Tomar, quem vai acabar com a fantochada, a bandalheira e o folclore político?

2 comentários:

  1. Concordo em pleno que gostos não se discutem , mas gostos são gostos e regras são regras , neste caso do protocolo para mais em cerimónia pública e solene ,as vestes do presidente deixam muito a desejar a quem na CMT , ( existem muitos livros editados acerca de etiqueta e protocolo )define a cerimónia .
    Só um item define quem o usa ,terão os sapatos sido comprados ou oferecidos por algum dos contemplados com casas á borla ,eu não fui de certeza !!!

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  2. Eu não ouvi o discurso dele (ainda), ouvi um pouco do Eng.Bruno Graça e do Américo Costa, que como de costume não me entusiasmaram, mas não é preciso ouvir porque eu tenho a certeza que o do presidente Cristóvão também não me vai entusiamar. Discursos lidos são horríveis, um discurso lido é um comunicado de imprensa, que não causa nenhum impacto nas pessoas, não arrepia, não emociona. Eles até podem ter os papéis á frente como uma ajuda mas a maneira como o fazem é horrível. Se querem ver como se faz vejam os discursos do presidente Kennedy sobre Berlin, ou sobre a ida á lua. Quem for fluente em inglês vai ficar arrepiado. Nenhum dos nossos políticos sabe discursar.

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