quinta-feira, 7 de março de 2024



Turismo e eventos

Um mal entendido lamentável 

e uma vigarice de todo o tamanho

TOMAR – Concelho registou 134 mil dormidas durante 2023, num aumento em relação ao ano anterior (c/vídeo) | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

Parece-me cada vez mais evidente que há na sociedade portuguesa, particularmente em Tomar, uma fractura geracional. Em vez do tradicional entendimento entre gerações, feito de concessões mútuas, estamos agora naquela fase de confronto, alimentado por um equívoco ou mal entendido, que até pode ser também uma reles vigarice. Os licenciados de primeira geração (e sei o que isso é, pois também já o fui, mas em 1972 e em França) tendem a considerar os mais velhos, e os seus iguais sem diploma universitário, como uma cambada de ignorantes crédulos, a quem se pode dar a engolir qualquer mercadoria.
A agora vice-presidente Filipa Fernandes acaba de debitar uma série de dados sobre turismo local e hotelaria, que sendo úteis, são apresentados de tal forma que se tornam irritantes e falsos. Em causa está o estilo da senhora. A sua evidente arrogância, tipo carga de cavalaria, que pretende levar tudo à frente, nunca me convenceu. (Ver link)
As informações veiculadas pela senhora vereadora, mostram que há no seu discurso qualquer coisa que não cola. Informa que se registaram aumentos em todos os dados disponíveis, como por exemplo mais 10 mil dormidas na hotelaria tradicional em relação a 2022, e uns milhares nos locais visitáveis geridos pela Câmara. Um grande êxito de afluência, sem dúvida. E daí, talvez nem tanto assim.
Pergunto eu, sempre ignorante com sede de aprender: Não houve em 2023 a chamada Festa grande, onde se gastou à grande, chegando-se a quase milhão e meio de euros dos cofres camarários? Segundo as várias declarações, valeu largamente a pena, em termos promocionais, uma vez que vieram a Tomar, de acordo com o próprio mordomo da Festa, cerca de um milhão de visitantes, nos dez dias que durou o evento.
Um milhão de pessoas durante os dez dias, dá uma média de 100 mil por dia. E só houve um aumento de 10 mil pernoitas hoteleiras durante todo o ano? Não bate a bota com a perdigota. Nem lá perto. Outro dado muito curioso, facultado pela análise da senhora, refere-se aos visitantes espanhóis. Segundo referiu, foram atendidos no turismo local, durante todo o ano de 2023 cerca de 1.800 espanhóis, o que contrasta com os 3.634 que visitaram a Sinagoga durante o mesmo período, e que logicamente são os mesmos nos dois casos. Dos que visitaram a Sinagoga, alguns foram ao turismo, outros não.
Ainda de acordo com as informações camarárias, 41% dos espanhóis que foram ao turismo municipal eram de Madrid e 12,6% da Andaluzia., o que nos dá respectivamente 900 madrilenos e 190 andaluzes. Ocasião para a senhora vereadora ostentar satisfação pela obra realizada: "Estes números refletem o esforço que o Município tem feito, no sentido de marcar presença na FITUR, que se realiza em Madrid."
Valha-nos Deus! Menos de mil madrilenos para justificar uma pesada despesa anual, uma vez que os andaluzes não contam, pois para eles Portugal fica mais próximo que Madrid. Desde 2013,  e da célebre viagem à Índia, que a senhora vereadora anda a tentar vender aos tomarenses gato por lebre, tentando convencer-nos que o Gualdim está a cavalo ali na praça, quando se vê muito bem que está a pé e de costas para a Câmara. Tem a senhora tido algum sucesso, reconheço. Todavia, como escreveu Lincoln, é impossível enganar toda a gente durante muito tempo, e desta vez Filipa Fernandes ou abusou, ou se estendeu ao comprido.
Ao enumerar os visitantes do turismo municipal, da Sinagoga, e de cada uma das unidades do complexo da Levada, por exemplo, está a contar várias vezes os mesmos, pois é normal um turista visitar vários locais numa mesma terra. Fê-lo para "encher o olho"? É uma lamentável vigarice, indigna de uma eleita. Não se deu conta? Espalhou-se ao comprido, mostrando a sua carência intelectual. Tendo em conta os antecedentes, inclino-me mais para a vigarice deliberada, que naturalmente condeno.




4 comentários:

  1. Bom dia Professor. Tenho aqui uma dúvida que talvez me possa esclarecer, até porque tem casa lá próxima: quem é que mantém financeiramente a sinagoga de tomar? Não há bilhetica como no convento!!!

    E já agora se me pode relembrar o nome daquele homem já falecido que esteve muitos anos á frente daquilo, sucedendo-lhe a mulher.

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    1. Boa tarde Helder! A Sinagoga foi doada à Câmara pelo seu comprador, o judeu Samuel Schwartz. Oficialmente é o Museu Abraão Zacuto, cujas despesas de manutenção e funcionamento são pagas pelo orçamento municipal. Segundo os dados oficiais, o ano passado foi visitada por 40 mil turistas, o que, a 2,50 euros de entrada, sempre daria 100 mil euros. Uma ninharia que não interessa à Filipinha, vice-presidente de uma câmara rica como a nossa. Que paga a uma empresa privada para lá ter um guia local em permanência. Foi a solução encontrada, depois da morte do sr. Vasco e mais tarde da mulher, que viviam na mesma rua e tomavam conta daquilo gratuitamente, incluindo a limpeza. O pessoal da Câmara não está para essas coisas. Só para receber o vencimento no fim do mês.

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    2. Vou-lhe dizer o que nenhum político diz, porque não tem coragem. Eu estava para lhe dizer que nós precisávamos era de mais Judeus, gente de trabalho, inteligente, e depois fui ver á wikipedia os dados da economia portuguesa e de israel e comparando a paridade do poder de compra comecei-me a rir: diz a wikipedia que Portugal tem um rendimento per capita de 26 mil dólares mas que comparando o que as pessoas conseguem adquirir á escala global dá a sensação que vivem com 45 mil e duzentos dólares. Ao contrário Israel tem um rendimento per capita de 58,273 mil dólares mas, voltando a comparar á escala global as pessoas são 54750 dólares.

      Resumindo, em Portugal as pessoas recebem 26 mil dólares mas o dinheiro estica, vive-se bem e a malta chega folgada ao final do mês, ao passo que em Israel o dinheiro não chega ao fim do mês, os judeus vêm-se á rasca.

      Estou sempre a aprender..

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  2. Já agora a taxa de pobreza em Israel são mais de 20% enquanto que em Portugal são 17%. Éramos felizes e não sabíamos.

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