sábado, 23 de março de 2024


Comparando resultados eleitorais

Atordoamento geral 

sobretudo entre os progressistas


A leitura das redes sociais e da informação mais especializada, mostra que na sequência das recentes eleições legislativas, a principal consequência foi o atordoamento, sobretudo na esquerda dita progressista. Compreende-se. O murro no estômago foi forte e inesperado.
A tal ponto que pessoas inteligentes, incluindo alguns cérebros locais, têm reacções estranhas. Enquanto um propõe que se boicote o pessoal do Chega, fazendo de conta que não existem, outro mostra grande contentamento porque obteve um resultado segundo ele semelhante ao do Chega (50 deputados). Falo do dr. Tavares, do Livre (4 deputados). Segundo declarou "O Chega cresceu 4 vezes, e o Livre também." Um brincalhão, este sr. Tavares.
Procurando ajudar a compreender, digerir ou recuperar, consoante os casos segue-se um quadro comparativo dos resultados da autárquicas 2021 e das legislativas 2022 e 2024, no concelho de Tomar, e só no que concerne ao Chega e à soma das duas formações ditas progressistas, BE e CDU. Os tais cérebros vão procurar denegrir a coisa, alegando que não se podem comparar autárquicas com legislativas.
Não vejo o que possa impedir tal comparação, uma vez que o eleitorado é o mesmo, em  momentos diferentes, e apesar disso, os resultados progressistas nem são assim muito diferentes, pelo menos no concelho de Tomar. Pouco agradáveis, é certo, mas muito homogéneos.


QUADRO COMPARATIVO DE RESULTADOS ELEITORAIS

-----------------------Aut. 2021---------------Leg. 2022-----------------Leg. 2024

---------------------Chega--BE+CDU---Chega ---BE+CDU------Chega----BE+CDU

A. Rib.-Ped.-----3,02%-----8.00%------6,18%.......8,13%...........17,01%------7,99%

Casais-Alv.--------6,04%-----8,57%------9,56%-----7,64%-------20,33%------5,28%

Olalhas------------7,02%-----4,83%------8,29%-----4,63%--------19,57%------2,68%

Serra/Junc.-------7,46%------5,04%------8,99%-----4,80%--------22,33%------5,22%

S. Pedro----------4,53%------6,68%-----12,02%-----6,61%--------25,13%------6,33%

Asseiceira-------5,63%------9,03%------11,60%-----8,77%--------22,97%-----7,79%

Paialvo----------9,31%-----15,75%------12,85%----10,39%-------28,78%-----7.59%

Madal-Bes.-----5,57%-----10,92%------11,53%----10,48%------21,98%------8,80%

Urbana----------6,61%-----11,30%--------9,28%------9,44%-----18,45%------7,42%

Carregueiros--5,13%------16,72%-------10,70%-----10,00%-----20,54%-----7,40%

Sabacheira----1,56%--------8,36%---------5,43%-------6,09%----21,10%-----6,12%

Fonte:resultadoseleitorais.mai.gov.pt

A partir destes resultados oficiais, múltiplas conclusões são possíveis. Contento-me com quatro:

1 - O Chega está em acentuada subida e a extrema esquerda unida em queda lenta mas geral.
2 - Não tem justificação nos números, não sendo por isso aceitável, a atitude esquerdista de desprezo pelo Chega e pelos seus eleitores. Cheira a inveja.
3 -Resulta claramente destes dados que os eleitores do Chega não vêm em geral da extrema-esquerda.
4 - Na maior freguesia do concelho, a da área urbana, o Chega subiu de 6,61% para 18,41% em três anos, enquanto a extrema esquerda unida desceu de 11,30% para 7,42% . E em Carregueiros ainda foi mais acentuado. Regrediram de 16,72% em 2021, para apenas 7,40% em 2024.  Dá que pensar, não dá? Sobretudo quando se tem igualmente em conta que na mesma pequena freguesia, governada pela CDU, o Chega passou de 5,13% em 2021, para 20,54% em 2024. Não acredito que em Carregueiros haja assim tantos fachos. Não será melhor rever a atitude geral? São os eleitores que votam mal? Ou os partidos tradicionais que deixaram de responder às necessidades e aspirações da população em geral?


1 comentário:

  1. O confronto com a realidade desfavorável é sempre um problema para a cabeça. Mais fácil não ler. Até os avestruzes, apesar de se suspeitar que não sabem ler escrita alfabética, preferem meter a cabeça na areia quando presentem algum perigo. E lá vão vivendo, mesmo sem informação essencial. Mas os avestruzes felizmente não tem o dom da palavra... Uma desgraça nunca vem só.

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