sexta-feira, 22 de março de 2024

Escola Jácome Ratton nos velhos tempos, quando ainda havia árvores na placa central da Rua da Graça. Foto de arquivo particular.


Alojamento para estudantes

Será o equívoco uma mania tomarense?


Veio a ministra e tudo. A conhecida cientista Elvira Fortunato, a terminar funções ministeriais. Houve discursos de circunstância, mas a cerimónia foi discreta, o que se saúda. Tratou-se de colocar uma placa alusiva na nova residência para estudantes, nas instalações da velha Escola Industrial e Comercial de Tomar, onde mais tarde, após a transferência para as novas instalações além da ponte, até chegou a funcionar a esquadra da polícia.
Trata-se portanto de uma obra útil, orçada em mais de dois milhões de euros, que transforma o velho casarão numa residência estudantil com 68 camas. O sonho de qualquer estudante. Alojamento ao preço da uva mijona, em pleno centro urbano e com uma tasca do outro lado da rua. O Politécnico é um bocado longe, mas que se lixe. Haverá menos enquadramento humano. O aproveitamento escolar promete!
Na sua intervenção, o presidente do IPT reiterou que se trata de tentar suprir a carência habitacional em Tomar, para estudantes de menores recursos, acrescentando que a carestia habitacional será uma das causas do elevado abandono escolar, que em Tomar ultrapassa os 39%, o mais elevado do país. Compreende-se a afirmação, mas teme-se que não corresponda à inteiramente à realidade. 
Que se saiba, o IPT nunca encomendou estudos no sentido de apurar as causas do elevado abandono académico em Tomar, sendo evidente que carece de sentido a justificação de falta de alojamento. Se assim fosse, o fenómeno seria mais grave em Lisboa, Porto ou Coimbra, onde a concorrência é maior, provocando  o aumento acentuado dos custos. Pelo contrário, verifica-se que a seguir a Tomar aparecem Beja, Portalegre e Castelo Branco, todas no interior profundo e mais afastadas de Lisboa.
Mais este equívoco leva a comparar este caso da residência estudantil com a morte anunciada do jardim da Mata dos sete montes. Também ali, apesar de devidamente informada pelos meios locais, a então presidente da Câmara, conhecida especialista florestal, recusou a ideia da falta da água dos Pegões como causa do anunciado desastre, garantindo que se tratava de uma infestação por fungos, que seria resolvida com pulverizações de insecticida.
A Câmara pagou o "tratamento", mas um ano depois, no início da primavera, constata-se que o resultado não foi nada famoso. Aquilo está uma miséria, agora com o arranque total e a substituição como único  c remédio. E depois recomeçará o mesmo ciclo. Sem a água dos Pegões...
Teme-se que venha a acontecer algo parecido com a nova residência estudantil, pois um total de 300 camas de baixo custo para um pequeno politécnico, é quase um internato académico, com muita cama para pouco estudante. O que vale é que, ao contrário do jardim da Mata, que está uma vergonha e não serve para nada, a nova residência sempre poderá servir de alojamento turístico durante as férias, como acontece por essa Europa fora, em todos os países que não têm a mania que são ricos com as esmolas europeias.
A reacção dos hoteleiros locais é bem capaz de não ser a mais favorável, o que se compreende.


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