terça-feira, 19 de março de 2024


Imprensa local

O director do semanário decano não foi de cana, mas o periódico mais antigo está outra vez quase de padiola, rumo ao cemitério mais próximo


Explicando a charada do título: O director do semanário Cidade de Tomar, condenado pelo Tribunal da Relação de Évora  a não poder exercer cargos em empresas, nunca cumpriu a sentença. Continuou no cabeçalho do jornal, e nada lhe aconteceu até agora. Não foi de cana, decerto porque se considera acima das leis, ele que é causídico, mas também não é caso para isso. Se até assaltantes com faca continuam em liberdade, depois de constituídos arguidos, seria realmente uma violência deter um director desobediente de um jornal regional obediente. É o novo regime de  impunidade geral. Salve-se quem puder!
Mesmo com o director de pedra e cal no cabeçalho, o velho jornal, que completa 89 anos, vai de mal a pior, como já é habitual. Periódico de direita, desde o 25A que vem dando o corpo à curva, apoiando quem o apoia. Que remédio! É a prova provada de que não é possível fazer bom jornalismo com maus profissionais, mas é corrente fazer mau jornalismo com bons profissionais. Basta obrigá-los a usar óculos ideológicos à medida das necessidades patronais.
Bem vistas as coisas, trata-se até de uma coincidência muito relevante. O comunista Trotsky, assassinado no México por ordem de Estaline, inventou o conceito de "revolução permanente", assim uma coisa parecida com o que a menina Mortágua tenta ir fazendo no BE. Mais tarde, por necessidade, os gestores de Cidade de Tomar foram arrastados para algo parecido -o conceito de "crise permanente".
Sem ideias nem projectos fecundos e salvadores, logo que saído de uma crise, o semanário nabantino mergulha noutra, como bem sabem os seus assalariados, que volta e meia recebem quando recebem. A mais recente boia de salvação encontrada, foi o pagamento adiantado de publicidade por parte do Município de Tomar, da ordem dos 75 mil euros mais IVA. Uma evidente ilegalidade, mas como muito boas intenções: evitar críticas e salvar nove postos de trabalho. Os tais que só recebem quando calha e há dinheiro em caixa.
Agora que pelos vistos uma vez mais o dinheiro não chega, vá de tentar chantagear  a maioria autárquica, procurando evitar o desemprego dos tais 9 profissionais. E voltará decerto a haver algum dinheiro para salários, pelo menos até às autárquicas de 2025, para não ficarem uns nem outros mal na fotografia. Vamos ter assim, durante mais uns largos meses, uma Câmara de esquerda PS a apoiar um semanário de extrema direita, (os seus fundadores eram salazaristas convictos), reconvertido à força em voz de quem paga, enquanto vão praguejando contra o extremista André Ventura e o Chega, que nunca pediram nada à autarquia tomarense, nem apoiaram ditadores. Há cada vez mais situações difíceis de entender no vale nabantino.


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