domingo, 24 de março de 2024

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Tribuna de Fernando Caldas Vieira  

Tomar. Um dedo de conversa.

Notícias.

Tomar voltou a estar na comunicação social portuguesa e, como sempre acontece quando o tema não é comida e festa, os motivos foram os piores. O tio que matou o sobrinho, o homem que violou e torturou a mulher, um cadáver no parque de campismo (que não é parque, nem campismo) e o Castelo de Bode a descarregar.
Deixemos de lado o caso do parque das caravanas, ficando só a dúvida se numa instalação à séria um corpo ficaria abandonado tanto tempo. Não vale a pena insistir que a água descarregada na barragem é energia desperdiçada por incompetência das autoridades que tiveram medo de criar encaixe no armazenamento e com isso correr o risco da água para os lisboetas não ser suficiente.
O secretário de estado e o vice-presidente da APA vieram cá gabar-se desta atuação. Lembro a entrevista à Rádio Hertz, em que até o jornalista foi maltratado (2023-06-19).

TOMAR – Hertz questionou secretário de Estado do Ambiente e vice presidente da APA sobre a poluição (youtube.com)

Ficam os casos de violência familiar. A situação é preocupante e está à vista no relatório da Procuradoria de Santarém, conforme notícia do Tomar na Rede

https://tomarnarede.pt/sociedade/em-2023-entraram-no-tribunal-de-tomar-quase-600-queixas-de-violencia-domestica/

Com o detalhe do próprio documento:

https://comarcasantarem.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/pdf/str_relatorio_anual_2023.pdf

Sim, no Departamento de Investigação e Ação Penal de Tomar deram entrada 600 inquéritos de violência doméstica, num ano!

As instituições.

A questão é que o poder político tem vindo a lidar da pior maneira com o assunto. Falo com a autoridade de quem alertou para o problema na coluna do Templário que a estimada Isabel Miliciano me dispensava em 2021, com o título de Municipalidades (28 de janeiro e 15 de abril) e por ter sido o único candidato a introduzir o tema na campanha eleitoral autárquica no mesmo ano. Em ambos os casos com o alheamento que me habituei a receber nas minhas intervenções.

https://www.youtube.com/watch?v=5LpH1Xx1ZHM&t=3353s minuto 22:30

A nível autárquico existe a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), organismo que reúne uma série de autoridades e representantes políticos, cuja gestão é presidida por uma funcionária da autarquia, a Dr.ª Tânia Franco, psicóloga.
Tem-se debatido com as instalações atribuídas e com a ineficiência comum a estes organismos. Pelo país fora, os crimes mais hediondos cometidos contra crianças, residem em casos já sinalizados pela CPCJ. No site da Câmara não se consegue extrair nada e nas redes sociais pouco se obtém:

http://www.cm-tomar.pt/index.php/pt/viver/2014-10-07-10-01-38/cpcj
https://www.facebook.com/profile.php?id=100066704264034

Depois temos o tal Espaço M.  A ideia original deveria ter evitado o crime de violação e
tortura. Rapidamente se verificou que ia ser uma inutilidade, reconhecida pelas próprias técnicas que lá trabalham, incluindo a psicóloga da CPCJ (se é que a informação está atual).
Inaugurada com grande divulgação, pela então presidente. (cf imagem)

https://mediotejo.net/tomar-espaco-maria-disponivel-para-apoiar-e-aconselhar- vitimas-de-violencia-domestica/

Em pouco tempo, devolviam vítimas aos agressores.

https://omirante.pt/sociedade/2021-01-17-Tomar-tem-um-gabinete-de-apoio-as- vitimas-de-violencia-domestica

Agora dedicam-se a apoio psicológico. É necessário, mas é pouco. Muito pouco, quase nada.

https://www.facebook.com/municipiotomar/posts/pfbid02VbMX7fCcbVRifbkron1e7S

u29EYxGZydqwRFYXrFy7QrdZEeAqY3r9ctjTE41sTJl

A sociedade.

As pessoas querem soluções. Soluções que lhes escapam e então mobilizam-se em ações de que na prática não tiram resultados: É o laço azul que junta até a vereação dos dois partidos:

https://www.facebook.com/fernando.caldasvieira/posts/pfbid0MFZ8m4dBMD7x3vE5

UiMrdznNx9EpTnxWm5s86e4va3WXUrP26K15UC3jQ8EGFAzCl

Como é obvio, em nada contribui para a prevenção de coisa nenhuma. É a marcha silenciosa, que para além da manifestação de apoio a esta vítima só recria o silêncio do sofrimento de todas as vítimas como ela. Mesmo o apoio já vem tarde.

https://radiohertz.pt/tomar-comunidade-une-se-contra-a-violencia-domestica-e-

promove-marcha-silenciosa-na-segunda-feira/?fbclid=IwAR0K0a_QnfXIb6KJW8p-

3wi73sypneuaHPbBI6ndU5r3hfhJ9R9bnbHum4Y

Mas quando o Município propõe que “para o bem do planeta, desligue as luzes durante uma hora!” vê-se bem como estamos entregues a iniciativas inconsequentes.
Espero que a Filipa (a nossa vítima) recupere e possa vir a retomar a sua vida com a proteção a que tem direito. É inimaginável aquilo por que passou. É preciso que a perda de um dos seus dedos ponha as instituições a deixarem de ser só conversa.

Fernando Caldas Vieira foi cabeça de lista do CDS nas autárquicas de 2021

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