sábado, 11 de dezembro de 2021

 


Tomar em Dezembro de 1888


Tomar em Dezembro de 2021

População - política - alienação

Estão uns para os outros

Apesar da opinião pública local considerar que a Câmara anterior era fraca,  e a oposição nula, isso não obstou a que o PS tenha conseguido uma assinalável maioria em Setembro, com o PSD a pouca distância, numa consulta eleitoral em que a abstenção não ultrapassou o nível geral no país, à roda dos 50%. Como explicar tal contradição, um mau executivo e uma péssima oposição, que mesmo assim obtêm bons resultados eleitorais?
O povo dá a resposta, na sua herdada sabedoria milenar: "Estão uns para os outros"; "São farinha do mesmo saco"; "Tão fraco és tu como és tu". Em termos mais evoluídos, este e os outros executivos camarários que temos tido, mais não são afinal que amostras perfeitas da população que somos. Ou, como diria um fruticultor, pereiras só dão peras e meloeiros melões. Há dúvidas?
No caso tomarense, o problema parece-me ser a infantilização das pessoas, cujo comportamento geral aparente é de adultos com mentalidade de crianças. Eis um exemplo recente que não engana.
Num concelho de 40 mil habitantes, a menos de duas horas da capital do país, há dois semanários noticiosos e duas rádios locais, não sendo contudo possível apurar com segurança e exactidão o leitorado de uns ou o auditório dos outros. Haverá, quando muito, sondagens e indicações de tiragens.
Temos porém as redes sociais, amaldiçoadas por quem lidera a autarquia, porque ainda não as conseguiu comprar. Nesta altura, o blogue local com mais leitores devidamente comprovados é o Tomar na rede. A muitos milhares de distância do Tomar a dianteira 3, que ontem registou apenas 254 visitas. Pouco, mas bem bom, para um órgão que só trata  praticamente de política local, numa terra de gente em geral acriançada, como se passa a tentar demonstrar.
Num rápido controle, às 9 horas da manhã de 11/12/2021, apuraram-se os seguintes conteúdos e respectivos leitores, no Tomar na rede, de acordo com as estatísticas da Google:

1 - "Chirila: o triste fim de um gato especial". 4.986 leitores em 5 horas.
2 - "António Gameiro fora das listas PS". 435 leitores em 12 horas.
3 - "Câmara anuncia evento de há dois meses". 266 leitores em 7 horas
4 - "Toy e Mónica Sintra animam Santa Cita". 3.380 leitores em 17 horas.
5 - "Centro de vacinação muda para sede do Sporting." 785 leitores em 24 horas.

Actualização às 23H42 de Lisboa
"Chirila: o triste fim de um gato especial" já ultrapassou as 8.916 visualizações! O simples atropelamento de um gato, numa cidade do interior tornou-se viral. Apaixonante! Que terra! Que gente!

Como claramente se nota, o atropelamento do gato Chirila e os artistas que vão animar Santa Cita tiveram milhares de leitores em poucas horas. Em contrapartida, tudo o que pareceu  assunto político,  ficou-se aquém dos oitocentos leitores.
Mais comentários para quê? Já não tenho idade para isso, mas se fosse mais novo lançava um diário, ou semanário local, de banda desenhada e curiosidades miudinhas, com uma BD "Anabela na terra das maravilhas, onde vai sempre tudo bem enquanto houver dinheiro". Ou então "Branca de neve e os muitos mamões". Era êxito garantido. E com uns subsídios camarários, ainda acabava rico. Bastava abster-me de criticar os eleitos, escrevendo em vez disso o que eles gostam de ler.
Estão em causa todos os tomarenses? É claro que não. Apenas uma boa parte. Tão lorpas que insistem em estar convencidos de que têm razão, contra toda a evidência. Porque afinal, nos últimos dez anos, foram-se embora do concelho 4 mil eleitores. Porquê? Tem de haver causas. E quem diz causas, diz responsáveis.

ADENDA 1
Uma vez publicada no Tomar a dianteira 3, esta crónica conseguirá menos de 50 leitores nos próximos meses. Porque é mais uma fotografia, fiel mas impiedosa, dos tomarenses em 2021. Tratando-se de textos para memória futura, pouco importa o leitorado actual. Dentro de 50 anos, vão permitir compreender melhor a irremediável decadência de Tomar e do seu concelho. A não ser que entretanto os tomarenses resolvam ganhar coragem e mudar de comportamento. É muito pouco provável, mas a esperança é sempre a última a morrer. De qualquer forma, já cá não estarei para ver. Outros virão, que eventualmente bom de mim farão.

ADENDA 2
Numa versão mais elaborada, a quadra inicial podia ser assim:

Entrando nesta casa torta
Com a língua tome cautela
Pra não entrar pela porta
E sair pela janela

Com talento e um pouco mais de trabalho, é sempre possível melhorar.

Sem comentários:

Enviar um comentário