segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

 

Imagem ECO.pt, com os nossos agradecimentos

A barreira da língua - Os que sabem e os outros


Em português nos devíamos entender

Começa-se por tentar sossegar quem inicia a leitura. Não se assuste, ao ver a foto da Catarina Martins. Este blogue ainda não virou esquerdista, estilo BE. Apenas se pretende ilustrar uma ocorrência menos feliz.
Disse em tempos o imortal Pessoa, e eu peço licença ao seu espírito para subscrever: "A minha Pátria é a língua portuguesa". A mesma de Camões, que também escreveu em castelhano, a que depois se veio a chamar espanhol.
Já mais recentemente houve na Tv um programa intitulado "Em português nos entendemos", no qual se esclareciam dúvidas do falar português, mediante exemplos interpretados por actores. Outros tempos! Agora lêem-se algumas notícias e fica-se com a ideia que, a haver novo programa para esclarecer dúvidas de português, o título terá de ser "Em português nos devíamos entender". Concordando parcialmente com aquele compatriota, cujo nome me escapa, para o qual "Somos dez milhões de pessoas, separadas pela mesma língua."
Atente-se nestes dois nacos de prosa informativa, ambos atribuídos a Catarina Martins, dirigente máxima do BE, durante a sua visita aos Açores,  pela agência de notícias Lusa, e publicados no ECO Economia online:
"Há poucas coisas tão parecidas com a direita que uma maioria absoluta do PS." E durante a mesma intervenção, "Não há nada mais parecido do que uma maioria absoluta PS do que a direita."
Antes de mais, convém fazer o elementar para evitar dúvidas. "Endireitar" as frases maltratadas. Ei-las, em português corrente e escorreito: "Há poucas coisas tão parecidas com a direita como uma maioria absoluta do PS."
"Não há nada mais parecido com uma maioria absoluta  PS do que a direita."
Cogitará decerto o leitor que afinal, mesmo maltratado, o português continua a entender-se. É verdade. Mas todos os leitores terão as bases necessárias para tanto? E quem fala de forma deficiente, conseguirá pensar melhor?
Agora na vertente crítica, como é possível que em 2021, com "a geração mais preparada de sempre",  uma agência de notícias e um conhecido órgão de informação especializado em economia possam publicar tais bacoradas? Ninguém leu antes? Os editores estão com Covid?
Quem se perdeu afinal nos amplos e numerosos corredores comunicacionais do Português? Catarina Martins, por estar cansada, e por isso incapaz de raciocinar direito? O jornalista, pela mesma razão? Ou terá havido pelo meio alguma influência de adjuvantes, alcoólicos por exemplo?
Estropiando a língua mãe desta maneira, estamos a caminhar para o abismo. Porque, se mesmo falando com alguma correcção, já temos muita dificuldade em nos entendermos, agora imagine-se com uma língua aleijada.
E que tem tudo isso a ver ("a haver", como escrevem alguns lorpas) com Tomar?
Tem tudo, caras leitoras e caros leitores. Façam o favor de ir lendo com atenção a prosa informativa local e logo concluirão que Tomar a dianteira 3 só não critica certos desmandos nabantinos para não arranjar ainda mais inimigos de estimação. E por saber que, conforme reza do conhecido dito popular, "Burro velho já não aprende línguas".
Ao que se chegou, nesta extremidade ocidental da Europa. Criticar quem fala ou escreve mal em português, é praticamente um delito. Apesar de o autor destas linhas nunca ter afirmado que na área do português "Ninguém é mais forte do que eu!" Porque obviamente não é o caso. Nem na área linguística, nem em qualquer outra. Há é pessoas com afigurações. Infelizmente.

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