quarta-feira, 31 de maio de 2017

Autarcas a brincar ao turismo - 3

Os dois textos anteriores, que pode ler clicando aqui e aqui, descrevem por alto o trajecto entre a Praça da República e o Açude de Pedra, ou Açude da fábrica, através do multicentenário Caminho português de Santiago. agora com novo percurso, inventado pela Câmara. É provável que tenha sido obra de algum funcionário superior, daqueles que julgam que o mundo só existe desde que nasceram. Vai daí, fruto também de ensino de qualidade duvidosa, estão absolutamente seguros de que a Ponte de Peniche é de origem romana, o que está por demonstrar. Tal como acontece com as apressadamente baptizadas ruínas de Sellium, ali atrás do quartel dos bombeiros. E se fosse uma ponte romana, mesmo bastante pequena, mereceria o percurso pedestre agora proposto como Caminho de Santiago. Mas não é, até prova em contrário.
De qualquer forma, ponte romana ou não, o percurso é bastante pitoresco, porém difícil, perigoso e absolutamente despropositado enquanto Caminho de Santiago, porque representa uma perda de tempo, ao alongar o citado Caminho, conforme mostra o mapa, extraído do googlemaps


Sendo o tradicional Caminho de Santiago via estrada nacional 110, a amarelo e em diagonal no mapa, que vão os mal informados caminheiros fazer pelo agora inventado  percurso camarário, marcado a vermelho?
E não se trata apenas de alongar o caminho sem qualquer necessidade. Antes fosse só isso! Infelizmente não é.
Sem qualquer indicação prévia e adequada na área urbana, trata-se na verdade de um trajecto muito perigoso para turistas, porque bastante inóspito e longe de tudo. Caso haja uma doença súbita, uma entorse, uma queda, um assalto, um roubo, um estupro, quem acode e como? Os veículos não têm por onde rodar e os helicópteros não podem pousar, por causa da vegetação.
Nestas problemáticas condições, se um dia destes há um desastre, ou se um ou vários mariolas, vendo por ali passar turistas apetitosas e/ou outros com a bolsa bem guarnecida... O turismo tomarense sofrerá um rombo enorme, pois a informação correrá mundo em segundos. E depois?
Assim sendo, parece óbvio que a melhor solução será admitir o erro crasso cometido e retirar os pontos de sinalização do Caminho de Santiago, o qual nem sequer é ou foi por ali, conforme já referido. Ou então, no mínimo e para não dar o braço a torcer, completar a sinalização na área urbana, a partir da esquina da Rua do Centro Republicano, com avisos semelhantes a este rascunho, pelo menos em português, espanhol, francês e inglês:

Caminho português de Santiago, pela estrada Tomar-Coimbra

CUIDADO!!!

Desvio rural muito pitoresco de ... quilómetros. 
Percurso praticável mas inóspito, perigoso e sem vigilância. 
Socorro demorado e muito problemático em caso de acidente ou incidente, por falta de condições de acesso. 
Recomendado unicamente a grupos de caminheiros em boa forma física.

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