sábado, 25 de novembro de 2023




Legislativas de Março 2024

Se não os consegues vencer, contrata-os

Segundo o Observador de ontem, nas vésperas do congresso laranja em Almada, o líder do PSD declarou que, perante a nega da IL para formar uma coligação pré-eleitoral,  os social-democratas vão enveredar pela inclusão de independentes nas suas listas, nas próximas legislativas de Março de 2024. Exactamente a solução aqui apontada em crónicas anteriores, tanto para o PSD como para o Chega, uma vez que o PS local não precisa. Controla a estrutura socialista distrital, e já tem um deputado tomarense na AR, podendo eventualmente acrescentar outro.
Os dois quadros seguintes permitem visualizar a evolução dos resultados eleitorais do PSD e do PS, a nível distrital e local:

RESULTADOS  EM %  NO CÍRCULO ELEITORAL DE SANTARÉM

Anos--------------------PSD------------------------PS

2009------------26,97% - 30,54%--------33,70% - 31,99%

2011------------37,85% - 40,88%--------25,85% - 26,66%

2015-----------35,82% - 38,71%--------32,91% - 32,49%

2019----------25,20% - 27,04%---------37,13% - 38,23%

2022---------26,87% - 27,70%----------41,12% - 42,01%

Dados oficiais das eleições legislativas nas datas indicadas. Para cada partido, à esquerda as percentagens distritais de Santarém, à direita as percentagens no concelho de Tomar.

A primeira observação  é que tendencialmente ambos os partidos têm melhor percentagem a nível local que distrital, excepto PS em 2009, sendo os resultados mais nítidos no PSD. Segue-se que, após uma quebra em 2009, os social-democratas recuperaram e suplantaram os socialistas no distrito em 2011 e 2015, (com o tomarense Relvas no governo), mas a partir de então tem sido só derrotas. E em política, oito anos são uma eternidade. O PS que o diga.

RESULTADOS EM % NAS SUCESSIVAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS

TOMAR------------2009----------2013--------2017----------2021

PSD----------------34,96%-------26,14%-----34,39%-------34,60%

PS------------------26,19%-------27,59%-----40,22%-------39,70%

O PSD ainda conseguiu vencer em 2009, graças aos IpT, mas ferido de asa pela candidatura PS com um dissidente PSD à cabeça (Becerra Vitorino), veio a perder em 2013 por uma unha negra, em contraciclo, e a partir de então sem apelo nem agravo. Donde resulta inexoravelmente que, ou mudam de modus operandi, ou estão condenados a uma apagada e vil tristeza, como diria Camões. Conforme se pode ler no quadro supra, nos últimos 12 anos (2009/2021), o PS Tomar progrediu de 26,19% para 39,70%, um incremento de 13,51%, enquanto PSD se manteve nos 34%, o que mostra que algo não está a funcionar bem na casa laranja.
Que fazer e como fazer então? Encontrar e incluir nas listas, em lugares elegíveis, conforme propõe Montenegro, candidatos independentes. No caso de Tomar, esses candidatos devem ser, além disso, de preferência e se possível, ex-PS o mais conhecidos possível . Por razões evidentes. Seguir a conhecida frase popular, se não os consegues vencer, junta-te a eles.
Uma vez que não é isso que se pretende, mas antes enfraquecer o PS, para mais tarde os poder derrotar, adopte-se então a frase do título: Se não os consegues vencer, contrata-os. Como se faz no futebol e no desporto em geral. É arriscado? Não. Apenas pode prejudicar os militantes tradicionais em termos de expectativa de carreira. Dará resultado? Dá sim senhor. O PS tentou em 2009, com o ex-militante PSD José Becerra Vitorino como cabeça de lista. Perderam, devido à natureza fracturante dos IPT - Independentes por Tomar, que averbaram metade dos votos socialistas e conseguiram igual número de vereadores, dois cada. Mas venceram em 2013, em pleno ciclo PPC-Relvas,  e têm conseguido desde então manter o PSD arredado do poder tomarense, apesar da evidente falta de nível da actual maioria autárquica. Os outros ainda são piores, dizem eles, e a população vai votando como lhes convém..
Nestas condições, tanto o PSD como o CHEGA têm agora pela frente dois caminhos possíveis:
A - Incluir nas listas para as legislativas, e depois para as europeias, pelo menos um candidato de Tomar em lugar elegível, de preferência socialista ex-militante conhecido, como forma de robustecer as candidaturas de 2024, e a  autárquica em 2025;
B - Manter a posição usual de exclusão de independentes locais, e sujeitar-se às consequências. Conforme resulta dos dados antes publicados, só boa vontade e boas intenções não bastam para conseguir mais votos, e assim ter alguma influência na vida política local, regional e nacional. Tal como no futebol, na política os resultados é que contam.
Depois não venham dizer que ninguém vos avisou atempadamente. Está aqui a prova, para memória futura.














   

8 comentários:

  1. Eu ás vezes fico com a ideia que o professor pensa ser possível o PS eleger 2 deputados por Tomar mas olhe que isso não é possível. São 20 concelhias e á muita gente a querer comer da gamela. E para o parlamento europeu também é muito difícil, são 21 lugares para todos os partidos e são lugares muito disputados!!!

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    1. É verdade Helder. Mas controlando as estruturas partidárias respectivas, quase tudo é possível, uma vez que são os partidos que escolhem os candidatos e elaboram as listas.
      Já por lá andei em tempos e sei um bocadinho como essas coisas se fazem, sempre sob a alçada da sede nacional. Querendo o líder...

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    2. Isso nunca irá acontecer, nunca você verá dois membros da concelhia de Tomar em lugares elegíveis. São nove lugares para todos os partidos e o Hugo Costa quando fizer as listas vai espalhar os lugares pelas concelhias com mais eleitores. Ele a representar Tomar, outro por Abrantes, outro por Torres Novas, Outro por Ourém, outro por Santarém, já estão os cinco deputados que o PS tem de momento, é provável que venha a perder, e ainda faltam 15 concelhias para agradar.... O que o Professor defende não é viável. Ele, Hugo Costa, nunca poria dois lugares elegíveis por Tomar, garanto-lhe que isso jamais acontecerá.

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    3. Não discordo. Nunca escrevi que Tomar vai ter 2 deputados PS nas próximas eleições. Se fizer o favor de reler o que escrevi, vai concluir que me limitei a evocar essa hipótese. A frase que escrevi é esta: ...já tem um deputado tomarense na AR, podendo eventualmente acrescentar outro. Eventualmente não é sinónimo de certamente. E 21 concelhos para nove candidatos elegíveis, é realmente muita fruta. Mas já vi coisas mais difíceis.

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    4. Com todo o respeito, essa hipótese nem se pode colocar porque é absurda, nunca se irá concretizar. Eu se apostasse seria num empate 3 PS, 3 PSD e 3 CHEGA.

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    5. É bem possível. Segundo a tradição, "Março é o mês dos burros." Se ainda houver. Ao preço a que estão as sandes de três arames e com a escola que temos, está tudo alfabetizado. E um asno alfabetizado seria uma crontradição nos termos. Ou nem tanto?

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  2. Sei que tens muitas qualidades, mas a de criar estratagemas para enganar o pagode..., esta eu não sabia. Sugiro-te a leitura de um artigo da excelente jornalista Teresa de Sousa, hoje no Público, "O nacionalismo volta a ameaçar a Europa". Ela não escreveu isso, mas quis dizer o fascismo/nazismo volta a ameaçar a Europa. Mesmo que não sejas assinante talvez consigas aceder ao artigo. Para facilitar a coisa deixo-te o link: https://www.publico.pt/2023/11/26/mundo/analise/nacionalismo-volta-ameacar-europa-2071536
    Talvez desconheças, mas eu, sendo de esquerda, estou sempre aberto a audar - para defesa da democracia.

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    1. Essa agora! Estratagemas para enganar o pagode? Que estratagemas? Que pagode? Não seria melhor e muito mais simples dizeres preto no branco que escrevo coisas que não agradam, nem a ti nem a muito boa gente?
      Estás agora a armar-te em sacerdote da boa democracia? Os padres é dizem falar em nome de Deus, como seus representantes na terra. A ti, quem te nomeou para tal tarefa em prol da democracia? E que pagode é esse a que te referes como sendo alvo dos meus alegados estratagemas??
      Nunca me considerei representante ou dirigente da classe operária, tal como agora também não sou defensor dessa democracia a que te referes, que apoia designadamente a causa palestiniana, tendo como seus representantes, entre outros, os esforçados e sinceros democratas do Hamas e da Jiad islâmica, bem como os seus patronos iranianos.
      Acorda Fernando! Tu até és boa gente.

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